MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCO 3º OFÍCIO DA TUTELA COLETIVA
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- Luiza Carreiro Ramires
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1 Inquérito Civil: / PROMOÇÃO DE ARQUIVAMENTO Nº 207/2015 Trata-se de inquérito civil instaurado com base em representação formulada pelo Exmo. Procurado da República Alfredo Falcão Júnior, pela qual solicita a instauração de procedimento com o objetivo de apurar o cumprimento das medidas indicadas na Portaria n 193, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, e na Nota Técnica Conjunta n 01/2010, da ANVISA e do Ministério da Saúde, concernentes à instalação de salas de apoio à amamentação em empresas públicas ou privadas e à fiscalização desses ambientes pelas vigilâncias sanitárias locais. Expediu-se ofício à Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária - APEVISA, requisitando que informasse o panorama atual das empresas públicas e privadas no Estado de Pernambuco com relação à instalação de salas de apoio à amamentação, bem como as medidas que estão sendo tomadas para o cumprimento da portaria acima mencionada (f ) Em atendimento, a APEVISA comunicou que (f ): a) a portaria em questão orientou que a fiscalização das salas de apoio à amamentação seria de competência das vigilâncias sanitárias locais; b) essa orientação envolve todas as empresas privadas e públicas que se enquadram nas condições dispostas em normas legais relativas ao apoio à mãe trabalhadora, assim, não só os estabelecimentos sujeitos ao controle da vigilância sanitária são objeto de fiscalização para observar o cumprimento; c) consoante arts. 6, 17 e 18 da Lei 8.080/1990, o município detém a atribuição para fiscalizar as empresas sujeitas ao controle da vigilância sanitária no âmbito do seu território; 1
2 d) a APEVISA realiza esse procedimento apenas de forma complementar quando o município não possua capacidade técnica para tanto; e) em Pernambuco, a atuação das vigilâncias sanitárias variam entre os municípios, já que algumas são estruturadas, porém atuam apenas em estabelecimentos de comércio de alimentos (baixa complexidade sanitária); f) de forma geral, realiza a fiscalização de estabelecimentos de alta complexidade (indústrias, importadoras de produtos, hospitais etc.); g) com relação ao aleitamento materno, realiza a fiscalização nos bancos de leite humano instalados no Estado; h) sugeria a realização de uma audiência evolvendo a APEVISA e as vigilâncias sanitárias dos municípios da região metropolitana. Em audiência realizada na Procuradoria da República em Pernambuco (f ), no dia 30 de janeiro de 2015, na qual compareceram as autoridades e representantes listados nas f , que, em síntese, prestaram os seguintes esclarecimentos: a) o Sr. Jaime, Gerente da APEVISA, informou que não houve uma fiscalização específica sobre as salas de amamentação, pois a ANVISA teria dado a entender que seria facultativa a sua implantação, mesmo a pós a edição da Portaria. Entretanto, esse procedimento teria sido transmitido de forma informal, tanto que nem a ANVISA, nem o Ministério da Saúde, teriam editado algum ato formal; b) a Sra. Lúcia, Coordenadora de Aleitamento Materno da prefeitura do Recife/PE, comunicou que em 2011 o Ministério da Saúde realizou uma capacitação dos servidores estaduais e municipais com relação ao tema. Destacou, entre outros pontos, que na realidade a empresa manifesta seu interesse em possuir essa sala de apoio à amamentação, para que possa receber o apoio técnico da Secretaria de Saúde do Estado e do Ministério da Saúde; c) a Exma. Sra. Procuradora do Trabalho, Janine Rego de Miranda, relatou que quanto às disposições da CLT que prevê a obrigatoriedade de sala de amamentação nos ambientes da empresa, o que acontece na realidade é que essas empresas acabam por pagar o auxílio-creche, eximindo-se do 2
3 cumprimento da legislação trabalhista nesse ponto; d) a Sra. Paulyanne, Gerente da Vigilância Sanitária de Jaboatão dos Guararapes/PE, informou que não são realizadas fiscalizações de rotina nas empresas que não forem reguladas, ressaltando que, apenas nas empresas que houvesse a presença de dessas salas de amamentação é que deveria ser feita essa fiscalização sobre seu funcionamento. Destacou que não via nas normas da ANVISA qualquer imposição legal que tornasse obrigatório a instalação desses espaços e do poder da vigilância sanitária de autuá-las pela ausência dos referidos ambientes. Com base nas informações colhidas em audiência, o Ministério Público Federal determinou a expedição de ofício à ANVISA, ao Ministério da Saúde e à Caixa Econômica Federal - CEF (f. 46, 49-51). Em resposta, a CEF informou, em resumo, que (f ): a) cumpre rigorosamente a legislação trabalhista, possuindo vários benefícios para suas funcionárias que estejam amamentando, entre eles: um prazo de 60 (sessenta) dias, após a licença maternidade de 120 (cento e vinte) dias do Instituto Nacional do Seguro Social, à luz da Lei n /2008, sem prejuízo do emprego e do salário, durante a jornada de trabalho especiais diários de 30 minutos cada um para amamentar até que o filho complete 6 (seis) meses de idade, etc; b) não há legislação que obrigue as empresas públicas ou privadas a instalar, em seus ambientes laborais, salas unicamente para amamentação/coleta/armazenamento do leite, por isso ainda não fazem parte do caderno ambiental da instituição; c) a Portaria n 193/2010 tem como objetivo orientar as empresas que venham a instalar as referidas salas; d) no Acordo Coletivo da Caixa, cláusula 11, a empresa concede o Auxílio Creche/Auxílio Babá em atendimento a determinação legal. Em atenção a requisição ministerial, a ANVISA encaminhou a Nota Técnica n 02/2015-GFORT/GGCOF/SSNVS/ANVISA e comunicou que a 3
4 Nota Técnica Conjunta n 01/2010 da ANVISA e do Ministério da Saúde apresenta caráter orientativo, não obrigando a construção, implementação, nem manutenção das salas de apoio à amamentação em empresas públicas e privadas (f ). É o que se põe em análise. Tendo em vista os esclarecimentos prestados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, entendo que não subsiste nenhuma irregularidade que enseje a continuidade da atuação do Ministério Público Federal. Como se sabe, a legislação brasileira concede proteção especial à mãe trabalhadora, sendo uma delas o apoio à prática do aleitamento materno, inclusive com reserva de espaço adequado para as mães que retornam ao trabalho após a licença maternidade, e que desejam manter a amamentação, possam ordenhar o próprio leite e armazená-lo durante o expediente de trabalho. A fim de orientar a instalação dessas salas de apoio em empresas públicas e privadas e a fiscalização desses espaços pela vigilância sanitária local, a ANVISA, por meio da Portaria n 193, de 23 de fevereiro de 2010, aprovou a Nota Técnica Conjunta n 01/2010 com o Ministério da Saúde. Entretanto, consoante se apurou ao longo da instrução e conforme ratificado pela ANVISA (f ), a referida norma técnica apresenta caráter exclusivamente orientativo, e não obrigatório, para as empresas públicas e privadas que desejem implementar esses ambientes para as funcionárias que estejam amamentando. Desse modo, conclui-se que apenas estariam sujeitas às mencionadas diretrizes as empresas que queiram instalar os espaços de apoio à amamentação. De outro giro, cabe ressaltar que não há nos autos elementos que indiquem a existência de irregularidades na aplicação da norma técnica em questão, tanto na implantação como na fiscalização, em empresas que eventualmente tenham instalado esse espaço. 4
5 procedimento preparatório. Forte nessas razões, promovo o ARQUIVAMENTO deste À revisão (Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão - PFDC). Providências de praxe. Baixa na distribuição. Recife, 20 de março de EDSON VIRGINIO CAVALCANTE JÚNIOR Procurador da República Em substituição ao 4 OTC 5
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