CONSELHO REGIONAL DE CORRETORES DE IMÓVEIS. CRECI 2ª Região
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- Sílvia Balsemão Valgueiro
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1 DEFINE A EXIST6ENCIA DE PODER DE POLÍCIA DO CONSELHO PARA INSTAURAÇÃO DE PROCESSOS ADMINISTRATIVOS CONTRA PSEUDOCORRETORES Ilmo. Sr. JOSÉ AUGUSTO VIANA NETO M.D. Presidente do CRECI 2a. Região Nesta PARECER 022.P.2005 M. D. Sr. Presidente: Aprovado na 19ª Reunião Plenária aos Pelo presente, em atendimento ao vosso pedido de análise e parecer sobre os termos da missiva encaminhada pelos Ilustres membros da CEFISP de G..., datada de 28 de junho p.p., na qual tecem considerações sobre suas atribuições e sobre eventual incompetência deste Conselho para aplicação de sanções contra pessoas não inscritas em seus quadros, temos a informar o quanto segue. Indubitavelmente, encontram-se os Ilustres integrantes da CEFISP de G...,,, com uma visão equivocada sobre a competência e as atribuições dos Conselhos Profissionais, entre os quais se inclui o CRECI da 2ª Região. Com efeito, toda e qualquer visão sobre a atividade dos Conselhos Profissionais, deve partir da idéia já consolidada de terem eles natureza jurídica de autarquias federais - como espécie de corporações públicas profissionais, na acepção de CELSO ANTONIO BANDEIRA DE MELLO (Natureza e Regime Jurídico das Autarquias, Ed. RT, 1968, p. 385) - exercendo atividade típica de administração pública, direcionada à disciplina e fiscalização do exercício das respectivas profissões. Essa atribuição, como regra geral, pertence à União, em cumprimento ao disposto no artigo 21, inciso XXIV, da Magna Carta. Em relação a determinadas profissões, entretanto, a fiscalização é delegada a outras pessoas jurídicas, muitas vezes criadas especificamente para esse fim. É o que ocorre com as profissões para as quais foram criados os conselhos profissionais. Nesses casos a fiscalização da profissão regulamentada é realizada pelo respectivo conselho profissional, que, como órgão estatal, exerce o poder de polícia da profissão para todos os efeitos, inclusive para autorizar o exercício da profissão ao interessado (in RICARDO TEIXEIRA DO VALLE PEREIRA e OUTROS, Conselhos de Fiscalização Profissional, Ed. RT, 2001, p. 151) (destacamos). 01
2 E, segundo nos ensina HELY LOPES MEIRELLES, Poder de polícia é a faculdade de que dispõe a Administração Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado (in Direito Administrativo Brasileiro, Ed. RT, 1983, p. 92), complementando o festejado autor, para esclarecer que O poder de polícia seria inane e ineficiente se não fosse coercitivo e não estivesse aparelhado de sanções para os casos de desobediência à ordem legal da autoridade competente. As sanções do poder de polícia, como elemento de coação e intimidação, principiam geralmente com a multa e se escalonam em penalidades mais graves como a interdição de atividade, o fechamento de estabelecimento, (...) (idem, p. 100). E não se diga que o poder de polícia dos Conselhos Profissionais estaria restrito aos inscritos nos seus quadros, pois são os próprios autores da já mencionada obra Conselhos de Fiscalização Profissional,- os quais são identificados pelo Ilustre Ministro Hélio de Melo Mosimann, do E. Superior Tribunal de Justiça, como Quatro juízes federais da nova geração, da melhor estirpe, todos servindo em Santa Catarina, com destacada atuação, (...) (p. 5) -, que asseveram de forma taxativa: Nas diversas leis de criação dos conselhos, identificam-se, em geral, multas moratórias, estabelecidas para o caso de atraso no pagamento de anuidades; multas disciplinares, estabelecidas para faltas éticas ou técnicas dos profissionais inscritos; e multas cominadas a particulares não inscritos (ob. cit., p. 144, destaques nossos), esclarecendo ainda que As multas aplicadas pelos conselhos a particulares não inscritos também tem natureza de sanção administrativa decorrente do exercício do poder de polícia outorgado a esses órgãos (idem, p. 145) (destaques nossos), para concluir que As multas aplicadas pelos conselhos como sanções administrativas do poder de polícia estão sujeitas a prazo de prescrição de cinco anos, como consta da referida Lei 6.838, de 1980, e não dispensam apuração em processo administrativo em que sejam assegurados o contraditório e a ampla defesa (art. 5º, LV, da CF) (idem, p. 146). Ora, sem medo de errar, afirmamos bastar simples constatação em qualquer Processo Administrativo, para se verificar a estrita observância de parte deste Conselho, da garantia constitucional do contraditório e da ampla defesa assegurada aos não inscritos que venham a ser autuados pela prática do exercício irregular de profissão, inclusive com possibilidade de recurso ao E. Conselho Federal, como última e definitiva instância para os assuntos relacionados com a profissão e seu exercício, nos termos do artigo 44, do Decreto /78. 02
3 E não se diga também, de inexistir previsão regimental no âmbito desde Conselho, para a aplicação dessas multas aos não inscritos, pois a Resolução COFECI 316/91 estabelece os critérios e os limites a serem observados pelos Grupos de Trabalho responsáveis pelo julgamento desses processos, consistentes de uma (01) a cinco (05) anuidades para pessoas físicas e de duas (02) a dez (10) anuidades para pessoas jurídicas. O entendimento esposado pelos ilustres membros da CEFISP, de que a conduta descrita no artigo 13, inciso II, do Código de Processo Disciplinar (verbis: art. 13: O agente da fiscalização lavrará Auto de Constatação com o objetivo de: II caracterizar, pela primeira vez, o exercício de atividade profissional de Corretor de Imóveis, por pessoa física ou jurídica não inscrita no CRECI da sua Região, a fim de configurar a habitualidade no exercício daquela atividade com vistas ao colhimento de provas para o processo contravencional.), deveria ser observada pelo Agente da Fiscalização apenas para suporte de formação do processo contravencional e não para autuação por exercício irregular de profissão, não pode prevalecer na época atual. Isso porque, o requisito da habitualidade se encontra de há muito superado, pois já nos idos anos de 1990, a Colenda 2ª Câmara, do E. Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo, nos autos da Apelação , pelo voto do E. Relator Juiz Haroldo Luz, decidiu: CONTRAVENÇÃO PENAL Exercício ilegal de profissão Bacharel em Direito que, cancelada sua inscrição na OAB, assiste a reclamante em audiência de conciliação, instrução e julgamento de processo trabalhista Irrelevância de ser a assistência facultativa, eis que sujeita às normas da profissão, por ser ato privativo de advogado, e da falta de prática de qualquer ato em audiência bem como de habitualidade Inteligência dos arts. 47, do Dec.-lei 3.688/41, c/c o art. 71, 3º, da Lei 4.215/63 e 791, 1º, da CLT. (...) Logo, tipifica-se o ilícito do art. 47 da Lei das Contravenções Penais a conduta do bacharel que, apesar do cancelamento de sua inscrição nos quadros da OAB, estando constituído por reclamante em lide trabalhista, comparece à audiência de conciliação, instrução e julgamento, sendo indiferente a falta de habitualidade. (grifos nossos) Outrossim, de se reconhecer que a ausência de menção expressa da possibilidade de lavratura de Auto de Infração, na regra do Código de Processo Disciplinar em comento, em absoluto impede o Agente da Fiscalização de prática desse ato, pois, segundo nos ensina CARLOS MAXIMILIANO, Do fato de se mencionar uma hipótese não se deduz a exclusão de todas as outras (in Hermenêutica e Aplicação do Direito, Forense, 1980, p. 243). 03
4 O eminente e saudoso jurista ainda preleciona que, Não podem os Códigos abranger explicitamente todas as relações e circunstâncias da vida, em constante, eterno evolver. Dilatam-se as regras de modo que abrangem hipóteses imprevistas. Do silêncio do texto não se deduz a sua inaplicabilidade, nem tampouco a supremacia forçada do princípio oposto. A generalização do argumento a contrario extinguiria a analogia e a exegese extensiva, e até restringiria o campo da interpretação estrita, considerada esta nos termos que os modernos a compreendem (ob. cit., idem). Assim, forçoso reconhecer que, a ser válido o entendimento esposado pelos ilustres membros da CEFISP, a Resolução COFECI 316/91, antes mencionada, não teria nenhuma finalidade e não poderia ser observada por este Conselho. Mas essa hipótese deve ser desde logo descartada, pois uma Resolução é o ato normativo de competência exclusiva do plenário do COFECI, destinado a explicitar a legislação e expedir normas, para sua correta execução, bem como disciplinar os casos omissos (inciso I, da Resolução COFECI 013/78). Nessa condição, não cabe a esse Conselho questionar os termos de qualquer ato normativo baixado pelo Órgão Federal. Cabe-lhe, apenas, cumpri-lo. E, como as multas estabelecidas nessa Resolução se constituem de uma sanção administrativa, por evidente que só podem vir a ser aplicadas no curso de regular apuração em processo administrativo, no qual tenha sido assegurada ao particular a garantia constitucional do contraditório e da ampla defesa segundo recomenda o MM. Juiz Federal RICARDO TEIXEIRA DO VALLE PEREIRA -, razão única da existência dos Processos Administrativos que são submetidos ao julgamento das Comissões de Ética e Disciplina e que ensejaram o presente debate, proporcionado pela Ilustre CEFISP de Guarulhos. Incorrem em erro também os ilustres membros da CEFISP, quando sugerem que a autuação dos pseudocorretores deva ser substituída pela autuação dos inscritos responsáveis pela facilitação do exercício irregular de profissão. Isso porque, para que para que se concretize a última, se faz necessário primeiro comprovar a outra, ou seja, a infração capitulada no inciso III, do artigo 38, do Decreto /78, depende da comprovação da existência do exercício irregular de profissão. 04
5 E este, a não ser em casos excepcionais, só é comprovado a partir da decisão da CEFISP, - lançada nos autos do Processo Administrativo que apura o eventual exercício irregular de profissão -, julgando procedente o Auto de Infração lavrado e aplicando a multa cabível, nos parâmetros estabelecidos pela Resolução COFECI 316/91. Após esse ato processual, a instauração do subseqüente Processo Disciplinar contra o inscrito que deu guarida ao pseudocorretor é automática, pela simples extração de cópia dos autos do Processo Administrativo e lavratura do competente Termo de Representação. Por fim, ressaltamos que a distribuição de processos às Comissões de Ética, obedece a critérios definidos pela Diretoria, - conforme reunião realizada com os Delegados e seus Assessores Jurídicos, em meados de janeiro de , baseados em distribuição racional do mesmo volume de trabalho para cada Sub-Regional, objetivando a celeridade processual, sem levar em consideração terem os fatos ocorridos ou não na própria jurisdição. E o decurso do tempo tem mostrado o acerto dessa iniciativa, pois os resultados não poderiam ser mais positivos, não sendo recomendável, - pelo menos no momento -, alterar esse procedimento. É o nosso parecer. São Paulo, 18.julho.2005 Dr. Paulo Hugo Scherer Dpto. Jurídico CRECI 2ª. Região Encarregado
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