Palavras-chave: células mononucleares, enxerto heterólogo, falha óssea Keywords: bone defect, heterologous graft, mononuclear cells

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1 1 ANÁLISE RADIOGRÁFICA DE XENOENXERTO TRABECULAR BOVINO GRANULADO, DESMINERALIZADO E PROCESSADO QUIMICAMENTE ASSOCIADO À MEDULA ÓSSEA AUTÓGENA EM FALHAS ÓSSEAS NO RÁDIO DE COELHOS DA RAÇA NOVA ZELÂNDIA Laryssa Chapadense COELHO 1 ; Francisco Cláudio Dantas MOTA 2 ; Marcella Dall Agnol LEITE 1 ; Raphael Simões VIEIRA 1, Laura Melgaço FARIA 3 ; Aracelle Elisane ALVES 2 1Estudante de graduação de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia (UFU) *laryssaccoelho@gmail.com 2Professor(a) da Faculdade de Medicina Veterinária (FAMEV), UFU 3Aluna do Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinária FAMEV-UFU Resumo O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos do xenoenxerto trabecular bovino desmineralizado, granulado e processado quimicamente associado ou não há medula óssea autógena, em falhas criadas experimentalmente na diáfise do osso rádio de coelhos. Foram utilizados 48 animais pesando entre 3,0 a 4,5 kg. Os animais foram divididos em três grupos iguais e submetidos à ostectomia para retirada de um segmento de 1 cm do terço médio da diáfise do rádio. No grupo I (GI) realizou-se somente a falha óssea, no grupo II (GII) foi inserido na falha o xenoenxerto, no grupo III (GIII) o xenoenxerto associado à medula óssea. Cada grupo foi submetido à avaliação radiográfica aos 30 e 60 dias de pós-operatório (PO). Aos 60 dias de pós-operatório, os animais do GI apresentaram a falha parcialmente preenchida por tecido ósseo, no GII não houve evolução no processo de consolidação, já nos animais do GIII a lesão encontrava-se totalmente preenchida por tecido ósseo. O xenoenxerto isolado impediu o fechamento da lesão, no entanto, quando associado à medula óssea observou-se a cura da lesão aos 60 dias de PO. Palavras-chave: células mononucleares, enxerto heterólogo, falha óssea Keywords: bone defect, heterologous graft, mononuclear cells Introdução ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0355

2 2 Na medicina veterinária é comum a presença de patologias ortopédicas como fraturas cominutivas, neoplasias e não uniões ósseas (ALIEVI et al.,2007), onde o osso não é capaz de consolidar-se por si só (JOHNSON, 2007). Desta forma cabe aos cirurgiões ortopedistas intervirem, muitas vezes optando pelo uso de enxertos (JOHNSON, 2007). Os enxertos podem ser classificados como; autoenxertos, aloenxertos e xenoenxertos e podem ser de osso esponjoso, cortical e corticoesponjoso (MILLS e MARTINEZ, 2007). A utilização de autoenxertos apresenta riscos para o paciente, uma vez que o mesmo paciente tem que passar por mais de um procedimento cirúrgico, aumentando a morbidade pós-operatória, e risco da região doadora não apresentar quantidade necessária para o enxerto (CALASANS MAIA, 2009). Já os aloenxertos são os mais utilizados, porém sua incorporação ao osso lesionado nem sempre é completa, (BARCKMAN et al., 2013). Os xenoenxertos tem se mostrado uma boa alternativa aos autoenxertos, pois evita que o paciente passe por mais de um procedimento (PINHEIRO; GERBI, 2006). No entanto, apresentam como desvantagens transmissão de doenças, respostas imunes e falhas na consolidação (LAURCERIN e SAADIQ, 2008). O armazenamento é complicado, sendo na maioria das vezes estocados em frízeres específicos, o que torna uma alternativa caro e trabalhosa (CASTIGLIA et al., 2009). O tratamento químico utilizado nos aloenxertos é uma alternativa para esterilização e conservação de xenoenxertos, pois de acordo com Castiglia et al.,(2009), este método previne transmissão de doenças e diminui a reação imunológica do organismo a ser enxertado, mantendo a capacidade osteocondutora (VOLPON e COSTA., 2000) alem de proporcionar uma alternativa barata para a preservação de ossos a serem enxertados (CASTIGLIA et al., 2009). A medula óssea é rica em células-tronco, que são responsáveis pelos sistemas de reparo e remodelação do organismo, apresentando grande atividade osteogênica no tratamento da não união de fraturas (ZAMPROGNO, 2007) O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos do xenoenxerto trabecular bovino desmineralizado, granulado e processado quimicamente associado ou não há medula óssea autógena, em falhas criadas experimentalmente na diáfise do osso rádio de coelhos. ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0356

3 3 Material e Métodos Para realização deste experimento, foram utilizados 24 coelhos adultos, machos da raça Nova Zelândia, com peso entre 3,0 kg a 4,5 kg. Os coelhos foram distribuídos aleatoriamente em três grupos com oito indivíduos cada: Grupo I controle (GI); Grupo II tratado com xenoenxerto (GII); Grupo III tratado com xenoenxerto associado à medula óssea (GIII). Cada Grupo foi submetido à avaliação radiográfica aos 60 dias de pós-operatório. O xenoenxerto trabecular foi obtido das epífises distal de oito fêmures de bovinos. Os mesmos foram serrados em blocos de 01 cm 3 para o processamento químico conforme técnica descrita por Volpon e Costa (2000), em seguida os enxertos foram mantidos em álcool etílico 70% por no mínimo 30 dias até sua utilização. Todos os animais foram submetidos à ostectomia. Após a exposição do terço médio do rádio, um segmento de 1,0 cm do mesmo, foi removido com um disco diamantado acoplado a uma perfuratriz elétrica, sobre constante irrigação com solução de Ringer Lactato, preservando a ulna. No grupo I, houve apenas remoção do fragmento ósseo. No grupo II, a lesão foi preenchida com xenoenxerto processado que foi retirado do álcool 70%, hidratado na solução de Ringer Lactato por 30 trinta minutos. Em seguida granulado com uma tesoura. No grupo III, a falha óssea foi preenchida com o xenoenxerto processado conforme o grupo II, porém associado à 2 ml de medula óssea autóloga, aspirada da porção proximal do úmero com uma seringa de 20 ml contendo 0,05 ml Heparina. Resultados e Discussão Na imagem radiográfica do grupo GI com 60 dias, as áreas ostectomizadas apresentaram-se parcialmente preenchidas por tecido ósseo, oriundas tanto do coto proximal quanto do coto distal, comportando-se de maneira esperada (JUNIOR, et al., 2010). Já no grupo GII, a falha óssea permaneceu inalterada no final do mesmo período, com pequenas reações ósseas oriundas da extremidade dos cotos. Este resultado se deve provavelmente a presença do xenoenxerto, que pode promover falhas na consolidação (LAURCERIN e SAADIQ, 2008), por levar uma maior reação inflamatória local o que impede a chegada de células osteoblásticas (FIGUEIREDO et al., 2004). ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0357

4 4 O grupo GIII analisados aos 60 dias apresentou radiograficamente à lesão totalmente preenchida por tecido ósseo. Acreditamos que este fato esteja relacionado à ação osteogênica da medula óssea autóloga, por ser um dos tecidos orgânicos mais ricos em células mesenquimais indiferenciadas, com importante ação osteoindutora, diferenciando-se em condroblastos e osteoblastos no foco da fratura (MARTINEZ e WALKER, 1999). Conclusão Podemos concluir que radiograficamente o xenoenxerto bovino granulado e processado quimicamente possivelmente impediu o fechamento da falha óssea criada experimentalmente no rádio de coelhos, quando comparado ao grupo controle. No entanto quando associado à medula óssea autógena permitiu reparo da lesão aos 60 dias. Referências ALIEVI, M. M; SCHOSSLER, J. E. W; GUIMARÃES, L.D; OLIVEIRA, A. N. C; TRAESLEL, C. K; FERREIRA, P. A. Implante ósseo cortical alógeno conservado em mel na reconstrução de falha óssea diafisária em fêmur de cães: avaliação clínica e radiográfica. Ciência Rural, Santa Maria, v.37, n. 2, p , BARCKMAN,J; BAAS, J; SORENSEN, M; BECHTOLD, J. E; SOBALLE, K. Rinsing of allograft bone does not improve implant fixation: A study in 12 dogs. Acta Orthopaedica, v. 84, n. 3, p , CALASANS-MAIA, M. D.; ASCOLI, F. O.; NOVELLINO, A. T. N. A.; ROSSI, A. M.; GRANJEIRO, J. M. Avaliação histológica comparativa de reparo ósseo em tíbia de coelho tratada com xenoenxertos. Acta Ortopédica Brasileira, v.17, n. 6, p , CASTIGLIA, M. T, SILVA, J. V. F, THOMAZINI, J. A, VOLPON, J. B. Efeitos do processamento químico e da esterilização em Óxido de etileno em osso cortical e esponjoso de ratas: estudo com microscopia de luz e eletrônica de varredura. Revista Brasileira de Ortopedia, v. 44, n. 1, p , ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0358

5 5 FIGUEIREDO, A.S.; FAGUNDES, D.J.; NOVO, N.F.; INOUYE, C.M.; TAKITA, L.C.; SASSIOTO, M.C.P. Osteointegração de osso bovino desvitalizado, hidroxiapatita de coral, poliuretana de mamona e enxerto ósseo autógeno em coelhos. Acta Cirúrgica Brasileira, v. 19, n. 4, jul-ago, JOHNSON, A. L. Fundamentals of orthopedic surgery and fracture management. In: FOSSUM, T. W. Small Animal Surgery. Missouri: Mosby, cap. 31, p JUNIOR, A.C.C.L., REGONATO, E., COSSI., CRUVINEL, C.A.T., CANOLA, J.C. Modelo experimental de falha óssea por meio de ostectomia do rádio de coelhos. Biotemas, v.33, n.3, p , LAURCERIN, C. T; SAADIQ, F. E. Xenotransplantation in orthopaedic surgery. Journal of the American Academy of Orthopaedic Surgeons, v. 16, p. 4 8, MARTINEZ, S.A.; WALKER, T. Bone grafts. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v.29, p , MILLIS, D. L., MARTINEZ, S. A. Enxertos ósseos. In: SLATTER, D. Manual de cirurgia de pequenos animais. 3. ed. Manole: São Paulo, v. 2, cap. 133, p PINHEIRO, A. L. B; GERBI, M. E. M. M. Photoengineering of bone repair processes. Photomedicine And Laser Surgery, v.24, n. 2, p , VOLPON, J. B.; COSTA, R. M. P. Ensaio mecânico e uso clínico do enxerto homógeno processado. Revista Brasileira de Ortopedia, v.35, n. 6, p , ZAMPROGNO, H. Células-tronco esqueléticas para o tratamento da não união de fraturas. Acta Scientiae Veterinariae, Porto Alegre, v. 35, n. 2, p , ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0359