Desigualdades de renda e saúde no Brasil: análise da PNAD-2008
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- Thereza Carlos Ferretti
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1 V Jornada Nacional de Economia da Saúde II Jornada de Avaliação de Tecnologias em Saúde do IMIP Desigualdades de renda e saúde no Brasil: análise da PNAD-2008 Leila Posenato Garcia Matheus Stivali Lúcia Rolim Santana Ipea - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada Recife, 16 de setembro de 2010
2 Introdução Desigualdades em saúde podem ser definidas como diferenças sistemáticas e evitáveis em indicadores da situação de saúde entre grupos sociais, de modo que as pessoas com pior situação socioeconômica têm maior suscetibilidade a desenvolver doenças e incapacidades e a viverem menos do que aquelas em melhor situação. (Whitehead, 1990) É amplamente conhecida a correlação positiva entre renda e saúde. Em nível individual, os mais ricos têm saúde melhor. Além disso, as desigualdades na sociedade como um todo contribuem para que a situação de saúde de indivíduos que vivem em vizinhanças pobres seja ruim.
3 Introdução O Brasil tem uma das distribuições de renda mais desiguais do mundo. Contudo, há poucas oportunidades para quantificar as desigualdades em saúde em nível nacional. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2008, contou com um suplemento especial sobre saúde e possibilita esse tipo de análise.
4 Objetivos Descrever a magnitude das desigualdades absolutas e relativas em variáveis relacionadas à situação de saúde pesquisadas na PNAD- 2008, entre quintos de rendimento mensal familiar per capita; Analisar a desproporcionalidade da distribuição dos desfechos dessas variáveis entre grupos de renda e a distribuição da população entre estes mesmos grupos, por meio do índice de concentração.
5 Método Fonte de dados: PNAD-2008 (IBGE) Sub-amostra: pessoas com 18 anos ou mais de idade mulheres com 25 anos ou mais anos de idade 3 grupos de variáveis: determinantes distais da saúde (água canalizada no domicílio, banheiro no domicílio e serviço de coleta de resíduos), utilização de serviços de saúde nos 12 meses anteriores à pesquisa (exame clínico das mamas, mamografia, exame preventivo do câncer de colo uterino, internação e consulta médica,) e morbidades (hipertensão, diabetes, doença do coração, câncer, insuficiência renal crônica, cirrose, doença da coluna, artrite, tendinite, bronquite/asma, tuberculose).
6 Método Foram calculadas as prevalências pontuais dos desfechos gerais e segundo quintos de rendimento mensal familiar per capita (IBGE). Foram calculadas razões de prevalência (RP) tendo o grupo de menor renda como referência. Índice de concentração (IC) (O Donnell, 2008): 1 Curva de Concentração IC 2 cov( s, r) Frequência acumulada do desfecho 0,8 0,6 0,4 0, Frequência acumulada da população (ordenada segundo posição socioeconômica) % Linha de Igualdade Perfeita Desigualdade favorável à população com pior condição socioeconômica Desigualdade favorável à população com melhor condição socioeconômica
7 Determinantes distais da saúde Prevalência (%) geral e segundo quintos de rendimento mensal familiar per capita ,0 95,1 98,4 99,0 88,4 96,5 97,9 99,5 99,6 87,9 94,0 94,9 97,3 98, ,7 Prevalência (%) Q 2Q 3Q 4Q 5Q 1Q 2Q 3Q 4Q 5Q 1Q 2Q 3Q 4Q 5Q Água canalizada no domicílio Banheiro no domicílio Coleta de lixo
8 1,3 Determinantes distais da saúde Razões de Prevalências (1Q = categoria de referência) Razão de prevalências 1,2 1,1 1 20% mais pobres 20% intermediários 20% mais ricos Água canalizada Banheiro no domicílio Coleta de lixo
9 Utilização de serviços de saúde Prevalência (%) geral e segundo quintos de rendimento mensal familiar per capita 90 Prevalência (%) ,4 34,5 30,2 45,3 59,5 41,4 42,8 42,9 50,8 60,8 22,6 32,8 40,0 50,6 64,9 63,2 66,7 70,4 72,2 77, ,2 8,1 8,0 7,4 7,6 0 1Q 2Q 3Q 4Q 5Q 1Q 2Q 3Q 4Q 5Q 1Q 2Q 3Q 4Q 5Q 1Q 2Q 3Q 4Q 5Q 1Q 2Q 3Q 4Q 5Q Exame clínico das mamas Exame preventivo uterino Mamografia Consulta médica Internação
10 Utilização de serviços de saúde Razões de Prevalências (1Q = categoria de referência) 3 2,5 Razão de prevalências 2 1,5 1 20% mais pobres 20% intermediários 20% mais ricos Mamografia Exame clínico das mamas Exame preventivo para câncer de colo de útero
11 Utilização de serviços de saúde Razões de Prevalências (1Q = categoria de referência) 1,3 1,2 Razão de prevalências 1,1 1 0,9 0,8 20% mais pobres 20% intermediários 20% mais ricos Consulta médica nos 12 meses anteriores Internação nos 12 meses anteriores
12 Morbidades Prevalência (%) geral e segundo quintos de rendimento mensal familiar per capita 25 23,5 21,5 20, , ,8 Prevalência (%) ,9 4,7 6,1 5,8 5,8 3,4 5,2 6,7 6,0 5,7 3,5 4,0 4,3 4,2 4,3 0 0,2 0,2 0,2 0,2 0,1 1Q 2Q 3Q 4Q 5Q 1Q 2Q 3Q 4Q 5Q 1Q 2Q 3Q 4Q 5Q 1Q 2Q 3Q 4Q 5Q 1Q 2Q 3Q 4Q 5Q Diabetes Hipertensão Doença do coração Bronquite/asma Tuberculose
13 2,2 Morbidades Razões de Prevalências (1Q = categoria de referência) 2 Razão de prevalências 1,8 1,6 1,4 1,2 1 20% mais pobres 20% intermediários 20% mais ricos Diabetes Doença do coração Hipertensão
14 1,3 Morbidades Razões de Prevalências (1Q = categoria de referência) 1,2 Razão de prevalências 1,1 1 0,9 0,8 0,7 0,6 20% mais pobres 20% intermediários 20% mais ricos Bronquite ou asma Tuberculose
15 Morbidades Prevalência (%) geral e segundo quintos de rendimento mensal familiar per capita 2 1,8 1,8 1,9 1,9 1,7 1,6 1,4 1,2 1,2 1,3 Prevalência (%) 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0,4 0,6 0,9 0,9 0,2 0,2 0,2 0,2 0,1 0 1Q 2Q 3Q 4Q 5Q 1Q 2Q 3Q 4Q 5Q 1Q 2Q 3Q 4Q 5Q Câncer Insuficiência Renal Crônica Cirrose
16 Morbidades Razões de Prevalências (1Q = categoria de referência) 4 3,5 Razão de prevalências 3 2,5 2 1,5 1 0,5 20% mais pobres 20% intermediários 20% mais ricos Câncer Cirrose Insuficiência renal crônica
17 0,25000 Índice de Concentração 0, , , ,20096 Índice de Concentração (IC) 0, , , , , , , , ,00772 Água Canalizada Banheiro Coleta de lixo Exame Mamas 0,08547 Exame Preventivo Mamografia 0,04128 Consulta Médica 0,04314 Internação 0,11290 Diabetes 0,05791 Hipertensão 0,08212 Doença coração Câncer Determinantes distais Utilização de serviços Morbidades 0, ,05202 Insuficiência renal Cirrose 0,03929 Bronquite/asma Tuberculose 0,05593
18 Conclusão A situação da saúde dos pobres tende a ser consideravelmente pior que a dos ricos. Entretanto, para algumas doenças crônicas, foi encontrado um padrão diferente, que pode ser explicado pelo maior acesso ao diagnóstico entre os mais ricos, bem como por viés de seleção, uma vez que os doentes pobres tendem a estar sub-representados entre os sobreviventes. O estudo das desigualdades em saúde pode subsidiar políticas públicas voltadas para superar a distribuição desigual da saúde na população.
19 Obrigada!
20
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