Saúde e ambiente: a contribuição da geografia. Raul Borges Guimarães

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1 Saúde e ambiente: a contribuição da geografia Raul Borges Guimarães Universidade Estadual Paulista Laboratório de Geografia da Saúde Campus de Presidente Prudente

2 Meio ambiente: uma metáfora Não se pode teorizar a partir dessa noção: O ambiente é tomado como uma entidade real em si, passível de ser pesquisada por uma ciência preocupada em produzir resultados observáveis mensurações e definição de medidas para correção dos danos 2

3 Realismo ambiental Ambiente é um ente real em si, tomando-se cada variável como um valor por si mesmo. As Ciências Sociais são chamadas para identificar causas sociais, impacto sociais e respostas sociais de problemas ambientais descritos a partir de informações tratadas pelas Engenharias e pelo cálculo de correlações estatísticas na lógica das ciências naturais. 3

4 Debate antigo Há mais de anos, Hipócrates dizia: Quem deseja aplicar a ciência da medicina..terá de considerar os efeitos que pode produzir cada estação do ano...as propriedades das águas o solo.. o modo de vida dos habitantes, seus costumes, sua bebida e a sua comida... 4

5 OS FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS As origens do universo estão na matéria-prima: Água Organismo (papel ativo) Fogo Ar Terra 5

6 HIPÓCRATES humores do corpo. Fogo: coração Ar: cérebro Terra: bile amarela Água: bile negra no estômago equilíbrio dos humores 6

7 TEORIA DOS MIASMAS (até Sec. XVIII) A origem das doenças situava-se na má qualidade do ar, proveniente das emanações oriundas da decomposição de animais e plantas. Preocupação que parece se acentuar a partir do século XVIII com o agravamento dos problemas ambientais associados ao processo de indus Higienismo ambiente é um objeto medicalizável 7

8 Paradigma Microbiano. Contexto: Final do séc. XIX - Os impactos na saúde dos trabalhadores são incorporados na pauta de reivindicação dos sindicatos participação política como a principal estratégia de transformação da realidade de saúde.. O sanitarismo é uma resposta no âmbito do Estado aplicação de tecnologia e princípios de organização racional: definição de programas de profilaxia (saneamento e controle de vetores).. Paradigma microbiano vai reforçar esta tendência, focando na limpeza, purificação e ventilação do ambiente doméstico. 8

9 Saúde e ambiente. A retomada da visão mais crítica e global dos problemas de saúde ambiental ganha força a partir da década de 1960 movimentos ambientalistas.. é preciso um esforço de abordagem do tema numa escala mais ampla. A interpretação apenas na escala local limita a compreensão dos problemas ambientais. 9

10 Contribuição da geografia miltoniana. Ir além da análise ecológica e corográfica, buscando compreender os eventos na escala da história social do planeta.. Compreender o papel do fenômeno técnico e sua relação com forças originadas em outras escalas.. Analisar a combinação particular de fenômenos técnicos em cada lugar (meio técnico como uma estrutura espacial). 10

11 Causalidades X Contextos. A causalidade toma cada variável como um valor por si mesmo, buscando nexos nas relações bilaterais, uma a uma.. Ainda que estas relações de causalidade sejam multilaterais (análise multivariada), a noção de causa e efeito é uma simplificação da relação entre os elementos que não permite a compreensão do movimento real.. Cada variável ou elemento precisa ser analisado do ponto de vista sistêmico, no conjunto, no contexto. 11

12 Referências. Carlos Machado de Freitas. Problemas ambientais, saúde coletiva e ciências sociais. Ciência e Saúde Coletiva, 8 (1): , Milton Santos. Espaço e método. São Paulo: Nobel, Milton Santos. Natureza do espaço. São Paulo: Hucitec, Milton Santos. Saúde e ambiente no processo de desenvolvimento. Ciência e Saúde Coletiva, 8 (1): ,