AVALIAÇÃO SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DA AGENDA 21 NO BRASIL: O CASO DO TEMA AMPLIAÇÃO DO ALCANCE DOS SERVIÇOS QUE SE OCUPAM DE RESÍDUOS

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1 AVALIAÇÃO SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DA AGENDA 21 NO BRASIL: O CASO DO TEMA AMPLIAÇÃO DO ALCANCE DOS SERVIÇOS QUE SE OCUPAM DE RESÍDUOS Anaxsandra Lima Duarte

2 INTRODUÇÃO Estimativas da Agenda 21 Global: até o final do século passado, mais de dois bilhões de pessoas não teriam acesso aos serviços sanitários básicos ; metade da população urbana dos países em desenvolvimento não contaria com serviços adequados de depósito dos resíduos sólido A ampliação e o melhoramento dos serviços de coleta e depósito de resíduos com segurança são decisivos para alcançar o controle dessa situação.

3 Objetivo geral do programa de Ampliação: INTRODUÇÃO Prover toda a população de serviços de coleta e depósito de resíduos ambientalmente seguros que protejam a saúde. As metas para galgar tal objetivo sob responsabilidade dos Governos e com a cooperação das Nações Unidas - são: 1.Até o ano 2000, ter a capacidade técnica e financeira e os recursos humanos necessários para proporcionar serviços satisfatórios de coleta de resíduos; 2.Até o ano 2025, atender à população urbana com serviços de tratamento de resíduos; 3.Até o ano 2025, assegurar que existam serviços de tratamento de resíduos para toda a população urbana e serviços de saneamento ambiental para toda a população rural.

4 INTRODUÇÃO Com vai o Brasil? Apesar da legitimidade das metas acima citadas, o quadro brasileiro apresenta um retrato bem distinto e precisa ser revisto, criticado e melhorado.

5 OBJETIVO Diante da importância do serviço de gerenciamento dos resíduos sólidos e das estratégias propostas pela Agenda 21, o objetivo do presente trabalho é realizar uma avaliação sobre a ampliação do alcance dos serviços que se ocupam de resíduos sólidos.

6 MÉTODOS UTILIZADOS Foi realizada uma revisão bibliográfica no intuito de analisar as diferenças, evoluções e retrocessos dos serviços de manejo de resíduos no período, ocorridos entre a publicação da Agenda 21 brasileira e os dias atuais. Desse modo, foram revistos os documentos mais relevantes na composição da Agenda 21 brasileira e as publicações mais recentes sobre o manejo dos resíduos sólidos no Brasil.

7 RESULTADOS E DISCUSSÕES 1/4 1. Descrição do programa segundo a Agenda 21 Brasileira A ampliação dos serviços de resíduos sólidos não constitui um programa definido dentro da Platafoma das 21 Ações Prioritárias (MMA, 2002) estabelecidas pela Agenda 21 Brasileira. Contudo é um problema que permeia vários objetivos da agenda, podendo-se destacar: No Objetivo 1, a problemática em questão é mencionada no item ações e recomendações, quando se sugere a disponibilização, aos municípios brasileiros, de tecnologias apropriadas.

8 RESULTADOS E DISCUSSÕES 1. Descrição do programa segundo a Agenda 21 Brasileira No objetivo 9, umas das ações previstas para o seu cumprimento é a eliminação dos lixões, até o final desta década, promovendo o tratamento adequado em aterros sanitários, evitando a contaminação das águas pluviais e subterrâneas. O segundo documento que compõe a Agenda 21 Brasileira - Resultado da Consulta Nacional- a ampliação dos serviços de resíduos está inserida em uma das 21 linhas estratégicas estabelecidas: Estratégia 3: Manejo adequado dos resíduos, efluentes, das substâncias tóxicas e resíduos radioativos a qual trata das questões de destinação das descargas pluviais, dos resíduos sólidos e dos esgotos urbanos.

9 RESULTADOS E DISCUSSÕES 1. Descrição do programa segundo a Agenda 21 Brasileira O programaémencionado,ainda,emaçãopropostaemtrêsdosseistemas levantados nesta parte da Agenda 21 Brasileira: Gestão dos recursos naturais : promoção da gestão de RSU com a punição às práticas inadequadas de gestão; com o desenvolvimento de critérios para seleção de áreas de disposição de resíduos; e estímulo à formação de parcerias para coleta seletiva e construção de aterro sanitário. Cidades Sustentáveis : desenvolver ações voltadas à criação e regularização dos serviços de resíduos sólidos. Infra-estrutura e integração regional : questão legal sobre a cobrança da prestação de serviços, interligação entre implantação de coleta seletiva e indústria d reciclagem, mediante incentivos fiscais, execução de programa de educação ambiental e mobilização social contínuo.

10 RESULTADOS E DISCUSSÕES 2/4 2. Contextualização do tema no Brasil em 1992 Tabela 1. Municípios com serviços de limpeza urbana e/ou coleta de lixo, por unidades de destinação final do lixo coletado. Unidades de destinação final do lixo coletado Região Vazadouro A. controlado A. sanitário Total Compostagem U. Reciclagem Total Brasil 49,3 21,9 23,3 45,3 3,0 2,2 5,4 Norte 89,7 4,0 3,7 7,7 2,6 0,0 2,6 Nordeste 90,7 5,4 2,3 7,9 0,7 0,7 1,5 C.oeste 54,0 27,0 13,1 40,1 5,0 0,3 5,9 Sudeste 26,6 24,6 40,5 65,2 4,4 3,5 8,2 Sul 40,7 52,0 4,9 57,0 1,0 1,2 2,2 Fonte: IBGE, 1989 apud BORSAI et al., 1997

11 Percentual do volume de lixo coletado, por tipo de destino final, segundo os estrados populacionais dos municípios. Fonte: IBGE, 2000 RESULTADOS E DISCUSSÕES 3. Situação atual da gestão dos resíduos sólidos no Brasil 3/4

12 RESULTADOS E DISCUSSÕES 3. Situação atual da gestão dos resíduos sólidos no Brasil A especificação das Unidades de Destino do Lixo indicou uma situação de destinação final do lixo coletado no país, em peso, bastante favorável: 47,1% em aterros sanitários, 22,3%em aterros controlados e apenas 30,5% em lixões, ou seja, mais de 69% de todo o lixo coletado no Brasil estaria tendo um destino final adequado em aterros sanitários e/ou controlados. Todavia, em número de municípios, o resultado não é tão favorável: 63,6% utilizam lixões e 32,2%, aterros adequados (13,8% sanitários, 18,4 % aterros controlados), sendo que 5% não informaram para onde vão seus resíduos.

13 RESULTADOS E DISCUSSÕES 4/4 4. Atividades desenvolvidas no setor de resíduos sólidos nos últimos anos Segundo o SNSA (2003), uma tendência de melhora da situação da disposição final do lixo no Brasil pode ser creditada a diversos fatores: maior consciência da população sobre a questão da limpeza urbana; atuação do Ministério Público na indução à assinatura, pelas prefeituras, dos Termos de Ajuste de Conduta para recuperação dos lixões, e na fiscalização do seu cumprimento; aportederecursosdogovernofederalatravésdofundonacionalde Meio Ambiente; apoio de alguns governos estaduais.

14 RESULTADOS E DISCUSSÕES Atividades desenvolvidas no setor de resíduos sólidos nos últimos anos Apesar dos dados não permitirem uma aferição qualitativa dos serviços, constata-se a existência de coleta de lixo e varrição em quase todos os municípios brasileiros 99% dos municípios têm coleta convencional; mas apenas 8,2% têm programa de coleta seletiva. Os melhores resultados no manejo, tratamento e destinação final dos resíduos, contudo, têm sido obtidos pelos grandes municípios e regiões metropolitanas. Os demais municípios acumulam dificuldades de ordem estrutural e administrativa, com pouca ou nenhuma qualificação de pessoal, baixa capacidade de obtenção e aplicação de recursos e a maioria tendo como cenário da destinação final, catadores, animais e resíduos num depósito a céu aberto - lixão.

15 RESULTADOS E DISCUSSÕES Atividades desenvolvidas no setor de resíduos sólidos nos últimos anos Houve aumento significativo na quantidade de lixo coletada, devido ao aumento dos índices de coleta e das mudanças nos padrões de consumo: de 100 mil toneladas em 1989 para 149 mil toneladas em 2000; (crescimento de 49%, enquanto a população cresceu 16,43%). Quanto ao tratamento e à destinação final dos resíduos coletados, o quadro geral evoluiu de forma positiva nos últimos 10 anos; a massa de RS enviados para aterros passou de 15,8% para 32%. Isto porque o serviço está concentrado em algumas poucas cidades, (que tem maior capacidade técnica e econômica e substituíram nos últimos dez anos a destinação dos lixões para aterros sanitários). Já os municípios com menos de 15 mil habitantes, que eram em 2000, depositam os resíduos em lixões em 70,46% dos casos; mas são responsáveis pela coleta de apenas 9,35% do lixo coletado no país.

16 CONCLUSÃO Apesar de todas estas forças positivas, não é provável que se tenha atingido a qualidade desejada de destinação final do lixo urbano no Brasil: pior situação na periferia das cidades, locais não prioritários na aplicação de recursos. Os resultados da PNSB 2000, comparados aos resultados de 1989, revelam inequivocamente que houve um avanço no setor de limpeza urbana e coleta de lixo no Brasil. Tais resultados, além de oferecerem uma fotografia atualizada do setor no país, podem ajudar as prefeituras na tomada de decisões quanto às prioridades de investimento, à capacitação de seus técnicos, aos modelos institucionais a serem adotados e às fontes de financiamentos a serem buscadas..

17 CONCLUSÃO A evolução do setor, para melhor, é inexorável, e esta tendência parece definitivamente consolidada. Pode-se prever que, em prazo curto, não havendo retrocesso nas decisões políticas atuais, que hoje têm a limpeza urbana como um setor merecedor de investimentos financeiros e em recursos humanos, a situação do País neste setor irá melhorar significativamente, contribuindo assim para melhores condições de saúde e bem-estar da população brasileira. A inexistência de uma política nacional limita a atuação dos municípios, especialmente em relação à responsabilização do produtor/gerador pelo destino dos resíduos, ficando a municipalidade como única responsável pela solução do problema. Apesar disso, alguns municípios implementam bons programas de gestão de resíduos.

18 OBRIGADA.