Título do Artigo: COMÉRCIO INTERESTADUAL E INTERNACIONAL DO BRASIL E DO NORDESTE: Uma Abordagem do Modelo Gravitacional
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- Ana Beatriz de Barros Gama
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1 Área de interesse: Economia Regional Título do Artigo: COMÉRCIO INTERESTADUAL E INTERNACIONAL DO BRASIL E DO NORDESTE: Uma Abordagem do Modelo Gravitacional Autores: Magno Vamberto Batista da Silva* Wellington Ribeiro Justo** André Matos Magalhães*** Minicurrículo: * Professor do Departamento de Economia da UFPB/ Doutorando em Economia no PIMES-UFPE magnobs@yahoo.com - Fone: (81) / (81) ** Professor do Departamento de Economia da URCA/Doutorando em Economia no PIMES-UFPE justow@zipmail.com.br - Fone: (81) / (81) *** Professor do PIMES-UFPE, pesquisador do Cnpq e pesquisador associado do Regional Economics Applications Laboratory (REAL). andré.magalhães@datametrica.com.br - Fone: (81) / (81)
2 COMÉRCIO INTERESTADUAL E INTERNACIONAL DO BRASIL E DO NORDESTE: Uma Abordagem do Modelo Gravitacional RESUMO A abertura comercial brasileira a partir de meados dos anos 90 vem contribuindo para a expansão do volume das exportações, mas esse processo está se dando de forma uniforme entre as regiões do Brasil. Este trabalho tem como objetivo principal analisar os determinantes das exportações do Brasil e do Nordeste entre os estados e para o exterior no ano de O fluxo de comércio é estudado através equações baseadas em um modelo gravitacional. Os resultados empíricos obtidos reforçam as estimativas comumente encontradas na literatura para esse tipo de modelo. De modo geral os coeficientes das variáveis foram significativos e apresentaram os sinais esperados. Apesar do crescimento das exportações para o exterior, a fronteira nacional continua ser um fator importante para o desenvolvimento do país. Já para o Nordeste as exportações para os demais estados brasileiros são relativamente mais importantes que o comércio intra-regional. PALAVRAS CHAVE: Brasil, Nordeste, Modelo gravitacional. ABSTRACT The reduction Brazilian s international trade restrictions in the middle of the 1990 have contributed to increase the national exports, but the effects were not equality distributed among the Brazilian regions. The main goal of this paper is to examine the determinants of the Brazilian trade inside its borders, inter-states trade, and with some selected foreign partners. Gravity-type equations are used and the analysis is undertaken for the year of The results are similar to estimates widely found in the literature. The coefficients are statistically significant and presented the expected signs. Despite the growing exports to other countries, the national border still play an important role for Brazilian development, at least when trade is considered. To the northeast, in particular, the trade with other Brazilian states seems to be relatively more important than with among own Northeast state. KEY WORDS: Brazil, Northeast, Gravity Model. 1. INTRODUÇÃO A economia internacional passou por profundas transformações a partir da metade do século passado. Além de reduções de tarifas terem sido adotadas por meio de negociações multilaterais, nas últimas décadas do século passado, acordos preferenciais sob os quais as tarifas são diminuídas entre os países participantes do acordo, mas não em relação ao resto do mundo, têm sido comum, entre os quais uniões alfandegárias e as áreas de livre comércio. Os efeitos da formação de blocos regionais são ambíguos do ponto de vista do bem-estar. Se houver criação de comércio os efeitos são positivos e se houver desvio de comércio os efeitos são negativos (Krugman e Obstfeld, 2001). Em 1991 foi criado o Mercosul formado pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai e em 1995 o comércio entre eles triplicou. Mas, de acordo com relatório do Banco Mundial, houve 2
3 desvio de comércio, indicando uma possível perda de bem-estar para a população desses países. Por outro lado, partindo da hipótese, que as exportações podem contribuir para o crescimento econômico, torna-se importante saber de que forma esse crescimento se distribui em um país com regiões distintas como o Brasil. Dentro desta perspectiva Sá Porto (2000) mostrou que as regiões Sul e Sudeste foram mais beneficiadas com a criação do Mercosul que as demais regiões brasileiras. Em uma outra perspectiva, McCallum (1995) estudando o impacto da fronteira EUA-Canadá no padrão de comércio regional mostrou a importância da fronteira nacional para o comércio do Canadá. Hidalgo e Vergolino (1998) analisando o fluxo de comércio brasileiro e nordestino para o restante do país e para o exterior usando dados referentes ao ano de 1991 com a abordagem do modelo gravitacional mostraram a importância da fronteira nacional e regional a despeito do crescimento do comércio internacional. Possíveis mudanças podem ter ocorrido no padrão de comércio após esse período. Portanto, tornam-se relevantes estudos que venham a verificar o comportamento do padrão de comércio brasileiro e nordestino em período mais recente. Ademais, negociações estão sendo feitas para a implantação da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) e os tomadores de decisão precisam levar em conta o padrão de comércio brasileiro e regional uma vez que possam considerar que a política de comércio exterior venha ser um instrumento de diminuição ou agravamento das desigualdades regionais de renda no Brasil. Este trabalho tem como objetivo principal analisar os determinantes das exportações do Brasil e do Nordeste considerando tanto o fluxo interno, entre os estados, quanto o internacional no ano de O método de análise é baseado em equações derivadas do modelo gravitacional, largamente utilizado nessa literatura. Esse estudo contempla 5 seções além desta introdução. A seção 2 apresenta a evolução das exportações internacionais do Brasil e do Nordeste na década de 90 fazendo um paralelo com o desempenho dessas economias. A seção seguinte discute as diversas abordagens que tentam fundamentar teoricamente o modelo gravitacional. Na seção 4 especifica-se o modelo gravitacional discutindo-se algumas aplicações empíricas bem como as fontes dos dados. Em seguida, a seção 5 apresenta os resultados obtidos. A análise econométrica sugere que o comércio interestadual continua sendo um determinante importante para o crescimento do país. Por fim, a seção 6 expõe as principais conclusões do trabalho. 2. EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES DO BRASIL E NORDESTE Depois da Segunda Guerra Mundial o comércio mundial apresentou um ritmo acelerado de crescimento, aumentando cerca de nove vezes no período de 1946 a A partir de então tem crescido a taxas maiores do que as taxas de crescimento da economia dos países. A abertura comercial nos anos 80 e 90 têm contribuído para o crescimento das exportações tanto nos países desenvolvidos como nos subdesenvolvidos (Galvão, Barros e Hidalgo, 1997). Esse fenômeno tem ocorrido no Brasil e com menor 3
4 intensidade na Região Nordeste. Desta forma, é apresentada a seguir uma breve análise sobre a evolução das exportações internacionais nordestinas e brasileiras na década de A tabela 1 apresenta o valor e o índice das exportações internacionais do Brasil e Nordeste no período de Nesse período as exportações brasileiras cresceram cerca de 63%, enquanto as nordestinas aumentaram aproximadamente 23%, reduzindo a sua participação relativa nas exportações totais. Outro aspecto importante é o comportamento divergente da evolução das exportações. No Brasil esse comportamento foi ascendente em praticamente todos os anos com ligeira queda entre 1997 e Já na Região Nordeste a evolução das exportações oscilou no período em análise. Em um paralelo com o crescimento do PIB dessas unidades geográficas observa-se que houve um aumento na participação relativa das exportações brasileiras na composição no produto nacional, haja vista que durante esse período o PIB brasileiro cresceu cerca de 24%. O produto interno do Nordeste cresceu em torno de 27%, ou seja, mais do que a economia brasileira, aumentando assim sua participação relativa no PIB do país. Essa participação aumenta de 15,67% para 16,11% entre 1990 e A participação das exportações do Nordeste no total exportado pelo Brasil, no entanto, passou de 9,65% para 7,28%. Isso indica que as exportações são um componente relativamente mais importante para o crescimento da economia nacional do que para a economia nordestina (SUDENE, 1999). Essa simples análise evidencia diferenças significativas no comportamento das exportações unidades geográficas consideradas e justifica a aplicação de modelos que possibilitem apreender melhor o padrão do comportamento das mesmas. Com esse propósito, a literatura econômica tem tratado esse tema através de vários instrumentais, destacando-se, entre eles, o modelo gravitacional. Nesta perspectiva, aplicar-se-á o modelo gravitacional neste estudo. A seção seguinte apresenta uma evolução cronológica a respeito dos fundamentos teóricos deste modelo. Tabela 1 Valor e Índice das Exportações do Brasil e Nordeste: Anos Brasil Nordeste Valor (US$ Bilhões) Índice: Base (1990=100) Valor (US$ Bilhões) Índice: Base (1990=100) ,41 100,00 3,03 100, ,62 100,67 2,86 94, ,79 113,94 3,04 100, ,55 122,73 3,01 99, ,55 138,65 3,5 115, ,51 148,07 4,24 139, ,75 152,02 3,85 127, ,99 168,70 3,96 130, ,12 162,75 3,72 122,77 Fonte: SUDENE 1 É importante notar que na análise econométrica serão consideradas tanto as exportações internacionais quanto aquelas para os demais estados brasileiros. 4
5 3. FUNDAMENTOS TEÓRICOS PARA O MODELO GRAVITACIONAL Os modelos gravitacionais servem para descrever e predizer os fluxos de pessoas, de bens e de informação ao longo do espaço (Sen e Smith, 1995). A hipótese básica é que a interação espacial ( X ) entre duas áreas, i e j, está diretamente relacionada ij com os atributos do local de origem ( A i) e de destino ( A j) e inversamente relacionada com distância ( D ) que separa as mesmas. Ou seja, ij X ij α1 α 2 Ai Aj = (1) D θ ij Os primeiros trabalhos empíricos utilizando o modelo gravitacional para explicar os fluxos bilaterais de comércio careciam de fundamentação teórica para respaldar o sucesso dos resultados. Paulatinamente, diversos autores vêm tentando consolidar uma fundamentação com vários apelos teóricos. Nesse sentido esta seção resgata cronologicamente as idéias básicas de diversos autores que dão os fundamentos teóricos para o modelo gravitacional. Um dos pioneiros a fazer essa abordagem foi Linnemann (1966) mostrando que o modelo gravitacional pode ser fundamentado teoricamente de um modelo de equilíbrio geral Quase-Walrasiano com a hipótese de função de demanda separadas para importação de cada parceiro comercial. O equilíbrio Quase-Walrasiano é considerado porque no equilíbrio Walrasiano puro o tamanho das transações entre os dois parceiros comerciais no mercado não é estudado no todo. O modelo de equilíbrio geral Walrasiano determinaria somente a oferta e a demanda estrangeira de um país e não a magnitude do comércio com os parceiros comerciais individuais. Geraci e Prevo (1977) assumem um fluxo de comércio bilateral determinado pelo sistema de oferta e demanda competitiva. Assumem também a perfeita substituabilidade entre os bens produzidos internamente e importados para os dois países. Os preços dos fatores são determinados exogenamente pela dotação de recursos natural de fatores, tecnologia, capital e trabalho dos países. Finalmente, a razão dos preços mundiais, em face da estrutura de oferta e demanda competitiva, são realizados em termos de avaliação das exportações, contudo os preços para bens homogêneos diferem entre os países em função do impacto das diferenças naturais e artificiais. Anderson (1979) propicia uma fundamentação teórica para o modelo gravitacional aplicada para o comércio de bens. No modelo de sistema de despesa de participação de comércio, ele assume que todos os países produzem bens tradeable" e "nontradeable e uma função de preferência global com propriedades fracamente separáveis com respeito à partição entre esses bens. A função de demanda individual do bem tradeable é obtida pela maximização da utilidade dada a despesa do bem tradeable, considerando homoteticidade apenas neste bem. Assume que as funções de utilidade têm a forma Cobb-Douglas e idênticas entre todos os países, de forma que as participações de qualquer bem na despesa são as mesmas. Assim, para qualquer país consumidor, a despesa do bem tradeable do país exportador dividida pela despesa total dos tradeable no país importador é definida por θ i. Então, a homoteticidade é imposta 5
6 devido a presença da despesa dos bens tradeable como argumento da função de θ i o que geraria grandes complicações na estimação. Homoteticidade implica que, ceteris paribus, despesas com comércio de países grandes representam expansões escalares de despesas com comércio de países pequenos. Já a separabilidade é imposta para permitir processos de decisões de dois estágios que remove os preços dos bens nontradeable da função θ i. Justifica-se também a separabilidade porque os bens tradeable são substitutos mais próximos entre eles ao invés do que são os bens nontradeable. Por outro lado, Krugman (1980) propõe uma nova teoria para explicar o padrão de comércio internacional. Ele faz uma análise formal que incorpora economias de escala, possibilidades de diferenciação do produto e competição monopolística. Em particular, nessa nova estrutura incluem as causas do comércio entre países com dotação de fatores semelhantes e o efeito mercado interno grande sobre as exportações. Um modelo básico é construído levando em consideração economias de escala na produção e possibilidade das firmas produzirem produtos diferenciados sem custo, à lá modelo de Dixit & Stiglitz (1977). As hipóteses assumidas nesse modelo são: grande número de bens potenciais; todos os indivíduos na economia têm a mesma função de utilidade; número de bens realmente produzidos é grande, embora menor do que a variedades de produtos potenciais; existência do trabalho como único fator de produção; função de custo linear e idêntica para todos os bens; existência de custo fixo e marginal; pleno emprego; e, maximização de lucros, mas com livre entrada e saída de firmas, de forma que no equilíbrio o lucro seja zero. Assim, supondo dois países com as características descritas e mais custos de transporte zero, mesmas preferências e tecnologia haverá comércio e ganhos de comércio. A ocorrência do comércio se dar em função da presença de retornos crescentes de escala, em que cada bem será produzido por um único país e apenas uma firma. Já os ganhos de comércio ocorrem devidos o mundo agora produzir uma maior diversidade de produtos do que outro país sozinho aumentando, assim, as escolhas para o consumidor. A simetria existente no modelo assegura mesmas taxas de salário e preços para quaisquer bens produzidos nos dois países. Embora os salários reais nos países permaneçam constantes, o bem-estar dos indivíduos aumenta, haja vista a maior variedade de escolhas. Em função das hipóteses assumidas o modelo, contudo, apresenta determinação do volume do comércio e indeterminação na direção do comércio qual país produz qual bem. No mesmo artigo, Krugman estende o modelo básico para incluir os custos de transportes. Tais custos são assumidos como sendo do tipo iceberg com perda de uma fração g no transporte do bem. O resultado encontrado nesse modelo difere do modelo anterior apenas pela não igualdade dos salários nos dois países. Esse diferencial de salário deve existir para manter as pessoas empregadas nos dois países. Assumindo agora dois países e duas indústrias o papel do mercado doméstico fica claro. Se os países possuem preferências diferentes cada um se especializa na indústria para o qual ele tem o mercado doméstico maior e será um exportador líquido 6
7 deste bem. Mesmo abandonando a hipótese de padrão comum de população e demanda, com manutenção das demais, os resultados permanecem os mesmos. Uma outra contribuição para fundamentar teoricamente o modelo gravitacional, foi dada por Bergstrand (1985) utilizando um modelo de equilíbrio geral de comércio mundial assumindo seis hipóteses para derivar a equação gravitacional. A primeira hipótese feita é que o mercado para o fluxo de comércio agregado de um par de países é pequeno em relação ao restante do comércio mundial. Isto é análoga a suposição de uma economia pequena aberta, em que se tratam as variáveis níveis de preços internacionais, taxas de juros e rendas internacionais todas elas como se fossem exógenas. Ao assumir tal hipótese o sistema de equilíbrio geral reduz-se para um subsistema de equilíbrio parcial, produzindo a equação de comércio bilateral na forma reduzida com a renda dos países importador e exportador tratadas exogenamente. A hipótese de funções de utilidade e produção idênticas entre os países assegura que os coeficientes das elasticidades substituição entre os bens domésticos e importados; entre os bens importados e os coeficientes das elasticidades de transformação entre a produção para mercados domésticos e estrangeiros; e a elasticidade de transformação para produção entre os mercados de exportação são constantes através de todos os pares de países. Como resultado tem-se a equação gravitacional generalizada. Esta equação é especificada como geral por tratar as rendas do importador e do exportador como exógenas e não impor restrições aos valores dos parâmetros, exceto por considerar as elasticidades, referidas anteriormente, constantes, entre os pares de países. As demais hipóteses são perfeita substituatibilidade dos bens intermediários na produção e consumo, perfeita arbitragem dos bens, tarifa zero e custo de transporte zero (e normalizando todas as taxas de câmbio para um). Assim, produz-se um modelo gravitacional simplificado no qual se excluem os termos de preços. Nova contribuição é dada por Bergstran (1989) estendendo os fundamentos microeconômicos para a equação gravitacional generalizada do seu modelo de 1985, incluindo as diferenças de dotações de fatores relativas no espírito do modelo de Heckscher-Ohlin e as preferências não-homotéticas. Quanto a esta última hipótese ele assume que o consumidor maximiza uma função de utilidade nested Cobb-Douglas-CES- Stone-Geary sujeito a uma restrição de renda. A maximização da utilidade resulta numa função de demanda inversa agregada bilateral para os consumidores do país importador (haja vista que os consumidores são idênticos), que depende da renda per capita, da renda nominal, da quantidade demandada, das tarifas de importação e da taxa de câmbio. A implicação dessa função de demanda é que a elasticidade da renda nacional da demanda será diferente da unidade se a renda per capita sobe, ou seja, as preferências são nãohomotéticas. No que diz respeito à hipótese de dotações relativas de fatores o autor diz que se o bem produzido pelo país exportador é um bem de luxo no consumo do país importador e intensivo no uso de capital a elasticidade substituição é maior do que um, bem como a elasticidade renda da demanda do bem é maior do que um, então isso faz com que haja uma relação no fluxo de comércio bilateral. A adoção destas hipóteses propicia uma fundamentação teórica explicita para a renda do país importador e exportador, bem 7
8 como suas renda per capita consistente com as teorias para o comércio interindústria de Heckscher-Ohlin e para de comércio intra-indústria de Helpman-Krugman-Markusen. Por fim, Deardoff (1998) apud Piani e Kume (2000) desenvolve a equação gravitacional baseada no modelo de Heckscher-Ohlin. Para tanto, utiliza dois casos extremos, sendo que no primeiro trabalha com as hipóteses de produto homogêneo e ausência de quaisquer barreiras comerciais. Neste caso, contudo, o comércio bilateral seria indeterminado, haja vista que os agentes econômicos são indiferentes na escolha dos mercados disponíveis. Tal problema é solucionado supondo que pequenas compras aleatórias são realizadas nos diversos mercados. No segundo caso, assume produtos diferenciados e presença de barreiras ao comércio, incluindo custos de transportes. A despeito da diversidade de alternativas para explicar o modelo gravitacional, conforme visto nesta seção, este trabalho busca incorporá-las aos modelos a serem estimados, conforme serão apresentados a partir da próxima seção. 4. ESPECIFICAÇÃO DO MODELO A seção anterior buscou sintetizar as principais idéias contidas em diversos trabalhos que deram base teórica à utilização do modelo gravitacional. A presente seção se propõe a apresentar alguns dos usos da equação gravitacional e desenvolvê-la, evidenciando as variáveis que explicam o fluxo de comércio bilateral, bem como apresentando as hipóteses relativas aos sinais dos coeficientes das variáveis a serem estimados. Na literatura de economia internacional modelo gravitacional especificado, em geral, da seguinte forma: 2 log X ij β0 + β1 logyi + β2 logy j + β3 log N i + β4 log N j + β5 log Dij + = loge (2) ij Onde: X ij = valor das exportações do estado i para o estado ou país j; Y i, Y j = renda do estado i e do estado ou país j, respectivamente; N i, N j = população do estado i e do estado ou país j, respectivamente; D ij = distância entre o estado i e o estado ou país j, respectivamente; e ij = termo de erro lognormalizado com E(log e ij ) = 0. Observa-se, dessa forma, que os atributos dos locais de origem e destino são a renda e a população de cada estado ou país. No modelo empírico deste trabalho utiliza-se para a variável X ij o fluxo de comércio bilateral medido em termos dos valores das exportações realizadas do estado i para o estado ou país j. Os primeiros a utilizar o modelo gravitacional para comércio interestadual foram McCallum (1995) e Helliwell (1996), em trabalhos sobre o comércio entre Canadá/Estados Unidos. Mais recentemente, Hidalgo e Vergolino (1998) 2 Ver, por exemplo, Tinbergen (1962), Poyhonem (1963), Linneman (1966) e Geraci e Prewo (1977). 8
9 desenvolveram trabalho sobre o fluxo de comércio do Nordeste para o resto do Brasil e exterior, com dados de 1991, evidenciando a importância das fronteiras internas e externas sobre o padrão de comércio internacional e interestadual. Uma outra aplicação do modelo gravitacional é a inclusão do comércio entre regiões de um país e o resto do mundo. Nessa abordagem Sá Porto (2000) utilizou o modelo gravitacional para medir o impacto do Mercosul nas cinco regiões do Brasil. Sá Porto e Canuto (2002) ampliam esse estudo avaliando o impacto do Mercosul nas regiões do Brasil e nos seus setores. Para mensurar as variáveis Y i (Y j ) utilizam-se como proxy o valor do Produto Interno Bruto (PIB) do estado exportador i e do estado ou país importador j, respectivamente. A presença dessas variáveis no modelo gravitacional de acordo com Linnemannn (1966), Aitken (1973), Sá Porto (2000) entre outros, captam a oferta potencial de exportação e demanda potencial de importação. Supõe-se que quanto maior a renda do importador maior será a demanda por bens importados por este país. Da mesma forma, quanto maior o PIB do país exportador, maior será a oferta de bens para exportação. Ou seja, espera-se que o sinal dos coeficientes dessas variáveis seja positivo. Por sua vez, a variável população N capta o efeito relacionado ao tamanho do mercado interno de um país (ou estado). De acordo com Krugmam (1980) mercados internos maiores possibilitam um país se especializar nos bens com maior demanda doméstica, obtendo ganhos de escala, o que pode conduzi-lo a uma oferta maior de exportação de tais bens. Logo, espera-se sinal positivo para os coeficientes das variáveis populações. Como proxy para medir a variável resistência ao comércio (custo de transporte, tempo de transporte, etc) utiliza-se à distância entre os parceiros comerciais. Supõem-se que distâncias maiores entre os pares de estados ou entre os estados e países parceiros tendem a diminuir o fluxo de comércio bilateral, mostrando uma relação inversa entre estas variáveis. Ou seja, espera-se que o sinal da variável distância seja negativo (Aitken, 1973). No presente estudo, em algumas equações são acrescentadas variáveis dummies para captar os efeitos das fronteiras nacional e regional. Para captar o efeito da fronteira nacional utiliza-se a variável D(BR) que assume valor 1 quando as exportações são entre os estados e 0 nos outros casos. Da mesma forma a variável D(NE) estima os efeitos da fronteira regional, assumindo o valor 1 quando as exportações forem intraregional e 0 nos outros casos. Os dados utilizados no trabalho foram obtidos nas seguintes fontes: exportações entre os Estados brasileiros no Ministério da Fazenda e para os países no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, valores FOB, convertidas pela taxa de câmbio comercial média anual do IPEA; população e PIBs estaduais na Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística FIBGE e a população e os PIBs dos países no Banco Mundial; as distâncias rodoviárias entre os estados no Guia Quatro Rodas e as distâncias entre os estados e os países em km, no site 9
10 Os países selecionados foram: Alemanha, Argentina, Bélgica, Bolívia, Chile, China, Colômbia, Espanha, Estados Unidos, França, Itália, Japão, México, Países Baixos, Paraguai, Portugal, Reino Unido, Rússia, Uruguai e Venezuela, que representam o destino de cerca de 80% das exportações brasileiras. 5. RESULTADOS ESTIMADOS Os resultados estimados para o comércio internacional e interestadual brasileiro no ano de 1999 são apresentados na Tabela 2. Oito especificações são consideradas. As equações (1) e (2) são as versões mais simples do modelo gravitacional usada largamente por diversos autores, sendo que na segunda equação é acrescentada a variável dummy (DBR) para captar os efeitos da fronteira nacional. As equações (3) e (4) seguem o padrão do modelo especificado na seção anterior. Nas equações (7) e (8) são acrescentadas, em relação à versão mais simples, as variáveis distância (Dist ij ) e distância ao quadrado (Dist 2 ij) seguindo McCallum (1995). Tabela 2 Estimativas do Comércio Internacional e Interestadual Brasileiro Variável Equações Explicativa (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) Log(Pib i ) 1,75 (30,71) 1,40 (34,05) 1,24 (7,48) 1,25 (7,92) 1,32 (30,25) 1,38 (34,05) Log(Pib j ) 0,15 (4,60) 0,45 (10,32) -0,17 (-3,24) 0,12 (2,17) 0,12 (3,27) 0,43 (9,82) Log(Dist ij ) -0,97 (-11,64) -0,52 (-5,65) -1,23 (-15,53) -0,77 (-9,05) -1,24 (-14,99) -0,80 (-8,92) -1,74 (-7,83) -1,94 (-9,24) Dist ij 0,0003 0,0006 Dist 2 ij (2,12) 3,6E-07 (-8,06) (4,95) -1,6E-08 (3,07) Log(Pop i ) 0,14 (0,64) 0,20 (0,93) 1,61 (26,77) 1,69 (29,98) Log(Pop j ) 0,66 (8,19) 0,72 (9,63) 0,46 (9,68) 0,80 (13,62) D(BR) 2,39 (10,48) 2,57 (11,80) 2,29 (11,24) 2,76 (11,72) R 2 ajustado 0,43 0,49 0,48 0,54 0,43 0,50 0,42 0,51 Nº de obs Nota: os valores entre parênteses representam a estatística t. Em face de possíveis problemas econométricos nas estimativas devido às exportações serem um dos componentes que determinam o PIB do país ou estado exportador, assim como de erros de especificação do modelo, seguindo McCallum (1995) optaram por substituir nas equações (5) e (6) os PIBs do estado exportador e do estado ou país importador pelas respectivas populações para evitar problemas de simultaneidade do modelo. De modo geral os resultados obtidos foram significativos e apresentaram os resultados esperados com razoável poder explicativo. Pelos resultados apresentados a elasticidade das exportações em relação ao produto doméstico dos estados brasileiros situase em torno de 1,4. Ou seja, se a economia dos estados crescer 1%, as exportações 10
11 aumentariam em 1,4%. Este valor é significativamente 3 superior à elasticidade das exportações em relação ao PIB dos estados ou países importadores. Em todas as regressões estimadas a o coeficiente da variável dummy DBR foi significativo com valor médio de 2,50. Isso significa que, ceteris paribus, as exportações entre os estados brasileiros é cerca de 12,2 vezes maior do que as exportações dos estados brasileiros para o exterior (corresponde ao antilog de 2,5). Esse resultado destaca que, apesar do crescimento das exportações para o exterior, a fronteira nacional revela-se ainda de grande importância para o desenvolvimento do país. Resultados nessa mesma direção foram encontrados por McCallum (1995) e Helliwell (1996) aplicando o modelo gravitacional para o comércio entre as províncias do Canadá e os Estados Unidos encontrando que as exportações entre as províncias foram, respectivamente, 22 e 19,9 vezes maior que o comércio para fora do país. Analisando o coeficiente da distância na equação 1 verifica-se que um aumento em 1% na distância entre os parceiros comerciais reduz-se em 0,97% as exportações. Através da equação (8) constata-se que o efeito da fronteira nacional é robusto, uma vez que mudando as especificações da distância, estatisticamente o parâmetro estimado não muda. O único coeficiente que não apresentou o sinal esperado foi o logaritmo do PIB do país importador na equação (3). Também não foram significativos os coeficientes da variável população do estado exportador nas equações (3) e (4). Ressalta-se que as regressões de (1) a (8) foram estimadas eliminando-se as observações que apresentaram valor zero nas exportações. A fim de comparações estimouse também o modelo substituindo os valores zero nas exportações por 0,001 seguindo Frankel apud Piane & Kume (2000). Os valores dos coeficientes de algumas variáveis não foram significativos e não apresentaram os sinais esperados, exceto quando se ajustou o modelo através da equação (2). Também foram estimadas as exportações interestaduais do Brasil para o mesmo período, apresentadas na Tabela 3. Os ajustes das regressões foram razoáveis, os sinais dos coeficientes foram de acordo com o esperado e significativos, exceto para os coeficientes das variáveis PIB do estado ou país importador e a população do estado exportador. As estimações para as exportações nordestinas são apresentadas nas Tabelas (4) a (6). A Tabela 4 mostra as estimativas das exportações dos Estados do Nordeste para os demais estados brasileiros e para o exterior. Ressalta-se que elasticidade das exportações em relação ao PIB dos estados do nordeste é significativamente maior do que a elasticidade das exportações em relação ao PIB do país ou estado importador. Outro ponto de destaque é que a fronteira nacional é importante para as exportações dos estados nordestinos. Em média, o valor do coeficiente dessa variável ficou em torno de 2,0. Isso significa que, ceteris paribus, as exportações dos estados nordestinos para os estados 3 Foi realizado o teste de restrição de coeficientes de Wald para as elasticidades de exportação em relação ao produto interno do estado exportador. 11
12 brasileiros é cerca de 7,4 vezes maior do que as exportações para fora do país 4. No entanto, a fronteira regional não foi significativa. Tal como no comércio brasileiro a fronteira nacional também é robusta 5. Através da análise dos coeficientes de elasticidade percebe-se que as exportações dos estados nordestinos são pouco sensíveis às mudanças no crescimento das economias importadoras, ou seja, se o PIB dos estados ou país importador crescer 1% as exportações nordestinas elevam-se em apenas 0,26%. Tabela 3 Estimativas do Comércio Interestadual Brasileiro Variável Equações Explicativa (1) (3) (5) (7) Log(Pib i ) 1,76 (14,85) 1,66 (6,45) 1,76 (14,61) Log(Pib j ) 1,09 (8,59) 0,34 (1,22) 1,09 (8,48) Log(Dist ij ) -0,93 (-4,94) -0,87 (-4,48) -0,84 (-4,25) -2,10 (-3,55) Dist ij 0,001 (1,48) Dist 2 ij -1,04 E-07 (-1,08) Log(Pop i ) 0,14 (0,36) 2,12 (12,72) Log(Pop j ) 1,03 (2,74) 1,43 (8,37) R 2 ajustado 0,54 0,54 0,52 0,54 Nº de obs Nota: os valores entre parênteses representam a estatística t. Tabela 4 Estimativas do Comércio Interestadual e Internacional Nordestino Variável Equações Explicativa (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) Log(Pib i ) 1,88 (7,21) 1,89 (7,29) 0,14 (0,13) 0,19 (0,18) 1,87 (7,17) 1,89 (7,28) Log(Pib j ) 0,26 (1,74) 0,51 (2,57) 0,21 (0,89) 0,38 (1,34) 0,32 (2,09) 0,51 (2,56) Log(Dist ij ) -2,42 (-7,30) -2,08 (-4,08) -2,48 (-8,00) -2,35 (-4,56) -2,40 (-8,32) -2,58 (-5,03) -0,80 (-1,34) -0,90 (-1,51) Dist ij -0,0008-0,0004 (-1,61) Dist 2 ij 2,26 E-08 (0,88) Log(Pop i ) 2,27 2,18 2,38 2,39 (1,58) (1,55) (6,23) (6,30) Log(Pop j ) 0,12 0,31 0,33 0,61 (0,34) (0,36) (1,51) (2,43) D(BR) 2,24 2,28 1,51 (2,72) (2,93) (2,57) (-0,77) 8,17 E-09 (0,30) 1,93 (2,03) 4 Hidalgo e Vergolino (1998) encontraram o valor de 11,5 para o ano de 1991, mas considerando a variável dependente o fluxo total do comércio. 5 Foi realizado o teste de restrição de coeficientes de Wald. 12
13 D(NE) -0,40 (-0,55) -0,92 (-1,20) -1,47 (-2,13) 0,34 (0,68) R 2 ajustado 0,46 0,46 0,46 0,47 0,46 0,47 0,46 0,47 Nº de obs Nota: os valores entre parênteses representam a estatística t. Nas Tabelas 5 e 6 são apresentados os resultados das exportações do nordeste. Enquanto na Tabela 5 analisam-se as exportações para os demais estados brasileiros, na Tabela 6 analisam-se as exportações entre os estados do nordeste. Mais uma vez os resultados, de forma geral, indicam relações esperadas entre variáveis e os valores dos coeficientes são significativos. O destaque é que a elasticidade das exportações em relação ao PIB dos estados ou países importadores é maior que a elasticidade das exportações em relação ao PIB dos estados exportadores. Esse último coeficiente é significantemente menor que a unidade. Tabela 5 Estimativas do Comércio Nordestino para o Brasil Variável Equações Explicativa (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) Log(Pib i ) 0,84 (4,20) 0,85 (4,22) 2,74 (2,90) 2,75 (2,87) 0,84 (4,23) 0,84 (4,24) Log(Pib j ) 1,13 (5,66) 1,16 (5,81) 0,16 (0,48) 0,19 (0,44) 1,19 (6,89) 1,19 (6,85) Log(Dist ij ) -1,79 (-6,57) -1,55 (-4,36) -1,40 (-5,14) -1,38 (-4,03) -1,42 (-6,05) -1,56 (-4,40) -0,59 (-0,70) -0,60 (-0,79) Dist ij -0,002 (-1,18) -0,001 (-0,89) Dist 2 ij 1,6E-07 (1,02) 1,3E-07 (0,76) Log(Pop i ) -2,42 (-2,13) -2,43 (-2,11) 0,61 (2,31) 0,61 (2,32) Log(Pop j ) 1,32 (3,42) 1,29 (2,66) 1,51 (5,93) 1,50 (5,97) D(NE) 0,56 (1,19) 0,06 (0,09) -0,34 (-0,70) 0,34 (0,62) R 2 ajustado 0,64 0,64 0,66 0,65 0,63 0,63 0,64 0,64 Nº de obs Nota: os valores entre parênteses representam a estatística t. Tabela 6 Estimativas do Comércio Intra-regional Nordestino Variável Equações Explicativa (1) (3) (5) (7) Log(Pib i ) 0,66 (1,99) 1,02 (1,42) 0,71 (2,15) Log(Pib j ) 0,89 (2,68) -0,37 (-0,34) 0,92 (2,23) Log(Dist ij ) -1,18 (-5,06) -1,30 (-4,21) -1,39 (-6,36) -1,71 (-1,18) Dist ij -0,001 (-0,15) Dist 2 ij 7,60 E-07 (0,76) Log(Pop i ) -0,47 (-0,61) 0,67 (1,71) 13
14 Log(Pop j ) 1,60 (1,22) 1,20 (3,06) R 2 ajustado 0,69 0,70 0,70 0,70 Nº de obs Nota: os valores entre parênteses representam a estatística t. 6. CONCLUSÕES Nesse artigo procurou-se verificar os determinantes das exportações do Brasil e do Nordeste entre os estados e para os 20 principais países utilizando o enfoque do modelo gravitacional. Os resultados empíricos obtidos reforçam as estimativas encontradas na literatura para esse tipo de modelo. De modo geral os coeficientes das variáveis foram significantes e apresentaram os sinais esperados. Apesar do crescimento das exportações para o exterior, a fronteira nacional continua ser um fator importante para o desenvolvimento do país, haja vista que exportações entre os estados é cerca de 12,2 vezes maior que as exportações para o exterior. Já para o Nordeste as exportações para os demais estados representam cerca de 7,4 vezes mais do que para fora do país. Além disso, quando se verificam as exportações dos estados nordestinos para todos os estados brasileiros constata-se que o comércio com os demais estados brasileiros é relativamente mais importante que o comércio intra-regional. No caso do Brasil o coeficiente de elasticidade de exportação em relação ao PIB do estado exportador é significantemente maior que o coeficiente de elasticidade de exportação em relação ao PIB do estado ou país importador. No Nordeste, ao contrário, essa relação se inverte. Os resultados encontrados sugerem que o padrão do comportamento das exportações difere entre os estados brasileiros e, haja vista que estão sendo feitas negociações para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), faz-se necessário ponderar esses impactos se os tomadores de decisão pretendem evitar o agravamento das desigualdades regionais no Brasil. REFERENCIAS AITKEN, Norman D. The effect of the EEC and EFTA on European trade: a temporal cross-section analysis. The American Economic Review. v.63, n.5, p , December, ANDERSON, James E. A theorical foundation for the gravity equation. The American Economic Review. v.69, n.1, p , March, BERGSTRAND, Jeffrey H. The generalized gravity equation, monopolistc competition, and the factor-proportions theory in international trade. The Review of Economics and Statistics. v.71, n.1, p , February, BERGSTRAND, Jeffrey H. The gravity equation in international trade: some microeconomic foundations and empirical evidence. The Review of Economics and Statistics. v.67, n.3, p , August,
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