APATRIDIA E TRÁFICO DE PESSOAS. Profª Msc. Érica Rios
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- Vergílio Mirandela Neves
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1 APATRIDIA E TRÁFICO DE PESSOAS Profª Msc. Érica Rios erica.carvalho@ucsal.br
2 DIREITO À NACIONALIDADE COMO DIREITO HUMANO Artigo XV da DUDH (1948): 1. Todo homem tem direito a uma nacionalidade. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.
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4 APÁTRIDAS Existem dois tipos de apatridia: de jure e de facto. Apátridas de jure não são considerados nacionais sob as leis de nenhum país. Apátridas de fato possuem formalmente uma nacionalidade, mas esta resulta ineficaz. Ex.: quando um indivíduo tem negados, na prática, direitos que são usufruídos por todos os nacionais, tal como o direito de retornar a seu país e residir nele. A diferença entre a apatridia de jure e de facto pode ser difícil de estabelecer. Cerca de 10 milhões de pessoas ao redor do mundo estão presas neste limbo legal. As principais causas da apatridia são as políticas discriminatórias e os vazios legislativos em matéria de nacionalidade. 1 pessoa nasce apátrida a cada 10min no mundo. Fonte: ACNUR
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6 Convenção sobre o Est. Dos Apátridas (1954) Dec /2002, art. 12: 1. O estatuto pessoal de todo apátrida será regido pela lei do país de seu domicílio ou, na falta de domicílio, pela lei do país de sua residência. 2. Os direitos anteriormente adquiridos pelo apátrida e que decorrem do estatuto pessoal, notadamente os que resultem do casamento, serão respeitados por todo Estado Contratante, ressalvado, se for o caso, o cumprimento das formalidades previstas pela legislação do referido Estado, desde que, todavia, o direito em causa seja daqueles que seriam reconhecidos pela legislação do referido Estado, se o interessado não se houvesse tornado apátrida. Art. 27: Os Estados Contratantes expedirão documentos de identidade a todo apátrida que se encontre no seu território e que não tenha documento de viagem válido. Art. 32: Os Estados Contratantes facilitarão, na medida do possível, a assimilação e a naturalização dos apátridas. Esforçar-se-ão notadamente para acelerar o processo de naturalização e reduzir, na medida do possível, as taxas e despesas desse processo.
7 Lei de Migração (13.445/2017) Definições de migrantes, residentes fronteiriços e visitantes (art. 1 ) Visto temporário para acolhida humanitária (art. 14, 3º) Facilita reconhecimento com qualquer documentação que a pessoa portar (art. 20) Proteção especial e facilitação de naturalização (em 30 dias) (art. 26) Cabe recurso da negação da condição de apátrida Cabe opção pela naturalização brasileira ou não Cabe residência definitiva se não quiser se naturalizar brasileiro (também art. 30) Direito de reunião familiar a partir do reconhecimento como apátrida Não reenvio ao país de origem (também art. 40, 4 ) Perda de nacionalidade será evitada se gerar apatridia (art. 75, ú) Previsão de regulamento específico para efetivar a Convenção sobre o Est. dos Apátridas
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10 I belong (ACNUR): Red de las América sobre Nacionalidad y Apatridia:
11 Fonte: Os rohingyas de Mianmar, maior população apátrida do mundo Um milhão de rohingyas vivem em Mianmar, alguns há várias gerações. Para os birmaneses, porém, são bengalis, o que faz deles a maior população apátrida do mundo. Com mais de pessoas que fugiram para Bangladesh desde 25/08/2017, a atual crise tem raízes na divisão das Índias britânicas, que incluíam Mianmar e Bangladesh. Quem são os rohingyas? Estes muçulmanos sunitas falam um dialeto de origem bengali utilizado no sudeste do Bangladesh, de onde são originários. Muitos vivem no estado de Rakhin, no noroeste de Mianmar, mas são apátridas, porque o país lhes nega a cidadania. A lei birmanesa sobre a nacionalidade de 1982 especifica, concretamente, que apenas os grupos étnicos que podem demonstrar sua presença no território antes de 1823, data da primeira guerra anglo-bereber que levou à sua colonização, podem obter a nacionalidade birmanesa. No entanto, os representantes dos rohingyas garantem que sua comunidade tinha representantes neste país há muito mais tempo.
12 Fonte: Os rohingyas de Mianmar, maior população apátrida do mundo Nos últimos anos, milhares deles fugiram de Mianmar para a Malásia, ou para a Indonésia. Outros decidiram seguir para Bangladesh, país para onde dezenas de milhares já fugiram desde o início da violência entre o Exército birmanês e os rebeldes no final de agosto. Quais são suas condições de vida? Considerados estrangeiros em Mianmar, os rohingyas são vítimas de múltiplas discriminações: trabalho forçado, extorsão, restrições à liberdade de circulação, regras de casamento injustas e confisco de terras. Eles também têm acesso limitado à educação e a outros serviços públicos. Desde 2011 e da dissolução da junta militar que imperou por quase meio século no país, as tensões entre as comunidades aumentaram. Um poderoso movimento de monges nacionalistas não se absteve de provocar o ódio, considerando que os muçulmanos representam uma ameaça para Mianmar, um país com mais de 90% de sua população budista.
13 Fonte: Os rohingyas de Mianmar, maior população apátrida do mundo Episódios anteriores de violência Em 2012, foram registrados confrontos violentos entre budistas e muçulmanos, deixando quase 200 mortos, especialmente muçulmanos. Em outubro passado, houve novos surtos de violência: o Exército lançou uma grande operação, após ataques a postos de fronteira por homens armados no norte do estado de Rakhin. Acusando as forças de segurança de múltiplos excessos de violência, milhares de civis abandonaram seus povoados. A mesma situação se repete desde agosto, mas de forma mais grave. Os ataques que provocaram a operação militar foram reivindicados pelo Exército de Salvação Rohingya de Arakan, um grupo que surgiu recentemente na ausência de avanços por parte do governo birmanês na questão dos rohingyas. Uma comissão internacional liderada pelo ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan pediu recentemente a Mianmar que conceda mais direitos à sua minoria muçulmana.
14 Fonte: (12 set/2017) Refugiados rohingyas chegam a Bangladesh - AFP
15 TRÁFICO DE PESSOAS Protocolo de Palermo = Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em Especial Mulheres e Crianças (2000) Dec /2004. Art. 3 do Protocolo define tráfico de pessoas como: O recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou uso da força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de exploração. A exploração incluirá, no mínimo, a exploração da prostituição de outrem ou outras formas de exploração sexual, o trabalho ou serviços forçados, escravatura ou práticas similares à escravatura, a servidão ou a remoção de órgãos. Lei /2016 Art. 1 o Esta Lei dispõe sobre o tráfico de pessoas cometido no território nacional contra vítima brasileira ou estrangeira e no exterior contra vítima brasileira. Parágrafo único. O enfrentamento ao tráfico de pessoas compreende a prevenção e a repressão desse delito, bem como a atenção às suas vítimas.
16 ENFRENTAMENTO (?) Planos deenfrentamento ao Tráfico de pessoas (I / II ) 17 Núcleos Estaduais de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (NETP), vinculados ao Ministério da Justiça ( Obstáculos para efetividade (segundo o Ministério do Trabalho e o Ministério da Justiça*): falta de recursos, ajuste de servidores, greves dos servidores. Aliciadores costumam ser pessoas próximas, principalmente mulheres que também já foram vítimas de tráfico. Subnotificação: vítimas que conseguem escapar têm medo de denunciar e sofrem com o estigma de terem sido vítimas. * Fonte:
17 FINALIDADE: EXPLORAÇÃO Sexual Trabalho escravo Órgãos Adoção/casamento "O tráfico de pessoas com fins de exploração sexual e trabalho forçado continuam sendo as modalidades mais detectadas desse crime. No entanto, existem também vítimas de tráfico para mendigar, para casamento forçado ou fraudulento, ou pornografia", declarou o Diretor Executivo do UNODC, Yury Fedotov, na apresentação do Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas (2016).
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19 PRINCIPAIS VÍTIMAS (Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas ONU,2016) Quase 1/3 do total de vítimas de tráfico de pessoas no mundo são crianças. Mulheres e meninas correspondem a 71% das vítimas. Pessoas que fogem da guerra e da perseguição são particularmente vulneráveis ao tráfico. A urgência da situação pode levá-los a tomar decisões migratórias perigosas. O rápido aumento do número de vítimas de tráfico na Síria após o início do conflito naquele país parece ser um exemplo do papel destas vulnerabilidades. Fonte:
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25 CONDENAÇÕES NA AMÉRICA DO SUL Todos os países analisados relataram ao menos uma condenação entre 2012 e 2014, e a maioria dos países registrou entre 1 e 20 condenações por ano. Apenas a Argentina registrou um número maior, com totais anuais entre 30 e 60 condenações. O número de investigações é significativamente elevado na América do Sul; Argentina, Brasil, Equador, Peru e Bolívia registraram centenas de investigações. Menos da metade (46%) foi julgada, ao passo que menos de um terço do número de pessoas julgadas (28%) foi condenada. Em média, para cada 100 pessoas oficialmente suspeitas ou investigadas pela polícia, 13 são condenadas por uma corte de primeira instância. Fonte:
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