William J. Chambliss, A Sociological Analysis of the Law of Vagrancy Social Problems, volume 12, pp , Summer, 1964
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- Lorenzo Guterres Monsanto
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1 Exemplos de sumários de leitura Eu acrescentei exemplos de bons e maus sumários do artigo de William Chambliss, cuja leitura é requerida no tópico lei e mudança social. Você deve se esforçar para produzir sumários da qualidade daqueles dos parágrafos D e E. O segundo conjunto de exemplos sumariza uma leitura que uso em outro curso, Conrad: Sobre a descoberta da hipercinesia. Inclui tanto um sumário simples quanto um conjunto inteiro de notas sobre a leitura. Embora a produção de uma afirmação sumaria da, como nos parágrafos D e E, seja geralmente suficiente, para algumas leituras você quererá produzir notas abrangentes para capturar a sutileza do argumento e a natureza do dado. Acrescentei ao programa sugestões mais extensas sobre como proceder a leitura e o que procurar e escrever a partir da leitura. William J. Chambliss, A Sociological Analysis of the Law of Vagrancy Social Problems, volume 12, pp , Summer, 1964 A. Chambliss descreve como a ociosidade se converteu em crime 1
2 (Isso é uma reafirmação do título do texto; talvez precise ser dito, mas nada indica sobre como ou quando ou sob que condições a ociosidade foi criminalizada. Não diz o que os estudantes entendem sobre a criminalização da ociosidade.) B. Chambliss descreve como a ociosidade tornou-se um crime na Inglaterra no século XIV como resultado de outras mudanças na estrutura social. (Esse é um nível mínimo de descrição e sugere, corretamente, a principal contribuição teórica que a lei é um produto da estrutura social mas ainda carece de suficiente especificidade para ilustrar tanto a compreensão do estudante da estrutura social, quanto a relevância do exemplo de Chambliss.) C. Chambliss descreve como mudanças na organização social da sociedade inglesa, especificamente a redução da oferta de trabalho e o aumento dos salários, resultaram nas leis da ociosidade. (Esta formulação nomeia as mudanças específicas na estrutura social da Inglaterra, mas ainda deixa de descrever toda a gama de fenômenos que conduziram à lei.) D. Chambliss descreve como as mudanças na organização social da sociedade inglesa como conseqüência da Peste Negra, assim como o conseqüente declínio da oferta de trabalho e a pressão sobre os salários sofreram a oposição da aristocracia fundiária, que tentou limitar a competição no trabalho pela promulgação de leis contra a ociosidade que proibiam viagens de uma comunidade a outra e a recusa ao trabalho. (Este sumário requer mais que uma breve leitura do texto, indica os fatos mais importantes e seu papel histórico. Ao mesmo tempo, não descreve completamente o argumento de Chambliss.) E. Chambliss usa fontes históricas para ilustrar como ambiências sociais específicas influenciam a emergência, interpretação e cumprimento da lei criminal. Em particular ele descreve de que maneira as mudanças na organização social da sociedade inglesa depois da Peste Negra, com o declínio na oferta de mão de obra e a conseqüente pressão sobre os ganhos, foi enfrentada pela aristocracia fundiária, que tentou limitar a competição do trabalho pela promulgação de leis contra a ociosidade que proibiam viagens de uma comunidade a outra e a recusa do trabalho. Durante o século seguinte, quando a oferta de mão de obra aumentou e os salários declinaram, a lei foi regularmente ignorada e descumprida. Contudo, durante um período de expansão do comércio no século dezesseis, leis de ociosidade foram ressuscitadas e reformadas em instrumentos de policiamento e regulação do tráfego em estradas públicas, onde o transporte de mercadorias e indivíduos tornara-se comum. (Este parágrafo sumariza o argumento central de Chambliss: a lei é um produto de forças sociais específicas, particularmente de condições econômicas do trabalho e do mercado. Também fornece ilustrações para o argumento central. Da mesma forma nomeia os tipos de dados usados pelo autor para construir seu argumento. 2
3 Peter Conrad. A Descoberta da Hipercinesia: Notas sobre a medicalização do Comportamento Desviante. Social Problems, October 1975, p A. Conrad descreve a descoberta da hipercinesia como um exemplo da medicalização do desvio. (Esse é o título do texto; é preciso dizê-lo mas nada indica sobre o que o aluno compreende) B. Conrad descreve fatores clínicos e sociais que subjazem a descoberta da hipercinesia como uma desordem médica. (Esse é um nível mínimo de exposição e indica um nível a mais de distinção ou detalhe além das palavras do título) C. Conrad descreve uma série de fatores clínicos e sociais que explicam porque a hipercinesia foi descoberta, quando foi e porque. (Isso indica uma análise ou julgamento de mais amplo escopo sugerindo que a descoberta não é auto- evidente mas problemática, algo que precisa ser explicado) D. Conrad descreve o papel da pesquisa farmacêutica e da propaganda, e a pressão dos pais e dos profissionais sobre a ação governamental, como principais fatores que influenciaram o momento da descoberta da hipercinesia como uma desordem da infância. (Isso requer mais que uma simples folheada do texto e indica os fatos importantes e seu papel histórico) 3
4 CONRAD, A Descoberta da Hipercinesia: Notas sobre a Medicalização do Comportamento Desviante. Social Problems, October 1975, p Esse texto descreve (1) como certas formas de comportamento nas crianças foram definidas como um problema médico,(2) como a medicina se tornou o principal agente para o controle social dessas crianças desde a descoberta de hipercinesia. Define descoberta como (1) a origem do diagnóstico e tratamento, e(2) a identificação das crianças que exibem tal comportamento. Parte I. por que a hipercinesia tornou-se popular nos anos 60: fornece fatores clínicos e sociais que estabelecem o contexto para a descoberta da hipercinesia. Fornece categorias de diagnóstico medico: desordem cerebral leve, síndrome da hiperatividade, desordem hipercinésica da infância e vários outros termos. Geralmente se refere à extrema motricidade, pouca capacidade de concentração, agitação, inquietação, oscilação de humor, falta de jeito,... 6 vezes mais prevalecente em meninos que em meninas. Explica então como isso aconteceu. a) fatores clínicos: descreve citações esporádicas de revistas médicas dos anos 30 aos 50 sobre os efeitos paradoxais das anfetaminas em crianças que exibiam certos comportamentos e desordens de aprendizado.observa resultados positivos em 15/30 crianças. A literatura médica não era clara com respeito a causas orgânicas e descrevia vários grupos de sintomas. Em 1957 Laufer descreveu, nomeou e categorizou como desordem do impulso hipercinésico, similar àqueles com causas orgânicas bem definidas (ainda assim não informa a causa orgânica). 1966: força tarefa dos EUA estabeleceu a terminologia de avaria cerebral mínima. Desde então a principal classificação para diagnóstico. Em meados de 1950 uma nova droga foi desenvolvida, Ritalin, com qualidades da anfetamina, sem os fatores colaterais indesejáveis. Em 1961 foi aprovada pelo FDA para uso em crianças. Muita pesquisa com Ritalin, tornou-se o tratamento de escolha. Desde 1960 mais pesquisa sobre a hipercinesia, ¾ sobre uso de drogas, citações literárias ausentes antes de 1967, em 1970 mais de 40 por cento ao ano, em 1975 a desordem psiquiátrica mais comumente diagnosticada entre crianças. b) fatores sociais revolução farmacêutica: identifica o papel da pesquisa com drogas e a crescente aceitabilidade do uso de drogas terapêuticas para problemas sociais e mentais. Central para a descoberta da hipercinesia. Muita propaganda dirigida à profissão médica sobre as conseqüências positivas do uso de drogas. Ação governamental: também apóia a medicalização desses comportamentos, propõe que SOMENTE médicos diagnostiquem e tratem as síndromes de atividade das crianças. Parte II. Ramificações da medicalização do desvio: 4
5 a) como o comportamento desviante foi conceituado como um problema médico? Por que isso ocorreu naquele momento? c) quais são as implicações? (repita a interpretação da informação prévia) suponha que antes da descoberta da hipercinesia, comportamento visto como conturbado talvez a etiqueta de emocionalmente conturbado, usada algumas vezes, na moda e administrado no contexto da família e da escola como se torna questão médica tratamento disponível desde que a desordem foi conceituada só em 1950 TANTO tratamento, quanto classificação, disponíveis interesse crescente em psiquiatria infantil e revolução farmacêutica forneceram bases favoráveis agentes fora da profissão médica foram significativos agentes morais: companhias farmacêuticas e associações para crianças com deficiências de aprendizado. Ramificações: tratamento simples, resultados algumas vezes espe taculares; minimiza a culpa dos pais (remove o problema) permite controle não punitivo algumas vezes ajuda no desempenho em classe crianças geralmente gostam de pílulas mágicas provavelmente beneficiam-se da redução do estigma Parte III: Medicalização do Comportamento Desviante: um pouco de história, por que isso ocorreu, faz as mesmas perguntas novamente num quadro de referência histórico mais amplo: 1) muita pesquisa científica 2) aplicação de tecnologia farmacêutica relacionada à tendência humanitária na concepção e controle do desvio, não é mais pecado, ou fraqueza, mas doença, enfermidade 3) problema de controle especializado, afastamento cada vez maior da vida social para o ambiente de especialistas, anti-democrático, não participativo, removido do espaço público onde pode ser discutido por pessoas comuns... 4) controle médico permite que algumas coisas sejam feitas, que de outra forma não o seriam, psicocirurgia. 5) individualização dos problemas sociais 6) depleção do comportamento desviante 5
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