Continuação do Direito de Família
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- Marco Pinto Sintra
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1 Continuação do Direito de Família 8. Invalidade do casamento: b. Casamento anulável (art.1550, CC/02): somente os interessados poderão ajuizar ação anulatória. Nesse caso, o Ministério Público não pode ajuizar a referida ação. As hipóteses são: I. Pessoas menores de 16 anos (idade núbil): Prazo: 180 dias. A forma de contagem muda, dependendo do legitimado. Para o menor, a prazo é contado do momento em que completa 16 anos. Para os representantes legais e ascendentes do menor é de 180 dias, contados da celebração do casamento. Não se anulará por idade o casamento do qual resultou gravidez. (aplicação do art do CC/02). II. Menor em idade núbil, quando não autorizado pelo representante legal (16-18 anos): Prazo: 180 dias. Para o menor de idade o prazo começará a contar depois que ele deixar de ser incapaz, ou seja, conquistar a capacidade (emancipação ou maioridade). Para os representantes legais, o prazo é de 180 dias, contados a partir da celebração do casamento. Nesse caso também não se anulará o casamento por idade, se este resultou gravidez. III. Por vício da vontade: Coação: pressão física ou moral que retira a real manifestação de vontade. Prazo: 4 anos, contados da celebração do contrato, diferenciando da parte geral do CC/02, que trata do mesmo prazo de 4 anos, mas a partir da cessação da coação, Erro (art do CC/02): Art Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado; II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal; III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável, ou de moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência; IV - a ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua natureza, torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado. O prazo para anular o casamento nessa hipótese é de 3 anos, contados da celebração do contrato. Incapaz de consentir ou de manifestar de modo inequívoco o consentimento: o prazo para pedir a anulação é de 180 dias, contados da celebração do casamento. Casamento realizado pelo mandatário sem que ele ou outro contraente soubesse da revogação do mandato: o casamento pode ser feito por procuração. Se o nubente quiser revogar o mandato. Prazo para anulação: 180 dias, a partir da data em que o mandante tomar conhecimento da celebração do casamento, desde que não tenha havido conjunção carnal. Incompetência ratione locci.(em razão do lugar): Prazo: 2 anos, contados da celebração do casamento.
2 c. Casamento putativo (art do CC): decorre de um casamento nulo ou anulável, se contraído de boa-fé (é verificada se a pessoa sabia ou não da condição de invalidade) por um dos cônjuges, surtirão todos os efeitos jurídicos do casamento para este cônjuge, bem como para seus filhos. 9. Efeitos jurídicos do casamento: a. Efeitos sociais do casamento: são aqueles que repercutem para a sociedade (art. 226 da CF/88): dá origem à família; mudança de estado civil, a inclusão do sobrenome do cônjuge, tanto o homem, como a mulher art. 1565, 1º co CC/02. b. Deveres do casamento (art do CC/02): fidelidade recíproca, mútua assistência, coabitação, responsabilidade e consideração mútua, a guarda, sustento e educação dos filhos; c. Efeitos patrimoniais; 10. Regimes de bens: Disposições gerais: aplicam-se a todos os regimes de bens; Disposições em espécie: aplicam-se de forma específica a cada regime. Disposições gerais (art e seguintes do CC/02): o artigo contempla o princípio da liberdade de escolha do regime de bens. Essa escolha é feita mediante o pacto antenupcial, que é feito em um Tabelionato de Notas (em qualquer tabelionato do país), por escritura pública, sob pena de nulidade do pacto. Artigo 1657 do CC/02 2 : o efeito erga omnes somente vigorará após o regime do pacto nupcial no Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges. Até então, possui o efeito inter partes. No Registro de Imóveis, o referido pacto será registrado no livro n. 3. Se os nubentes tiverem bens, ocorrerá a averbação nas respectivas matrículas. Artigo 1654 do CC/02: a eficácia do pacto nupcial está condicionada à concordância do representante do nubente menor. Artigo 1655 do CC/02 3 : Vide art. 426 do CC/02: veda o Pacto Corvina. Não é possível dispor sobre a vênia conjugal (art. 1647) 4, pois é uma exigência prevista de forma absoluta em lei. Exceção: regime de Participação Final dos Aquestos (art. 1656): livre a disposição dos imóveis, desde que particulares. Essa é uma autorização expressa no aludido dispositivo do CC/02. Artigo 1639, 2º do CC/02 5 : possibilidade de alteração no regime de bens, mediante autorização judicial, por pedido motivado (exemplo do art. 977 do CC/02) 6, ressalvados os direitos de terceiros. Quem casou na época do Código Civil de 1916 pode alterar o regime de bens. 1 Art É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver. 1 o O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a data do casamento. 2 o É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros. 2 Art As convenções antenupciais não terão efeito perante terceiros senão depois de registradas, em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges. 3 Art É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta de lei. 4 Art Ressalvado o disposto no art , nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; III - prestar fiança ou aval; IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação. Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada. 5 Art É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver. (...) 2 o É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros.
3 Vide Resp. n /MG STJ : Ementa: CIVL - REGIME MATRIMONIAL DE BENS -ALTERAÇÃO JUDICAL -CASMENTOCORIDO SOB AÉGIDE DO C/196 (LEI Nº3.071) -POSIBLIDADE -ART DO C/202 (LEI Nº 10.46) -CORENTES DOUTRINÁRIAS -ART. 1639, 2º, C/ ART DO C/202 -NORMA GERAL DE APLICAÇÃO IMEDIATA. Vide Enunciado n. 262 do CJF: 262 Arts e 1.639: A obrigatoriedade da separação de bens, nas hipóteses previstas nos incs. I e III do art do Código Civil, não impede a alteração do regime, desde que superada a causa que o impôs. Artigo 1640 Regime Legal 7 : na ausência de convenção entre as partes vigorará o regime de comunhão parcial de bens. É possível o regime híbrido: o regime de bens previstos no CC/02, com mudanças em pacto antenupcial, inclusive na comunhão parcial de bens. Vide Enunciado n. 331 do CJF: 331 Art O estatuto patrimonial do casal pode ser definido por escolha de regime de bens distinto daqueles tipificados no Código Civil (art e parágrafo único do art ), e, para efeito de fiel observância do disposto no art do Código Civil, cumpre certificação a respeito, nos autos do processo de habilitação matrimonial. Por fim, observa-se que separação obrigatória de bens é impossível realizar pacto antenupcial. 11. Regimes em espécie: a. Regime de Comunhão Parcial de Bens (art e seguintes do CC/02) 8 : Artigo 1660: Entram na comunhão: I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges; II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior; III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges; IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão. 6 Art Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória. 7 Art Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial. Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de habilitação, optar por qualquer dos regimes que este código regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela comunhão parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritura pública, nas demais escolhas. 8 Art No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na constância do casamento, com as exceções dos artigos seguintes. Art Excluem-se da comunhão: I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares; III - as obrigações anteriores ao casamento; IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
4 Artigo 1662: Art No regime da comunhão parcial, presumem-se adquiridos na constância do casamento os bens móveis, quando não se provar que o foram em data anterior. b. Comunhão Universal de bens (art do CC/02): O regime de comunhão universal importa a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, com as exceções do artigo seguinte..: Art São excluídos da comunhão: I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar; II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva; O Fideicomisso é uma hipótese de substituição testamentária. O testador (fideicomitente) testa um patrimônio a um herdeiro (fiduciário), mas este recebe a herança com o encargo de repassa-la a um terceiro (fideicomissário). III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum; Aprestos: são as dívidas do casamento e Aquestos: bens adquiridos na constância do casamento. IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade; V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art c. Participação Final nos Aquestos: é um regime híbrido. Na constância do casamento há patrimônio individual. No final do casamento ocorrerá uma participação de 50% a ser dado ao outro cônjuge. Artigo 1647 o único regime que não é necessária a vênia conjugal é o regime de separação absoluta, ou seja, este regime é necessária a outorga, salvo em caso de alienação de bem imóvel, na hipótese de cláusula expressa em pacto antenupcial. Comunhão (Condomínio) Universal de Bens Duas espécies de condomínio: Germano: não há Romano: a fracionamento de propriedade é bens (tudo é de fracionada e todos) no entregue aos casamento. condôminos. (adotado pelo Direito das Coisas) Participação Final nos Aquestos: Verifica-se o valor do bem a ser dividido, quantificando em dinheiro, para que seja entregue o valor equivalente ao outro cônjuge, a fim de evitar sociedades e condomínios nos bens a serem partilhados. Regime da Separação: nada se comunica! Há dois tipos de separação: Convencional Obrigatória (art do CC/02) Feita por pacto antenupcial, mediante escritura pública, lavrada em Tabelionato de Notas; Imposta pela lei para os maiores de 70 anos, a quem necessita de autorização judicial para Artigo Separação Absoluta é a casar e menor entre 16 e 18 anos. separação convencional? Depende, pode ser, se Inobservância das causas suspensivas assim foi definido no pacto antenupcial. do casamento (art. 1523); A separação obrigatória é relativa em razão da Possibilidade de inventário negativo, separação absoluta? Vide súmula n. 377 do STF: os bens adquiridos na constância do casamento se comunicarão. Obs.: súmula antiga, pois o STF no caso do viúvo que não partilhou os bens com os herdeiros, por não haver bens. Vide art. 1641, único do CC/02; 9 Art Ressalvado o disposto no art , nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; III - prestar fiança ou aval; IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação. Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada.
5 não pode sumular matéria civil. Vide REsp. n /PB: o STJ posicionou-se no sentido de preservar a presente súmula. Atenção aos artigos: Artigo 1581: é possível divorciar-se sem a partilha de bens. O divorciado que não realizou a partilha de bens casará em regime de separação obrigatória de bens, enquanto não partilhar os bens. Ou pode requerer o afastamento da causa suspensiva, mediante a realização da partilha. Art Não podem casar: I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; II - os afins em linha reta; III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V - o adotado com o filho do adotante; VI - as pessoas casadas; VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. Art Não devem casar: I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal; IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas. Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o excônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo. Art As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser argüidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consangüíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam também consangüíneos ou afins. Art É nulo o casamento contraído: I - pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil; II - por infringência de impedimento. Art É anulável o casamento: I - de quem não completou a idade mínima para casar; II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal; III - por vício da vontade, nos termos dos arts a 1.558; IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento; V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges; VI - por incompetência da autoridade celebrante. Parágrafo único. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretado
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