Curso de Direito - Parte Especial - Livro IV - Do Direito de Família - Prof. Ovídio Mendes - Fundação Santo André 1 / 5 DO PACTO ANTENUPCIAL
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- Baltazar Pedroso Candal
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1 Curso de Direito - Parte Especial - Livro IV - Do Direito de Família - Prof. Ovídio Mendes - Fundação Santo André 1 / 5 DO PACTO ANTENUPCIAL P A R T E E S P E C I A L LIVRO IV DO DIREITO DE FAMÍLIA TÍTULO II DO DIREITO PATRIMONIAL SUBTÍTULO I DO REGIME DE BENS ENTRE OS CÔNJUGES CAPÍTULO II DO PACTO ANTENUPCIAL Art Conceitos: Pacto antenupcial, Aquestos Pacto Antenupcial O casamento gera efeitos pessoais, sociais e patrimoniais relacionados ao regime de bens adotado pelos cônjuges. O pacto nupcial é um contrato solene e condicional entre os noivos que estabelece o regime de bens que vigorará após o casamento. É solene porque exige forma expressa (registro no cartório de notas) e condicional porque somente adquire eficácia com a realização do casamento válido. A eficácia do pacto antenupcial está sujeita a condição suspensiva (CC 1.639, 1º e in fine): vigora a partir da data do casamento, ou seja, só terá eficácia depois do matrimônio. Trata-se de efeito retroativo da condição suspensiva. Quer dizer: o pacto existe, tem validade, faltando-lhe apenas a eficácia que vem depois, com o casamento 1. O princípio da livre estipulação do regime de bens vigora no atual Código Civil. Por ele, embora não de forma absoluta, pois se não observadas determinadas condições o pacto poderá ser nulo, os cônjuges gozam de liberdade para escolha do regime de bens que regerá seus interesses econômico patrimoniais. Nas palavras de Maria Berenice Dias 2, Livres são os nubentes, podendo estabelecer um regime peculiar. Livremente, por pacto antenupcial, promovem a autorregulamentação com relação aos bens particulares e ao que for adquirido durante o casamento. Pode ser adotado um regime e, com referência a determinados bens, ser eleito outro. Assim, é possível ser escolhido o regime da separação total, estipulando-se, somente com relação a um bem presente ou futuro, o regime da comunhão. Do mesmo modo, nada impede que seja escolhido um regime para vigorar durante algum tempo, alterando-se para outro a partir de data certa ou evento incerto, como, por exemplo, o nascimento de filhos. Na ausência do pacto antenupcial, a lei estabelece o regime de comunhão parcial de bens. Se houver opção pelo pacto antenupcial, este tem lugar durante o processo de habilitação para o casamento. Após a celebração do casamento, será registrado no livro B pelo cartório de registro civil o regime de bens adotado pelos nubentes. Esse regime poderá ser o legal (comunhão parcial de bens), o voluntário (livremente escolhido pelos nubentes) ou o imposto por lei (separação obrigatória de bens), com declaração da data e do cartório em cujas notas foi lavrada a escritura antenupcial se for o caso. 1 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007, 4.ed. rev. e atualizada e ampliada, p DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007, 4.ed. rev. e atualizada e ampliada, p
2 Curso de Direito - Parte Especial - Livro IV - Do Direito de Família - Prof. Ovídio Mendes - Fundação Santo André 2 / 5 Recomendação de leitura: MOREIRA, Cinthia Lopes. Apontamentos sobre o pacto antenupcial. Disponível em Consulta em 01/06/2017. RESUMO: Quando do casamento, se os nubentes optarem por um regime de bens diverso do regime legal (comunhão parcial de bens), será necessária a lavratura da escritura pública de pacto antenupcial, também chamada de convenção antenupcial. Na escritura pública de pacto antenupcial ficará definido o regramento das relações patrimoniais entre os cônjuges e entre estes e terceiros, as obrigações que podem assumir em conjunto ou isoladamente, a administração e a disponibilidade dos bens comuns ao casal e dos bens próprios de cada cônjuge durante o casamento. Neste artigo, procuramos traçar os contornos atuais do pacto antenupcial e destacar a importância do seu registro e averbação no Cartório de Registro de Imóveis.. Para não ser nulo... Exige escritura pública. Exige a ocorrência posterior do casamento. Exige aprovação do representante legal do nubente menor. Exige conformidade com os dispositivos legais vigentes. Art É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento. Art A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica condicionada à aprovação de seu representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de separação de bens. Art É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta de lei. Menores Eficácia condicionada à aprovação do representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de separação de bens (artigo 1.654) Aquestos [bens adquiridos] Aquestos são todas as coisas que o casal acumulou durante e a partir do momento em que estabelecem um contrato de convivência matrimonial e que serão divididos na hipótese de dissolução do casamento, como determinado pelos artigos e do Código Civil: Art No regime de participação final nos aquestos, cada cônjuge possui patrimônio próprio, consoante disposto no artigo seguinte, e lhe cabe, à época da dissolução da sociedade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento. Art Integram o patrimônio próprio os bens que cada cônjuge possuía ao casar e os por ele adquiridos, a qualquer título, na constância do casamento. Parágrafo único. A administração desses bens é exclusiva de cada cônjuge, que os poderá livremente alienar, se forem móveis. Art No pacto antenupcial, que adotar o regime de participação final nos aquestos, poder-se-á convencionar a livre disposição dos bens imóveis, desde que particulares. Efeitos perante terceiros A Lei de Registros Públicos (Lei 6.015/73) determina no artigo 243: As escrituras antenupciais serão registradas no livro n. 3 do cartório do domicílio conjugal, nos termos do artigo 174, 1º [No livro auxiliar do cartório do domicílio conjugal, serão registradas, por extrato, as convenções antenupciais, devendo mencionar os nomes dos cônjuges, data, cartório, livro e folhas onde foi lavrada a escritura e as cláusulas da convenção, sem
3 Curso de Direito - Parte Especial - Livro IV - Do Direito de Família - Prof. Ovídio Mendes - Fundação Santo André 3 / 5 prejuízo da averbação dos imóveis existentes que forem sendo adquiridos, sujeitos a regime diverso do comum], sem prejuízo de sua averbação obrigatória no lugar da situação dos imóveis de propriedade do casal, ou dos que forem sendo adquiridos e sujeitos a regime de bens diverso do comum, com a declaração das respectivas cláusulas, para ciência de terceiros. Art As convenções antenupciais não terão efeito perante terceiros senão depois de registradas, em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges. Questões extraídas de concursos públicos (data do acesso: 01/06/2017). A reprodução das questões segue a Lei de Direitos Autorais (Lei 9.610/1998), em especial os incisos III e VIII do artigo 46: "Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais: ( ) III a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, indicando-se o nome do autor e a origem da obra; ( ) VIII a reprodução, em quaisquer obras, de pequenos trechos de obras preexistentes, d qualquer natureza, ou de obra integral, quando de artes plásticas, sempre que a reprodução em si não seja o objetivo principal da obra nova e que não prejudique a exploração normal da obra reproduzida nem cause um prejuízo injustificado aos legítimos interesses dos autores." Concurso: MPE-SC Promotor de Justiça Substituto Ano: 2012 Caderno: Prova objetiva Questão: 40 Aplicação: Ministério Público de Santa Catarina Disponível em: I O pacto antenupcial realizado por instrumento particular, nos termos do disposto no Código Civil, é anulável. Contudo, será ineficaz se não lhe seguir o casamento. II No regime de participação final nos aquestos, cada cônjuge possui patrimônio próprio, ou seja, os bens que cada um possuía ao casar e os por ele adquiridos, a qualquer título, na constância do casamento. Neste regime, quando da dissolução da sociedade conjugal, caberá a cada um deles direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento. III A tutela é um conjunto de direitos e obrigações conferidos pela lei a um terceiro, para que proteja a pessoa de um menor não emancipado que não se acha sob o poder familiar, administrando seus bens, representando-o e assistindo-o nos atos da vida civil. Citam-se como exemplos, nos termos do disposto no Código Civil, algumas hipóteses em que a tutela não poderá ser exercida: a) por aqueles que, no momento de lhes ser deferida a tutela, se acharem constituídos em obrigação para com o menor, ou tiverem que fazer valer direitos contra este, e aqueles cujos pais, filhos ou cônjuges tiverem demanda contra o menor; b) os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem sido por estes expressamente excluídos da tutela. IV A Legitimação para suceder das pessoas já concebidas no momento da abertura da sucessão é estendida aos embriões formados mediante o uso de técnicas de reprodução assistida, abrangendo assim, a vocação hereditária da pessoa humana a nascer, cujos efeitos patrimoniais se submetem às regras previstas para a petição de herança.
4 Curso de Direito - Parte Especial - Livro IV - Do Direito de Família - Prof. Ovídio Mendes - Fundação Santo André 4 / 5 V O testamento público, segundo o Código Civil, apresenta requisitos essenciais, dentre eles pode-se citar: a) ser escrito por tabelião ou por seu substituto legal em seu livro de notas, de acordo com as declarações do testador, podendo este servir-se de minuta, notas ou apontamentos; b) que o tabelião lavre, desde logo, o auto de aprovação, na presença de duas testemunhas, e o leia, em seguida, ao testador e testemunhas; c) ser o instrumento, em seguida à leitura, assinado pelo testador, pelas testemunhas e pelo tabelião. (A justificativa legal não constou da aplicação do concurso, sendo aqui solicitada para fins de desenvolvimento da experiência jurídica). A) Apenas as assertivas II, III e IV estão corretas. B) Apenas as assertivas II e IV estão corretas. C) Apenas as assertivas III e V estão corretas. D) Apenas as assertivas I, II e V estão corretas. E) Todas as assertivas estão corretas. Concurso: Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro Juiz Substituto Ano: 2012 Caderno: Prova objetiva Questão: 05 Aplicação: Vunesp Disponível em: Assinale a alternativa correta (a justificativa legal não constou da aplicação do concurso, sendo aqui solicitada para fins de desenvolvimento da experiência jurídica). A) No pacto antenupcial, que adotar o regime de participação final nos aquestos, poder-se-á convencionar a livre disposição dos bens imóveis, desde que particulares. B) No pacto antenupcial, que adotar o regime de participação final nos aquestos, é vedada a convenção da livre disposição dos bens imóveis particulares, permissão concedida em se tratando de regime da separação convencional de bens. C) No pacto antenupcial, que adotar o regime de participação final dos aquestos, poder-se-á convencionar a livre disposição dos bens imóveis particulares, hipótese que não dispensa a outorga conjugal. D) No pacto antenupcial, que adotar o regime de participação final dos aquestos, é obrigatória a convenção da livre disposição dos bens imóveis particulares, hipótese que não dispensa a outorga conjugal. Concurso: 85º Concurso de Ingresso na Carreira do Ministério Público Ano: 2006 Caderno: Versão 1 Questão: 39 Aplicação: Ministério Público do Estado de São Paulo Disponível em: Os noivos, antes do casamento, realizam pacto antenupcial sobre o regime de bens. Mais tarde, o pacto antenupcial é declarado nulo por defeito de forma. Neste caso (a justificativa legal não constou da aplicação do concurso, sendo aqui solicitada para fins de desenvolvimento da experiência jurídica):
5 Curso de Direito - Parte Especial - Livro IV - Do Direito de Família - Prof. Ovídio Mendes - Fundação Santo André 5 / 5 A) vigorará o regime obrigatório de separação de bens. B) vigorará o regime da comunhão parcial de bens. C) deverá ser realizado novo pacto antenupcial. D) vigorará o regime da comunhão universal de bens. E) o casamento também será nulo. Concurso: Defensoria Pública do Estado de Santa Catarina Técnico Administrativo Ano: 2013 Caderno: Objetiva Questão: 38 Aplicação: Fundação de Estudos e Pesquisas Socioeconômicos Disponível em: Assinale a alternativa correta de acordo com o Código Civil brasileiro (a justificativa legal não constou da aplicação do concurso, sendo aqui solicitada para fins de desenvolvimento da experiência jurídica). A) Poderá ser anulado o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública. B) As convenções antenupciais começam a vigorar desde a data do casamento. C) É obrigatório o regime da separação de bens no casamento da pessoa maior de 60 anos. D) É admissível alteração do regime de bens, mediante pedido motivado de ambos os cônjuges ao Oficial de Registro Civil, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros. E) Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores, exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição.
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