O TRABALHO COM OS PAIS NA ANÁLISE DE CRIANÇAS

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1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSO PSICANÁLISE E LINGUAGEM: UMA OUTRA PSICOPATOLOGIA O TRABALHO COM OS PAIS NA ANÁLISE DE CRIANÇAS ISABEL PARREIRAS HORTA NAPOLITANI Orientadora: BEATRIZ OLIVEIRA Monografia apresentada como parte dos requisitos para o certificado de Especialização São Paulo 2008

2 RESUMO: Isabel Parreiras Horta Napolitani: O trabalho com os Pais na análise de crianças.2008 Orientadora: Beatriz Oliveira Palavras chaves: Laço entre pais e filhos, a escuta analítica, entrevistas preliminares, Retificação Subjetiva. O objetivo deste trabalho foi circunscrever o que há no laço entre pais e filhos no âmbito analítico e, a partir desta limitação, pensar sobre a função do trabalho realizado com os pais de uma criança em análise. Parto do princípio de que existe um trabalho a ser realizado com os pais e levanto a questão sobre qual a função deste trabalho, já que os pais não se apresentam como pacientes; não solicitam análise. Assim, eu me pergunto se é possível correlacionarmos o trabalho com os pais ao trabalho inicial de qualquer tratamento analitico. Desta forma o trabalho está dividido em duas grandes partes: numa primeira, encontra-se a delimitação do que há na relação entre pais e filhos; na segunda, ocorre a caracterização do que Freud chamava de tratamento de ensaio e Lacan chamava de entrevistas preliminares. No final, eu correlaciono a estrutura do trabalho com os pais às entrevistas preliminares, nas quais encontramos a questão do diagnóstico, do laço transferencial e das retificações subjetivas. Neste primeiro tempo de uma análise, as intervenções do analista ocorrem no campo transferencial. Porém, elas estão inscritas no âmbito das retificações subjetivas. Neste trabalho, o analista não interpreta os pais, mas se utiliza da escuta analítica.

3 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 01 Capitulo I A Cena Inicial 04 a) Criança / infantil/ sujeito 05 b) Sobre a constituição do sujeito 10 c) Os pais e o sintoma da criança 14 Capítulo II- O Encontro com a fala dos pais 18 Capítulo III- A Posição dos Pais 24 Capítulo IV Sobre o inicio do Tratamento na obra Freudiana 29 CapítuloV- Primeiras entrevistas em Lacan e a questão da transferência 34 a) Entrevistas preliminares 36 b)transferência em Lacan 43 CONCLUSÃO 47 BIBLIOGRAFIA 50

4 Agradecimentos: Gostaria de agradecer a Sandra Dias pelo grande prazer que foi fazer esse curso e pela escuta valiosa das supervisões. A Bia Oliveira, pelo acolhimento e delicadeza e principalmente pela transmissão da psicanálise que foi feita no percorrer destes dois anos de convivência. Ao meu marido, que sempre me acompanhou nas minhas apostas e nas mudanças da minha vida. E a todos os meus companheiros que de uma forma ou de outra estiveram presentes neste meu caminhar. A Rita e a Equipe da triagem do Lugar de Vida. E a minha família e a todas as famílias e pacientes que viabilizaram a construção deste saber.

5 INTRODUÇÃO: Este trabalho tem o objetivo de circunscrever o trabalho inicial de um analista na análise de crianças. Parto da hipótese de uma especificidade neste campo. A psicanálise com crianças já foi e é muito debatida no meio analítico, principalmente no que diz respeito ao trabalho com os pais, mas não pretendo abordar neste trabalho os impasses discutidos nesta clínica, e, sim, partir das especificidades que este trabalho impõe ao analista. Em minha experiência na análise com crianças, sempre me deparei inicialmente com a fala dos pais. Já que as crianças não chegam ao consultório sózinhas, são seus pais que a apresentam, principalmente através de suas queixas.assim, a primeira questão que se apresentava para mim era o que fazer com essa fala inicial dos pais e como articulá-la ao tratamento dessa criança. Desta forma, me deparava com uma variedade e um enorme numero de queixas a respeito da criança e um pedido dos pais para que todos esses problemas desaparecessem. Neste pedido de tratamento para seus filhos, os pais trazem o pedido de supressão do sintoma. Para a psicanálise, o sintoma aponta para o desejo inconsciente, para o sujeito. O sintoma representa o ponto de impasse e de insistência do sujeito do inconsciente. A psicanálise lacaniana irá operar a partir do conceito de sujeito do inconsciente. Há um sujeito em jogo. Aqui, algumas perguntas se apresentam: o que essas queixas revelam? Quem está sofrendo? Será que essas queixas são sintomas? O que é isso de que os pais se queixam? O que está em jogo no laço entre pais e filhos? Freud, nos primórdios da construção psicanálise, irá partir da fala do sofrimento de seus pacientes, suas queixas, e será a partir desta cena inaugural que ele irá

6 começar a construção de todo o seu arcabouço teórico. Assim, a célula elementar da psicanálise se constituiu através de um sujeito que se dirigia a outro para falar das suas dores, dos seus sintomas. No caso da análise com crianças, são os pais que trazem suas queixas em relação aos filhos e solicitam análise para esses. Portanto, inicialmente temos (teoricamente), neste primeiro tempo, os seguintes componentes: os pais, a criança, as queixas, o sintoma e os sujeitos em jogo. Como operar e correlacionar todos esses elementos? E, principalmente, qual é a função da escuta dos pais na análise de uma criança? Em uma análise, o que se revela é a estrutura do inconsciente, isto é, como o Outro está constituído para o sujeito. Portanto como a escuta dos pais podem interferir na análise do filho? E, ainda, como explicar o que ocorre quando escutamos os pais e constatamos os efeitos terapêuticos que este trabalho produze na criança? Assim, acho fundamental que esses elementos possam ser discriminados e principalmente relacionados, para que só assim o analista possa dirigir seu trabalho nesta clínica. Em relação a escuta da fala dos pais, me pergunto se o trabalho com eles tem a mesma forma do que Lacan chamou de entrevistas preliminares, já que parto de hipótese de que há um trabalho a ser realizado com esses. Freud alerta, no seu texto Novas conferências introdutórias sobre a Psicanálise ( ), para o papel e a importância dos pais no tratamento de crianças, principalmente no que se refere às resistências em jogo. (...) Quando os pais são substrato da resistência, podem pôr em perigo a análise e inclusive o desenvolvimento da mesma, pelo qual, às vezes, faz-se necessário relacionar à análise da criança certa influência analítica dos pais (...) (Freud,1932,pág 181)

7 Portanto, pretendo neste trabalho discutir e circunscrever: 1- A fala dos pais e o que elas revelam. 2- A posição dos pais e da criança: o que há nesse laço? 3- Analisar qual é o trabalho do analista na escuta dos pais na análise de crianças. Qual é a forma,função deste trabalho?

8 CAPITULO I A CENA INICIAL Ao pensarmos na análise de crianças, necessariamente partimos da especificidade que este trabalho impõe ao analista, isto é, o encontro com os pais. Estes, geralmente, chegam ao consultório do analista trazendo seu filho e solicitando ajuda para ele. Neste trabalho iniciamos sempre por meio da real dependência do sujeito infantil em relação aos adultos (Oliveira, 1999, p. 01). Essa criança aparece através de sua condição estrutural, isto é, submetida aos pais. Ela vem, porque os pais querem, porque ela está no foco desta queixa inicial. Dentro do meio psicanalítico, a questão de escutar e, assim, incluir ou não os pais no tratamento analítico dos filhos, já foi muito discutida. Principalmente no embate entre Anna Freud e Melanie Klein sobre a análise de crianças. A primeira, defendia que, no tempo da infância, a criança se encontraria num estado de total dependência desses pais. Ela encontraria-se num tempo de constituição do aparelho psíquico e isto impossibilitava a existência da transferência e do trabalho analítico. Já Melanie Klein partia do ponto oposto, e afirmava que em crianças bem pequenas, a estrutura do inconsciente já estaria colocada. O trabalho, portanto, só se referiria às fantasias da criança e o contato com os pais deveria ser realizado o mínimo possível. A partir da obra lacaniana, é possível articularmos esta questão de uma outra forma, pois partimos da não existência da intersubjetividade no âmbito analítico, portanto não se trata dos pais da realidade.para Lacan a constituição do aparelho psíquico está atrelada ao que ele chamou de campo simbólico.portanto existe um Outro que está dado pela estrutura simbólica bem precocemente,o que permite a transferência e o tratamento.o Outro está presente na constituição da subjetividade.

9 Ao retornar à obra freudiana, Lacan irá resgatar toda a estrutura e o funcionamento do inconsciente. E, assim, irá resgatar o material de análise.a partir deste regate ele irá circunscrever melhor o que nomeou de campo simbólico. Ao partirmos deste ponto, é necessário nos perguntarmos então sobre o que há no laço entre pais e filhos (1) e, assim, podermos responder nossa pergunta inicial sobre que trabalho é este a ser realizado junto aos pais. Sauret afirma: Acho que devemos deixar o lugar para a insondável decisão do ser, pois a resposta do sujeito não é a resposta à psicologia de seu pai ou de sua mãe, mas ao tipo de Outro com o qual ele se confronta, o que é induzido como Outro, independente da atenção ou dos esforços pedagógicos de seus pais. (pag 51, 1998) Para podermos responder esta primeira questão, é necessário que possamos estabelecer e circunscrever as diferenças entre os conceitos Criança, Infantil e Sujeito, pois na clinica estamos diante dos três; mas a psicanálise irá operar apenas a partir do conceito de sujeito e do infantil. a) Criança / infantil / sujeito Sauret (1998) irá diferenciar de forma clara os conceitos: Criança, Infantil e Sujeito para a psicanálise. Ele esclarece que o conceito criança irá se constituir através da História e aparece como um efeito da ciência moderna e da revolução francesa. É claro que o organismo humano sempre se desenvolveu, mas a forma como este período da vida é visto e recortado é muito recente na história da humanidade. O homem irá isolar este período, a partir dos ideais do séc XVIII. A partir disso, a criança é oferecida pés e mãos atados aos especialistas da ciência e da educação (pag 13, 1998).

10 Sobre o sujeito, Sauret afirma que Freud propõe uma ruptura entre organismo e o sujeito. Há de um lado um corpo como imaginário, tecido por representações e do outro, a pulsão. O conceito de sujeito será usado para explicar a ligação nova entre organismo, corpo e o sujeito; a necessidade se transmuta em pulsão (pág. 15, 1998). O que está presente nesta estrutura teórica é uma ruptura, na qual o que aparece é o organismo banhado na estrutura da linguagem. E será a partir deste (des)encontro que e o sujeito irá se constituir. Não há sujeito fora da linguagem (pág. 16). Sauret afirma que é preciso que à necessidade venha juntar-se a demanda, para que surja o sujeito. O sujeito não se desenvolve. Ele não tem idade (pág 17, 1998). Ele sintetiza o conceito de sujeito como sendo uma resposta do real ao significante. Aí se introduz a dialética do sujeito e do Outro: simbolização primordial, desdobramento da cadeia significante, metáfora paterna, etc (pag 16, 1998). O infantil, ele o define como os traços do gozo do Outro (pág. 21, 1998) e, mais adiante, revela que são esses traços que Freud designará com o termo de fixação. E conclui: o termo pueril (enfantin) designa o que do indivíduo se desenvolve; o termo sujeito designa a resposta do real ao encontro do significante; e o termo infantil designa expressamente o que da criança não se desenvolve(...) (Sauret,1998,pág 22) Desta maneira, numa análise, operamos a partir do sujeito e do infantil, independentemente de que momento cronológico que este organismo esteja. Isto não significa que não há especificidades no manejo das análises; porém, o objeto da psicanálise é único, isto é, o inconsciente. Porém, ainda está presente a pergunta sobre qual a relação entre a constituição do sujeito do inconsciente e os pais da realidade. Freud e Lacan irão se referir à entrada do sujeito na linguagem, isto é, à constituição do sujeito, a partir do que Freud nomeia como desamparo fundamental do ser humano.

11 O organismo humano é, a principio, incapaz de promover essa ação específica. Ela se efetua por ajuda alheia, quando a atenção de uma pessoa experiente é voltada para um estado infantil por descarga através da via de alteração interna. Essa via de descarga adquire, assim, a importantíssima função secundaria da comunicação, e o desamparo inicial dos seres humanos é a fonte primordial de todos os motivos morais (Freud, pág 431, 1950 [1895]). Desta forma, Freud refere-se às primeiras marcas no aparelho psíquico através desta ajuda alheia. Há um outro que viabiliza a saída deste desamparo inicial dos seres humanos. Este outro ser humano mais experiente introduz e auxilia nesta ação específica, isto é, uma descarga que proporciona uma alteração interna. Portanto, há uma passagem a ser feita que é sustentada por uma pessoa mais experiente. Lacan retorna à obra de Freud a partir deste ponto, há uma experiência de satisfação a partir da qual ocorre a constituição do Outro, e estabelece a diferença entre a necessidade e a demanda. Há uma inscrição primordial com a entrada na linguagem e o seu efeito é o desejo. Lacan irá trabalhar com o conceito de Outro; ele propõe ir além a do semelhante que Freud se refere. Nomine, no seu artigo o Autista: Um escravo da Linguagem, escreve: O que é o Outro na teoria lacaniana? 1. É uma instancia simbólica, lugar do código significante. 2. É o parceiro do sujeito, uma vez que esse sujeito aliena seu ser nos significantes desse Outro. 3. É uma alteridade, ou seja, uma entidade que escapa à mestria do sujeito, é um parceiro caprichoso, enigmático e, a partir disso, pode-se supor-lhe um desejo. 4. O Outro é inconsistente ou, dito de outra forma, ele não pode responder a tudo nem responder de todo. 5. O Outro é inconsciente, vale dizer, ele próprio não sabe o que deseja e não sabe o que sabe. (pag 12, 2001)

12 Deste modo, estamos diante do conceito de Outro, que irá sendo tomado de formas diferentes, conforme os períodos da obra lacaniana, assim como a maioria dos seus conceitos. Sauret irá fazer a leitura do sujeito a partir da: experiência inaugural de insatisfação, a primeira provocação da fome que o sujeito não pode identificar como tal, por falta de significante. É o Outro que transforma o grito da necessidade em apelo e que articula a uma demanda que ele aluga ao sujeito que ele supõe: Gritas? Tens fome? Queres o seio ou a mamadeira? (pág. 19, 1998) Desta forma, o que Lacan aponta é para a entrada do sujeito na linguagem, numa estrutura que antecede o sujeito e os movimentos deste diante desta escolha forçada. O Outro, para o sujeito, irá se constituir a partir deste (des)encontro. Isto irá ampliar a noção que Freud nos apresenta do outro presente na cena do desamparo inicial. Nomine, afirma: A inscrição significante só é possível sob a condição de que exista Outro, quer dizer, não tanto o lugar do significante (esse lugar jamais falta), mas um parceiro que o encarne e que troque objetos com o sujeito. Esse é o principio do que é considerado a entrada no discurso do Outro pelo viés de suas demandas. E, mais adiante, ele afirma: O significante precede o sujeito, mas o Outro não. (pág. 14, 2001) Petri afirma: A entrada no mundo humano, ou seja, o mundo falado, é realizada por um agente de linguagem, um Outro primordial perfazendo a transmissão da própria linguagem, leito a partir do qual o sujeito pode nascer. Essa entrada na linguagem é, então, flagrantemente traumática por comportar em seu cerne uma não-relação afinal. (pág 59, 2006)

13 Assim, encontramos na obra lacaniana o sujeito e Outro. O sujeito está situado a partir da estrutura da linguagem e a constituição do sujeito marca a entrada deste nesta estrutura. Lacan afirma que esta inserção sempre é feita a partir de uma falta. Ao entrar na linguagem, o sujeito se depara com uma falta que o constitui, pois o sujeito nunca é representado pela sua totalidade. O sujeito do inconsciente para Lacan é um sujeito dividido. Ele se apresenta através de uma irrupção no discurso.ele é efêmero. Dor escreve: No discurso,o Eu (je) é o lugar onde o sujeito se produz como aquele que fala. Vimos que esta particularidade tópica devia-se ao próprio status do sujeito: o sujeito só advém no discurso e pelo discurso, para, aliás, de imediato eclipsar-se. Este fading do sujeito provém da relação do sujeito com o próprio discurso, tal como Lacan precisou sua ocorrência no fato que um significante é o que representa um sujeito para outro significante. (pág 155, 1989) O sujeito é um operador conceitual fundamental e será trabalhado de diversas maneiras, dependendo do período da obra lacaniana. Num primeiro período, Lacan irá fazer essa articulação através do esquema L, no qual ele irá articular a relação do Je e do Outro ao discurso. Neste período, Lacan irá reler a obra freudiana através da lingüística, da Antropologia, da Filosofia e de outras ciências de sua época e, assim, irá construir sua teoria do significante. Nela, estão presentes as cadeias de significantes, suas formas de funcionamento: metáfora e metonímia e a presença do sujeito do inconsciente, que impulsiona a cadeia. Lacan afirma: Um significante representa o sujeito para outro significante. A cadeia de significantes é o eixo e o sujeito apresenta-se entre um significante e outro. Um significante é definido como a materialidade dentro do discurso. A cadeia de

14 significantes é constituída por pelo menos dois significantes, e nesta operação existe sempre uma perda (objeto a) e a presença do sujeito do inconsciente. Lacan continuará articulando a constituição do sujeito, através de várias formas como: Estádio do Espelho, os três tempos do Édipo, a Metáfora Paterna, o grafo do desejo, a Alienação e Separação, até chegar às suas últimas formulações. Não pretendo neste trabalho me deter neste ponto, porém, me parece fundamental discriminar esse vetor sujeito e Outro, a constituição do sujeito e o papel dos pais. Pois o que está em questão para a psicanálise lacaniana é a relação do sujeito com o Outro; portanto, como o Outro está constituído para o sujeito e, principalmente, como o sujeito se constitui.há uma operação a ser efetuada, pois o sujeito não está presente desde o início da vida no ser humano, ele se constitui. b) Sobre a constituição do sujeito Lacan, no seminário IV, nos adverte para a questão da falta de objeto correlacionado ao laço da mãe e de seu bebê. Como Freud já assinalava nos seus textos, no ser humano o objeto está para sempre perdido, porém é eternamente procurado. Lacan irá partir da falta de objeto para poder situar a constituição do sujeito na relação com o Outro. A dolorosa dialética do objeto, ao mesmo tempo ali e nunca ali, em que ela se exercita, nos é simbolizada neste exercício genialmente captado por Freud em estado puro, na sua forma isolada. Esta é a base da relação do sujeito com o par presença ausência, relação com a presença sobre o fundo de ausência, e com a ausência na medida que esta constitui a presença. A criança aniquila, na satisfação, a insaciedade fundamental dessa relação. Ela adormece o jogo na captação fundamental dessa relação. Ela adormece o jogo na captação oral. Sufoca aquilo que se origina da relação fundamentalmente simbólica. (LACAN, pág. 186, 1956)

15 O ser humano está exposto desde o seu nascimento ao jogo da falta de objeto. Para Lacan, o que existe é uma relação ternária, na medida que a criança está colocada como objeto, a mãe como agente e o falo como causa. No seminário IV, ele irá nomear e explicitar toda a dinâmica da inscrição e instauração da falta simbólica no aparelho psíquico, isto é, como o falo se inscreve no aparelho e assim como ele será tomado como significante. Acho fundamental demarcar e lembrar que, inicialmente (primeiro tempo do Édipo), o sujeito se constitui a partir da posição de objeto do Outro. É deste lugar que o sujeito irá se oferecer a fim de ocupar um lugar no desejo do Outro. Será a partir do segundo tempo do Édipo, e de todos os seus tempos, que irá se constituir um lugar de onde será possível se instaurar a pergunta sobre o desejo do Outro, Che Vuoi? Assim, para Lacan, temos no final do Édipo a inscrição da falta simbólica. Romildo do Rego Barros, num artigo da Revista Fort-Da Um Corpo De Criança, afirma: Já se tornou uma idéia corrente, a de que a criança, ou o sujeito, começa o seu percurso como objeto. Objeto do Outro, da sua demanda, como Freud apontou quando citou os cuidados maternos como uma forma primitiva de sedução.. (pág 64, 1991) (...) Desta forma, são as interpretações do Outro, do Outro materno em particular, que vão no começo situar para a criança o seu desejo. (...) O que permite também que o objeto, condição primeira do sujeito, como eu disse antes, possa aparecer como fálico, como imaginário, como o que falta à mãe e vai sempre faltar, e não como objeto real, como aquilo que a mãe perdeu de origem, como complemento fálico. (pág 64, 1991)

16 Romildo aqui faz uma crítica à posição freudiana na qual para a mãe, o bebê ocupa apenas uma resposta ao Penisneid da mulher.para ele o que aparece é o jogo das faltas e não das compensações. Portanto, Lacan irá começar a construir e a descrever, como já foi explicitado a cima, a constituição do sujeito através das inscrições da falta no aparelho, porém será apenas no seminário V que ele irá nomear e formular os três tempos do Édipo. O Édipo para Lacan é constituído por três tempos lógicos nos quais há a inscrição simbólica da falta. No primeiro tempo, o filho é tomado como falo, a mãe tem o falo e o pai está velado. A criança se identifica ao que supõe ser o objeto de desejo da mãe. E a mãe, por sua vez, posiciona a criança neste lugar. Existe uma falta que é tamponada por esta dupla. No segundo tempo, esta unidade é abalada, há algo além no desejo da mãe que a criança não consegue abarcar. O pai aqui está revelado. O pai media do lado da mãe a perda do falo e, do lado da criança, a perda do objeto. Essa mediatização vem através da lei contra o incesto, a dupla proibição, não integrará teu produto e não deitarás com a tua mãe. No discurso materno há uma lei que a interdita. A criança é destituída do lugar fálico. No terceiro tempo, o pai está como doador, o pai tem o falo e pode oferecê-lo a criança. Se trata de um pai potente. O falo circula na estrutura. A falta se inscreve. O pai oferece os significantes paternos. A metáfora paterna se instaura, e o falo pode ser articulado como significante. Aqui existe a passagem da posição de ser o falo para ter o falo. O falo aqui assume um estatuto de objeto simbólico. Desta maneira, a partir da inscrição da metáfora paterna, encontra-se uma nova organização dos elementos da estrutura na qual o significante fálico irá se apresentar

17 como um ordenador desta e a questão do desejo do Outro se presentifica. Portanto, o Édipo irá revelar a instauração da ordem simbólica, da falta simbólica no âmago do ser. No final do seminário V e no seminário VI, ele irá articular a constituição do sujeito a toda engrenagem da cadeia significante. Ele fará isto através do Grafo do desejo. A célula elementar do grafo aponta exatamente para a entrada do ser na linguagem. Aqui, ele irá partir da primeira experiência de satisfação, nela se inscreve a passagem da necessidade à demanda, na qual o desejo se constitui. Lacan, desta maneira, retoma o ponto da constituição do sujeito, através da entrada do sujeito na linguagem, ocorrendo aí uma substituição, na qual o grito se transforma em chamado, onde ocorre a substituição das necessidades pelo significante. Estamos no primeiro tempo do Édipo. No texto A Direção do Tratamento, ele escreve: Ora, convém lembrar que é na demanda mais antiga que se produz a identificação primaria, aquela que se efetua pela onipotência materna, ou seja, a que não apenas torna dependente do aparelho significante a satisfação das necessidades, mas que fragmenta, as filtra e as molda nos desfilamentos da estrutura do significante. (pág 624) Conseqüentemente, a criança ao nascer irá cair, mergulhar numa estrutura simbólica já pré-existente, na qual possui um lugar demarcado, desejado, já que seu nascimento vem responder a uma rede de laços que estão colocados antes de seu surgimento, que corresponde a desejos e posições de no mínimo de um homem e de uma mulher. Ou melhor, no mínimo três gerações. Portanto, a criança está atrelada, já de partida, à posição desta mulher e deste homem, pois vem a responder inicialmente a esta dinâmica que está inscrita antes dela.

18 Porém, sobre a entrada do sujeito na linguagem, Lacan irá apontar a inscrição na estrutura da linguagem e o que se presentifica são as funções que operam ou não no aparelho e isto irá responder ao trajeto particular de cada um na constituição do aparelho psíquico. c) Os pais e o sintoma da criança Lacan marca a posição do sintoma da criança na sua famosa carta à Jenny Aubry. Ele inicia o texto pontuando a função da família conjugal como resíduo e manutenção do que há de irredutibilidade de uma transmissão. Há uma transmissão, e esta transmissão se efetua no campo, na ordem da constituição subjetiva, no âmbito familiar. A transmissão aqui se refere aos elementos necessários para que haja sujeito, e nela o que opera é um desejo que não seja anônimo. Lacan nomeia as funções que estão presentes nesta transmissão: a função da mãe através dos cuidados que têm a marca de um interesse particularizado, ainda que seja por intermédio das suas próprias faltas e a função do pai na medida em que seu nome é o vetor de uma encarnação da Lei no desejo (pág. 13, 1969). Portanto, essa transmissão terá como base tanto um desejo, que não seja anônimo, como uma lei, uma ordenação. Para Lacan: o sintoma da criança acha-se em condição de responder ao que existe de sintomático na estrutura familiar. E afirma que este sintoma pode representar a verdade do casal familiar. Esse é o caso mais complexo mas também o mais acessível a nossas intervenções. (pág. 13, 1969). Assim, é possível ler essa nota através da idéia de que, o que há de sintomático no casal parental é a tentativa da produção do par, da completude. O sintoma da criança vem responder exatamente a esta função. O que o sintoma da criança revela é

19 o tamponamento da verdade, verdade que aponta para a não existência da relação sexual. Isto é, não existe o par, a completude; a castração sempre está presente. Ele esclarece que na psicanálise, o sintoma define-se como representante da verdade do sujeito. Há também um outro tipo de sintoma, que diz respeito a subjetividade da mãe, isto é, correlata a uma fantasia que a criança estaria implicada. Aqui, a criança se apresenta, se torna objeto da mãe, pois não ocorreu a distância, a mediação, operada pela função paterna, entre a identificação com o ideal do eu e o desejo da mãe, na qual deixa a criança aberta as capturas fantasmáticas. Lacan escreve: a criança realiza a presença do que Jacques Lacan designa como objeto a na fantasia. A criança, ao substituir esse objeto satura, tampona a modalidade de falta em que se especifica,o desejo (da mãe). (Lacan,pág. 13, 1969) Desta forma, a criança aliena em si qualquer acesso possível da mãe a sua própria verdade, dando-lhe corpo, existência e até a exigência de ser protegida. (Lacan,pág. 13, 1969) Ele ainda afirma que o sintoma somático oferece garantia a esse desconhecimento e é usado, conforme o caso a atestar a culpa, servir de fetiche ou encarnar a recusa primordial. E termina afirmando que, nestes casos, na relação dual com a mãe, a criança lhe dá, imediatamente acessível, aquilo que lhe falta ao sujeito masculino; o próprio objeto de sua existência, aparecendo no real. Compreendo estes últimos apontamentos a partir das leituras de Sauret e Miller, atrelados à divisão mãe/mulher, na qual a mulher se oferece, se posiciona como causa de desejo deste homem e é isto que aponta, vetoriza, a falta no sujeito masculino. A mulher está como objeto deste homem e, ao mesmo tempo, se apresenta como sujeito

20 ao tomar o filho na posição de objeto. Essa mulher está cindida nestas duas posições, e é desta divisão que se trata no laço da mãe com o filho. Já no caso do sintoma somático, a criança se posiciona como o próprio objeto, aparecendo no real, tamponando desta forma qualquer acesso possível da mãe a sua própria verdade. Miller, no texto A criança entre a mulher e a mãe (1998) refere-se ao seminário IV de Lacan, através do tema central da função da castração e principalmente da relação mãe/criança. Sobre esta ele afirma: É preciso, ainda, que a criança não sature, para a mãe, a falta em que se apóia o seu desejo. O que isso quer dizer? Que a mãe só é suficientemente boa se não o é em demasia, se os cuidados que ela dispensa a criança não há desviam de desejar enquanto mulher. (...) a função do pai não é suficiente; é preciso, ainda, que a mãe não esteja dissuadida de encontrar o significante de seu desejo no corpo de um homem. (pág 32, 1998) Portanto, diante de um filho, o que se apresenta é a função paterna, materna e as respectivas divisões homem e mulher. Miller formula: (...) o objeto criança não somente preenche, como também divide,e digamos que é isso que o titulo deste colóquio ressalta. É essencial que ele divida.como já se assinalou,é fundamental que a mãe deseje outras coisas alem dele.se o objeto criança não divide, ou ele sucumbe como dejeto do par genitor,ou,então,entra,com a mãe numa relação dual que o alicia- para empregar o termo de Lacan- o alicia com fantasia paterna. (pág,32,1998) Portanto, neste texto, ele sintetiza essa divisão afirmando que há duas posições possíveis para a criança em relação a sua mãe: ou ela a preenche ou a divide. A

21 questão que se apresenta é o lugar que ocupa a criança para sua mãe e, principalmente, como esta se posiciona diante desta divisão que se instala. Ele ainda adverte para o fato de que, se esse lugar que a criança ocupa, numa neurose, for de tamponamento, iremos encontrar a mãe angustiada, já que a angústia se revela com a falta da falta. A mãe angustiada é, inicialmente, aquela que não deseja, ou deseja pouco,ou mal, enquanto mulher. Sauret afirma: O que se trata aqui é do lugar que ocupa a criança para sua mãe. Mas a criança pode subjetivar a sua relação com a mãe de maneira completamente diferente. Se não fosse assim, não se faria psicanálise, porque não se poderia mudar nada da posição da criança. Mas no que concerne a sua estrutura é um outro problema (pág. 91, 1997). Deste modo, a teoria lacaniana irá apontar para os lugares, os usos e a forma como cada um irá construir suas próprias versões, a partir dos elementos dados na estrutura. Assim, no laço entre pais e filhos o que está presente é o uso que cada um faz do outro e como o outro responde com a sua própria construção ao desejo do Outro. Há um equivoco fundamental, no qual um estaria respondendo diretamente ao outro. Me pergunto se será sobre este equívoco que o trabalho do analista deve estar orientado nesta primeira escuta aos pais a fim de abrir questões para todos.

22 Capítulo II - O Encontro com a fala dos pais. Para podermos pensar sobre este encontro com a fala dos pais e da criança é possível partir do texto Intervenções Sobre a Transferência: Numa psicanálise, com efeito, o sujeito propriamente dito constitui-se por um discurso em que a simples presença do psicanalista introduz, antes de qualquer intervenção, a dimensão do diálogo (Lacan, 1951). Lacan faz essa afirmação, nesta época da sua obra, para se referir e retificar o curso no qual a psicanálise se orienta, isto é, a questão da verdade do sujeito. Verdade esta que se faz presente através da fala do paciente. Nos primeiros anos da obra lacaniana, nos deparamos com o esforço de Lacan em estabelecer e distinguir que fala é essa que a psicanálise opera, e irá fazer articulações e diferenciações importantes em relação ao campo da lingüística. Será sobre a posição, a escuta do analista que a análise lacaniana irá se orientar. Porém, escuta do que? Aqui Lacan irá começar a desenhar e distinguir o que ele denominou de ordem simbólica, ordem imaginária e ordem real. Pois, para ele, este era o grande equívoco dos pós freudianos, que tomavam os três registros de formas indistintas. Assim, ele irá, através do retorno a obra freudiana e a partir de novos eixos teóricos, como: a Lingüística, a Antropologia, a Matemática entre outros, estabelecer os elementos, as leis que regem o funcionamento da ordem simbólica, imaginária e real. Lacan, portanto, irá resgatar a fala na experiência analítica, pois ela irá deixar de ser apenas um instrumento da psicanálise para ser o ponto central da constituição do ser humano. Ele trata a palavra como o campo do humano e instaura a diferença entre seus três registros.

23 Ele define o simbólico como: É de fato assim que devemos entender o simbólico de que se trata na troca analítica. Quer se trate de sintomas reais ou atos falhos, ou o que quer que seja que se inscreva no que encontramos e reencontramos incessantemente, e que Freud manifestou como sendo sua realidade essencial, trata-se ainda e sempre de símbolos, e de símbolos organizados na linguagem, portanto funcionando a partir da articulação do significante e do significado, que é o equivalente da própria estrutura da linguagem. (Lacan, pág.23, 1953). Mais a frente, sobre a ordem imaginária, ele afirma; É preciso, em qualquer noção analítica coerente e organizada do eu, distinguir absolutamente a função imaginária do eu como unidade do sujeito alienado em relação a si mesmo. O eu é isso em que o sujeito só pode se reconhecer inicialmente alienando-se. (Lacan, pág. 30, 1953) No seminário II, no capítulo Introdução ao grande Outro, Lacan chama atenção para o fato de que não há imagem de identidade, de reflexividade, e sim que, o que há é uma relação de alteridade fundamental. E afirma que há de se distinguir dois outros, um outro com A maiúsculo e um outro com a minúsculo (eu-moi). É do Outro que se trata na função da fala na psicanálise. Em seguida, Lacan irá apresentar o esquema L. Neste, ele afirma que é importante esclarecer os problemas levantados pelo eu e o outro, pela linguagem e a fala. Se a fala se fundamenta na existência do Outro, o verdadeiro, a linguagem é feita para remetermos de volta ao outro objetivado, ao outro com o qual podemos fazer tudo o que quisermos, inclusive pensar que é um objeto, ou seja, que ele não sabe o que diz. Quando fazemos uso da linguagem, nossa relação com o outro funciona o tempo todo nesta ambigüidade. Em outros termos, a

24 linguagem serve tanto para nos fundamentar no Outro como para nos impedi-lo de entendê-lo. E é justamente disto que se trata na experiência analítica. (pág. 308, ) Lacan esclarece que é com os semelhantes que o sujeito se identifica imaginariamente. E continua propondo a distinção entre o registro imaginário e o simbólico. Porém, ele afirma que é o grande Outro que o sujeito visa quando fala, o que ele chamou de uma fala verdadeira, mas o sujeito sempre a alcança por reflexão. O sujeito está separado do Outro pelo muro da linguagem. Estamos no campo simbólico. Lacan retoma a cena analítica afirmando que O que dizemos, não o sabemos, porém o endereçamos a alguém. Temos a ilusão que a fala vem do próprio eu. Porém, se o analista acreditar que deva responder daqui, (à), ele ratifica a função do eu, que é justamente aquela por intermédio da qual o sujeito se acha desapossado de si mesmo. ( , pág. 309) Assim, ao falar a um outro, o que a escuta analítica vai privilegiar é esse endereçamento do sujeito ao grande Outro. Portanto, a relação com o semelhante está totalmente atravessada pelo Outro. O conceito do grande Outro, neste momento do seminário dois, está atrelado a idéia do tesouro dos significantes. Desta forma, podemos a situar a escuta dos pais através deste grande equívoco que a comunicação instaura nas relações. A pergunta sobre o que esses pais trazem nesta fala deles próprios parece ser fundamental neste trabalho inicial, já que quando falam eles estão se referindo às próprias posições. E, principalmente, é importante lembrarmos que, no caso da análise de crianças, num primeiro momento, quem demanda não é quem possui o sintoma.

25 O analista ao apontar para a posição de cada um diante do filho, possibilita, já no inicio, que os pais possam aparecer como sujeitos.desta forma ele opera uma primeira separação na qual viabiliza com que cada um possa ser implicado no sintoma do filho e assim possa suportar as mudanças na posição do filho durante o processo de análise deste. Rego Barros afirma: Os pais nessa posição de sujeito permitem também que a mensagem da criança chegue a seu destinatário, o lugar do Outro.Deste lugar do Outro, que aí aparece falho, a mensagem pode finalmente retornar tanto para os pais como para a criança, permitindo a ela se posicionar frente a esse discurso e a esse desejo que a constitui como sujeito,se implicando na demanda que assume como sua. (pág. 04, 1995) Numa entrevista dada a revista Registros, Guy Trobas (2002) afirma a importância de verificarmos que lugar ocupa o sintoma da criança no discurso dos pais, para assim poder ler a posição do filho no desejo deles. Ele ressalta a importância da existência de um primeiro tempo de escuta dos pais, onde será possível ter uma orientação do trabalho a ser efetuado, pois não há um plano definido previamente. Ele levanta questões que podem nortear cada caso como: há quanto tempo este sintoma existe e porque estão pedindo ajuda neste momento? O que desencadeou essa demanda? Quem sofre mais com este sintoma, o filho, os pais ou a escola? Portanto, podemos concluir que há de ser realizado um trabalho de escuta dos pais, para que possamos localizar como cada um se posiciona e faz uso das queixas ainda não podemos falar em sintomas neste momento em relação ao filho. É

26 importante também nos perguntarmos o que essas queixas sobre o filho falam da forma como cada um desta família se organiza diante da castração. Acho importante apontarmos para a diferença entre a queixa que os pais trazem e o sintoma do filho. Em alguns momentos dentro da prática analítica já presenciei o desaparecimento da queixa inicial dos pais diante de algumas intervenções do analista. Por que isto ocorre? Entendo este efeito como resultado da escuta analítica dos pais, a qual opera a partir do endereçamento ao Outro e possibilita uma primeira intervenção terapêutica.esta aponta para o tipo de demanda que os pais fazem ao filho. Assim, quando os pais podem se reconhecer neste tipo de demanda, é possível um pequeno deslocamento que acaba por libertar a criança desta posição fixa que esta se encontrava. Portanto, a queixa muitas vezes aponta para o tipo de demanda que é feita a criança e esta acaba por responder deste lugar demandado, já que o que está em jogo para a criança é o lugar de ser amada pelos seus pais,isto é a possibilidade de corresponder à demanda do Outro. Já o sintoma analítico se refere a uma resposta do sujeito a sua fantasia fundamental. Para que este possa ser mexido, é necessário todo o trabalho de uma análise, o qual irá revelar a posição do sujeito diante da castração e suas formas de tamponamento. Não pretendo neste trabalho apontar que trabalho é este na análise com crianças, porém, isto não deixa de ser um ponto importante a ser pensado e articulado, pois é possível presenciar, em muitos casos de análise com crianças, o término do tratamento analítico diante de uma pequena melhora no sintoma da criança. Faria aponta para a diferença entre o que ela chamou entre o sintoma na criança e o sintoma da criança. Ela diz que, inicialmente, nos deparamos com um sintoma

27 que seja localizado pelos pais na criança (1998). Isto é, o pedido de análise para a criança geralmente é um efeito dos pontos de angústia dos pais, pois há algo que os pais localizam na criança que os angustiam. Muitas vezes, as crianças apresentam sintomas importantes que não angustiam os pais e, em função disto, eles nunca chegam a um consultório de um analista. O sintoma de um sujeito é aquele através do qual aquele sujeito em particular se representa, e ele só pode ser tomado enquanto tal no discurso daquele sujeito em particular. É preciso portanto escutar a criança da mesma forma como se escuta qualquer sujeito em análise,pois se a criança é o sujeito em questão,sua via de entrada para análise será também a de seu sintoma,daquele que ela puder nomear. (Faria, pág. 81, 1998) Assim como na análise com adultos, esta nomeação inicial do próprio sintoma também aponta para um trabalho preliminar a entrada em análise. Esta manobra diz respeito à mudança de posição do sujeito no inicio de uma análise, para que haja a entrada efetiva, isto é, deve haver uma implicação do sujeito no processo analítico, sem o qual não há como sustentar um processo analítico.lacan nomeia este momento na sua obra, como retificação subjetiva Ainda Faria; O sintoma é então o sintoma de um sujeito,diz respeito ao desejo particular daquele sujeito,e a única forma de se ter acesso a esse desejo inconsciente é por seu discurso, através do trabalho analítico. (Faria,pág 84, 1998) Desta maneira, encontramos mais uma vez, a necessidade do analista se posicionar diante dos sujeitos que, aparentemente, imaginariamente formam UMa família para tomar cada um através da sua singularidade e de suas posições.

28 CAPÍTULO III - A POSIÇÃO DOS PAIS Ao articularmos o papel dos pais e a constituição do sujeito através da noção de funções, lugares, e não pessoas, é possível lermos a cena inicial, na qual um adulto cuida de uma criança, através da idéia de que este adulto está ali sustentando o que Lacan chamou de lugar do Outro. Este oferece um campo de linguagem e a transmite através de funções. Estas funções serão operadas a partir da falta estrutural de cada sujeito envolvido na cena. Assim, o que se transmite é a falta que está colocada na estrutura. Sobre essas funções, é importante ressaltar que elas, principalmente a materna, não se apresentam desencarnadas. Faria irá fazer esta articulação no seu livro, Introdução à Psicanálise de crianças: O lugar dos pais e principalmente irá distinguir sujeitos, funções e lugares. Nesse sentido, as relações que podemos estabelecer seriam: Dos sujeitos, homem e mulher que são os pais, com as funções, que lhe cabem exercer,paterna e materna. Isso porque é enquanto sujeitos desejantes, enquanto assujeitados a seu inconsciente numa ordem de desejo absolutamente particular, que eles poderão ocupar (ou não), para a criança,determinadas funções. É somente a partir de sua posição desejante que eles poderão encarnar as funções que lhe cabe exercer. (Faria, pág. 73, 1998) (...) Existe ainda a relação entre o sujeito que é a criança e o lugar que ela ocupa,que depende principalmente da subjetividade desses outros sujeitos em que são o pai e a mãe, ainda que não se possa estabelecer uma relação causa-efeito entre o lugar que ela ocupa na estrutura familiar e algo que tenha sido dado desse lugar pela posição dos pais. (Faria, pág. 73, 1998)

29 Assim, os pais exercem funções e oferecem lugares a esta criança que acaba de nascer e estão constituídos como sujeitos. A criança, por sua vez, irá se posicionar diante desta oferta podendo se constituir como sujeito. A criança, ao nascer, irá se situar num lugar, num lugar fálico. Este lugar responde a falta que opera nos próprios pais. Conseqüentemente, este lugar será sustentado a partir do investimento narcísico dos pais. E será a partir desta estrutura que a criança poderá encontrar um lugar, um lugar no desejo do Outro. Este lugar que é oferecido diz respeito à posição do sujeito do inconsciente de cada um dos pais. Assim, cada um dos pais se posiciona diante da criança através de suas próprias posições subjetivas. Desta maneira, as queixas em relação a criança irão revelar as posições, tanto da mãe como do pai e, principalmente, a forma como esses pais e a própria criança se utilizam do sintoma. Num primeiro momento o que se apresenta é o equivoco, no qual a criança estaria completamente atrelada a seus pais. Faria afirma: Isso significa desvincular o lugar que ela ocupa para os pais (ou seja, no discurso deles) do lugar em que ela mesma possa se colocar a partir desse discurso, o que consideramos ser a grande vantagem dessa proposta. Elimina-se o risco de confundir a criança em análise com aquela que falam os pais. (pág 91, 2003) Desta forma me pergunto se neste trabalho é importante que possamos delimitar que lugar há para essa criança no discurso desses pais, quais os seus efeitos e, principalmente, a forma como a criança tem respondido a este lugar. Quando os pais pedem tratamento para seus filhos, é possível nos perguntarmos sobre os efeitos que esta criança tem produzido nestes. E será este efeito que irá

30 sustentar a procura do tratamento, pois há um sofrimento em jogo. E este sofrimento irá receber vários nomes. Do que esses pais sofrem? O que angústia essa criança? Estamos diante de uma produção do inconsciente que pede por ser escutada. Sergio Prestes afirma (2003) que os pais ao se dirigirem a um analista pedem que este elimine o sintoma de seu filho, isto é pedem a realização de um ideal que visa burlar a castração, uma realização impossível. Porém, é este mesmo investimento narcísico que está na base da relação dos pais com seus filhos. Ele pergunta: Como recusar aos pais a realização de seus ideais, se devemos a eles a nossa existência? Como a criança pode constituir sua própria demanda, dissociada da demanda dos pais? A resposta é o sintoma da criança. Assim, o discurso dos pais é constituído pelo lugar que a criança ocupa para estes. E a criança por sua vez, é chamada a responder a estas demandas, e irá respondê-las a partir de suas próprias versões, a fim de tamponar a falta que se apresenta na demanda dos pais, ao mesmo tempo, que precisa inscrever-se no discurso familiar e poderíamos mesmo dizer, ao seu modo de se fazer existir.o sintoma da criança advém como um meio de protege-la desta alienação no ideal dos pais(...) (Prestes, 2003). Para Petri: A função dessa primeira inclusão dos pais é fornecer material significante para que o analista faça uma leitura da resposta que a criança formula a essa determinada estrutura discursiva, assim como precisar qual o lugar que a criança ocupa na fantasmática parental, ou seja, produto de qual não relação sexual ela é. Nas entrevistas com a criança, pode-se averiguar qual a sua leitura sobre a demanda parental abrindo espaço para a construção de sua demanda, aquela que só ela pode formular, imprimindo assim sua linha própria na análise que poderá então se realizar. (pág. 91, 2006)

31 Portanto, há uma primeira escuta a ser realizada, na qual me parece necessário que o analista possa diferenciar o lugar que esta criança ocupa para seus pais, para cada um, e como cada criança irá responder a demanda dos pais. A questão sobre o que os pais demandam, ou não, de seus filhos, permeia todo este primeiro tempo de trabalho junto aos pais. Rosário do Rego Barros, no seu texto A Resistência na Psicanálise com Crianças, afirma que, no trabalho com os pais, há a necessidade de se operar uma separação entre eles e o lugar que estes ocupam para a criança na cadeia de transmissão, lugar do Outro. Este trabalho está circunscrito, não apenas, mas principalmente, num tempo preliminar da análise de crianças. Então, se nos dispomos a acolher a queixa dos pais e, a partir da demanda que eles fazem para a sua criança, os convidamos a falar, o tempo que for necessário para retomar o trabalho interrompido pela perplexidade desencadeada pelo sintoma da criança, veremos aparecer certos efeitos desejados a este tempo que podemos chamar de preliminar à análise, que daí se engajará, seja com a criança ou com um dos pais. Esses efeitos do lado dos pais vão no sentido de descolá-los do lugar do Outro, de onde eles só podem sentir-se culpados com o que ocorre com a criança, para permitir que eles apareçam como sujeitos divididos e, como tais, passiveis de estarem implicados no sintoma da criança da qual se queixam (pág. 04, 1995). Neste ponto é possível retomar a pergunta inicial sobre qual a orientação do analista neste trabalho inicial. Quem escutar? O que escutar? E, principalmente, sobre a necessidade da existência desse trabalho preliminar com os pais, ou não. A partir de tudo o que já foi escrito, me parece que esse trabalho preliminar de escuta sobre o que é isso que a criança apresenta e a posição dos pais, é fundamental na análise de crianças e esse parece ser um ponto importante deste campo específico do trabalho com crianças.

32 A pergunta que agora se apresenta seria de que natureza esse trabalho com os pais se constitui, já que os pais vêm ao consultório do analista pedindo análise para seu filho e não para si. Assim, eles não devem ser tomados como analisantes, porém é necessário, como já foi visto, um trabalho com os pais, na qual há uma escuta que opera no laço entre os pais e o filho.

33 Capítulo IV Sobre o inicio do Tratamento na obra Freudiana A partir da obra freudiana, constatamos a existência de dois tempos numa análise, um primeiro no qual Freud denomina de tratamento de ensaio e um segundo no qual aconteceria o próprio tratamento. Freud destaca, no seu texto Sobre o Início do Tratamento (1913), as suas orientações para este tempo anterior a análise. Aqui, a tarefa do analista é fazer a leitura da possibilidade do trabalho analítico com este novo paciente, uma seleção, já que, para Freud, é fundamental a possibilidade da existência da transferência e do manejo da análise através da interpretação. Para que isso ocorra, ele destaca a importância do diagnóstico diferencial pois para este, só é possível a análise no campo das neuroses transferenciais. Este primeiro tempo possui as mesmas regras do tratamento propriamente dito, no qual o paciente é convocado a falar sobre seu sofrimento, porém, pede do analista um manejo específico, no qual viabiliza ou não a entrada no tratamento propriamente dito. Freud esclarece: Este experimento preliminar, contudo, é, ele próprio, o inicio de uma psicanálise e deve conformar-se às regras desta. Pode-se talvez fazer a distinção de que, nele, deixa-se o paciente falar quase o tempo todo e não se explica nada mais do que absolutamente necessário para fazêlo prosseguir no que está dizendo. (1913, pág.165) Este tempo provisório, para Freud, comporta em média uma ou duas semanas.nele, o que ocorre é uma sondagem com o objetivo de conhecer o caso e decidir se ele é apropriado para a psicanálise. O pedido inicial é que o paciente possa falar sobre o que acha mais importante. Freud acha fundamental que o próprio

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