HEVEICULTURA E A LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
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- Amália Cavalheiro Faria
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1 HEVEICULTURA E A LEGISLAÇÃO TRABALHISTA É regulado pela Lei 5.889/73 Luís Gustavo Nicoli Advogado Especialista em Direito do Trabalho, Conselheiro da OAB/GO.
2 Formas Comuns da Relação de Trabalho Contrato de parceria Contrato de trabalho(vínculo empregatício) Luís Gustavo Nicoli Advogado Especialista em Direito do Trabalho, Conselheiro da OAB/GO.
3 CONTRATO DE PARCERIA É regulado pela Lei 4.504/64 (Estatuto da Terra) Luís Gustavo Nicoli Advogado Especialista em Direito do Trabalho, Conselheiro da OAB/GO.
4 Características do Contrato de Parceria É um tipo de contrato agrário, que estabelece uma sociedade entre os contratantes. Pressupõe a cessão pelo proprietário rural da posse para uso temporal da terra, com vista ao desenvolvimento desta atividade. Deve gerar direitos e obrigações para os dois lados. E algumas condições da parceria e do trabalho a ser executado devem estar explícito, e dentre essas características destaco:
5 1. objeto do contrato (extração de látex) 2. a área outorgada, com descrição do tamanho e da quantidade de plantas, e o estágio de vida (área de xxx alqueires contendo cerca de xxx mil árvores em franca produção) 3. a forma de remuneração e o percentual (recebendo em troca 30% da produção) 4. a autonomia do parceiro na negociação do serviço e das técnicas de produção e de produtividade 5. a possibilidade de divisão com o parceiro das despesas decorrentes da atividade 6. a liberdade do parceiro na venda de seu fruto (remuneração) 7. que não pressuponha a pessoalidade do parceiro na execução das tarefas ligadas ao cultivo (livre para contratar ajudantes, por exemplo) 8. de quem são as ferramentas de trabalho E tudo aquilo que for acordado no contrato de parceria, deve, de fato, efetivamente existir, sob pena de ser considerado como meio de fraudar a legislação trabalhista.
6 Exemplos de Decisões
7 1. FALSA PARCERIA" - RELAÇÃO DE EMPREGO - A falsa parceria surge quando, sob a roupagem de "contrato de parceria", desnuda-se um autêntico contrato de trabalho distinto desse apenas pelo rótulo, mera distinção terminológica que não chega a impressionar a partir do momento em que se verificam com nitidez aspectos fáticos como parte do pagamento em dinheiro, subordinação do suposto "parceiro" e a ausência de riscos e de lucros no empreendimento. Questionamentos acerca deste caso:
8 A. Que tipo de parceiro entra apenas com a mão-de-obra, sem poder negociar preço ou opinar acerca do andamento do serviço ou das melhores técnicas de produção e de produtividade? B. Parceiro que atua sem nenhuma ingerência no preço do produto, nas técnicas de produção, no modo de trabalhar, recebendo ordens diretas do proprietário do seringal, ou de seus prepostos (gerente), e tendo sistematicamente vistoriado o serviço, etc, NÃO É PARCEIRO, e SIM EMPREGADO! C. Parceiro que não arca com algum custo da parceria (despesas de produção);
9 2. RELAÇÃO JURÍDICA DE TRABALHO PARCERIA AGRÍCOLA - VÍNCULO DE EMPREGO - INOCORRÊNCIA - O que descaracteriza a autêntica parceria agrícola ou pecuária, e configura verdadeira relação de emprego, é a falta de independência econômico-financeira do parceiro outorgado que necessita de fornecimento, pelo proprietário rural, de terra preparada e os insumos como sementes, adubos e herbicidas e inseticidas, ou mesmo de adiantamento em dinheiro para preparo do solo, tratos culturais até chegar à colheita e partilha dos frutos. Questionamentos acerca deste caso:
10 A. A cessão para uso temporário de terra para a extração de frutos de árvores de um seringal, é de modo que o conjunto familiar dos supostos parceiros outorgados tivesse poderes, autonomia e independência semelhantes ao do proprietário. B. O parceiro e sua família submetiam-se a obrigações de cumprir tarefas certas e previamente determinadas, como o número de cortes mensais nas árvores, com a reposição de dias não trabalhados, e o cumprimento de horários. C. O proprietário efetuava a comercialização integral da produção inclusive da parte que seria cabível ao parceiro. Foi considerado contrato simulado, para dissimular contrato de trabalho.
11 TRABALHO RURAL É regulado pela Lei 5.889/73
12 CLT Instituída pelo Decreto-lei nº 5.452/1943, inicialmente excluíram expressamente esses trabalhadores. Art. 7º Os preceitos constantes da presente Consolidação salvo quando fôr em cada caso, expressamente determinado em contrário, não se aplicam: (Redação dada pelo Decreto-lei nº 8.079, ) a) aos empregados domésticos ( ); b) aos trabalhadores rurais ( ),
13 Lei nº 5.889/1973 Cria normas reguladoras do trabalho rural. Se aplica ao trabalhador rural Decreto nº /1974 Regulamenta a Lei do trabalho rural Disciplina a aplicação das normas legais. empregado, como também ao rural não empregado - Ex. meeiro, parceiro, etc, mas que também tem a proteção da lei.
14 A CF/88 estendeu aos trabalhadores rurais todos os direitos que ainda não haviam sido garantidos, que são: Luís Gustavo Nicoli Advogado Especialista em Direito do Trabalho, Conselheiro da OAB/GO.
15 Constituição Federal de 1988 Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: - seguro-desemprego; - FGTS; - salário mínimo; - 13º salário; - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; etc - aviso prévio; - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; - seguro contra acidentes de trabalho;
16 CONCEITUAR Empregado Empregador Luís Gustavo Nicoli Advogado Especialista em Direito do Trabalho, Conselheiro da OAB/GO.
17 Quem é empregado rural? Aquele que trabalha de forma pessoal, subordinada, cuja natureza do serviço seja de necessidade não eventual, em prédio rústico ou propriedade rural para o empregador rural. Prédio rústico, é o terreno que fica na parte urbana da cidade, mas com atividade rural. P.e., um Hortifrutigranjeiro.
18 O que diferencia o empregado regido pela CLT do empregado rural é o seu empregador (patrão) - ou seja, o empregador é quem tem que ser rural.
19 O empregado rural deve trabalhar em propriedade rural ou prédio rústico - ou seja, mesmo que o empregado não trabalhe na fazenda (como uma secretária, do escritório da fazenda, na cidade), é trabalhadora rural, pois trabalha para um empregador rural, que é quem define a categoria do trabalhador. Empregado rural não é quem trabalha na área geográfica rural, mas é quem trabalha para empregador rural, mesmo que o local de trabalho seja na área urbana.
20 E quem é empregador rural? Pessoa física ou jurídica, proprietária ou não, que explore atividade agroeconômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio de empregados.
21 Alguns direitos peculiares do trabalhador rural
22 DIREITOS São quase os mesmos, observadas as peculiaridades do trabalho rural jornada de 44 horas semanais intervalos (p. ex. refeição, descanso) repousos (domingos) horas extras adicionais (p.ex. hora extra, noturno) Luís Gustavo Nicoli Advogado Especialista em Direito do Trabalho, Conselheiro da OAB/GO.
23 TRABALHO NOTURNO Para o trabalhador urbano, o trabalho noturno é aquele compreendido das 22h as 05h; a hora é computada como sendo de 52 minutos e 30 segundos, e a hora de trabalho deve ser acrescida de no mínimo 20%. Para o trabalhador rural, considera-se trabalho noturno: - na lavoura, das 21h às 05h; - na pecuária, das 20h às 04h; - e a hora deve ser acrescida de 25%, sem redução do tempo considerado para a hora;
24 AVISO PRéVIO - Para o trabalhador urbano, quando comunicado de sua dispensa, tem direito a escolher entre duas opções: trabalhar duas horas a menos por dia ou deixar de trabalhar sete dias no final do prazo do aviso; - Para o trabalhador rural, comunicado de sua dispensa, tem direito a um dia por semana para procurar novo emprego;
25 Direitos específicos dos trabalhadores na Heveicultura Luís Gustavo Nicoli Advogado Especialista em Direito do Trabalho, Conselheiro da OAB/GO.
26 PAUSA DESCANSO DE 10 MINUTOS 1. Pausa prevista na NR-31 - garantia de pausas para descanso nas atividades realizadas em pé e nas que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica. Súmula 27 do TRT-Goiás Determina a concessão de descanso de 10 minutos a cada 90 de trabalho consecutivo. Se não conceder, deve pagar o intervalo de 10 minutos, como se hora extra fosse.
27 HORAS IN INTINERE 1. As horas gastas pelo trabalhador para se deslocar de casa para o trabalho e vice-versa, via de regra, não são consideradas horas extras, mas podem passar a ser se a empresa fica em local de difícil acesso ou no qual não exista transporte público, e o empregador fornece condução ao empregado. 1. UTILIZAÇÃO DO PRÓPRIO CARRO O fato de o empregado usar seu veículo para ir trabalhar não gera direito à hora in itinere, mas o empregado tem esse direito, se ele só utilizava o próprio carro porque não tinha nenhuma outra opção de transporte.
28 MORADIA UTILIDADES "IN NATURA". HABITAÇÃO. ENERGIA ELÉTRICA. VEÍCULO. NÃO INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO Fornecidos pelo empregador, quando indispensáveis para a realização do trabalho, não têm natureza salarial, ainda que, no caso de veículo, seja ele utilizado pelo empregado também em atividades particulares Para o Trabalho A habitação ou moradia, quando for imprescindível para o desenvolvimento do próprio trabalho, exemplo, o caseiro, não irá compor a base de cálculo para a remuneração Pelo Trabalho Quando fornecer moradia por liberalidade, como um benefício, o valor correspondente constituirá remuneração para todos os efeitos legais.
29 VANTAGENS DO REGISTRO CONTRATUAL A Fazenda Capitão Venâncio, em Nova Granada/SP, substituiu os tradicionais acordos de parceria com os sangradores pelo registro em carteira, salário fixo mais 10% sobre o volume de látex sangrado e prêmio por produtividade no final do ano. 1. Porque? menor preocupação com ações trabalhistas,movidas por ex-parceiros. estabelecimento de metas de produção individual redução do número de sagradores definição do sistema de sangria otimizar a produtividade.
30 nr - 31 Legislação que não é específica, mas que requer atenção e cuidados a todos os produtores rurais.
31 nr - 31 NORMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA Art. 13. Nos locais de trabalho rural serão observadas as normas de segurança e higiene estabelecidas em portaria do ministro do Trabalho e Previdência Social.
32 O QUE É A nr - 31 O QUE É? A QUEM SE APLICA? QUAIS AS PRINCIPAIS OBRIGAÇÕES PARA O EMPREGADOR?
33 O QUE É A NR-31? É uma Norma Regulamentadora do MTE que estabelece requisitos a serem observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a garantir que as atividades rurais sejam desenvolvidas e planejadas de forma compatível com a segurança e saúde do trabalho.
34 A QUEM SE APLICA A NR-31? Aplica-se às atividades da agricultura, pecuária, exploração florestal e aqüicultura, bem como às atividades de exploração industrial desenvolvidas em estabelecimentos agrários, ou seja, a Norma aplica-se a toda relação de trabalho regida pela Lei 5.889/73.
35 QUAIS AS PRINCIPAIS OBRIGAÇÕES PARA O EMPREGADOR RURAL PREVISTAS NA NR-31? Garantir a realização do exame médico admissional, antes que o trabalhador assuma suas atividades; exame médico periódico anual; exame médico de retorno ao trabalho, que deve ser feito no primeiro dia do retorno à atividade do trabalhador ausente por período superior a trinta dias devido a qualquer doença ou acidente; exame médico de mudança de função e exame médico demissional até a data da homologação, desde que o último exame médico ocupacional tenha sido realizado há mais de noventa dias; Todo estabelecimento rural deverá estar equipado com material necessário à prestação de primeiros socorros, considerando-se as características da atividade desenvolvida. Sempre que no estabelecimento rural houver dez ou mais empregados o material de primeiros socorros deverá ficar sob cuidado da pessoa treinada para esse fim;
36 QUAIS AS PRINCIPAIS OBRIGAÇÕES PARA O EMPREGADOR RURAL PREVISTAS NA NR-31? Em caso de acidente, o empregador deve garantir a remoção gratuita do empregado até o Centro de Saúde mais próximo O empregador rural ou equiparado que mantenha vinte ou mais empregados contratados por prazo indeterminado fica obrigado a manter em funcionamento, por estabelecimento, uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural (CIPATR); É vedada a manipulação de quaisquer agrotóxicos e produtos afins por menores de 18 (dezoito) anos, maiores de 60 (sessenta) anos e por gestantes; Para as atividades que forem realizadas necessariamente em pé, devem ser garantidas pausas para descanso;
37 QUAIS AS PRINCIPAIS OBRIGAÇÕES PARA O EMPREGADOR RURAL PREVISTAS NA NR-31? O empregador deve disponibilizar, gratuitamente, ferramentas adequadas ao trabalho e às características físicas do trabalhador, substituindo-as sempre que necessário; Empregador deve fornecer e exigir que os trabalhadores utilizem os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs); Devem ser disponibilizadas aos empregados instalações sanitárias fixas ou móveis compostas de vasos sanitários e lavatórios, na proporção de um conjunto para cada 40 empregados ou fração separados por sexo;
38 QUAIS AS PRINCIPAIS OBRIGAÇÕES PARA O EMPREGADOR RURAL PREVISTAS NA NR-31? Caso os empregados realizem suas refeições nas frentes de trabalho, deverá ser disponibilizado abrigo fixo ou móvel para alimentação e proteção contra intempéries; Obriga-se o empregador a disponibilizar ao empregado água potável e fresca em quantidade suficiente; O veículo de transporte coletivo dos empregados deve possuir autorização emitida pela autoridade de trânsito, transportar todos os passageiros sentados, ser conduzido por motorista habilitado e devidamente identificado e possuir compartimento resistente e fixo para a guarda das ferramentas e materiais separado dos passageiros.
39 obrigado! Luís Gustavo Nicoli Advogado OAB/GO Especialista em Direito do Trabalho, Conselheiro da OAB/GO
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