Boletim da Escola Superior Diplomática Julho-Agosto de 2007 Ano I, número 0

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1 Dossiê Diplomático Editorial A Escola Superior Diplomática (ESD) oferece ao candidato o curso preparatório para o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD) do Instituto Rio Branco centro de formação vinculado ao Ministério das Relações Exteriores. Atua também como núcleo de pesquisa na área de Relações Internacionais e, desde 1999, trabalha com os mais renomados professores da academia, diplomatas e autoridades no assunto, com o objetivo de contribuir para o sucesso de nossos alunos rumo ao ingresso na carreira diplomática. Em face da expansão de nossas atividades, lançamos a presente edição on-line do Dossiê Diplomático, de periodicidade bimestral e circulação gratuita. O conteúdo do boletim é dirigido aos círculos acadêmicos, chancelarias, embaixadas, câmaras de comércio e instituições que representam os demais setores da sociedade. Os artigos contam com ampla abordagem de temas contemporâneos e seus autores trafegam por tendências políticas variadas. Acreditamos que, ao oferecer pluralidade de opinião ao leitor, contribuímos para o incremento de seu arcabouço teórico. Nosso principal objetivo é criar um fórum de discussões e debate, somando-se aos esforços de outras instituições amigas na divulgação de conhecimento sobre relações internacionais. Para isso, contamos com sua contribuição nesta nova empreitada! Cláudia Galaverna, Coordenadora da Escola Superior Diplomática Nesta Edição Foco Mundo Em pauta Países Acontece Artigos especiais Cultura Agenda Oportunidades Leituras Sites Hoje na História Boletim da Escola Superior Diplomática Julho-Agosto de 2007 Ano I, número 0 1 Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores. A carreira, o Instituto Rio Branco e as representações diplomáticas 50 anos de União Européia, por João Pacheco, embaixador da delegação da UE no Brasil A política externa européia e as relações com o Brasil, por Michel Borel, professor da ESD Novo portal consular do MRE; XXXIII Reunião do Conselho Mercado Comum; II Concurso de cinema do Itamaraty; 15 anos da Eco-92; Jovens em situação de risco; População urbana em 2008; Reunião do G-4 e a Rodada Doha da OMC Índia Os 150 anos da publicação de O Guarani, por Cláudia de Arruda Campos, professora da ESD A diplomacia do governo Lula: balanço e perspectivas, po Paulo Roberto de Almeida; Reflexões sobre a política externa argentina, por Félix Alfredo Larrañaga; Doha - carpideiras versus consistência, por Marcos Jank; Some context for the EU s current negotiations with Latin American regions, por Sheila Page. O movimento Tropicália, por Caroline Graeff, professora da ESD O mundo, há 50 anos

2 A carreira diplomática O ingresso na carreira diplomática se dá por meio de concurso público promovido pelo Instituto Rio Branco. Para se inscrever no concurso de admissão, é necessário ser brasileiro nato, estar em dia com o serviço militar e com as obrigações de eleitor, ter bons antecedentes e ter concluído, antes da inscrição, curso superior reconhecido de graduação plena. O candidato aprovado ingressa na Instituição como Terceiro Secretário e cumpre estágio de dois anos, organizado nos moldes de curso de mestrado. Os cargos seguintes na carreira são os de Segundo Secretário, Primeiro Secretário, Conselheiro, Ministro de Segunda Classe e Ministro de Primeira Classe (Embaixador). O treinamento ao longo da carreira é contínuo, de modo a preparar o diplomata a tratar de uma série de temas, como paz e segurança, normas de comércio, relações econômicas e financeiras, Direitos Humanos, meioambiente, tráfico de drogas e fluxos migratórios. Dominando estes temas, o diplomata deverá ser capaz de desempenhar suas funções: representar o Brasil perante a comunidade de nações; colher as informações necessárias à formulação da política externa; participar de reuniões internacionais e, nelas, negociar em nome do país; assistir às missões no exterior; proteger os compatriotas e promover a cultura e os valores do povo brasileiro. O Instituto Rio Branco O IRBr foi criado em 1945, como parte das comemorações do centenário de nascimento de José Maria da Silva Paranhos Júnior, Barão do Rio Branco e símbolo da diplomacia brasileira. No ano seguinte iniciou o Curso de Preparação à Carreira de Diplomata. A primeira turma tinha 27 Cônsules de Terceira Classe, como se chamavam então os Terceiros Secretários de hoje. É desta data, também, a obrigatoriedade de concurso público para ingressar no Instituto. Foco Representações Diplomáticas e suas funções Uma nação é representada no exterior por meio de três instituições principais Embaixada, Consulado e Missão. A Embaixada fica na capital de um país; é a instância maior de um país em outro. Suas funções são definidas pela convenção de Viena de 1961 como, por exemplo, cuidar dos interesses políticos de uma nação. O consulado seria uma filial da Embaixada, que tem por missão cuidar dos interesses dos cidadãos brasileiros no exterior. Tanto a Embaixada como o Consulado fazem a representação cultural do país. Trabalham também no auxílio a empresas nos dois sentidos estrangeiras interessadas em investir no Brasil e brasileiras interessadas no país. A Missão representa os interesses da nação em um organismo multilateral, como, por exemplo, a Missão do Brasil na União Européia ou na ONU. Todos são chamados de representações diplomáticas de um país. José Maria da Silva Paranhos Júnior, Barão do Rio Branco, patrono da diplomacia brasileira Ministério das Relações Exteriores Instituto Rio Branco Fonte: Ministério Relações Exteriores 2 divulgação Expediente DOSSIÊ DIPLOMÁTICO Número 0, Ano I, junho-julho 2007 Coordenação editorial Cláudia Galaverna Editor Thiago Linguanoto Assessoria Anderson Alexandria Lins Revisão Marcelo Almeida Correspondente internacional Adriano José Timossi Dossiê Diplomático é uma publicação bimestral gratuita da Escola Superior Diplomática (ESD), curso preparatório para o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata do Instituto Rio Branco. Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião do Dossiê Diplomático. Sugestões e críticas: contato@escolasuperiordiplomatica.com.br Colaboraram nesta edição: João Pacheco, Michel Borel, Paulo Roberto de Almeida, Sheila Page, Marcos Jank, Félix Alfredo Larrañaga, Caroline Graeff e Cláudia de Arruda Campos. Agradecimentos: Rubens Barbosa, embaixador, presidente Conselho de Relações Exteriores da FIESP; João Pacheco, embaixador da UE para o Brasil; Paulo Roberto Almeida, diplomata; Felipe Carlos Antunes, 3 secretario do MRE (setor Europa-I); Escritório Regional do Itamaraty em São Paulo (ERESP); Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP);Guilherme Faus Dias da Silva e Susana Lorenzo.... Escola Superior Diplomática Rua da Consolação, 1025, 6o andar, São Paulo, SP, Brasil. Telefone: Homepage: contato@escolasuperiordiplomatica.org.br

3 João Pacheco A União Européia comemora este ano o 50º aniversário do seu ato fundador, a assinatura do Tratado de Roma a 25 de Março de Desde então a construção européia tem progredido, dirão alguns, lenta, mas seguramente. Eu sou de opinião que se tivermos uma perspectiva histórica, passar de uma Comunidade Européia do Carvão e do Aço restrita a 6 países, para uma União Européia que engloba 27 países com um mercado integrado, livre circulação de pessoas, bens e capitais, e uma presença em crescimento na cena política internacional, em somente duas gerações, é sem dúvida prova de uma evolução muito rápida. Quero destacar alguns elementos fundamentais que contribuíram para o sucesso da construção européia: a edificação de uma sólida base de interesses comuns; a criação de um conjunto de instituições comuns; e a procura constante da adesão dos povos ao projecto de construção. A apertada teia de interesses econômicos é patente no elevado grau de interpenetração econômica, na existência de um mercado único e aberto aos 27 países membros, enquadrado por regras comuns. Mas a sólida base de interesses comuns não se limita à esfera econômica. Na área social, dos direitos dos cidadãos, na esfera da segurança, os progressos têm sido constantes e significativos. A criação de um conjunto de instituições comuns, ossatura do funcionamento democrático da União, tem sido capital para o sucesso do projeto. Instituições fortes no ramo executivo (Comissão Européia) e no legislativo (Parlamento e Conselho Europeu), e um judiciário supra-nacional efectivo (Tribunal de Justiça), merecem referência especial. É muito importante perceber que uma União entre países, sem uma sólida base econômica e de regras comuns, e sem instituições fortes, seria uma União frágil, mais dependente das agendas políticas de curto prazo de uns e outros, e mais permeável a acidentes de percurso, ou a cantos de sirene de projectos alternativos. Para consolidar a União, e para Mundo 50 anos de União Européia avançar em domínios em que há ainda muito por fazer, como nas políticas externas e de defesa, é essencial a adesão dos cidadãos. Nós estamos conscientes de que não há nenhuma lei de irreversibilidade dos processos políticos, e que o edifício europeu só se constrói com a adesão dos seus cidadãos. A União Européia é constituída pela vontade de 27 democracias. É imperativo, pois, explicar, debater, adaptar as diferentes propostas e projectos de forma transparente. A construção européia, sendo uma história de sucesso, está longe de estar concluída. É um processo contínuo, em que passo a passo na base de interesses comuns e decisões democráticas se progride na edificação de um espaço econômico, social, de cidadania, político, cada vez mais unificado. João Pacheco é português e embaixador da Delegação da União Européia para o Brasil. delegation-brazil@cec.eu.int. Website: [Acima] Assinatura do Tratado de Roma em 26 de março de 1957, que criou a Comunidade Econômica Européia e Comunidade Européia de Energia Atômica. [À direita] Declaração Schuman de 9 de Maio de 1950, que propôs um plano de cooperação aprofundada e lançou a Comunidade do Carvão e do Aço em CRONOLOGIA DA UE (PRIMEIRA PARTE) 1951: - Alemanha, Bélgica, França, Itália, Luxemburgo e Holanda instituem a Comunidade Européia do Carvão e do Ferro (Ceca), por meio do Tratado de Paris. 1957: - Alemanha, Bélgica, França, Itália, Luxemburgo e Holanda instituem a Comunidade Econômica Européia (CEE ou Mercado Comum) e a Comunidade Européia de Energia Atômica (Euratom), por meio dos Tratados de Roma (foto abaixo). Entram em vigor em 1 de janeiro de : - Criação dos Fundos Europeus de Orientação e de Garantia Agrícola (Feoga) e adoção das primeiras regras de política agrícola comum. 1967: - Fusão entre CEE e Euroatom, resultando na criação da Comunidade Européia. 1968: - Entra em vigor a Tarifa Externa Comum, depois de finalizado o processo de eliminação de direitos alfandegários entre os países-membro. 1972: - É assinado em Bruxelas os tratados de adesão da Grã-Bretanha, Irlanda, Dinamarca e Noruega junto à CEE. Os noruegueses, no entanto, rejeitam a adesão por referendo. Ampliação de seis para nove países. (CONTINUA NA PÁG. 4) Fotos: divulgação 3

4 Michel Borel Mundo A política externa européia e as relações com o Brasil Uma enciclopédia de 24 volumes não seria suficiente para abordar por completo o assunto 50 anos de história, como lembra o Sr. João Pacheco, Embaixador da Delegação da UE para o Brasil. Este tema é muito abrangente e daria, sem dúvida, para escrever várias obras específicas, como as relações Brasil-UE, por exemplo. Nesse sentido, alguns fatos na área econômica e de cooperação seriam levantados, bem como o conjunto de tratados e acordos que regulamentam os intercâmbios das duas entidades. Mas, olhando mais detalhadamente, o capítulo sobre as relações estritamente políticas da UE com o Brasil seria bem enxuto, para não dizer inexistente. No entanto, ninguém parece se queixar disso, apesar de aparentemente não haver discriminação alguma da parte da UE com relação ao Brasil. Como poderia ser de outra maneira? A UE, como entidade política, não existe. Apesar disso, poderia haver ao menos uma política externa comum, uma diplomacia comum, mas infelizmente não há. E mesmo quando a UE consegue ter uma posição mais ou menos clara sobre um problema qualquer de política internacional, ela tem muitas dificuldades para ser ouvida no cenário mundial. As razões desta aparente fraqueza são múltiplas. Em primeiro lugar, é preciso salientar a ausência de uma estratégia comum da União na área internacional. As reuniões sobre o tema acontecem sempre na urgência quando surge um fato relevante. No calor dos acontecimentos, é complicado elaborar planos sólidos e coerentes. Uma boa política internacional necessita reflexão e planos para médio e longo prazo, não somente em curto prazo. Em segundo lugar, a natureza atual das instituições européias não ajuda muito: a presidência rotativa (mudança a cada seis meses) e o complexo limite das responsabilidades nesta matéria entre a Comissão e o Conselho da União (Conselho de Ministros) impedem qualquer visão em médio prazo. Além disso, a máquina administrativa européia não facilita a sinergia que deveria existir European Comission Berlim, 25 de março: comemoração oficial dos 50 anos de UE entre diplomacia, cooperação, justiça, comércio, transporte e meio-ambiente para construir uma verdadeira política externa clara e coerente. Por último, ninguém pode negar os obstáculos existentes para que 25 países falem em uma só voz. Cada país sentese tentado a seguir sua própria política e tem dificuldades, muitas vezes, para enxergar problemas maiores, que envolvam a União. Os grandes países, às vezes, preferem atuar sozinhos e os pequenos têm receio de ficar ligados a decisões comuns. Os antigos países (aqueles das 4 CRONOLOGIA DA UE (CONTINUAÇÃO DA PÁG. 3) 1978: - O Conselho Europeu, sediado em Bruxelas, propõe instaurar, a partir de 1º de janeiro de 1979, um sistema monetário europeu. A Grã-Bretanha, relutante, prefere não aderir ao plano. 1979: - A proposta de adesão da Grécia à CEE é aceita. A entrada do país no bloco acontece em 1 o de janeiro de Apesar dos poderes restritos, são realizadas as primeiras eleições para o Parlamento Europeu. 1985: - São aceitas as propostas de adesão de Portugal e Espanha que, assim como a Grécia, ingressarão no Bloco no primeiro dia de A Europa dos nove se torna na Europa dos doze Assinatura do Ato Único, que dispunha sobre a livre circulação de pessoas, mercadorias, capitais e serviços. Entra em vigor em 1 o de janeiro de : - Assinatura dos acordos Schengen visando a livre circulação de pessoas, que entrará em vigor em março de 1995 em nove países 1990: - Lançamento da fase 1 da UEM (União Econômica e Monetária) e liberalização completa dos movimentos de capitais na União Européia 1991: - Assinatura do Tratado de Maastrich, que instaurou o nome oficial de União Européia e previu a criação de uma moeda única entre os países membros. O Tratado entra em vigor em : - Lançamento da fase 2 da UEM. Os países devem se adaptar para preencher os critérios de participação na união monetária. - Criação do Instituto Monetário Europeu (futuro Banco Central Europeu, ou BCE) (CONTINUA NA PÁG. 5)

5 Mundo primeiras etapas da construção) tem posições e ideais diferentes dos novos (aqueles que entraram durante as últimas ampliações). Os europeus (e talvez o mundo) ainda guardam recordações sofridas de dois acontecimentos mundiais, nos quais a diplomacia européia mostrou paralisia total de atuação. O primeiro foi durante a guerra dos Bálcãs, em que a UE foi incapaz de acabar com o banho de sangue que acontecia em seu próprio solo. O segundo foi a cacofonia completa revelada frente à decisão americana de invadir o Iraque. Apesar de poucos resultados nos temas apresentados, é preciso reconhecer que a UE fez muitas coisas para melhorar nesta área. O artigo III-292 Capítulo 1 Título V Parte III do projeto de constituição européia é muito explícito neste âmbito. Este artigo expressa o fundamento da política externa européia baseada sobre a democracia, o estado de direito, direitos humanos e libertais fundamentais, respeito da dignidade humana, princípios de igualdade e solidariedade e respeito da carta da ONU e do direito internacional. O artigo comentado ressalta, finalmente, o papel os princípios da UE na sua relação exterior dizendo: A União providenciará todos os esforços para desenvolver as relações e construir parcerias com os outros países e com as organizações internacionais, regionais ou mundiais que compartilham os ideais do primeiro parágrafo. A UE deve favorece soluções multilaterais aos problemas comuns, espacialmente no âmbito da ONU. Não devemos esquecer também que uma grande novidade prevista no projeto da constituição é a criação do cargo de Ministro das Relações Exteriores da União, com responsabilidades e áreas de atuação muito bem definidas. Além disso, o prolongamento da presidência de seis meses para 2,5 anos. Mas, como sabemos, este projeto encontra-se hoje estagnado. No âmbito da defesa e segurança, a União conseguiu criar uma força de intervenção (ainda pequena) que atua hoje em diversas partes do mundo. Ela faz parte da PESC (Política Européia de Segurança Comum). Esta força da UE está presente na Bósnia (tarefa de treinamento da policia civil, missão de pacificação com a EUFOR), na Macedônia e na Palestina, fiscalizando a passagem de Rafah (entre o Egito e a Faixa de Gaza). Esta última missão é muito promissora para o futuro papel internacional da União, visto que concretiza a confiança na entidade dos dois lados opostos no conflito do Oriente Médio. Também é uma pequena ilustração do que quer ser a União: um árbitro importante no jogo mundial. Claro que, levando em conta esta situação, não teria muita coisa a dizer sobre as relações Brasil-UE, já que a entidade nesta área tem dificuldade para existir. Fora alguns projetos específicos de cooperação e de responsabilidade social, é preciso, portanto, considerar as relações do Brasil com a Alemanha, com o Reino Unido, com a França, e com cada um dos 27 países do bloco. Para que tenhamos futuramente verdadeiras relações Brasil-UE, a União Européia deverá continuar a priorizar este tema. Qualquer que seja o futuro documento (Constituição? Tratado? Carta magna?) que irá substituir o projeto de constituição atualmente parado, ele deverá conservar as diretrizes já estabelecidas para a implementação da diplomacia e das relações externas da União. Não há necessidade de que a União se transforme em uma verdadeira entidade política (estado, federação, confederação) para adotar uma Política Externa Comum. Porque a União Européia não conseguiria ter no âmbito diplomático o que ela conseguiu com tanto sucesso na área econômica? Seria mais difícil ter um só Ministro das Relações Exteriores do que ter uma só moeda? Duvido! Basta querer e colocar as devidas prioridades. Este seria o único meio para que a Europa, como um bloco, venha a ser mais ouvida e respeitada no cenário internacional. E, quem sabe, como é permitido sonhar, daqui a alguns anos, na mesma matéria, o assunto deste artigo não poderia ser: as relações da União Européia com o Mercosul? Michel Borel é francês e professor da Escola Superior Diplomática michelborel@terra.com.br 5 CRONOLOGIA DA UE (CONTINUAÇÃO DA PÁG. 4) 1995: - Áustria, da Finlândia e da Suécia ingressam na UE. Os Doze se tornam Quinze. - Definição do nome da moeda única: euro em vez de ecu, como se propunha anteriormente. 1996: - Implantação do Pacto de Estabilidade e Crescimento, responsável pelas regras do jogo para os 15 países membros após o nascimento do euro. 1998: - Criação do Banco Central Europeu (BCE) 1999: - Lançamento da fase 3 da UEM (União Econômica e Monetária). 2001: - Bancos comerciais aceitam, a partir de dezembro, notas de euros. A distribuição começa a ser feita entre os comerciantes. 2002: - Início da circulação da nova moeda, a partir de 1º de janeiro. - Em 1º de julho, todas as moedas nacionais da União Européia deixam de circular oficialmente. Fontes: Folha online, Libération, Le Monde, El País

6 Portal consular do Itamaraty O Itamaraty lançou seu Portal Consular ( uma homepage inteiramente voltada para o apoio aos brasileiros no exterior, que faz parte de um amplo projeto de modernização e informatização da rede consular brasileira. Na página, desenvolvida em parceria com o Serpro, poderão ser encontradas informações sobre como agir em caso de emergências, orientação para quem vai viajar e para os que retornam ao Brasil, endereços e telefones de todas as embaixadas e consulados brasileiros no mundo, em respostas às perguntas freqüentes e uma seção especial, denominada Fale Conosco, por meio da qual o cidadão poderá encaminhar suas dúvidas e sugestões à área consular do Ministério. Essa iniciativa representa um importante passo para a desburocratização dos serviços prestados pelos consulados e embaixadas brasileiras. Com a informatização dos serviços notariais, os funcionários terão mais tempo para se dedicar às demandas específicas dos brasileiros no exterior, o que resultará num melhor atendimento ao público de forma geral. Além disso, o Portal permitirá acesso à página própria de cada embaixada e consulado brasileiro, em que estarão disponíveis instruções relativas aos diferentes serviços prestados por cada uma das representações. Em pauta Jovens em situação de risco Devido à falta de investimento nos jovens, o Brasil poderá perder algo em torno de R$ 300 bilhões nos próximos 40 anos. Quem aponta tal diagnóstico é o Banco Mundial (Bird), que publicou, no dia 25 de junho, o relatório Jovens em situação de risco no Brasil. O cálculo representa o valor aproximado daquilo que a juventude teria condições de produzir, caso não parasse de estudar tão cedo e ingressasse efetivamente no mercado de trabalho. O objetivo do estudo, segundo a coordenadora Wendy Cunningham, é auxiliar a condução da parceria do Banco Mundial e do governo brasileiro para definir estratégias de investimento para os próximos anos. O relatório, produzido ao longo de quatro anos, aponta que jovens entre 15 e 24 anos de idade são responsáveis por 47% do desemprego nacional. Quando o assunto é violência, cerca de 40% das vítimas de homicídios registrados são homens com idade entre 15 a 24 anos. O estudo aponta também que quase 60% dos brasileiros entre 15 e 19 anos exercem trabalho sem remuneração ou carteira assinada. Comparativamente, um jovem brasileiro tem 3,7 vezes mais chances de estar desempregado do que um adulto. De acordo com o Banco Mundial, são jovens em situação de risco as pessoas que, por meio de alguns fatores em suas vidas, podem ser levadas a assumir comportamentos ou experimentar eventos danosos para si mesmas e para a vida em sociedade. Entre os comportamentos de risco estão a evasão escolar, ociosidade, violência, iniciação sexual precoce, o uso de drogas e as práticas sexuais arriscadas. O relatório considera como jovens pessoas entre 15 e 24 anos. 6 II Concurso Itamaraty para o Cinema Brasileiro O Ministério das Relações Exteriores, abriu inscrições para o II Concurso Itamaraty para o Cinema Brasileiro. A melhor produção de curta e longa-metragem será selecionada por uma Comissão Julgadora para exibição no IX Festival Internacional de Cinema (FIC) de Brasília, que acontecerá de 31 de agosto a 11 de setembro. Os prêmios são de R$ 10 mil para o melhor curta-metragem e R$ 25 mil para o melhor longa. O prazo de inscrição vencerá no dia 10 de agosto. De acordo com o edital, o concurso visa a incentivar a produção cinematográfica nacional e aumentar sua divulgação no exterior. Os candidatos poderão inscrever filmes produzidos entre 2006 e 2007 e que ainda não foram lançados no circuito comercial de Brasília. São filmes curta-metragem aqueles que têm até 20 minutos de duração; os de longa têm 70 minutos ou mais. Os critérios estabelecidos para julgamento dos filmes são: direção, argumento, roteiro e fotografia. Serão aceitos apenas filmes inéditos, falados em português, produzidos no Brasil, realizados com recursos nacionais (em parte ou totalmente) e dirigidos por diretores brasileiros. Em 11 de setembro, dia do encerramento do IX FIC Brasília, o Ministro das Relações Exteriores entregará os prêmios aos vencedores. A ficha de inscrição para o concurso está disponível nos sites e O candidato que desejar informações adicionais poderá ligar para o número (61) ou enviar um fax para (61) (fonte: MRE)

7 15 anos da Eco-92 Em 14 de junho de 1992, há 15 anos, encerrava-se a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como Eco-92 ou Rio-92. Deputados da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara Federal, reunindo-se com entidades socioambientais, sentaramse em 14 de junho último para fazer um balanço dos avanços conquistados e dos desafios que precisam ser superados nas questões ambientais. João Pacheco, embaixador da União Européia no Brasil, ressaltou a importância da preservação do meio ambiente, que se tornou uma preocupação geral depois da realização da conferência. Nem o Brasil, nem a Europa podem resolver esse problema sozinhos, explicou. Esse problema só pode ser resolvido com uma ação de todos, começando por aqueles que têm maior responsabilidade. Celso Lafer, ministro das Relações Exteriores durante o governo FHC, relembrou os 15 anos da conferência no artigo Lições da Rio-92, publicado no jornal O Estado de S. Paulo do dia 17 de junho. Àquela época, Lafer atuou como vice-presidente do evento. A Rio-92 inaugurou o ciclo das importantes conferências sobre temas globais patrocinadas pela ONU na esperançosa década de 90, escreveu. O mais notório foi a antecipação da ameaça do aquecimento global. Este teve na Rio-92 o seu enquadramento inicial, com a assinatura da Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima, que tratou da estabilização do lançamento de CO 2 na atmosfera. A Eco-92 foi a primeira grande conferência diplomática do pós-guerra Fria e reuniu 187 Estados, 16 agências especializadas da ONU, 35 organizações intergovernamentais e contou também com a participação de organizações nãogovernamentais. (fontes: OESP, 17/06/ 2007 e Agência Brasil) Na Comissão de Meio Ambiente da Câmara, (E/D) João Paulo Capobianco, do Ministério do Meio Ambiente, o deputado Nilson Pinto, o professor da UnB Donald Sawyer, e o embaixador da União Européia, João Pacheco. Fotos: Agência Brasil Em pauta Reunião do Conselho do Mercado Comum A 33ª Reunião do Conselho do Mercado Comum (CMC) aconteceu entre os dias 28 e 29 de junho em Assunção, capital paraguaia. O encontro de chefes de Estado, ministros das Relações Exteriores e da Economia dos países membros do Mercosul começou com um balanço da atuação do Paraguai, que exerceu a presidência do bloco nos últimos seis meses. Também esteve na pauta de discussão as assimetrias entre os países do Mercosul, o Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem) e a criação do Banco do Sul. Falou-se da expectativa do Mercosul quanto à Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), que encontrou novo obstáculo depois que o G-4 (Brasil, Índia, EUA e UE) se desfez na reunião de Postdam (Alemanha). Os ministros debateram novas ações para o Focem, criado com a finalidade de reduzir as assimetrias do bloco e financiar projetos de infra-estrutura no Paraguai e no Uruguai, os menores países membros do Mercosul. Brasil e Argentina são os que mais repassam recursos para o fundo. Foi discutida também a proposta de criação do Banco do Sul, defendida por Hugo Chávez. O governo brasileiro ainda guarda ressalvas quanto à proposta. Ao final da reunião, no dia 29, os paraguaios passaram a presidência temporária do bloco para o Uruguai. Colabore com o Dossiê Diplomático! Envie suas sugestões de pauta, dúvidas e comentários para contato@escolasuperiordiplomatica.com.br Envie seu artigo para a próxima edição! As regras para publicação estão disponíveis por fax, ou telefone. Presidente Luiz Inácio Lula da Silva posa para foto oficial com demais presidentes dos países que integram o Mercosul 7

8 Em pauta Reunião do G-4 e a Rodada Doha Bolívia não vai atrasar usinas do Rio Madeira, afirma Itamaraty O G-4 (Brasil, Índia, EUA e UE) se reuniu entre os dias 18 a 21 de junho na cidade alemã de Potsdam. No encontro, Brasil e Índia suspenderam as conversas com os Estados Unidos e a União Européia, depois de se mostrarem insatisfeitos com as ofertas norteamericanas e européias. O grupo vinha liderando as negociações para estabelecer acordo entre países sobre a redução dos subsídios agrícolas e também para conciliar as posições entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. A razão do fracasso do G-4, segundo a representante do Comércio dos EUA, Susan Schwab, decorreu das posições adotadas por Brasil e Índia. Quando as conversas chegaram a um impasse, estava claro que os Estados Unidos e União Européia estavam preparados para fazer significativas concessões, significativas contribuições à rodada, e que havia falta de flexibilidade, rigidez, na verdade, dos avançados países em desenvolvimento que estavam presentes, afirmou em coletiva à imprensa no dia 21. Enquanto na Europa estamos preparados para pagar muito e mais que outros não podemos fazer isso sem nada em troca. Nas discussões sobre NAMA [bens não agrícolas] apareceu que não seremos capazes de alcançar mudanças substantivas nas tarifas dos países emergentes em troca do que estamos pagando na rodada, declarou Peter Mandelson, comissário europeu de Comércio. Apesar de reconhecer o desfacelamento do G-4, Celso Amorim acredita na continuidade das negociações no âmbito Doha. O Brasil é um país multilateralista e esperamos que o Pascal Lamy e os diversos membros possam encontrar um caminho. Não será fácil. Seria muito mais fácil se tivéssemos chegado a um acordo no G 4, mas foi impossível, o que podemos fazer?, declarou ao final da coletiva de imprensa. Favela da Rocinha, Rio de Janeiro Metade da população mundial viverá em cidades até 2008 O Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa) lançou no dia 27 de junho, em São Paulo, o relatório Situação da População Mundial 2007: desencadeando o potencial do crescimento urbano. Até o ano que vem, metade da população mundial atual cerca de 3,3 bilhões de pessoas viverá em áreas urbanas e, até 2030, esse número deverá chegar a quase cinco bilhões de pessoas, o que a equivalerá a cerca de 60% da população mundial. Segundo o estudo, a população urbana de África e Ásia será duplicada até 2030 e acrescentará mais de 1,7 bilhão de pessoas no mundo. Já nos países desenvolvidos, espera-se que o crescimento populacional urbano fique em torno de 870 milhões e 1,01 bilhão de pessoas. O relatório propõe que os formuladores de políticas públicas comecem a se preocupar imediatamente com o aumento da população pobre nas cidades. O crescimento urbano decorre, em cerca de 60% dos casos, do aumento vegetativo a diferença entre nascimentos e mortes, e não da migração. Em outras palavras, é como se as cidades estivessem crescendo de dentro para fora. Troncos junto a margem do Rio Madeira 8 Lamentamos e expressamos nossa contrariedade porque se procedeu a expedição da respectiva licença ambiental para a licitação destas duas hidrelétricas antes de se realizar análises dos impactos ambientais, sociais e econômicos, considerando os afluentes do Rio Madeira que se encontram em território boliviano. O excerto foi extraído da carta que o ministro das Relações Exteriores boliviano, David Choquehuanca, enviou ao Itamaraty no último dia 12, segundo a Agencia Boliviana de Información (ABI). O descontentamento do governo da Bolívia, no entanto, não vai afetar o andamento do projeto, por se tratar de questão de soberania nacional. A informação é do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, de acordo com a assessoria de imprensa do Itamaraty. Segundo o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, não há motivos para a Bolívia se preocupar, visto que os cuidados ambientais tomados para a realização da obra dentro do Brasil foram observados também para toda a região. A concessão de licença prévia para as usinas de Santo Antônio e Jirau foi anunciada na última segunda-feira pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O documento permite licitação para a construção das hidrelétricas e determina que o vencedor cumpra 33 exigências para a viabilidade ambiental da obra. As duas usinas somam megawatts de potência prevista metade de Itaipu. (fonte: Agência Brasil) Wilson Dias/ABr

9 Os laços da Índia com o Brasil datam de cinco séculos. O português Pedro Álvares Cabral é oficialmente reconhecido como o primeiro europeu a descobrir o Brasil em Cabral foi enviado à Índia pelo rei de Portugal logo após o retorno de Vasco da Gama de sua viagem pioneira. O navegador português reportou que teve o seu curso desviado no seu caminho para a Índia. O Brasil se tornou uma importante colônia portuguesa e uma escala na longa jornada para Goa. Esta conexão portuguesa levou à troca de vários bens agrícolas entre a Índia e o Brasil em seus dias de colônia. O gado indiano também foi exportado para a América Portuguesa. Isso explica por que a maior parte do gado brasileiro é de origem hindu. As relações diplomáticas entre Índia e Brasil foram estabelecidas em A Embaixada da Índia foi aberta no Rio de Janeiro em 3 de Maio daquele ano. Mudou-se para Brasília em 1º de Agosto de 1971 (a capital do Brasil foi transferida para Brasília em 1960). Hardeep Singh Puri é o atual embaixador no Brasil. Brasil e Índia são países de dimensões continentais, com diversidade social, forma democrática de governo, população multiétnica, e uma variada base populacional. Ambos possuem avançadas tecnologias. Brasil e Índia dividem pontos de vista similares em assuntos de interesse de países em desenvolvimento e têm cooperado nos mais variados fóruns multilaterais em questões como comércio internacional e desenvolvimento, meioambiente, reforma das Nações Unidas e expansão de seu Conselho de Segurança. Ambos são membros do G-15. O Brasil tem status de observador no Movimento dos Não Alinhados (MNA). O escopo de trabalho intergovernamental para a cooperação entre Índia e Brasil cobre as seguintes áreas comércio e economia, Países Índia ciência e tecnologia, agricultura, saúde e meio ambiente. Há também um Memorando de Entendimento (MOU) assinado para Consultas Anuais Bilaterais entre seus Ministérios de Relações Exteriores, assinado em Existe um enorme interesse no Brasil pela cultura indiana, religião, artes e filosofia. Um festival sobre a Índia foi realizado com muito sucesso durante a visita do Presidente K. R. Narayanan ao Brasil, em maio de Existem numerosas organizações ensinando yoga; elas convidam professores vindos da Índia para novos ensinamentos e aprendizado. ISKCON, Satya Sai Baba, Maharshi Mahesh Yogi, Bhakti Vedanta Foundation e outros gurus espirituais e organizações têm suas atuações no Brasil. A Universidade de Londrina tem um bom curso de especialização sobre a Índia em seu departamento de estudos afro-asiáticos. Mahatma Gandhi é altamente respeitado no país, e o governo tem se esforçado em ensinar a sua filosofia de não-violência à polícia, de modo a melhorar o seu desempenho. Uma estátua de Mahatma Gandhi está posicionada em uma grande praça do Rio de Janeiro que leva o seu nome. Nos anos recentes, as relações entre Brasil e Índia cresceram consideravelmente e a cooperação entre as duas Nações se estendeu a diversas áreas como Ciência e Tecnologia, Espaço e Farmacêuticos. O comércio bilateral entre a Índia e o Brasil durante 2005 alcançou a marca de US$ 2,34 bilhões. Espera-se um maior valor para os próximos anos. Este crescimento memorável nas relações Índia-Brasil começou após a visita de Fernando Henrique Cardoso à Índia, então Presidente da República Federativa do Brasil, como convidado de honra para as celebrações do Dia da República da Índia. O então Presidente da Índia, S. E. 9 o Narayanan retribuiu a visita ao Brasil em maio de Como resultado destas duas visitas, os países assinaram uma série de acordos de cooperação bilateral, criando uma infra-estrutura básica de cooperação entre ambos. No primeiro semestre de 2007 a Índia recebeu a visita do Ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, e do presidente Lula. Os dois países, junto com a África do Sul, criaram o IBAS, importante Fórum de Diálogo trilateral. A Índia, juntamente com os Estados Unidos, França, Alemanha, China e Japão, está entre os seis maiores parceiros comerciais brasileiros. Fonte: Embaixada da Índia em Brasília (com adaptações) Índia Capital Nova Delhi População 1.1 bilhão habitantes Área km2 PIB bilhões US$ (2006) do quais: 19% agricultura; 27,4% indústria; 15.9 manufaturas e 53.6% serviços. Crescimento do PIB em % Idiomas Oficiais: Hindi,e Inglês) Moeda: Rúpia indiana 1US$ = 45 Rupias Exportações - EUA, China, UAE. Importações China, EUA,, Bélgica Principais Parceiros Comerciais Exportações: Bilhões US$ Importações: Bilhões US$ Fonte: The Economist Country Profile Exportações e Importações de manufaturas. valor FOB em US$.

10 Cláudia de Arruda Campos Publicado em 1857, O Guarani trouxe a Alencar a justa fama entre seus contemporâneos e integra o conjunto dos seus melhores romances, aqueles que lhe conferem a posição significativa que ocupa na história da literatura brasileira. O romance pode ser lido em duas perspectivas não excludentes: ao contrário, relacionadas, complementares. Por um lado, destaca-se, como o faz Antonio Candido na Formação da Literatura Brasileira, seu caráter de romance heróico, que assim se aproxima tanto do romance histórico As Minas de Prata quanto de O Gaúcho e O Sertanejo, habitualmente classificados como regionalistas. São obras irmanadas pelo destaque do herói sem mácula, as quais brotam, diz o crítico, como respostas ao desejo ideal de heroísmo e pureza a que se apegava, a fim de poder acreditar em si mesma, uma sociedade mal ajustada, presa a lutas recentes de crescimento político. E para quem se ressinta da inteireza ideal, sem fissuras, desses heróis, responde Antonio Candido: Quem já achou necessário indagar a vida interior de Peri ou queixarse do primarismo do vaqueiro Arnaldo? É como estão que devem permanecer, puros e eternos, admiráveis bonecos da imaginação, realizando para nós o milagre da inviolável coerência, da suprema liberdade, que só se obtém no espírito e na arte. A essa leitura associase naturalmente aquela que acentua em O Guarani o traço nativista. Se o índio já tivera, na poesia de Gonçalves Dias, o desenho de uma Acontece Construindo um passado imagem ideal, em Alencar, levado à categoria de herói da narrativa, ele vaise imprimir fortemente na imaginação dos brasileiros e, somado a outros personagens de parelha nobreza, servirá à construção de todo um passado, de uma história heróica da formação da sociedade brasileira. O mundo onde vive o índio Peri é regido por valores praticamente feudais: o sangue, a terra, a honra, a lealdade, até mesmo a devoção religiosa de Peri pela loura Ceci aproximam-se daquele universo medieval em que os românticos plantavam as raízes das nacionalidades. E tratam de resgatar para um país de curta história lampejos de um passado lendário. Alencar projeta sua história para o nosso passado colonial (início do século XVII) e para longe das sociedades urbanas, de tal modo que pode isentá-la de contaminação das baixezas da cobiça e do mercantilismo. Peri é agregado de D. Antônio de Mariz, o fidalgo português que, desejando ser leal a seu país então submetido ao domínio espanhol, retirase para o sertão, para a floresta, e ali funda o seu solar onde viver de acordo com seus princípios de nobreza. Com ele vive a família (mulher, filhos, sobrinho) que lhe presta obediência por sua condição de patriarca. Abrigam-se ainda, nos limites da sesmaria, a espécie de exército informal que acompanhava os proprietários coloniais: aventureiros Divulgação destemidos que, se tinham parte de civilizados, também muito tinham da selvageria da terra. Sobre estes o fidalgo se constitui senhor de baraço e cutelo, ou seja, enfeixa todos os poderes de justiça em seus domínios; justiça que dificilmente terá que aplicar com rigor, tal a força de autoridade do íntegro fidalgo. Heróis do bem, Mariz e sua gente enfrentarão a vilania incrustada na cobiça do aventureiro espanhol Loredano e na maldade dos aimorés (Sim, também há índios maus). Com esse desenho, não apenas o silvícola sai exaltado, como antepassado glorioso da nação. Igualmente se idealiza a origem da sociedade patriarcal brasileira, cujos vícios, sobretudo o mandonismo, tiveram tantas conseqüências negativas para o desenvolvimento do país. Ideologia? Por certo. E exemplar de aspectos reacionários do Romantismo, que, de várias formas, reagiu à grosseria do mundo do dinheiro imposto pela sociedade burguesa e que tanto feria os espíritos sensíveis dos oitocentos. No caso brasileiro, porém, com outro endereço: a necessidade de afirmação de identidade para uma nação recente, de forjar-lhe um rosto pelo qual se reconhecesse diferente do colonizador e de construir no passado a utopia que o presente já não permite. Cláudia de Arruda Campos é doutora pela FFLCH-USP e leciona Literatura e Gramática na ESD 10

11 Artigos especiais A diplomacia do governo Lula: balanço e perspectivas Paulo Roberto de Almeida Cumprido o primeiro mandato, que balanço poderia ser feito da política externa do governo Lula? Uma primeira observação pode ser feita em relação à ideologia da política externa : para o PT, a política externa faz parte de um projeto nacional, do qual ela constitui uma alavanca fundamental do processo de desenvolvimento, que deve ser marcado pela integração soberana na economia internacional e pela mudança nas relações de força do mundo. Esta idéia está expressa em declarações do presidente e tem sido traduzida em conceitos como o reforço do multilateralismo em oposição ao que seria o unilateralismo da potência hegemônica ou a mudança na geografia comercial mundial, o que evidenciaria o desejo de uma união dos países em desenvolvimento para negociar, em melhores condições, uma alteração no padrão de trocas prevalecente. Dois princípios estão presentes na política externa: a presença soberana no mundo e a forte integração continental. Paradoxalmente, a busca de maior integração regional contrapõe-se, na prática, à preservação da soberania nacional, uma vez que aquela implica diminuição desta, dado que porções maiores da autonomia decisória interna têm necessariamente de ser transferidas para o plano da coordenação intergovernamental, em detrimento de escolhas puramente nacionais. Um balanço da política externa deve deixar de lado as declarações de intenção para avaliar seus resultados efetivos. Para essa finalidade, estes temas são relevantes: Conselho de Segurança da ONU; alianças com parceiros estratégicos; situação do Mercosul; relações com a Argentina; liderança do Brasil na América do Sul e bloco político regional; OMC e negociações comerciais multilaterais e regionais; relações com China, Rússia e o papel internacional do Brasil. 11 Conselho de Segurança da ONU (CSNU) Ministro Celso Amorim na Assembléia Geral da OEA (República Dominicana, 5 de junho de 2006): princípios d a presença soberana no mundo e da forte integração continental como diretrizes da política externa. A questão é difícil e em torno dela a diplomacia brasileira engajou recursos consideráveis, junto aos mais diferentes países. A boa recepção inicial do presidente Lula, por interlocutores do G-7, como líder de estatura mundial, reforçou a idéia de que a conquista da cadeira permanente seria factível, mesmo tendo em conta a oposição de vizinhos regionais (Argentina e México). A iniciativa se desenvolveu em diversas frentes, envolvendo, inclusive, o perdão de dívidas bilaterais e a constituição de um grupo, Juan Manuel Herrera OAS-OEA o G-4 (Alemanha, Brasil, Índia e Japão). Mas ela foi obstaculizada pela má vontade de alguns integrantes do atual Conselho China e EUA e por divergências de âmbito regional, entre elas a posição da União Africana. Alianças com parceiros estratégicos (Argentina, China, Índia, África do Sul) Acredita-se que países como Brasil, Argentina, China, África do Sul e Índia não só partilham valores e objetivos comuns, como ostentam características similares a ponto de justificar a cooperação. O G-3 (África do Sul e Índia) foi apresentado como uma demonstração da criatividade e da capacidade de iniciativa da diplomacia brasileira no sentido de buscar uma coordenação política em temas da agenda multilateral, bem como com vista a intensificar a cooperação trilateral em campos de interesse conjunto. A Argentina deveria ser o parceiro na construção de um sistema sul-americano de integração, a partir do reforço do Mercosul. A China, por sua vez, parecia ser o parceiro por excelência na reformulação das relações econômicas internacionais, no sentido da afirmação

12 Artigos especiais do multilateralismo e da diminuição do unilateralismo imperial. Na prática, a despeito de alguns resultados concretos na ampliação da cooperação, poucos sucessos efetivos puderam ser registrados a partir dessas alianças. Reforço do Mercosul e ampliação das oportunidades econômicas na região Os investimentos na reestruturação, no reforço institucional e na ampliação do Mercosul foram consideráveis, inclusive no sentido de aceitar restrições ao comércio bilateral que a Argentina conseguiu impor ao Brasil. Ainda assim, o Mercosul não se encontra em melhor situação do que antes e iniciativas apresentadas como avanços podem, na verdade, travar o itinerário do bloco no caminho da unificação econômica. No campo da ampliação do Mercosul, era claro que o Chile não pretendia nem poderia, por diferenças tarifárias ingressar no bloco e o seu acordo de livre-comércio com os EUA foi mal recebido. O ingresso pleno da Venezuela, decidido politicamente, foi apresentado como um reforço do seu componente energético, mas teme-se que a contrapartida seja a incorporação de uma agenda política que não se coaduna com os interesses diplomáticos de outros membros. Relações com a Argentina Ricardo Stuckert/Agência Brasil Presidente homenageia Mahatma Ganhi em Nova Déli: [Lula] também sucumbiu à Diplomacia presidencial Relação sempre sensível, mas relevante, a interação com a Argentina sofreu, a despeito da boa-vontade, deterioração, em grande medida determinada pela situação econômica do país nos dois primeiros anos da administração Kirchner. Cautelosas, por medo de contaminação nos mercados financeiros, em relação à queda de braço com os credores privados e com o FMI, as autoridades econômicas brasileiras foram mais realistas na condução da agenda bilateral do que os diplomatas, dispostos a praticar a diplomacia da generosidade, ou seja, leniência com as restrições unilaterais e predisposição para acomodar perdas nas exportações, para garantir boas relações no longo prazo. A difícil aceitação, pelo Brasil, de um sistema automático de salvaguardas comerciais bilaterais, em clara contradição com o espírito e a letra dos compromissos firmados no âmbito do Mercosul, também contribuiu para certa tensão nas relações entre os dois grandes sócios do bloco, que por outro lado sofreu os efeitos de insatisfações manifestadas pelos dois sócios menores (como o conflito das papeleiras entre a Argentina e o Uruguai). Liderança do Brasil na América do Sul e formação de bloco político regional A nova liderança acreditou que estava na hora de o Brasil assumir uma postura mais afirmativa, inclusive no sentido de unificar as posições dos países da região em foros comerciais Alca, Rodada Doha para obter melhores condições de barganha. Tratava-se de superar a fase técnica dos projetos de integração física para inaugurar o projeto prioritário: a criação da Casa, ou Comunidade Sul-Americana de Nações, que deveria administrar, politicamente, uma rede de acordos comerciais e novos projetos de integração física. A liderança brasileira enfrentou resistências, inclusive por falta de meios para o seu exercício. A recusa da Alca não encontrou consenso no Mercosul, já que alguns membros esperam conseguir acordos de acesso ao mercado dos EUA em bases bilaterais, num padrão que não difere muito das condições oferecidas na Alca. Brasil e EUA compartilham responsabilidades pelo bloqueio da Alca, ambos por dificuldades ligadas a setores temerosos de uma abertura a concorrentes competitivos no outro país: ela foi implodida na cúpula hemisférica de Mar del Plata, em novembro de Esse movimento, no entanto, reforçou a caminhada de vários países em direção de acordos bilaterais com os EUA, retirando mercados do Brasil, direta ou indiretamente. OMC, Rodada Doha e negociações comerciais multilaterais e regionais A ação da diplomacia visou garantir espaços para políticas setoriais nacionais, não limitadas por regras mais intrusivas do que as existentes para investimentos, propriedade intelectual ou serviços. A formação do G-20, na reunião de Cancún (setembro de 2003) da OMC, e sua atuação em reuniões posteriores da Rodada Doha, foram apresentadas como um sucesso nas negociações agrícolas. O problema é que ele pode tornar as posições do Brasil tão defensivas quanto são as da China e da Índia, em matéria de subsídios e protecionismo setoriais, e restritivos na indústria e nos serviços. Nas negociações entre Mercosul e União Européia, pensava-se que um acordo limitado poderia trazer vantagens e (cont.) 12

13 Artigos especiais (cont.) que a UE, por ter preocupações sociais e políticas de correção de assimetrias regionais, seria mais generosa do que uma Alca imperial. Na verdade, os europeus se mostraram mais protecionistas do que os EUA em matéria de agricultura, ainda que menos ambiciosos em outras vertentes, além de que, uma vez a Alca emperrada, diminuíram os incentivos para se alcançar um acordo. Relações com China, Rússia e presença política mundial A China foi designada como parceiro estratégico preventivamente e de forma unilateral. Apostas foram feitas sobre compras ampliadas, cooperação tecnológica e na atração de investimentos chineses em infra-estrutura. Considerou-se, inclusive, que a China atuaria no sentido de mudar as relações de força no mundo e de diminuir o grau de hegemonismo do cenário internacional. Por um momento também se considerou a hipótese de um acordo comercial entre o Mercosul e a China, depois colocada de lado. Da mesma forma, mas com objetivos mais políticos do que econômicos, houve uma aproximação estratégica com a Rússia, com a intenção reduzir os espaços abertos ao arbítrio unilateralista. A conferência entre países árabes e da América do Sul foi organizada visando objetivos econômico-comerciais e com a finalidade de realçar a presença política do Brasil. Viagens presidenciais à África responderam ao desejo de reforçar os elementos afrobrasileiros na arena diplomática, além da busca de novos mercados e de apoios para o pleito ao CSNU. O Brasil tornou-se um interlocutor em vários foros, como o G-8 ou o Fórum Econômico Mundial, de Davos, ainda que essa agenda não conte com apoio em setores da sustentação política do governo. Ocorreu, por outro lado, maior interferência de ONGs identificadas com posições alternativas em matéria de meio ambiente ou de negociações agrícolas na formulação de posições do Brasil, bem como em relação aos temas da globalização e ao temário do Fórum Social Mundial. O presidente Lula afirmou que o Brasil não pediria licença a ninguém para ocupar seu lugar no mundo, confirmando a vocação participativa da nova diplomacia. Ela foi traduzida em iniciativas nas quais se explicitou uma posição em favor de maior democracia nas relações internacionais e de mudança no tratamento dos países pobres. Um exemplo dessa atitude foi a iniciativa mundial contra a fome e a pobreza. Como dito pelo chanceler Amorim, o Brasil escolheu não ser indiferente à sorte de países ainda mais pobres. Não faltaram críticas às orientações da diplomacia, geralmente por parte da grande imprensa, enfatizando um suposto caráter ideológico ou terceiro-mundista da política externa, o que foi rebatido por seus executores. Os meios empresariais alertaram para o isolamento econômico e a perda de espaços na região, em vista da ausência de acordos comerciais. Decepções com atitudes de parceiros estratégicos e preocupações com o equilíbrio militar na região, além de problemas com vizinhos, podem determinar mudanças de ênfase na diplomacia. O presidente Lula demonstra estar satisfeito com os rumos, as orientações e, sobretudo, com as realizações de sua política externa, que ele vê como a mais adequada para a afirmação soberana do Brasil no mundo. Depois de criticar o antecessor pelo excesso de viagens, ele também sucumbiu à diplomacia presidencial : a agenda de viagens ao exterior, bem como as visitas de alto nível recebidas em Brasília, jamais foram tão intensas, em qualquer época da diplomacia brasileira. Pela primeira vez nos registros históricos, o Brasil encontra-se adimplente em suas contribuições para a maior parte dos organismos internacionais, o que demonstra o alto apreço do presidente pelo trabalho do Itamaraty e, obviamente, um cálculo político novamente vinculado à candidatura do Brasil a uma cadeira permanente no CSNU. A atual política externa goza de amplo apoio nos meios acadêmicos e nos setores de esquerda, sendo vista, em contrapartida, com reservas nos meios empresariais e nos grandes veículos de comunicações. Temas diplomáticos nunca estiveram tão presentes nos debates. A diplomacia parece, paradoxalmente, ter deixado de gozar o consenso favorável de que desfrutava em épocas anteriores, passando agora a contar com adesões indiscutidas, entre os aliados naturais, e oposições também declaradas por parte dos setores já apontados, que a acusam de ser uma diplomacia partidária. Trata-se de um elemento novo no cenário político brasileiro e nos anais da própria diplomacia, uma realidade inédita que talvez se prolongue nos embates políticos dos próximos anos. pralmeida.org Paulo Roberto de Almeida é Embaixador, Doutor em Ciências Sociais e professor orientador do Mestrado em Diplomacia do Instituto Rio Branco. O autor escreve regularmente em seu website 13

14 Artigos especiais Félix Alfredo Larrañaga Reflexões sobre a política externa argentina Entre os anos 1880 e 1916, a Argentina se caracterizou por comportamentos que vieram a constituir o que Puig e Ferrari 1 denominaram de constantes na sua política exterior. Segundo o primeiro destes autores, houve quatro tendências identificadas como a) o alinhamento com a Inglaterra; b) o enfrentamento ou oposição aos Estados Unidos; c) o isolamento em relação aos outros países da América Latina e d) a sua debilidade na política territorial. Já para Ferrari, as constantes que caracterizaram por décadas os diagnósticos e as decisões no campo diplomático argentino foram: a) o pacifismo; b) o isolamento; c) o moralismo; d) a evasão por meio do direito; e) o europeísmo e e) as perdas territoriais. Esse comportamento tem levado a qualificar a conduta diplomática argentina, com freqüência, como incoerente e errática, especialmente quando comparada com as políticas externas de Brasil e Chile, consideradas bem sucedidas. Na maior parte do Valter Campanato/ABr tempo, o debate estava orientando a discussão do paradigma da política exterior independente, em contraposição ao alinhamento com a potência hegemônica, dentro de um contexto marcado por tensões próprias do cenário internacional, do processo de desenvolvimento econômico do país e dos interesses das elites locais para manter um status quo que lhe resultava favorável. Assim, uma trajetória inconsistente, variável e errática teria sido a principal característica da política externa Argentina, que apresentou momentos de alinhamento com EUA, outros de isolamento e neutralidade, de confronto filosófico como no caso da Terceira Posição, de confronto efetivo como no caso da rejeição do embargo de cereais a URSS até momentos em que a relação com a potência do Norte foi definida pelo Ministro Di Tella, no governo de Menem como de relações carnais. Embora pouco feliz e pouco diplomática, esta última expressão indicava a plenitude da aplicação da doutrina do realismo periférico 2, com a que se descreve a política aplicada no período 1989 a Em um esforço para separar as diferentes linhas de comportamento, que resultaram em diferentes formas de inserção internacional do país, poder-se-ia agrupar, numa primeira tentativa, os governos argentinos em governos constitucionais e governos de fato, já que estes dois grandes grupos tiveram duas linhas de ação diferentes. Assim, deve-se identificar: 1. Os governos de Perón, Frondizi, Illia e Alfonsín se inclinaram em favor de uma diplomacia suportada por critérios de autonomia, ou seja, aqueles que procuram maximizar o poder e a disposição a decidir em forma autônoma. 2. A política exterior independente incluía o princípio de não-intervenção, a igualdade jurídica dos Estados, a preocupação pela paz, a proliferação de armamentos e a distensão, o receio das alianças militares e a valorização da ONU. Este grupo de governos constitucionais foi forçado a moderar sua vocação independentista. 3. Os governos militares como os da Revolução libertadora, da Revolução Argentina e do Processo de Reorganização Nacional, por seu suporte socioeconômico e sua adesão ao ocidentalismo da Guerra Fria, procuravam o alinhamento com EUA, reconhecendo e seguindo sua liderança anticomunista. Eles respondiam de alguma forma ao modelo O presidente Néstor Kirchner, e a esposa, Cristina, recebem o conservador que desejava a presidente Luiz Inácio Lula da Silva na residência oficial de Olivos volta da Argentina anterior a Estes governos de força tiveram que moderar sua inclinação pelo alinhamento, em função dos reclamos da sociedade. 4. Menem, livremente eleito pelo partido peronista, pode ser identificado com o chamado realismo periférico e com um alinhamento auto-imposto. Alguns autores o apontaram como representante do neoliberalismo por ter sido quem abriu a economia e flexibilizou-a, desregulamentando e privatizando. 5. O período De La Rua e de outros vários presidentes até a assunção de Néstor Kirchner em 2003 correspondeu à crise econômica e financeira que acabou com o programa da conversibilidade e com a declaração de não pagamento da dívida (cont.) 14

15 externa. Não aparece nesse período uma linha definida de política externa. 6. Coube a Néstor Kirchner equacionar a questão da dívida externa e conduzir sua negociação até o completar o chamado Plano de Troca, durante o ano Apareceu com ele, uma linha de ação pragmática e nacionalista. Pode-se resumir a conduta externa do país na década de 1990 como de uma profunda transformação na visão e na prática da sua inserção internacional, para conformar um país confiável. Porém, Menem praticou uma política externa que respondeu ao chamado realismo periférico 3 já mencionado, aceitando os padrões impostos pelo mundo livre e, segundo alguns autores, os padrões do Consenso de Washington. A Política Exterior de Néstor Kirchner A situação encontrada por NK, de dependência e crise forçou o novo presidente a tentar soluções de curto prazo para recuperar a governabilidade e poder, posteriormente, partir para a recuperação nacional. Ao longo dos três anos da sua gestão, Néstor Kirchner optou por criticar a política exterior unilateral dos EUA, seu foco na luta contra o terrorismo e na sua insistência sobre a aplicação dos padrões do Consenso de Washington e na necessidade de apoiar o ALCA. Paralelamente, nas questões de segurança nacional, foram evitadas todas as possibilidades de conflito, como no caso da produção e entrega de urânio enriquecido, na questão da presença militar norteamericana no Paraguai (coisa que o Brasil fez) e o ingresso de tropas norte-americanas no país com motivo da Ricardo Stuckert/Agência Brasil O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversa com seu colega argentino Néstor Kirchner antes de início de Reunião de Cúpula do Mercosul em Assunção, 28 e 29 de junho. Cúpula de Mar del Plata, sem autorização do Congresso Nacional 4. Na economia, NK manteve o discurso de confronto com o FMI, a quem acusou de ser o responsável da crise argentina, postergando a possibilidade de acordo, rejeitando suas recomendações. Porém, o país pagou pontualmente suas obrigações com esse organismo internacional. Na política regional, NK tratou de manter certo equilíbrio entre as posições de Brasil e a Venezuela, evitando compartilhar a ortodoxia econômica do governo Lula e atitudes como a participação no Foro de Davos de um lado e, sem acompanhar Hugo Chávez nas suas provocações aos EUA e na sua aliança política com Fidel Castro do outro. Porém, durante e após a IV Cúpulas das Américas realizada em Mar del Plata, NK se 15 Artigos especiais aproximou mais de Chávez do que do Lula. Essa atitude parece responder mais a necessidade de resolver questões de financiamento externo e a importância do problema energético que se estaria avizinhando naquele país, afastando-o da posição de equilíbrio anterior. As características anteriores configuram um comportamento claro de não-alinhamento com os EUA. Na questão da ALCA, embora simpatizando com a posição do Brasil, esse projeto continua vivo na Argentina de NK. Deve-se lembrar que o mercado dos 34 países que configurariam esse agrupamento regional absorve mais de 50% das exportações argentinas e lhe fornece mais de 60% das suas importações 5. A conveniência de ampliar as vendas e as compras com os benefícios decorrentes da abertura desse enorme mercado fala mais alto que a posição liderada por Lula e Chávez. Ao mesmo tempo, o pragmatismo da gestão NK deve estimular a retomada desse projeto. Não parece existir muito interesse nos projetos da CSN 6 e da ALBA 7. No caso da CSN, Kirchner não participou da III Cúpula realizada na cidade de Cuzco. No caso da ALBA, apenas Venezuela, Cuba e Bolívia têm mostrado interesse em avançar. Desde o ponto de vista da política comercial, ainda quando as exportações argentinas tenham aumentado significativamente, chegando aos 40 bilhões de US$ no ano 2005, resulta patente que a visão argentina do mundo o afasta do eventual papel de global trader. Conclusões A República Argentina tem se caracterizado por uma política exterior errática, incoerente, descontínua, ambígua e contraditória, com tendência a um protagonismo excessivo como o demonstram certos fatos relevantes do século XX. O pêndulo, instrumento que melhor representa esse comportamento, oscilou entre as seguintes posições: * A condição de potência emergente (modelo agroexportador bem-sucedido ). * O isolamento e a neutralidade durante a 2ª Guerra Mundial ( ). * A Terceira Posição de Juan Perón ( e ). * A defesa última do Ocidente frente ao comunismo ateu (cont.)

16 Artigos especiais (cont.) ( ). * A Guerra de Malvinas (1982). * A condição de potência moral declarada pelo Presidente Alfonsin ( ). * O melhor aluno do FMI e do BM (governo Menem, ). * A condição de aliado extra-otan (governo Menem, ). * A condição de vítima das políticas do FMI e do BM (posterior ao desmoronamento do Plano de Conversibilidade, Menem, Cavallo, ). * Permanente atitude de confronto de NK ( ). NOTAS DE RODAPÉ 1 PARADISO, José, El Poder de la Norma y la Política del poder, , IN: JALABE, Silvia Ruth, La Política Exterior Argentina y sus Protagonistas, , p.15 2 Realismo Periférico: teoria de política externa nascida desde a perspectiva especial dos estados da periferia latino-americana, apresentada nos trabalhos de Carlos Escude. Essa interpretação das relações internacionais entende que o sistema internacional dispõe de uma incipiente estrutura hierárquica baseada nas diferenças percebidas entre os estados. Nessa visão, alguns estados dão as ordens, outros obedecem e outros se rebelam. A abordagem periférica introduz uma maneira diferente de entender o sistema internacional, ou seja, desde o ponto de vista daqueles estados que não impõem as regras do jogo e que sofrem os custos elevados quando as confrontam. Assim, as políticas exteriores dos estados periféricos estão tipicamente enquadradas e implementadas de tal maneira que o interesse nacional é definido em termos de desenvolvimento, o confronto com as grandes potências é evitado e a autonomia não é entendida como liberdade de ação, mas em termos dos custos de usar essa liberdade. (tradução do autor). 3 CERVO & BUENO o designaram como Paradigma do Estado Normal. 4 FRAGA, Rosendo, Cambia la política exterior argentina?, Buenos Aires, Nueva Mayoria, 21 de novembro de textos.asp?id_texto=2624&id_seccion=3 6 Comunidade Sul-americana de Nações (CSN): é uma comunidade política e econômica formada por 12 países sul-americanos, constituída no dia 08 de dezembro de 2004, na cidade de Cuzco, no Peru, durante a III Cúpula Sul-americana. 7 Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas): é um modelo de integração para os povos da América Latina e Caribe alternativo à Área de Livre Comércio das Américas (Alca). A Alba foi lançada em 2004 pelo presidente venezuelano Hugo Chávez e pelo presidente cubano Fidel Castro. Atualmente, o Alba é composta pela Venezuela, Cuba e Bolívia. Félix Larrañaga é argentino, doutor em Ciências Sociais, professor da ESD e leciona a disciplina de Política Internacional na Universidade de Ribeirão Preto. Doha - carpideiras versus consistência Marcos Sawaya Jank Toda vez que as negociações comerciais ameaçam dar um pequeno passo adiante, as carpideiras de plantão já desfiam argumentos de forte conteúdo emocional, porém sem nenhuma consistência empírica. Tal é o caso do atual momento das negociações multilaterais de Doha, no qual se busca evitar um final melancólico para a rodada, que teria conseqüências nefastas para a própria sobrevivência da Organização Mundial do Comércio (OMC). O que está em jogo nestas negociações é uma abertura recíproca e equilibrada dos setores agrícola, industrial e de serviços no mundo. Dentro da ótica mercantilista que domina estas negociações, o Brasil é ofensivo no primeiro assunto e defensivo nos demais. As carpideiras defendem a tese de que proteção é fundamental para assegurar a competitividade da indústria e que o Brasil não deveria trocar o seu brilhante futuro em indústria e serviços pelo passado agrícola. Afirmam ainda que a pauta exportadora brasileira seria dominada por commodities pouco dinâmicas e retrógradas, marca típica do padrão de dependência de países pobres da periferia pelas economias centrais, que uma maior abertura levaria a uma desindustrialização acelerada e outros argumentos que não resistem a dez minutos de conversa séria. Primeiro, a definição de agricultura da OMC compreende tudo o que costumamos chamar de agronegócio. Cálculos do CEPEA-USP mostram claramente o enorme efeito multiplicador da matriz insumo-produto do agronegócio. O setor agropecuário estrito senso responde por 30% do agronegócio, sendo os demais 70% compostos por indústrias de máquinas e insumos agrícolas, alimentos e bebidas, fibras, agroenergia e serviços correlatos. Estudo recente do IPEA mostra que o crescimento da agricultura vem ocorrendo graças a elevados aumentos da produtividade total dos fatores (3,9% ao ano nesta década, quase o triplo do valor obtido pelos EUA), destacando-se a crescente expansão no uso de insumos industriais modernos pelo setor. Vale também lembrar que o Brasil é o terceiro exportador mundial no agronegócio. Os nossos maiores concorrentes são países ricos - União Européia, EUA, Canadá e Austrália. As exportações do setor cresceram 19% ao ano desde 2000, puxadas pela crescente demanda asiática. Onde está o baixo dinamismo e o padrão de dependência da periferia? Além disso, de trinta anos para cá houve expressiva diversificação e agregação de valor na pauta exportadora, ainda que insuficiente ante o potencial do País. 16

17 Artigos especiais (cont.) Segundo, não são só as indústrias mais competitivas e os consumidores finais que ganham com a abertura comercial, mas também todos os setores que se beneficiariam de importações mais baratas de bens intermediários. Por exemplo, a abertura do setor de bens de capital (máquinas, equipamentos) certamente tornaria mais competitiva nossa indústria de bens de consumo final. Importar mais é fundamental para exportar mais. Não há um único exemplo de país que se tenha desenvolvido como grande potência fechando sua economia. A abertura comercial está na base do desenvolvimento dos países desenvolvidos no século XX e dos países emergentes a partir de Felizmente, argumentos puramente emocionais hoje têm vida curta, porque há um grupo cada vez mais consistente de jovens analistas de política comercial que domina os fundamentos econômicos e jurídicos da matéria. Na área de serviços, vale destacar os esforços que vêem sendo liderados por Mario Marconini, na Fecomércio, e por Ricardo Sennes, na Consultoria Prospectiva. Na área de bens industriais, além dos técnicos da Coalizão Empresarial Brasileira - Soraya Rosar, Pedro da Motta Veiga, Sandra Rios, Lucia Maduro -, vale destacar os trabalhos do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp (Derex), sob a liderança de Roberto Giannetti da Fonseca, Carlos Cavalcanti e Diego Bonomo. A Fiesp recebeu Pascal Lamy e cada um dos ministros mais importantes de Doha em longas e difíceis conversas, preparou uma centena de simulações e assinou declarações importantes com entidades empresariais de vários países defendendo uma rodada mais ambiciosa. Na próxima semana, a entidade receberá uma delegação de 12 líderes da National Association of Manufacturers dos EUA para discutir avanços nas negociações industriais da OMC, incluindo a realização de um exercício sobre acordos setoriais que promoveriam uma abertura mais acelerada dos segmentos mais competitivos da indústria e a identificação de oportunidades bilaterais de comércio e investimento. É verdade que há setores da CNI e da Fiesp que sempre lutarão freneticamente contra qualquer abertura econômica. Porém, a Fiesp também é formada por mais de 30 sindicatos com interesses ofensivos: agronegócio, minerais, madeiras, metais, gemas, jóias e outros. Recentemente, o Derex Ricardo Stuckert/Agência Brasil identificou cerca de 450 linhas tarifárias industriais nas quais a indústria teria claros interesses de abertura comercial no exterior. Particularmente, acho que o Brasil ainda não entendeu corretamente a dinâmica do processo de globalização que está em andamento no mundo. Precisamos abandonar a velha visão autárquica de defesa da auto-suficiência a qualquer preço, que acha as exportações benéficas e as importações maléficas. Com base na análise do grau de abertura (e não na simplista comparação da tarifa nominal), a Funcex e o Ipea divulgaram estudos que mostram que a economia brasileira ainda se situa entre as mais fechadas do mundo e que o Brasil deveria integrarse mais, reduzindo tarifas de importação, melhorando a infraestrutura para as exportações e implementando reformas nas políticas públicas que garantam a tão desejada isonomia competitiva em relação aos nossos concorrentes. Neste contexto, a melhor maneira de obter ganhos líquidos de comércio seria por meio de um acordo multilateral que promova uma abertura ampla e recíproca na OMC, e da urgente retomada das negociações regionais e bilaterais, que precisam de mais ação e menos falação. Davos (Suíça), 26 de janeiro de O presidente Lula fez um apelo aos empresários do mundo todo para que convençam os seus governantes a retomar as negociações da Organização Mundial de Comércio (OMC) sobre a rodada de Doha. [Nota do editor: artigo elaborado antes da última Reunião do G-4, em Postdam (Alemanha)] Artigo publicado no Estado de S. Paulo do dia 4 de Abril, gentilmente cedido pelo autor ao Dossiê Diplomático. Marcos Sawaya Jank, ex-presidente do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (ICONE ). Atualmente preside a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica). 17

18 Artigos especiais Some context for the EU s current negotiations with Latin American regions Sheila Page The EU signed its first two FTAs with individual countries in 1999, first with South Africa and then with Mexico, with both ratified in early It went on to sign an agreement with Chile. It has been in negotiations with Mercosur since 1999 and with the ACP countries since The EU has had trading arrangements with the North African countries for some years, which have gradually evolved into partial FTAs. There is a proposal, the Barcelona declaration of 1995, for an EU-Mediterranean FTA by 2010, but this is making slow progress. It is negotiating with the Gulf Cooperation Council. It has now initiated negotiations with Central America, the Andean Community, ASEAN, South Korea, and India. Each negotiation with the EU is difficult and different Although the EU has long had the reputation of being the major trader most interested in signing special trading arrangements, most negotiations that have started have not ended in success (at least, not yet), and those that have been completed have taken much longer than was originally expected. And each has been different from those that have gone before. What is included and how each issue is treated vary more than in US FTAs. One difference is that others have gone before. The greater the degree of integration reached by any group, the less able it is to be flexible with new associates. It will have reached agreement among its own members on how it will operate, and it is unlikely to alter this greatly to accommodate a new associate, with which it has less commitment. And the more agreements it has signed, or is negotiating, the less flexible it can be. It will have established some precedents, and be trying to establish others. The EU will be thinking of its negotiations with Mercosur, the Andean Community, and Central America in terms of what it agreed in the other agreements, and how it negotiated them, and it is therefore useful for the Latin American countries to try to familiarise themselves with its general policies and with past experience. EU policy on negotiations That the EU has signed several agreements and tried to negotiate many more might suggest that it has had a clear policy on what it is trying to achieve and what it is willing to agree. Until recently there was no formal policy statement on this, although it was possible to identify some patterns. It was clear that the EU had different objectives in different negotiations. For example, in the cases of Mexico and Chile, it was catching up : signing with countries that already had an agreement with, or were already negotiating with, the US. For South Africa, it was using a trade agreement as an equivalent of developmentbased preferences. In Eastern Europe, it was preparing countries for membership in the EU. Then, in October 2006 (EC 2006) there was a major declaration on the policy on FTA negotiations, classifying them into three types: neighbourhood relations, developmental, and serving trade interests. The official communication1 (pp ) noted that FTAs are by no means new for Europe. For example, they play an important role in the European neighbourhood by reinforcing economic and regulatory ties with the EU. They are part of our negotiations for Economic Partnership Agreements with the African Caribbean and Pacific Countries and of future association agreements with Central America and the Andean Community. But while our current bilateral agreements support our neighbourhood and development objectives well, our main trade interests, including in Asia are less well served. We should continue to factor other issues and the wider role of trade policy in EU external relations into bilateral trade developments. But in order for trade policy to help create jobs and drive growth, economic factors must play a primary role in the choice of future FTAs. The key economic criteria for new FTA partners should be market potential (economic size and growth) and the level of protection against EU export interests (tariffs and non-tariff barriers). We should also take account of our potential partners negotiations with EU competitors, the likely impact of this on EU markets and economies, as well as the risk that the preferential access to EU markets currently enjoyed by our neighbouring and developing country partners may be eroded. Based on these criteria, ASEAN, Korea and Mercosur (with whom negotiations are on-going) emerge as priorities. They combine high levels of protection with large market potential and they are active in concluding FTAs with EU competitors. India, Russia and the Gulf Co-operation Council (negotiations also currently active) also have combinations of market potential and levels of protection which make them of direct interest to the EU. China also meets many of these criteria, but requires special attention because of the opportunities and risks it presents. It is clear from this that the Commission puts the negotiations with the Andean Community and Central America in the development class, that is, in the same class as the EPA negotiations with the ACP, while Mercosur is in the trade objective group, with the Asian markets. Lessons from past EU negotiations The expected outcome is different in development 18 (cont.)

19 Artigos especiais (cont.) negotiations like those with the ACP from that expected in traditional trade negotiations. Rather than exchanges of concessions about excluding some sensitive products on each sides, the EU starts with an assumption that the outcome will be asymmetric. The agreements with Chile and Mexico did not have formal asymmetry. In its agreement with South Africa, the EU introduced the argument that the Article XXIV provision on substantially all trade should be interpreted on average over a region, so that if one partner liberalised more than the required level (which the EU has decided to interpret as 90% of tariff lines), the other could liberalise less. In that agreement, the figures were (roughly) 95% and 85%. The EU has proposed that its EPAs with the ACP countries be highly asymmetric. It has now offered 100% liberalisation, and has offered a variety of calculations by which the ACP can minimise their tariff reductions even below 80% on their side. The Andean and Central American agreements can certainly expect asymmetry. Mercosur can make an argument for it, as it is a developing country region, but in the WTO the EU has distinguished between poor or vulnerable developing countries and countries in the G20; only the former should expect special treatment. The EU often claims in its negotiations both that regional integration is an objective and that it prefers to negotiate with regions. But experience does not support this. All of the countries with which it has signed so far have been individual members of trading agreements, and in at least two cases (SACU for South Africa and Mercosur for Chile) the other members were opposed to the signing. Regions negotiating with the EU cannot assume that solidarity among regions will be more important than the EU s other interests. This has been true even in Latin America, although it is the area with the longest history of EU encouragement of regions. The principal declared priority and the highest share of spending for the EU s Latin American programmes has always been the promotion of regionalism. The first direct relations with another region were in fact those with the Andean Pact in the 1970s. Nevertheless, the agreements with South Africa, Mexico, and Chile (and even reports of discussions with just one of the original Mercosur four) demonstrate that this emotional commitment to regions is less important than trading interest. The positions of different EU members have been important in the past. In the case of South Africa, for example, the southern European countries opposed the agreement as negotiated by the Commission, and required modifications in it. They saw themselves as more in competition with South African agriculture and had less tradition of political support for the new regime than in the UK and Scandinavia. South Africa had not anticipated their opposition. In the EU, the opposition to an agreement with MERCOSUR comes from the traditional agricultural producers, Germany and France, and for some products Spain and Italy. This has cut across countries which otherwise have interests in the area through trade, investment, or historical ties. The northern European countries with less opposition to agricultural liberalisation also have less interest in reaching any agreement with Mercosur, so they are not strong allies. In the negotiations with the ACP, the traditional colonial countries, France and the UK, have had most interest in finding an agreement that ensures that the ACP continue to have more favourable trading conditions than other developing countries, but their position within the EU has been weakened as new members without these interests join. And even they are not fully in support. In April 2007, a week after the European Commission announced that it would offer 100% access to the ACP countries, France opposed this because it would affect agricultural interests. The ACP have failed to interest the other EU countries in the negotiations. The Andean, Central American and Mercosur may also find that even their historical allies in southern Europe will have economic interests against them. The Andean and Central American countries face some well-known opposition on bananas and sugar, and like the ACP, as smaller countries, they will have to keep the other countries without direct interests sufficiently interested in the negotiations to avoid opposition or surprises at the last minute. NOTAS DE RODAPÉ 1 Economic Commission, DG Trade (2006) Global Europe: The EU s Market Access Strategy in a changing global economy. A consultation paper. Negotiating with the EU and its members Lobbying within individual EU countries has been important in negotiations, but the type varies between trade based and development based agreements. In the former, business involvement is important, with economic actors trying to influence the EU position both directly and through European companies and business organisations. The ACP strategy, in contrast, has relied more on political influence and developmental arguments Sheila Page, analyst of London s Overseas Development Institute

20 Cultura Caroline Graeff A Tropicália, Tropicalismo ou Movimento tropicalista foi um movimento cultural que surgiu sob a influência das correntes artísticas de vanguarda e da cultura pop nacional e estrangeira (como o pop-rock e a poesia concreta); mesclou manifestações tradicionais da cultura brasileira a inovações estéticas radicais. Tinha também objetivos sociais e políticos, mas principalmente comportamentais, que encontraram eco em boa parte da sociedade, sob o regime militar, no final da década de O movimento manifestou-se principalmente na música (cujos maiores representantes foram Caetano Veloso,Torquato Neto, Gilberto Gil, Os Mutantes e Tom Zé); manifestações artísticas diversas, como as artes plásticas (destaque para a figura de Hélio Oiticica), o cinema (o movimento sofreu influências e influenciou o Cinema novo de Gláuber Rocha) e o teatro brasileiro (sobretudo nas peças anárquicas de José Celso Martinez Corrêa). Um dos maiores exemplos do movimento tropicalista foi uma das músicas de Caetano, denominada exatamente de Tropicália : Sobre a cabeça, os aviões, sob os meus pés, os caminhões, aponta contra os chapadões, meu nariz. Eu organizo um movimento, Eu oriento o carnaval, Eu inauguro um monumento, No planalto central do país... O movimento tropicália Influências: movimento antropofágico, pop art, concretismo Grande parte do ideário do movimento possui algum tipo de relação com as propostas que, durante as décadas de 1920 e 30, os artistas ligados ao Movimento antropofágico promoviam (Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, entre outros): são especialmente coincidentes as propostas de digerir a cultura exportada pelas potências culturais (como a Europa e os EUA) e regurgitá-la após ela ser mesclada com a cultura popular e a divulgação identidade nacionais (que em ambos os momentos não estava definida, sendo que parte das duas propostas era justamente definir a cultura nacional como algo heterogêneo e repleto de diversidade, cuja identidade é marcada por uma não identidade mas ainda assim bastante rica). A grande diferença entre as duas propostas (a antropofágica e a tropicalista) é que a primeira estava interessada na digestão da cultura erudita que estava sendo exportada, enquanto os tropicalistas incorporavam todo tipo de referencial estético, seja erudito ou popular (e eles introduzem uma questão nova: a cultura não necessariamente popular, mas pop). O movimento, neste sentido, foi bastante influenciado pela estética da pop art e reflete no Brasil algumas das discussões de artistas pop (como Andy Warhol). Capa do LP Tropicália ou panis et circensis, de 1968 O movimento surge da união de uma série de artistas baianos, no contexto dos Festival de Música Popular Brasileira promovidos pela Record, em São Paulo e Globo no Rio de Janeiro. Um momento crucial para a definição da Tropicália foi o Festival de Música Popular Brasileira, no qual Caetano Veloso apresentou Alegria, Alegria e Gilberto Gil, ao lado dos Mutantes, Domingo no Parque. No ano seguinte, o festival foi integralmente considerado tropicalista (Tom Zé aí apresentou a música São São Paulo). No mesmo ano foi lançado o disco Tropicália ou panis et circensis, considerado quase como um manifesto do grupo. Ainda que tenha sido bastante influenciado por movimentos artísticos que costumam estar associados à idéia de vanguarda negativa, o Tropicalismo também manifestou-se como um desdobramento do Concretismo da década de 1950 (especialmente da Poesia concreta). A preocupação dos tropicalistas em tratar a poesia de suas canções como elemento plástico, criando jogos lingüísticos e brincadeiras com as palavras é um reflexo do Concretismo. Caroline Graef leciona História da Cultura Brasileira e Mundial na Escola Superior Diplomática 20

DECLARAÇÃO FINAL Quebec, 21 de setembro de 1997

DECLARAÇÃO FINAL Quebec, 21 de setembro de 1997 DECLARAÇÃO FINAL Quebec, 21 de setembro de 1997 Reunidos na cidade de Quebec de 18 a 22 de setembro de 1997, na Conferência Parlamentar das Américas, nós, parlamentares das Américas, Considerando que o

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