DPRCIV3 Direito Processual Civil III Plano de Ensino - 2. Do pedido. Modalidades de pedido. Cumulação de pedidos. (arts.
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- Marco Gil Gesser
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1 Questões para Fixação da Aula - Do pedido. (arts. 286 a 294) 1. O art. 286 do CPC estabelece que o pedido deve ser certo ou determinado. Essa regra se aplica a uma ação de petição de herança, quando o herdeiro desconhece o patrimônio do de cujus? Explique. Não. Trata-se de exceção do artigo 286, I. Trata-se de ação universal (falência, inventário). Não. A exceção à regra do art. 286 se encontra na segunda parte do seu caput e inciso I, que diz: É lícito, porém, formular pedido genérico: I nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados. São universais as ações em que a pretensão recai sobre uma universalidade de fato (como biblioteca particular e fazenda comprada com porteira fechada ) ou de direito (direitos hereditários, por exemplo). Nestes casos não é necessário que o autor identifique todos os bens que compõem a universalidade. São as ações que têm por objeto uma universalidade de direito, como a herança e o patrimônio. Por exemplo, imagine-se que alguém quer ajuizar uma ação de petição de herança, invocando a sua qualidade de herdeiro. Não será necessário, desde logo, que identifique, um a um, os bens que compõem essa herança, porque nem sempre isso será possível. 2. A lei estabelece que é lícito formular pedido genérico quando não for possível determinar, de modo definitivo, as consequências do ato ou do fato ilícito. Dê um exemplo dessa situação e a explique. Acidente de veículo, com dano físico em restabelecimento. Não sendo possível a determinação das consequências do ato ilícito, o autor pode afirmar a ocorrência do dano, que, além de provado, se possível, terá o valor liquidado na própria fase de condenação. Na impossibilidade de quantificar desde logo o dano, a apuração do valor deverá ser remetida para liquidação da sentença. Essa é a hipótese mais comum. Imagine-se que uma pessoa tenha sofrido um grave acidente de trânsito, do qual resultaram lesões e incapacidade, cuja extensão não se possa determinar desde logo, por que depende do resultado dos tratamentos médicos. No momento da propositura da demanda, se esta for proposta em data próxima à do acidente, o autor, não conhecendo ainda a extensão dos danos, poderá formular pedido genérico. Outro exemplo: não há critérios legais previamente estabelecidos para a fixação de indenização por dano moral. Daí se admitir que eles sejam formulados de maneira genérica, sem a necessidade de indicação de um valor determinado. 3. A lei estabelece que é lícito formular pedido genérico quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu. Dê um exemplo dessa situação e a explique. Quando se trata de prestação de contas pelo réu, com pagamento de saldo devedor.
2 Se a definição do valor da condenação depender de ato a ser praticado pelo réu, como no caso de obrigação alternativa em que a escolha da prestação cabe ao devedor, o autor não está obrigado a formular pedido líquido. Trata-se de impossibilidade jurídica de fixação do valor já na petição inicial. Por exemplo, de que ele preste contas de sua gestão. Só a partir do momento em que o réu o praticar, será possível conhecer o valor da condenação. 4. O art. 287 do CPC estabelece que o autor poderá requerer cominação de pena pecuniária para o caso de descumprimento da sentença para prestar algo ou entregar coisa. A Súmula 500 do STF dispõe que não cabe a ação cominatória para compelir-se o réu a cumprir obrigação de dar. Nesse caso, o que deve ser observada a lei ou súmula? Explique. Lei. Súmula superada pela lei /2002. A Súmula 500 do STF ( Não cabe ação cominatória para compelir-se o réu a cumprir obrigação de dar ) ficou superada pela nova redação dada a este artigo pela Lei /2002, que também acrescentou ao CPC o art. 461-A. Portanto, o sistema vigente admite o pedido cominatório também no caso de obrigação de dar, no qual se enquadra a obrigação de entrega de coisa. 5. Se o autor está autorizado pelo contrato a exigir o cumprimento de uma obrigação por mais de uma forma, deverá elaborar um pedido alternativo? Explique. Não. A escolha cabe ao autor, que deve dizer qual pedido quer. À luz do artigo 288 do CPC: O pedido será alternativo, quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a prestação de mais de um modo. Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz lhe assegurará o direito de cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor não tenha formulado pedido alternativo. Dependendo da natureza da obrigação (e não do arbítrio do autor), pode-se formular pedido alternativo, sempre que a obrigação puder ser cumprida por mais de um modo (CC, art. 252 a 256). Formular pedido alternativo, portanto, não é outra coisa senão pedir que o réu seja condenado em qualquer dos possíveis modos de cumprimento da obrigação, conforme estejam estabelecidos pela lei ou pelo contrato. Tal possibilidade pode ser expressa na fórmula: o autor pede A ou B. Logo, terá sua pretensão atendida se a sentença reconhecer a procedência de A ou de B. Nesta hipótese não há cumulação de pedidos e não se exija compatibilidade entre eles.
3 6. O art. 289 do CPC dispõe que é lícito formular mais de um pedido em ordem sucessiva, a fim de que o juiz conheça do posterior, em não podendo acolher o anterior. Como a doutrina classifica esse pedido? Explique. Pedido subsidiário. Pedido subsidiário, previsto no art. 289, em que o autor faz um primeiro pedido (principal) e, somente para a hipótese deste não ser acolhido, formula outro (subsidiário). Pede A e, para o caso de não ser acolhido A, pede B. Há quem chame esta hipótese de cumulação alternativa de pedidos ou de cúmulo subsidiário de pedidos, distinguindo-a do pedido alternativo. Se a sentença julgar procedente o pedido principal não apreciará o sucessivo e o autor terá total ganho de causa; se rejeitar o principal, terá que julgar o sucessivo e, se este for acolhido, o autor será parcialmente vencedor; se não forem acolhidos ambos os pedidos, o autor restará totalmente vencido. Não se exige compatibilidade entre o pedido principal e o sucessivo. 7. Em julho próximo passado o Condomínio Edifício Alfa ajuizou ação de cobrança de despesas de condomínio em face do condômino Xisto, alegando falta de pagamento desde o mês de abril próximo passado. O réu foi citado em agosto próximo passado. A sentença, publicada em novembro próximo passado, julgou procedente a ação condenando o réu ao pagamento da dívida, tendo transitado em julgado em dezembro próximo passado. Até agora nada foi pago. Ao se promover o cumprimento da r. sentença o autor calculou a dívida desde abril até o último dia útil do mês passado. O réu, por sua vez, impugnou a conta, afirmando que a dívida só poderá ser cobrada até novembro próximo passado, posto que a sentença não poderia versar sobre fatos futuros. Considerando a lei, até que data o juiz deverá considerar para incluir na condenação? Explique. Até o último dia do mês passado (31.01). Ele é devedor enquanto durar a obrigação, de acordo com o artigo 290. De acordo com o Art. 290: Quando a obrigação consistir em prestações periódicas, considerar-se-ão elas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor; se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las, a sentença as incluirá na condenação, enquanto durar a obrigação.. Caso a obrigação discutida no processo envolva prestações periódicas, o autor não precisa formular expressamente o pedido de que sejam incluídas na condenação as vincendas, embora a boa técnica, por questão de estilo e clareza, o recomende. Isto, todavia, é desnecessário, diante da regra ora comentada. Basta que todas as prestações tenham origem na mesma obrigação, para que sejam, as vencidas no momento da propositura da ação, as que se vencerem no curso do processo e mesmo as vincendas após o trânsito em julgado da sentença, estarão automaticamente inseridas no pedido. Esta norma tem por finalidade evitar a propositura de múltiplas demandas relativas à mesma obrigação, em homenagem à economia processual. Apesar da expressão no curso do processo, a regra abrange as prestações posteriores ao trânsito em julgado da sentença condenatória, o que se confirma pela expressão final enquanto durar a obrigação. A alteração do valor das prestações
4 vincendas, em relação ao valor das vencidas no momento em que a ação foi proposta não afasta a incidência do norma em comentário. Desta forma, o juiz deverá considerar a data de abril próximo passado para pagamento das prestações. 8. Zenóbio lhe contrata como advogado para processar a Loja Maravilha Ltda. Relata o autor que há 3 meses comprou um sofá por mil reais e que o pagamento deveria ser feito em até um mês, no ato da entrega. O sofá não foi entregue e a loja enviou um comunicado avisando do atraso, mas exigindo o pagamento. Zenóbio mandou um telegrama para a loja informando que só pagaria após a entrega do sofá. O dono da loja estacionou um carro de som na frente da casa de Zenóbio e cobrou publicamente a dívida, chamando-o de caloteiro. Zenóbio ajuizou ação onde pretende (a) rescindir o contrato de compra e venda pelo atraso na entrega do sofá e (b) receber uma indenização por dano moral pela forma da cobrança. Após a citação, alegou o réu que não existe conexão entre os pedidos, posto que não lhes é comum o objeto ou a causa de pedir (art. 103). Nesse caso o juiz deverá (a) conhecer da ação com pedidos cumulados ou (b) deverá determinar o desmembramento da ação em duas, com fundamentos diversos, descumprimento de contrato e ato ilícito? Explique. A atitude do juiz deve ser a. Artigo 292. De acordo com o artigo 292: É permitida cumulação, num único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão. 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação: I que os pedidos sejam compatíveis entre si; II que seja competente para conhecer deles o mesmo juízo; III que seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento. 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, admitirse-á cumulação, se o autor empregar o procedimento ordinário.. Desta forma, o juiz deverá conhecer da ação com pedidos cumulados, pois são compatíveis os pedidos de rescisão contratual e de dado moral; são competentes o mesmo juízo para conhecer os dois pedidos; e tanto o pedido de rescisão do contrato como de danos morais se enquadram no procedimento ordinário. Neste caso ainda não deve haver o desmembramento das ações tendo em vista a economia processual do processo. 9. Hipócrates ajuíza uma ação pelo rito ordinário contra a Construtora Astuta Ltda., alegando que os índices de reajuste estão acima da inflação. Na referida ação o autor cumula o pedido de revisão contratual
5 para redução do reajuste com o pedido de consignação em pagamento do valor que entende correto para não incorrer em mora. O juiz manda o autor emendar a exordial e excluir o pedido de consignação, com fundamento no art. 292, 1º, inc. III, uma vez que o procedimento da consignatória é especial (art. 890). Nesse caso Hipócrates errou? Explique. Não. É possível a cumulação desde que se opte pelo rito ordinário. Artigo 292, parágrafo segundo. De acordo com a doutrina, não há óbice à cumulação de outros pedidos aos de consignação, como, por exemplo, de reparação de danos e outros, porque, após o depósito inicial, a ação corre pelo procedimento ordinário. Desta forma, Hipócrates não errou a formular seu pedido, pois mesmo que o procedimento da ação consignatória seja especial, após certas peculiaridades ela corre pelo rito ordinário. Ademais, quando a ação há pedidos que estiverem subordinados a ritos diversos, o autor pode pleitear a adoção do procedimento ordinário para todos eles. Ainda, se para cada pedido for adequado procedimento diverso e o autor, desde logo, não optar pelo ordinário, o juiz deve intimá-lo para adotar este rito para todos os pedidos ou, se isto não lhe for conveniente, desistir de algum deles para que o remanescente possa seguir o procedimento especial previsto em lei. 10. Em determinada ação o autor requer a condenação do réu ao pagamento de um dano material ocorrido há um ano, mas não pede juros e nem correção monetária. Nesse caso a sentença de procedência deverá determinar apenas o pagamento do dano material? Explique. Não. A sentença deverá determinar o pagamento de juros, correção monetária e sucumbência. Não. A sentença de procedência deverá determinar o pagamento do dano material, bem como do pagamento de juros e de correção monetária. De acordo com o artigo 293: Os pedidos são interpretados restritivamente, compreendendo-se, entretanto, no principal os juros legais.. O processo civil brasileiro é informado pelo princípio dispositivo, de modo que o juiz deve julgar a lide nos limites em que foi proposta (CPC, art. 128), sendo-lhe defeso conferir ao autor tutela diversa da pleiteada, condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso ao demandado (CPC, art. 460). Consentâneo com tal princípio, este artigo impõe que o pedido seja interpretado de forma estrita, literal, ao pé da letra. Este é o sentido do advérbio restritivamente. Não quer dizer interpretação redutora ou limitadora. O que o intérprete (juiz) não pode é ampliar nem reduzir o pedido. Todavia, a extensão e o alcance do pedido, quando não feito de forma suficientemente clara, podem ser encontrados no corpo da petição. Aliás, o pedido mesmo pode não estar na parte final da petição inicial, mas ser identificável em outro espaço da petição. Portanto, o pedido deve ser interpretado, embora de forma estrita, à luz do conteúdo da petição inicial, considerada no seu todo. Como exceção à norma em análise, o sistema processual civil brasileiro prevê que determinados pedidos encontram-se implícitos na petição inicial, de modo que devem
6 ser julgados mesmo que não expressamente deduzidos. São exemplos de pedidos implícitos: a) juros legais, previstos no próprio artigo em comento (não confundi-los, porém, com os juros convencionais, que não são alcançados pela exceção); b) juros de mora (CPC, art. 219); c) correção monetária, até porque, sendo mera recomposição da moeda, sua concessão não implica vantagem complementar ao autor; d) ônus da sucumbência (honorários e despesas processuais), nos termos do CPC, art. 20; e) prestações periódicas vincendas (CPC, art. 290). Embora possam ser apreciadas de ofício, não nos parece correto afirmar que as questões de ordem pública estão implicitamente incluídas no pedido. As matérias de ordem pública não constituem pedidos, mas sim fundamentos para que os pedidos sejam acolhidos ou rejeitados. Ainda neste sentido há a Súmula nº 254 do STF: Incluem-se os juros moratórios na liquidação, embora omisso o pedido inicial ou a condenação. 11. A lei estabelece que o pedido, na petição inicial, deve ser certo ou determinado. Essa regra se aplica para o pedido de dano moral? Explique. Não. Pode-se pedir que o juiz fixe o dano. Não, a regra do pedido certo e determinado não se aplica para o pedido de dano moral. O art. 286, do CPC, estabelece que o pedido deve ser certo ou determinado. A redação é infeliz: não basta que ele seja uma coisa ou outra. É preciso que seja ambas: certo e determinado. Certo é aquele que identifica o seu objeto, permitindo que seja perfeitamente individualizado; determinado é o pedido líquido, em que o autor indica a quantidade que pretende receber. Os incisos do art. 286 estabelecem hipóteses excepcionais, em que se admitem pedidos ilíquidos ou genéricos. Em regra, são situações em que não seria razoável exigir do autor, na inicial, que indicasse, com precisão o que pretende. Mas, ainda que o pedido não possa ser identificado de início, é necessário que seja identificável. Porém, a mitigação a esta regra se encontra nos incisos do próprio artigo. E uma das hipóteses, encontrada no inciso II determina que é lícito formular pedido genérico quando: II quando não for possível determinar, de modo definitivo, as consequências do ato ou do fato ilícito. É a hipótese de não ser possível determinar, de modo definitivo, as consequências do ato ou fato ilícito. Essa é a hipótese mais comum. Imagine-se que uma pessoa tenha sofrido um grave acidente de trânsito, do qual resultaram lesões e incapacidade, cuja extensão não se possa determinar desde logo, por que depende do resultado dos tratamentos médicos. No momento da propositura da demanda, se esta for proposta em data próxima à do acidente, o autor, não conhecendo ainda a extensão dos danos, poderá formular pedido genérico. Outro exemplo: não há critérios legais previamente estabelecidos para a fixação de
7 indenização por dano moral. Daí se admitir que eles sejam formulados de maneira genérica, sem a necessidade de indicação de um valor determinado. Se a ação proposta é de indenização por dano moral, e o autor não formula pedido certo, eventual condenação não poderá ultrapassar os limites de alçada do juizado. A definição do valor da indenização do dano moral constitui um dos mais complexos dilemas da jurisprudência brasileira. Ainda não foram (se é que podem ser) encontrados parâmetros que permitam com alguma razoabilidade determinar o justo valor no caso concreto. São notórias as incongruências entre julgados. Diante desse quadro é compreensível que o autor mostre-se receoso no momento de fixar o valor de sua pretensão. Por isso, a jurisprudência tem aceitado a formulação de pedido genérico. Não se pode, contudo, ignorar posicionamento contrário, que impõe ao autor o ônus de formular pedido líquido, cujo valor limitará a sentença (CPC, art. 460). Solução intermediária está na possibilidade de o autor fazer pedido genérico, porém pleiteando um valor mínimo, nada obstando que a sentença defina valor superior. 12. A contrata o advogado Q para processar o Banco Topa Tudo S/A, tendo por objeto a discussão de dois contratos de crédito, o primeiro referente a uma conta corrente localizada em São Paulo SP e o segundo referente a um conta corrente localizada em Santos SP, ambos com cláusula de foro de eleição para o foro do local da conta. Q ajuizou ação em São Paulo, domicílio de A, onde pretende rescindir ambos os contratos de crédito com o Banco Topa Tudo S/A. Após a citação, alegou o réu a impossibilidade de cumulação dos pedidos na mesma ação, posto que os pedidos estão atrelados a contratos nos quais existem diversos foros de eleição, indicando precedente do STJ (REsp ). Nesse caso o juiz deverá (a) conhecer da ação com pedidos cumulados ou (b) deverá determinar o desmembramento da ação em duas, tendo em vista os diferentes foros de eleição? Explique. A atitude do juiz deve ser a. na relação de consumo (não deve haver) não prevalece o foro de eleição.
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