CONCLUSÃO. Em 18 de junho de 2015, estes autos são conclusos ao MM. Juiz de Direito Titular II, Dr. Marco Antonio Botto Muscari.

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1 fls. 452 CONCLUSÃO Em 18 de junho de 2015, estes autos são conclusos ao MM. Juiz de Direito Titular II, Dr. Marco Antonio Botto Muscari. Processo nº: Classe - Assunto Procedimento Ordinário - Rescisão do contrato e devolução do dinheiro Requerente: ANDRÉ MIGUEL MOURA DE SOUZA e outro Requerido: PIEMONTE INTERMEDIAÇÃO DE NEGÓCIOS LTDA. (M.BIGUCCI COMÉRCIO E EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA.) Vistos. ANDRÉ MIGUEL MOURA DE SOUZA e PATRÍCIA MARINHO DINATO MOURA propuseram ação de rescisão contratual em face de PIEMONTE INTERMEDIAÇÃO DE NEGÓCIOS LTDA. (M. BIGUCCI COMÉRCIO E EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA.), alegando que: a) a ré é uma sociedade de propósito específico; b) a M. Bigucci deve ser responsabilizada em eventual execução de sentença; c) interessados na compra de imóvel residencial, após consulta na Internet, localizaram empreendimento comercializado pela ré; d) em 09/03/2013, assinaram Instrumento Particular de Promessa de Venda e Compra de Imóvel (unidade 77), com entrega da obra prevista para agosto de 2016; e) o preço mínimo exigido pela incorporadora foi de R$ ,00 (R$ 9.000,00 a título de sinal); f) não receberam sua via do instrumento de contrato no ato da assinatura, sendo ela obtida após muitas semanas; g) ao analisarem o instrumento de contrato, perceberam que o preço do imóvel não correspondia ao valor inicialmente tratado; h) entraram em contato com funcionária da Piemonte, sendo informados de que os R$ 9.000,00 foram pagos a título de corretagem e apenas R$ 2.077,09 desse valor seriam

2 fls. 453 destinados à incorporadora; i) não pediram e tampouco lhes foi prestado serviço de assessoria ; j) a ré não emitiu nota fiscal referente ao suposto serviço; k) solicitaram distrato e foram informados de que seria necessário o pagamento de R$ 8.000,00 para tanto; l) em janeiro deste ano, enviaram notificação extrajudicial a fim de suspender qualquer pagamento a partir de fevereiro; m) o valor total pago à ré perfaz o montante de R$ ,03; n) não possuem condições financeiras para adimplir as parcelas pactuadas; o) a Piemonte deve restituir-lhes 90% da integralidade dos valores pagos. Em suma, deduziram os pedidos de fls. 27 (letras b, c e d ). Citada pelo correio (fls. 109), a ré contestou sob os seguintes fundamentos: a) somente R$ ,12 lhes foram pagos; b) cumpriu o que lhe cabia; c) não nega a restituição dos valores, mas não poderá realizá-la na forma que os autores pretendem; d) o contrato possui cláusula para aplicação na hipótese de descumprimento da obrigação por parte do comprador; e) o serviço de corretagem foi devidamente prestado; f) André e Patricia não foram coagidos a coisa alguma (contrato de corretagem, inclusive); g) a ação improcede (fls. 110/130). Réplica a fls. 162/186. Determinei ex officio a produção de perícia (fls. 387) e veio o laudo de fls. 400/417. Diante das críticas formuladas, pronunciou-se vez mais o Expert judicial (fls. 441/443). Finda a instrução (fls. 445), as partes analisaram os elementos de convicção produzidos e insistiram nas teses e requerimentos anteriormente expendidos (fls. 447/448 autores; fls. 450/451 ré).

3 fls. 454 É o relatório. Fundamento e decido. Procede em parte a ação. O autores celebraram um contrato e admitem que não têm condições financeiras para honrá-lo (fls. 8 petição inicial). Se o autônomo e a bancária são desistentes, obviamente não podem almejar reembolso integral do que pagaram. Nem é isso o que pleiteiam aqui (fls. 27, letra "c" 90%). Conforme observei desde cedo, o contrato tem cláusulas disciplinadoras dos abatimentos cabíveis nessa hipótese (fls. 381, 2º parágrafo). Daí por que partimos para perícia contábil, a fim de verificar quanto seria devolvido aos adquirentes, caso aplicado o contrato. Como se vê de fls. 416, item 3.3, a retenção prevista em contrato corresponde a 20% (laudo). Dito por outro modo, o reembolso é de 80%. Convenha-se: nada há de abusivo na retenção de 20%, mormente se levarmos em conta que a quebra da palavra dada partiu dos autores. Os demandantes seguem, nas derradeiras alegações, aludindo a 90 pontos percentuais (fls. 448). Na verdade, se subscrevem a conclusão pericial, estão aceitando 80% de reembolso, numa clara demonstração de que houve sucumbência parcial (pleiteavam 90%, insista-se). Considero justa e jurídica a devolução dos R$ ,11 (fls. 416, item 3.3), verba que não engloba despesas com corretagem, que passo a analisar em seguida.

4 fls. 455 Ninguém tem dúvida de que é lícita a cobrança de comissão de corretagem. Desde que sejam efetivamente prestados esses serviços, porém. Fiz expressa indagação à ré (fls. 106, 2º parágrafo), sendo certo que ela não declinou serviços concretamente prestados aos demandantes André e Patrícia (fls. 110/130 contestação). Diante desse quadro, resta apenas condenar a empresa ao pagamento dos R$ 6.922,91 (fls. 27). Importante: há poucos meses, julgando processo em que se discutia exatamente comissão de corretagem/serviço de assessoria técnico-imobiliária, o Tribunal de Justiça de São Paulo assentou que é "solidária a responsabilidade dos fornecedores integrantes de cadeia de consumo" (Apelação n , 6ª Câmara de Direito Privado, j. 03/12/2014, rel. Desembargadora ANA LUCIA ROMANHOLE MARTUCCI - ênfase minha). Noutras palavras, responde a Piemonte ainda que não tenha embolsado a totalidade da referida quantia. Registro final: é possível considerar mínima a sucumbência dos consumidores, com aplicação do parágrafo único do artigo 21 do Código Buzaid. Em face do exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE A AÇÃO e, desfeito o contrato, condeno a ré a pagar: a) R$ ,11 corrigidos a partir da data de elaboração do laudo pericial; b) R$ 6.922,91 atualizados desde o desembolso pelos autores; c) juros de 1% ao mês, contados da citação postal (fls. 109); d) custas, despesas processuais (reembolso de salários periciais, inclusive) e honorários advocatícios de 15% do valor global da condenação ora imposta.

5 fls. 456 P. R. I. São Paulo, 18 de junho de DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI /2006, CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA