AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE ALUNOS PARTICIPANTES DAS OFICINAS DE EDUCAÇÃO PSICOMOTORA DO PIBID/EDUCAÇÃO FÍSICA/UNICRUZ 1

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1 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE ALUNOS PARTICIPANTES DAS OFICINAS DE EDUCAÇÃO PSICOMOTORA DO PIBID/EDUCAÇÃO FÍSICA/UNICRUZ 1 Aline De Oliveira Martins 2, Rui Guilherme Pedroso Fernandes 3, Anielle Aparecida Da Silva Bastos De Oliveira 4, Rafael Cunha Laux 5, Maria Denise Justo Panda 6 1 Pesquisa desenvolvida pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência PIBID/UNICRUZ/Educação Física pertencente ao Grupo de Extensão e Pesquisa em Educação Física GEPEF/CNPQ 2 Aluna do Curso de Mestrado em Educação Física da UFSM, bolsista CAPES - martinsaline@live.com 3 Aluno do Curso de Graduação em Educação Física/Bacharelado da UNICRUZ fernandes.rui@outlook.com 4 Aluna do Curso de Graduação em Educação Física/Licenciatura da UNICRUZ Bolsista PIBID/UNICRUZ aniellebastos@hotmail.com 5 Aluno do Curso de Mestrado em Educação Física da UFSM rafael-laux@hotmail.com 6 Doutora em Ciência da Educação. Professora na UNICRUZ. Coordenadora do subprojeto EDUCAÇÃO FÍSICA/PIBID/UNICRUZ dpanda@ibest.com.br Resumo Dentre as principais doenças crônicas destaca-se a obesidade, sendo definida como excesso de gordura corporal, que pode prejudicar a saúde. Importante investigar o sobrepeso e obesidade infantil, devido ao fato de que, crianças e adolescentes que apresentem níveis elevados tem maior pré-disposição de tornarem-se adultos obesos e como consequência, o desenvolvimento de patologias metabólicas e cardiovasculares. Desta forma, este estudo tem como objetivo identificar a prevalência de sobrepeso e obesidade dos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental da Escola Estadual de Educação Básica Venâncio Aires, do munícípio de Cruz Alta/RS. Os alunos da referida escola participam das oficinas de educação psicomotora do PIBID/EDUCAÇÃO FÍSICA/UNICRUZ. Participaram deste estudo de caso, 246 crianças com idade de seis à 14 anos de idade. Para a coleta dos dados foi utilizado o teste de Índice de Massa Corporal (IMC), proposto no Manual de Avaliação e Testes do PROESP-Br (BRASIL, 2012) e classificados conforme as recomendações de Conde e Monteiro (2006). Os dados identificaram a prevalência de sobrepeso de 34% e obesidade de 17%. Estes dados foram considerados elevados e preocupantes, demonstrando a importância do investimento de politicas públicas nessa escola para combater a obesidade. Palavras-Chave: Sobrepeso. Obesidade. Crianças Introdução

2 As doenças crônicas degenerativas atualmente assumiram o posto principal na causa de morte no país. Entre estas doenças estão incluídas a obesidade. A obesidade é definida como excesso de gordura corporal acumulado que pode atingir grau capaz comprometer a saúde do individuo. É uma enfermidade inflamatória, crônica, multicausal e resultante da combinação de influências ambientais e predisposição genética (OMS, 2004). Os fatores genéticos aparecem como os maiores determinantes da massa corporal; no entanto, as situações ambientais podem diminuir ou aumentar essa influência. Dentre os fatores não modificáveis encontram-se a idade, o gênero, o grupo étnico e predisposição genética (FARIAS, 2012). Estudos apontem que há uma maior predisposição ao aumento de peso por volta dos anos, assim como as mulheres tem maior prevalência de excesso de peso, que é um tanto maior quanto mais idosa (FARIAS, 2012). Entretanto, já existem inúmeros estudos que apontam para alto índice de crianças com sobrepeso e obesidade, necessitando de informações em dimensão populacional para essa população, pois o excesso de peso nas crianças podem proporcionar grandes riscos. Além disso, estudos sugerem que crianças obesas tendem a tornarem-se adultos obesos e ainda completam que o tempo de duração da obesidade está diretamente associado à morbi-mortalidade por doenças cardiovasculares (FERREIRA et al., 2014). Outra preocupação é quando as crianças são filhas de pais obesos. Nesse caso, há uma hipótese de 80% para se tornarem obesas e em casos que apenas um dos pais ser obeso, a hipótese é de 50% (FARIAS, 2012). Conforme os estudos aponta a prevalência de obesidade infantil cresceu em torno de 10 a 40% na maioria dos países europeus nos últimos dez anos. Nos Estados Unidos, a prevalência de sobrepeso dobrou em crianças de seis a 11 anos entre o National Health and Nutrition Examination Survey conduzido em 1999 e 2002, estimando-se que 31% das crianças dessa faixa etária estavam acima do peso (MELLO et al., 2014). Os fatores modificáveis encontram-se o controle alimentar e a prática de atividade física. Para Nahas et al. (2009), os maus hábitos de saúde estão diretamente ligado as novas rotinas adotadas pela maioria das pessoas, fruto da acelerada industrialização, urbanização e globalização do mercado de alimentos. No mundo inteiro as pessoas estão consumindo mais alimentos de grande densidade energética, com altos teores de gorduras saturadas e açúcares, e também muito salgados. Esse padrão alimentar, ao lado de um quadro de inatividade física crescente, têm levado países ricos e em desenvolvimento a enfrentar o crescimento sem precedentes da obesidade e do diabetes, até mesmo entre os mais jovens. No mundo globalizado, a criança passa maior parte do seu tempo assistindo televisão, aumenta a quantidade de alimento em uma só refeição ou até mesmo,

3 substituindo por lanches. Esses são hábitos que podem contribuir para a obesidade infantil (FELDMANN et al., 2009). As crianças pouco brincam em pátio, de jogar bola, subir em árvores, pega-pega, brincadeiras que eram frequentes anteriores nos anos 90. Devido a grande e rápida evolução da modernidade e eletrônicos as crianças utilizam mais os dispositivos celulares, tablet, televisão, videogames e entre outros que contribuem para o sedentarismo. Sabe-se que a prática de atividades físicas na infância tem papel decisivo no desenvolvimento motor e prevenção da obesidade infantil (FARIAS, 2012; FERREIRA, 2014; MELLO et al, 2014). Considerando que a infância e a adolescência um período critico, de crescimento e desenvolvimento, e que, ocorre à formação dos diferentes padrões comportamentais que podem prever o futuro estilo de vida dos adolescentes, é uma idade muito susceptível de adquirir maus hábitos quer ao nível alimentar quer no nível de inatividade física, ou seja, os hábitos formados durante a infância podem persistir até a vida adulta (FARIAS, 2012). Sendo assim, considerando a preocupação mundial em combater e/ou minimizar os fatores de risco dessa patologia, propõe este estudo, que tem como objetivo avaliar a prevalência de sobrepeso e obesidade em alunos participantes das oficinais de educação psicomotora do PIBID/EDUCAÇÃO FÍSICA/UNICRUZ, dos anos iniciais do ensino fundamental de uma escola do município de Cruz Alta/RS. Metodologia Participaram deste estudo de caso 246 crianças, com idade de seis à 14 anos de idade completos matriculados nos anos iniciais do ensino fundamental da Escola Estadual de Educação Básica Venâncio Aires do município de Cruz Alta/RS. Os alunos da referida escola, participam das oficinas de Educação Psicomotora, proposta pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID/UNICRUZ), no sub-área do projeto Educação Física. Para a coleta dos dados foram utilizadas as recomendações do Projeto Esporte Brasil / PROESP-BR (BRASIL, 2012). O Índice de Massa Corporal (IMC) é obtido através do calculo da razão (divisão) entre a medida de massa corporal total em quilogramas (peso) pela estatura (altura) em metros elevada ao quadrado. Os resultados foram classificados através dos critérios ou valores críticos adaptados para crianças e adolescentes brasileiras, considerando a idade e o sexo. (CONDE, MONTEIRO; 2006). Conforme demonstrativo do gráfica a seguir: Quadro 1 - Valores críticos do IMC para definição do estado nutricional de crianças e adolescentes.

4 Fonte: Adaptado de Conde e Monteiro (2006). Resultados e Discussões A média total em anos de idade dos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental da Escola Estadual de Educação Básica Venâncio Aires foi de 8,90±1,66. Das 246 crianças avaliadas, 52% eram do sexo masculino e 48% do sexo feminino. Na apresentação dos gráficos, optou em não separar a amostra por gênero, considerando que a média de idade de maior prevalência foi de nove anos e de acordo com a literatura não há produção de grandes quantidades de hormônios sexuais, que podem influenciar na produção e distribuição corporal (FAGUNDES et al., 2008). A seguir será apresentado o gráfico de prevalência de sobrepeso e obesidade dos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental da Escola Estadual de Educação Básica Venâncio Aires do município de Cruz Alta/RS, participantes das oficinas de educação psicomotora do PIBID/EDUCAÇÃO FÍSICA/UNICRUZ. Gráfico 1 Prevalência de sobrepeso e obesidade dos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental da Escola Estadual de Educação Básica Venâncio Aires.

5 Observando o gráfico acima pode perceber uma elevada prevalência de sobrepeso (34%) e obesidade (17%). Se considerarmos essas duas variáveis, teremos um percentual maior de 50%. Esses dados são preocupantes, se considerarmos que o período da infância e adolescência indica a aquisição de hábitos de saúde de utilização ao longo da vida. Ao comparar com outros estudos observamos superioridade nos valores de sobrepeso e obesidade. Estudo semelhante com o objetivo de identificar a prevalência de sobrepeso e obesidade em alunos de escolas públicas, com idade de seis a 14 anos no município Parelheiros/SP, investigou a prevalência de sobrepeso e obesidade em 218 alunos, sendo 103 do sexo masculino e 115 do sexo feminino, em três escolas públicas do município, identificou 16,5% de sobrepeso e 14,7% de obesidade (FAGUNDES et al., 2008). Outro estudo que buscou identificar o índice de sobrepeso e obesidade em escolas públicas e privadas no município de Santos/SP identificou as prevalências totais de sobrepeso e obesidade de 15,7% e 18,0%, respectivamente. Nas escolas públicas, a prevalência de sobrepeso foi de 13,7% nos meninos e 14,8% nas meninas das escolas públicas. A obesidade foi prevalente em 16,9% dos meninos e 14,3% das meninas das escolas públicas. Entretanto, a prevalência nas escolas privadas assemelhou-se com o nosso estudo, sendo 17,7% nos meninos e 22,2% nas meninas, para sobrepeso. Para os índices de obesidade identificou-se 29,8% dos meninos e 20,3% das meninas foram diagnosticados como obesas (COSTA, CINTRA, FISBERG; 2006). Esses achados vãos ao encontro da transição epidemiológica ocorrida nos últimos anos. No Brasil, a rápida diminuição das taxas de desnutrição associada ao aumento

6 nas taxas de obesidade tem ocorrido em curto intervalo de tempo, despertando preocupação e interesse de pediatras. É preciso destacar que o maior risco, em longo prazo, da obesidade infantil, é sua persistência no adulto, com todas as consequências associadas para a saúde (FERNANDES, GALLO, ADVINCULA; 2006). As crianças que apresentam sobrepeso e obesidade são mais predispostas a ser obesas na vida adulta, por consequência, desenvolverem complicações clínicas, especialmente hipertensão arterial sistêmica, arritmias cardíacas, aterosclerose, infarto do miocárdio, coronariopatias, acidente vascular cerebral, diabetes, síndrome metabólica, apneia, dores musculoesqueléticas e distúrbios psicossociais (PITREZ FILHO et al., 2012). Portanto, nota-se a necessidade de uma atenção especial no período da infância e adolescência para reverter esse alto índice, visto que os primeiros anos da adolescência é um período em que os jovens começam adquirir os maus hábitos, como etilismo, fumo e tabagismo. Conclusão Após a análise dos dados dos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental da Escola Estadual de Educação Básica Venâncio Aires do município de Cruz Alta/RS, evidenciou um alto índice de sobrepeso e obesidade. Necessitando de uma intervenção urgentemente de politicas públicas para minimizar esse risco, visto que jovens obesos tem maior prevalência de tornarem-se adultos obesos. Esse quadro pode acarretar vários problemas de saúde. Essa problemática, na última década tornou-se uma preocupação mundial, ficando evidente em escolas, na rua, sendo identificadas através da observação, ou seja, sem que a pessoa seja submetida a uma avaliação física, medidas corporais e pesagem. A incidência de sobrepeso e obesidade está aumentando na população pediátrica, assim como na população adulta. Existe uma significativa preocupação devido ao fato de a epidemia da obesidade aumentar o risco de morbidade e mortalidade em adultos jovens. Para tanto, sugere a intervenção de outros sub-projeto do PIBID/UNICRUZ no grupo de risco de crianças identificado nesse estudo, a fim de minimizar esse alto índice de sobrepeso/obesidade, conscientizado as crianças de forma significativa, através de ações educativas e aos pais sobre a importância de um estilo de vida saudável. Referências Bibliográficas BRASIL. Manual de testes e avaliação. Ministério do Esporte. Projeto Esporte Brasil PROESP BR, 2012.

7 CONDE W.L., MONTEIRO C. A. Body mass index cutoff points for evaluation of nutritional status in Brazilian children and adolescents. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 82, p , COSTA, R. F. da; CINTRA, I. S.; FISBERG, M. Prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares da cidade de Santos, SP. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia, São Paulo, v. 50, n. 1, p , Disponível em: < Acessado em: 12 dez FAGUNDES, A. L. N. et al. Prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares da região de Parelheiros do município de São Paulo. Revista Paulista de Pediatria, São Paulo, v. 26, n. 3, p , Disponível em: < Acessado em: 12 dez FARIAS, G. A. de. Estilo de vida das crianças pré-escolares: atividade física versus sobrepeso e obesidade. Dissertação de Mestrado (Programa de Pós-Graduação Ciência do Desporto) da Universidade do Porto, Porto, FELDMANN, L. R. A. et al. Implicações psicossociais da obesidade infantil em escolares de 7 a 12 anos de uma cidade serrana do sul do Brasil. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo, v. 3, n. 5, p , Disponível em: < Acessado em: 09 dez FERNANDES, I. T.; GALLO, P. R.; ADVÍNCULA, A. O. Avaliação antropométrica de pré-escolares do município de Mogi-Guaçú, São Paulo: subsídio para políticas públicas de saúde. Revista Brasileira de Saúde Maternal e Infantil, Recife, v. 6, n. 2, Disponível em: < Acessado em: 8 dez FERREIRA, C. B. et al. Sobrepeso e obesidade em crianças de escolas públicas de Taguatinga, Distrito Federal. Educação Física em Revista, Taguatingua, v. 8, n. 1, p , Disponível em: < Acessado em: 12 dez MELLO, A. D. M. et al. Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças de seis a dez anos de escolas municipais de área urbana. Revista Paulista de Pediatria, São Paulo, v. 28, n. 1, p , Disponível em: < Acessado em: 10 dez NAHAS, M. V. et al. Estilo de vida e hábitos de lazer dos trabalhadores das indústrias brasileiras: relatório geral. Brasília: SESI/DN, ISBN ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Obesidade: prevenindo e controlando a epidemia global. Relatório da Consultadoria da OMS, Genebra, 2004.

8 PITREZ FILHO, M. S. et al. Fatores de risco cardiovasculares, metabólicos e inflamatórios e suas relações com obesidade em crianças e adolescentes fisiopatologia e aspectos clínicos. Boletim Científico de Pediatria, Porto Alegre, v. 1, n. 1, p , Disponível em: < Acessado em: 14 dez