Análise Comparativa dos Rendimentos dos Motores da Linha Padrão e de Alto Rendimento sob o Enfoque da Eficiência Energética
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- Carolina Penha Bugalho
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1 SBSE Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos 008 Belo Horizonte MG 7 a 30 de abril 1 Análise Comparativa dos Rendimentos dos Motores da Linha Padrão e de Alto Rendimento sob o Enfoque da Eficiência Energética P. C. F. de Freitas, D. Bispo, A. C. Delaiba, S. F. de P. Silva Resumo-- Este artigo apresenta a aplicação do método para determinação do rendimento de motores de indução trifásicos, de forma indireta. A metodologia proposta baseia-se na aplicação da norma brasileira NBR , Máquinas Elétricas Girantes, da ANBT. A partir desse método, são calculados os rendimentos dos motores da linha padrão e de alto rendimento para, em seguida, serem feitas as devidas comparações. Para facilitar o estudo, são desenvolvidos gráficos e tabelas comparativas das perdas convencionais e suplementares desses dois motores. Estes estudos mostram que o motor de alto rendimento, em comparação ao motor convencional, possui as perdas reduzidas, acarretando em menor custo de operação e maior vida útil, porém, nem sempre representando a melhor alternativa em certas aplicações. Palavras-chave-- Eficiência Energética, Motor Convencional, Motor de Alto Rendimento, Rendimento de Motores. À I. INTRODUÇÃO MEDIDA que o país se desenvolve, a demanda de energia elétrica aumenta, assim como a necessidade de novos investimentos em sua geração e transmissão. Em função das dificuldades encontradas no setor elétrico, devido ao crescente custo e a escassez de energia que se verifica não apenas no Brasil, mas também em outros países, foram criados programas de conservação da energia elétrica, afim de eficientizar seu consumo, reduzindo o crescimento da demanda. Por meio da implantação destas políticas energéticas é possível evitar cortes de energia no futuro [1]. O consumo de energia elétrica no Brasil mostra que o setor industrial é o maior consumidor de toda a energia elétrica produzida, consumindo 44% da energia elétrica do país. Dentro do setor das indústrias, os motores são responsáveis por aproximadamente 55% deste consumo. Devido a essa parcela significativa no uso final de energia elétrica e sabendo que economizar custa mais barato que gerar a mesma quantidade de energia [], estudos para redução de Agradecimento à Eletrobrás Procel Indústria pelo suporte financeiro para a capacitação do Laboratório de Sistemas Motrizes da UFU, fornecendo também as bolsas de Iniciação Científica. P. C. F. de Freitas é aluna de graduação na Faculdade de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Uberlândia UFU ( paula_fadul@hotmail.com). D. Bispo é professor na Faculdade de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Uberlândia UFU ( bispo@ufu.br). A. C. Delaiba é professor na Faculdade de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Uberlândia UFU ( delaiba@ufu.br). S. F. de P. Silva é diretor da QUALITY Engenharia e Sistemas Ltda ( sergio@qes.com.br). consumo de energia de motores são de grande importância. Uma excelente forma de reduzir custos operacionais é através da correta seleção do motor, que depende não só do tipo de motor, mas também de suas características construtivas, níveis de carregamento, qualidade da tensão de alimentação e condições ambientais da instalação [3]. Os motores de alto rendimento são dados como uma alternativa vantajosa para determinadas aplicações, devido a suas características especiais que o permitem possuir um rendimento maior que o de motores standard. São de 0% a 30% mais caros que os motores convencionais, contudo sua utilização pode conduzir a vantagens econômicas importantes que serão obtidas ao longo de sua vida útil [4]. Porém, motores de alto rendimento nem sempre trazem vantagens econômicas. Por isso, é importante conhecer as principais características dos motores de alto rendimento comparadas às dos motores convencionais, visando fornecer os subsídios necessários para que a análise econômica possa ser feita corretamente para escolha da melhor opção. II. O MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO DE GAIOLA O motor de indução com rotor tipo gaiola de esquilo é o mais utilizado nas indústrias, para acionamento de bombas, ventiladores e compressores, pois apresenta grandes vantagens em relação aos outros motores elétricos. Podemos destacar: Baixo custo inicial; Pouca exigência de manutenção; Boa aceitação a variações de carga; Não necessita de alimentação CC; Robusto; Adaptabilidade aos ambientes mais agressivos; Simplicidade de construção do rotor; Flexibilidade de controle. Porém, os motores de indução de alto rendimento também apresentam algumas desvantagens, sendo elas: Altos valores de corrente na partida, exigindo dispositivos limitadores desta corrente; Baixos valores de rendimento para cargas inferiores a 50% de sua potência nominal; Baixo fator de potência para acionamento com pouca carga.
2 SBSE Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos 008 Belo Horizonte MG 7 a 30 de abril A. O Motor de Alto Rendimento Os motores de alto rendimento são projetados para possuir um rendimento superior ao do motor convencional, porém fornecendo a mesma potência útil (na ponta do eixo). Isso é possível devido às características construtivas deste tipo de motor, que gera menos perdas, consequentemente reduzindo a temperatura e aumentando sua vida útil. As principais vantagens do motor AR (alto rendimento), quando comparado com o motor LP (linha padrão), são: Economia no consumo de energia elétrica; Fator de potência maior, na maioria deles; Temperatura de operação mais baixa, devido à redução de perdas em até 40%; Vida útil maior, devido ao menor stress térmico; Maior tolerância a condições anormais de alimentação, por trabalharem magneticamente menos saturados; Rendimento maior e mais constante, mesmo com cargas abaixo da nominal; Menor necessidade de manutenção; Preserva o meio ambiente. Resumidamente, esse tipo de motor tem um desempenho superior ao motor da linha padrão, mas, como todo equipamento, ele também apresenta desvantagens, como: Custo inicial mais elevado do que o do motor da linha padrão; Geralmente são mais pesados e ocupam um espaço maior; Só existe justificável economia de energia para o fator de carga alto. B. Fontes de Aquecimento (Perdas) Para conhecer o rendimento do motor de indução através de um método indireto, é necessário determinar as perdas que ocorrem durante o funcionamento do motor. A Fig. 1 ilustra o balanço energético da máquina de indução, representando as componentes de perdas, bem como a potência de saída (P mec ) e de entrada (P e ) do motor. P e P js P fes ESTATOR P sr P sup P jr ROTOR P fer Fig. 1. Balanço energético no motor de indução trifásico. 1) Perdas Joule nos Condutores (P js e P jr ): As perdas Joule, também chamadas de ôhmicas, ocorrem devido à circulação da corrente do motor pelos condutores do mesmo, no caso os enrolamentos do estator e as barras do P s P atr P vent EIXO P mec rotor, causando aquecimento. Essas perdas dependem das resistências elétricas dos condutores, sendo influenciadas pelos efeitos proximidade e pelicular (skin effect). ) Perdas no Núcleo Magnético (P fes e P fer ): São as perdas causadas pela variação da densidade de fluxo em materiais ferromagnéticos. Essas perdas resultam da soma das perdas por correntes parasitas e das perdas por histerese. 3) Perdas Mecânicas (P atr e P vent ): Dividem-se em duas parcelas, uma referente ao atrito dos rolamentos e outra, associada à energia necessária para acionamento do sistema de ventilação da máquina. As perdas por atrito não dependem das condições operacionais do motor, e sim da velocidade periférica do eixo, da pressão e do coeficiente de atrito dos rolamentos. As perdas por ventilação dependem da velocidade periférica do rotor, diâmetro e comprimento do núcleo, também não sendo influenciadas pela operação do motor. 4) Perdas Suplementares Stray-Losses (P sup ): São as perdas adicionais na máquina de indução, basicamente compostas por perdas adicionais no núcleo magnético, perdas por correntes parasitas nos condutores do enrolamento do estator e nas barras do rotor e perdas ocasionadas nas demais estruturas metálicas do motor. A distribuição não uniforme de corrente nos condutores, assim como as distorções no fluxo magnético principal devido às ranhuras do estator e rotor são as causas desses efeitos. O fluxo de dispersão aumenta com o carregamento do motor, agravando os problemas citados e contribuindo para o aumento de perdas nas estruturas do motor. III. DETERMINAÇÃO DO RENDIMENTO DO MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO O estudo do rendimento do motor está diretamente relacionado com a análise de sua eficiência operacional. Existem diversos métodos para a determinação do rendimento de motores de indução trifásicos, prescritos em normas nacionais e internacionais. Estes métodos são divididos em Método Direto e Método Indireto. O método direto consiste em medir a potência elétrica de entrada e a mecânica de saída. Já no método indireto, pelo menos uma dessas potências é calculada indiretamente. No presente caso, usou-se o método indireto para calcular o rendimento através de (1). Potência de entrada Perdas η(%) = 100 (1) Potência de entrada Onde η é o rendimento do motor. Algumas considerações importantes devem ser feitas ao se determinar o rendimento do motor, como: Tensão e frequência nominais; Não comparar valores do método direto e indireto; Corrigir os valores de resistência para a temperatura
3 SBSE Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos 008 Belo Horizonte MG 7 a 30 de abril 3 de trabalho do motor; Sensores de temperatura instalados fora do caminho de circulação do ar de resfriamento; Quando a elevação de temperatura não puder ser medida, corrigir a resistência dos enrolamentos de acordo com a classe de isolação (tabela I). TABELA I TEMPERATURA ESPECIFICADA As perdas no estator e no rotor devem ser corrigidas para uma temperatura de operação com carga nominal. Assim, os valores foram corrigidos de acordo com a tabela I. B. Teste em Vazio A Fig. mostra, de forma esquemática, o arranjo experimental empregado. Classificação térmica do isolamento Temperatura de referência ºC A 75 B 95 F 115 H 130 A. O Método da NBR O Método foi o escolhido por ser indicado para motores de indução de gaiola, trifásicos, horizontais, com potência nominal entre 1 cv e 50 cv, encaixando-se perfeitamente em todas as características do presente experimento. Além disso, ele é recomendado para a determinação do rendimento garantido a ser marcado na placa de identificação do motor. Neste método, chamado Ensaio dinamométrico com medição indireta das perdas suplementares e medição direta das perdas no estator (I²R), no rotor (I²R), no núcleo e por atrito e ventilação, a potência mecânica do motor de indução é transferida a um freio mecânico ou dinamômetro. No caso, o conjugado de reação é medido por uma célula de carga. IV. PROCEDIMENTOS DE ENSAIO A tabela II mostra os dados de placa dos motores usados, pertencentes ao Laboratório de Sistemas Motrizes da UFU. TABELA II DADOS DE PLACA DOS MOTORES USADOS NOS ENSAIOS Linha Padrão Alto Rendimento Potência: 1,5 cv 1,1 HP Potência: 1,5 cv 1,1 HP Velocidade: 3370 rpm 60Hz Velocidade: 3400 rpm 60Hz FS 1,15 Cat N Reg S1 FS 1,15 Cat N Reg S1 Ip/In 7,5 Isol B IP 55 Ip/In 7,5 Isol F IP 55 0/380 V 4,7/,47 A 0/380 V 4,0/,3 A η 78,6% cosφ 0,86 η 83,0% cosφ 0,87 A. Medição da Resistência do Estator Usando-se o método da ponte de Wheatstone e com os motores ligados em delta, foram feitas as medições de resistência de linha e a temperatura de enrolamento foi considerada a temperatura ambiente, pois os motores estavam desligados. A tabela III mostra os valores encontrados para ambos os motores. TABELA III MEDIÇÃO DA RESISTÊNCIA DO ESTATOR Resistências Medidas Linha Padrão Alto Rendimento Resistência por fase 4,04 Ω 3,95 Ω Temperatura Ambiente 4,8º C Fig.. Esquema de conexão para realização dos experimentos. Este ensaio é feito para a determinação das perdas por atrito e ventilação e nos núcleos. É realizado girando o motor a tensão e frequência nominais sem carga acoplada no eixo. A tabela V mostra os valores obtidos para cada motor neste ensaio. TABELA V ENSAIO EM VAZIO Medições Linha Padrão Alto Rendimento Corrente [A] Média,118 1,896 Potência Total 163,13 116,5 Fase A 19,49 19,49 Tensão [V] Fase B 0,01 19,99 Fase C 19,0 19,16 A potência de entrada lida é o total de perdas no motor em vazio. A diferença entre a potência de entrada e as perdas I R no estator resulta nas perdas em vazio, que se tratam da soma das perdas por atrito e ventilação e nos núcleos. A perda em vazio é dada por W vaz e as perdas por efeito Joule no estator, na temperatura do teste, são chamadas de W 0. A tabela VI mostra os valores para os dois motores. TABELA VI PERDAS EM VAZIO E POR EFEITO JOULE NO ESTATOR Linha Padrão Alto Rendimento Potência entrada P 0 163,13 116,5 Perda Joule estator W 0 18,09 14,08 Perda a vazio W vaz 145,04 10,07 A separação das perdas nos núcleos e das perdas por atrito e ventilação deve ser realizada pela leitura da tensão, corrente e potência de entrada à frequência nominal, quando a tensão é variada desde 15% da tensão nominal, até o ponto onde uma redução da tensão acarrete num aumento do valor da corrente. Os valores do ensaio estão na tabela VII.
4 SBSE Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos 008 Belo Horizonte MG 7 a 30 de abril 4 TABELA VII PARÂMETROS DO ENSAIO DE PERDAS MECÂNICAS Linha Padrão Alto Rendimento V fase [V] P 0 I fase [A] W 0 P 0 I fase [A] W 0 58,85 78,00 1,941 45,66 183,50 1,65 31,30 47,18 31,00 1,670 33,78 154,50 1,419 3,86 19,57 163,00 1,1 18,06 117,00 1,094 14,19 191,93 19,50 0,961 11,19 95,00 0,887 9,3 164,6 107,00 0,788 7,5 79,00 0,77 6,6 136,54 9,00 0,650 5,1 67,00 0,59 4,16 108,88 79,00 0,540 3,53 57,00 0,479,7 81,18 68,00 0,467,65 49,00 0,393 1,83 53,51 6,00 0,494,96 43,67 0,377 1,68 O valor da potência de entrada menos as perdas I R no estator são colocados em um gráfico versus o valor da respectiva tensão, ao quadrado. A curva é estendida até a tensão zero, onde a potência marcada são as perdas mecânicas. As Fig. 3 e Fig. 4 representam as curvas dos motores. Perdas em vazio 50,00 00,00 150,00 100,00 50,00 75,47 65,35 Motor da Linha Padrão y = 0,006x + 37,409 86,88 99,48 118,31 144,94 3,34 197, 0,00 0,00 100,00 00,00 300,00 400,00 500,00 600,00 700,00 800,00 Tensao² Centenas Fig. 3. Obtenção das perdas mecânicas no motor Standard. C. Teste em Carga O ensaio em carga foi feito acoplando-se o motor a um dinamômetro do tipo freio e aplicando-se tensão e frequência nominais. Colocou-se carga em quatro pontos, aproximadamente em 5%, 50%, 75% e 100% do valor nominal, e em dois pontos superiores a 100%, não excedendo 150%. Primeiramente, foi feito um teste para determinar a correção do conjugado do dinamômetro devido às perdas de ventilação e dos mancais, acionando o motor acoplado ao dinamômetro, porém sem requisitar esforços. O procedimento foi chamado de Teste X e a correção é dada pela expressão: ( W W ) k X Y σ = C () n Onde: σ - correção na leitura para o valor de conjugado; k - igual a 9,549 para medições de conjugado, em N.m; W X = (P x W x W nuc ) (1 s x ) (3) P x - potência de entrada, em W, solicitada à rede. W x - perdas I R no estator durante o teste X, em W; s x - escorregamento, em pu, durante o teste X; W Y = P 0 W 0 W nuc (4) n - velocidade de rotação, em rpm, durante o teste X; C - conjugado medido durante o teste X. TABELA IX CORREÇÃO PARA O CONJUGADO DO DINAMÔMETRO P x I x fase [A] W x n x [rpm] s x [pu] W X W Y C [N.m] σ [N.m] LP 8 1,1 17, , ,9 37,4 0,3 0,01 AR 31 0,98 11, ,0 147,5 33,4 0,3 0,01 Perdas em vazio 00,00 150,00 100,00 6,84 50,00 54,8 47,17 41,98 Motor de Alto Rendimento y = 0,0016x + 33,443 7,74 85,68 10,81 15,0 130,64 0,00 0,00 100,00 00,00 300,00 400,00 500,00 600,00 700,00 800,00 Centenas Tensão² Fig. 4. Obtenção das perdas mecânicas no motor de Alto Rendimento. Com tensão nominal, as perdas nos núcleos foram obtidas subtraindo as perdas mecânicas da perda em vazio. Estas perdas são denominadas W nuc e estão na tabela VIII. TABELA VIII PERDAS MECÂNICAS E NOS NÚCLEOS Linha Padrão Alto Rendimento Perdas Mecânicas W mec 37,41 33,44 Perdas nos Núcleos W nuc 107,63 68,63 Os dados do ensaio em carga para os dois motores estão na tabela X, a seguir. TABELA X ENSAIO DOS MOTORES NAS SEIS CONDIÇÕES DE CARGA Motor Linha Padrão C (N.m) C (N.m) P ent (W) I (A) U (V) n (rpm) P mec (W) 3,64 3, ,4 19, ,7 3,00 3, ,6 19, ,00,55, ,9 19, ,1,6, ,7 19, ,77 1,50 1,51 790,9 19, ,48 0,75 0,76 485,3 19, ,3 Motor Alto Rendimento C (N.m) C' (N.m) P ent (W) I (A) U (V) n (rpm) P mec (W) 3,5 3, ,8 18, ,07 3,01 3, , 19, ,51, ,6 18, ,34,5, , 19, ,3 1,45 1,46 698,5 19, ,41 0,75 0, ,9 0, ,3 Os valores da resistência corrigida, R, assim como das perdas por efeito Joule no estator, W I R est, de cada motor e para cada ponto de carga, estão representados na tabela XI.
5 SBSE Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos 008 Belo Horizonte MG 7 a 30 de abril 5 TABELA XI PERDAS I R NO ESTATOR Motor da Linha Padrão Motor de Alto Rendimento C R [Ω] I f [A] W I R est R [Ω] I f [A] W I R est 3,5 5,13 3,1 149,7 5,3,77 1,7 3,0 5,13,66 108,6 5,3,4 93,9,5 5,13,5 78,1 5,3,08 69,0,3 5,13,14 70,3 5,3 1,85 54,5 1,5 5,13 1,67 43, 5,3 1,44 33,3 0,8 5,13 1,33 7, 5,3 1,10 19, Temp. de correção 95 ºC Temp. de correção 115 ºC As perdas por efeito Joule no rotor são dadas pela diferença da potência de entrada (P ent ) dos valores de perda joule do estator (W I R est ) e das perdas no núcleo (W nuc ), multiplicada pelo valor do escorregamento, que também deve ser corrigido para a temperatura especificada. Os valores de cada motor para cada ponto de carga estão na tabela XII. TABELA XII PERDAS I R NO ROTOR Motor da Linha Padrão Motor de Alto Rendimento C s [pu] s [pu] W I R rot s [pu] s [pu] W I R rot 3,5 0,0694 0,08 15,1 0,0756 0, ,8 3,0 0,0611 0, ,7 0,0561 0,0683 8,,5 0,0511 0,0591 6,6 0,0500 0, ,1,3 0,0500 0, ,4 0,0417 0, ,8 1,5 0,0361 0,0416 6,6 0,034 0,0417 4,9 0,8 0,078 0,03 11,3 0,0314 0,0384 1,6 Temp. de correção 95 ºC Temp. de correção 115 ºC Para cada condição de carga a potência mecânica de saída é subtraída da potência de entrada. Este valor é conhecido por perda aparente total, dado por W ap. A perda suplementar, W sup, para cada ponto de carga é dada pela diferença entre a perda aparente total e o somatório das demais perdas, corrigidas para as temperaturas especificadas. Em seguida, esses valores são ajustados pelo método da regressão linear, e corrigidas de acordo com (5). W sup = AT (5) Onde A é o coeficiente angular da reta e é T o conjugado. A Fig. 5 mostra o gráfico das perdas suplementares corrigidas. Perdas Suplementares 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 0,00 Perda Suplementar Corrigida,36 8,44 39,39 57,99 10,00 9,85 7,89 10,79,46 4,4 5,50 1,84 0,50 0,00 0,00,00 4,00 6,00 8,00 10,00 1,00 14,00 Motor Padrão Motor Alto Rendimento Torque² Fig. 5. Perdas suplementares corrigidas. Tendo-se a potência de entrada e o valor das perdas corrigidas, determinou-se por (1) o rendimento em cada condição de carga do motor. A tabela XIII mostra os valores de rendimento calculados. TABELA XIII RENDIMENTO CALCULADO PARA OS MOTORES DE INDUÇÃO Rendimento (%) Carga (%) Motor da Linha Padrão Motor de Alto Rendimento 11 73,15 77, ,85 79, ,77 79, 75 73,99 79, ,56 76, ,66 67,6 A Fig. 6 mostra o gráfico comparativo dos rendimentos. Rendimento (%) Comparativo de Rendimentos ,0 0,1 0, 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1 1, 1,3 Rendimento LP Rendimento AR Percentual de Carga Fig. 6. Rendimento dos motores em função do percentual de carga. A tabela XIV mostra a distribuição típica de perdas. TABELA XIV DISTRIBUIÇÃO TÍPICA DE PERDAS PARA OS MOTORES DE INDUÇÃO Motor Motor de Alto Redução de Standard Rendimento Perda (W) Perdas W % W % Nos Núcleos 107,63 8, 68,63 4,0 39,0 Mecânicas 37,41 9,8 33,44 11,7 4,0 Efeito Joule no Estator 108,63 8,5 93,9 3,8 14,7 Efeito Joule no Rotor 88,67 3, 8,18 8,7 6,5 Suplementares 39,39 10,3 7,89,8 31,5 TOTAL 381, , ,7 V. CONCLUSÕES Foi possível comprovar, pela determinação das perdas internas, que o motor de alto rendimento realmente consegue produzir a mesma potência de saída com menor potência elétrica absorvida, ou seja, tem um rendimento superior ao do motor convencional. Verificaram-se nos ensaios reduções de perdas mais significativas nas perdas suplementares e nas perdas nos núcleos do motor de alto rendimento. O método indireto é muito interessante, pois possibilita conhecer quantitativamente as perdas que ocorrem no interior do equipamento, durante sua operação. Foi visto que a má qualidade da energia de suprimento proporciona problemas para ambos os motores (convencional
6 SBSE Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos 008 Belo Horizonte MG 7 a 30 de abril 6 e de alto rendimento). Porém, como as perdas no motor de alto rendimento são menores, possuindo assim maior margem térmica, ele suporta melhor a esses efeitos. No entanto, deve-se lembrar que quando o motor gira a velocidades muito baixas, sua ventilação fica comprometida. Assim, a combinação deste fato com as perdas provocadas por uma alimentação não ideal pode trazer problemas até para o motor de alto rendimento, sendo recomendada a limitação da potência disponibilizada em seu eixo. O motor de indução trifásico de alto rendimento pode trazer muitos benefícios, tanto para a empresa que o emprega, quanto para o país. Mas, cada caso deve ser estudado especificamente, pois a eficiência do sistema deve ser considerada e analisada com um todo, incluindo outros equipamentos como bombas, ventiladores, compressores e etc. Mesmo que os motores representem mais da metade do consumo de energia industrial, eles não podem ser vistos como vilões, pois mesmo os motores convencionais possuem rendimento relativamente alto comparado a outros equipamentos mecânicos em processos industriais. Deve-se considerar a economia até agora alcançada com os motores elétricos de alta eficiência como a ponta do iceberg, pois existem problemas muito mais sérios para serem corrigidos nas plantas da maioria das indústrias. VI. REFERÊNCIAS [1] RAMOS, Mário Cezar do E. S, Implementação de motores de alto rendimento em uma indústria de alimentos: Estudo de caso. Dissertação (Instituto de Eletrotécnica e Energia) Universidade Federal de São Paulo, São Paulo [] Disciplina de Tecnologias de Uso Final I Equipamentos Elétricos. 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Intermediação Tecnológica: Eficiência Energética. In: FIEC. Disponível em: < Acesso em out [10] MEHL, Ewaldo L. M.. Qualidade da Energia Elétrica. Curso de pósgraduação em engenharia elétrica, UFPR. [11] NOLL, Valdir. Motores Elétricos. Apostila do Curso Pós-técnico em Automação Industrial, Capítulo 8. [1] RIBEIRO, Zenilda Barbosa. Parâmetros para análise de projetos de eficiência energética em eletricidade. Dissertação (Programa de Internuidades de Pós-graduação em Energia) Universidade de São Paulo, São Paulo [13] BRITO, Cláudio Marzo Cavalcanti, LEÃO, Ruth Pastôra Saraiva. Desempenho de um motor de indução trifásico submetido a distorções harmônicas na tensão de alimentação. [14] Notícias. Energia. In: Inovação Tecnológica. Disponível em: < Acesso em out [15] Clientes Industriais. Motores de alto rendimento. In: CEMIG. Disponível em: < Acesso em 7 mar [16] Notas Técnicas Motores. NT-01: Motor de Indução de corrente alternada. GEVISA. [17] FITZGERALD, Arthur Eugene. Máquinas elétricas: conversão eletromecânica da energia, processos, dispositivos e sistemas. Tradução de Josafa A. Neves. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill, [18] DEL TORO, Vincent. Fundamentos de máquinas elétricas. Tradução de Onofre de Andrade Martins. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, VII. BIOGRAFIAS Paula Campos Fadul de Freitas nasceu em Uberlândia-MG, Brasil. Atualmente cursa a graduação em Engenharia Elétrica, com certificação em Sistemas de Energia Elétrica, na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e trabalha no Laboratório de Sistemas Motrizes desta instituição como pesquisadora e aluna de iniciação científica. Décio Bispo nasceu em São Vicente-SP, Brasil. Graduou-se em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Fez Especialização em Sistemas Elétricos de Potência na Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI). Obteve o título de Mestre e de Doutor em Engenharia Elétrica pela Unicamp. Fez curso de Especialização em Eficiência Energética pela Procel/Eletrobrás. Atualmente trabalha como professor e pesquisador na Faculdade de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), onde tem lecionado e publicado sobre vários assuntos relacionados com Máquinas Elétricas, Eficiência Energética e Instalações Elétricas. Antônio Carlos Delaiba nasceu em Botucatu-SP, Brasil. Graduou-se em Engenharia Elétrica pela Fundação Educacional de Barretos (FEB). Obteve o título de Mestre em Engenharia Elétrica pela USP- SP(São Carlos) e de Doutor pela USP-SP(capital). Atualmente, trabalha como pesquisador e professor na Faculdade de Engenharia Elétrica na Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Tem lecionado e publicado sobre vários assuntos relacionados com Sistemas Elétricos de Potencia e Qualidade e Racionalização da Energia Elétrica. Sérgio Ferreira de Paula Silva nasceu em Ituiutaba-MG, Brasil. Graduou-se em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e obteve o título de Mestre e de Doutor na área de Qualidade da Energia Elétrica pela mesma instituição. Atualmente, é diretor da QUALITY Engenharia e Sistemas Ltda, empresa especializada no desenvolvimento de ferramentas computacionais para análise de sistemas elétricos de potência e atuante na área de Qualidade da Energia Elétrica.
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