Processo nº ª Vara Cível do Fórum Central João Mendes Júnior.

Transcrição

1 Processo nº ª Vara Cível do Fórum Central João Mendes Júnior. Ação: Procedimento Sumário Requerente: Luiz Paulo Gião de Campos Requerido: Banco do Brasil S/A TERMO DE AUDIÊNCIA Aos 16 de setembro de 2010, às 16:00h, nesta cidade e Comarca São Paulo, na sala de audiência do Juízo da 19ª Vara Cível, sob presidência do MM. Juiz de Direito Auxiliar, Dr. Marcos Alexandre Santos Ambrogi, comigo Escrevente abaixo assinado, foi aberta a audiência de Conciliação, nos autos da ação e entre as partes supra referidas. Apregoadas as partes, compareceu(ram) o autor acompanhado de seus advogados, Dr. Marcelino Gaudêncio de Oliveira e Dr. Homero José Nardim Fornari, e a preposta do Banco réu, Sra. Ivaldete Petroni dos Santos, acompanhada de seu advogado, Dr. Antonio Zeenni. Abertos os trabalhos, pelo MM. Juiz foi feita a proposta de conciliação, que restou infrutífera. Pelo patrono do Banco réu foi apresentada contestação e documentos, dando-se vista ao patrono do autor, que se manifestou em réplica reiterando os termos da inicial. A seguir, pelo MM. Juiz foi proferida a seguinte sentença: Trata-se de demanda em que o autor pretende a imposição de obrigação de fazer, bem como a reparação por danos materiais e morais em face do réu, haja vista que este, perito judicial que é, percebe remuneração pelos seus trabalhos por meio de levantamento de quantias depositadas no banco requerido, o qual, no entanto, não vem cumprindo a determinação constante das Normas de Serviço da Corregedoria Geral da Justiça para pagamento imediato. Antecipação de tutela foi deferida pela r. decisão de fls. 85/86.

2 Citado para os termos do procedimento sumário, não obtida conciliação em audiência, sobreveio contestação, por meio da qual narra o réu que o problema decorre de grande volume de pedidos, sendo certo que não há dano moral para o caso. É o relatório. DECIDO. Passo ao julgamento no estado em que se encontra o processo, nos termos do art. 330, I, do CPC (CPC, art. 278, 2). Anote-se, comunicando-se ao Distribuidor, a nova denominação do réu: BANCO DO BRASIL S/A. A matéria é atinente ao microssistema do Código de Defesa do Consumidor. O autor é perito judicial e não usa crédito como insumo à produção de bens ou prestação de serviços, se revelando, ao contrário, consumidor à vista do que disposto nos arts. 2º e 3º, 2º do CDC. Incontroverso nos autos o não-levantamento imediato das quantias relativas a honorários periciais depositados no banco réu, o qual detém o monopólio dos depósitos judiciais no Estado de São Paulo. Houve ofensa às normas da CGJ, em seu capítulo VIII, item 11, a. O serviço é defeituoso, pois não fornece a segurança que dele pode esperar. A responsabilidade, no caso, é objetiva (CDC, art. 14 e seu 1º) e não há qualquer alegação de excludente de ilicitude, nos termos do 3º de tal artigo. O mínimo que se espera é que a instituição bancária ré, que se diz organizada e provedora de desenvolvimento econômico do País, proceda corretamente ao depósito/levantamento de valores, uma de suas funções primordiais. Presente, pois, a ilicitude, o ato é passível de indenização, pois somente o desgosto, a raiva, a insegurança e a angústia causados ao autor, por não ver seu dinheiro depositado tal como deveria (e ainda teve cheques não-compensados por ausência de

3 fundos), já se mostram suficientes para a indenização, sendo desnecessária a prova em concreto da dor da alma. Trata-se de presunção legitima, baseada no quod plerunque fit. E tal sensação de desgosto, insegurança, raiva e angústia decorrente de tal violação é prejudicial à auto-estima do cidadão e implica diminuição de seu estado anímico. Todavia, o dano à moral não se mostra compatível por completo com o que descreve a autora a ponto de se fixar a indenização em pelo menos R$ ,00, já que o fato não causou maiores conseqüências além da impontualidade em pagamentos e redução da auto-estima do autor. No caso, em vista da intensidade e duração do ilícito e do porte econômico da ré, vejo por bem fixar o valor da reparação como sendo de R$ ,00. Presente, ainda, o dano material, decorrente de indevidos encargos lançados na conta do requerente, em decorrência da mora a que deu causa o requerido (não houve específica impugnação CPC, art. 302). Por fim, deixa-se consignado que a atividade forense é incomparável com a atuação empresarial do réu, não se podendo valer de tal argumento comparativo. O Poder Judiciário não tem os recursos financeiros que um banco detêm. De qualquer maneira, observa-se que a presente demanda foi julgada em menos de dois meses. Diante do exposto, JULGO PROCEDENTES os pedidos do autor para, confirmando a antecipação dos efeitos da tutela em seus exatos termos, condenar o réu a reparar os danos morais causados ao autor no valor de R$ ,00, corrigidos monetariamente e acrescidos de juros de mora de 1% ao mês contados desde a publicação da sentença (STJ, Súmula 362), bem como a deduzir juros e encargos decorrentes de mora da conta declinada na inicial, nas hipóteses em que a conta permanecesse com saldo positivo, caso houvesse o aporte dos honorários, valor a ser fixado em liquidação por cálculos (CPC, art. 475-B). Condeno o réu em custas e despesas processuais, bem como em honorários que fixo em 15% do valor da condenação. Ponho fim ao processo, com resolução do

4 mérito, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Publicada em audiência, saem as partes presentes intimadas. Nada mais. Lido e achado conforme, vai devidamente assinado. Eu,,(Alessandra Souza Barbosa), Escrevente Técnico Judiciário, digitei.

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