Origem e história do Festejo de Nossa Senhora de Fátima, da comunidade de Mangabeira, Santa Helena-MA.

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1 Origem e história do Festejo de Nossa Senhora de Fátima, da comunidade de Mangabeira, Santa Helena-MA. Manoel Inácio Rodrigues Filho (1) (1) Graduado em Tecnologia da Informação - Web Designer pela Universidade Estadual do Maranhão - UEMA, cursando Tecnologia em Negócios Imobiliários na Faculdade do Maranhão FACAM, membro da Comissão Helenense de Folclore, ex-dirigente de cultos católicos da comunidade de Mangabeira, Santa Helena MA. O Festejo de Nossa Senhora de Fátima acontece todos os anos na comunidade de Mangabeira, povoado localizado na cidade de Santa Helena, interior do estado do Maranhão, e é uma forma de expressão popular local em demonstração de devoção à Virgem Maria de Fátima e mãe de Jesus Cristo, segundo crença da religião católica, cuja ali é venerada por ser padroeira do povoado. A veneração por Nossa Senhora de Fátima é uma recente tradição iniciada no século XX na cidade de Fátima em Portugal, quando aos 13 de maio do ano de 1917 três meninos tiveram a visão do que seria Nossa Senhora (a mãe de Jesus), sendo que este fato teria ocorrido por mais cinco vezes, sempre no dia 13 de cada mês, com exceção do mês de agosto quando a aparição deu-se no dia 15. Desde tal eventualidade a notícia disseminou-se pelo mundo a fora, surgindo devotos em todos os cantos do planeta onde há católicos. Tendo como data comemorativa o dia de sua primeira aparição, 13 de maio. Muito embora realizadas as novenas à Virgem de Fátima no mês de maio como de costume, inclusive no povoado de Mangabeira, o festejo desta comunidade acontece sempre no mês de novembro, pelo fato de comemora-se neste o aniversário da organização comunitária da citada povoação. 1

2 Figura 1 Fotografia da imagem original trazida da europa pela freira espanhola conhecida popularmente como Ana Maria Voluntária. Em Mangabeira, a devoção por Nossa Senhora de Fátima teve início com a escolha da Virgem Santa como padroeira da comunidade, que deu-se no ano de 1945 com a vinda da freira espanhola refugiada da segunda guerra mundial Ana Maria Jerez Del La Rocha (mais conhecida na região como Ana Maria Voluntária) ( ) e que ali desenvolveu trabalhos religiosos e sociais, voluntários, significativos para o povoado. Com ela veio uma imagem da referida santa a qual era devota fervorosa e que logo a doou aos moradores daquela vila que a tomaram como padroeira da comunidade recém organizada religiosamente e de população 100% (cem por cento) católica - de acordo com antigos moradores que informam não haver na época vestígios de manifestações religiosas à versa e que mais tarde festejariam o dia de aniversário da comunidade junto à sua padroeira. Entretanto, com o passar de alguns anos de fundada, foi então organizada na comunidade, sob a iniciativa da animadora 1 e antiga moradora dona Cirila Rodrigues Sá ( /12/1992), uma pequena comemoração de mais um aniversário de fundação da comunidade, na data de 10 de novembro de ano desconhecido. Nascia aqui, em meio às festividades de comemoração de aniversário, o que mais tarde se tornara divulgado e conhecido como Festejo de Nossa Senhora de Fátima. Mas, porém, foi no ano de 2005, quando o povoado tinha por animadora a senhora Raimunda de Jesus Meneses Silva, que com a formação de um grupo de jovens católico, denominado JURAC (Juventude Unida Reconstruindo o Amor de Cristo) coordenado por Jacilvane de Jesus Pereira Meneses, que mais tarde viria ganhar o apoio do ASC (Adolescentes Seguindo Cristo) este coordenado por Adenilson da Hora Ribeiro ambos os grupos extintos -, que a manifestação 1 Pessoa responsável pela coordenação, direção e controle da comunidade. 2

3 festiva de aniversário e celebração de Nossa Senhora de Fátima auferiu ainda mais folego. De forma que nos primeiros quatro anos da segunda metade da década passada foram registrados os melhores festejos com o antigo formato de festa dançante, nas quais eram sempre apresentadas as famosas e conhecidas no Maranhão, radiolas 2. Haja vista que no ano seguinte, 2009, por determinação do então bispo diocesano Dom Ricardo Pedro Páglia, ficou proibido a realização de festas dançantes nos eventos religiosos, ou seja, extinguindo-as de quaisquer festejos das igrejas católicas daquela diocese. Nestes anos que precediam a referida determinação do bispo, o festejo era executado em dois dias, sábado e domingo. No primeiro realizava-se durante o dia as celebrações de culto a Nossa Senhora de Fátima na capela local e à noite no Salão Comunitário acontecia uma festa dançante, enquanto que no último sucedia uma missa de aniversário da comunidade e enaltecimento da Virgem Maria de Fátima, sempre no turno da manhã, e nesta coletava-se os donativos resultantes da campanha de arrecadação desenvolvida nos dias que antecediam o festejo, doados por moradores da própria localidade, e já por volta das 15 horas da tarde iniciava-se um vesperal no Salão Comunitário com a animação de alguma grande radiola para festejar o aniversário da povoação e o trabalho precedente e realizado durante o Festejo de Nossa Senhora de Fátima. Ambas as festas tinham por objetivo, além do que já fora exposto, arrecadar fundos financeiros para a comunidade tocar os trabalhos no povoado nos próximos meses e proporcionar reparos ou reformas nos bens da igreja. Em 2009, visto impedimento das festas dançantes, como forma alternativa e sob direção da atual animadora da comunidade, Iracenilde das Graças Silva Frazão, coordenação da vice-animadora Helena Ribeiro Meneses e do dirigente de culto Manoel Inacio Rodrigues Filho, mediante aprovação dos fiéis, e sem os quais não era possível, formou-se um novo modelo para o festejo e que permanece até os dias atuais (2013), sendo então realizado num período de nove dias, com exceção de 2011, quando este se deu em 10 dias. 2 Aparelhagem de som dispostas em paredões formados por caixas acústicas de tamanho grande empilhadas umas sobre as outras e distribuídas no ambiente de realização das festas. 3

4 Neste novo formato acontecem celebrações de cultos em honra a Nossa Senhora de Fátima todos os dias, os quais são distribuídos aos noitantes 3 a saber: condutores de veículos, ex-moradores, donas de casa, homens, jovens, funcionários, comerciantes, aposentados e comunidade em geral. Esta distribuição varia de ano para ano conforme rateada entre os noitantes interessados pelo festejo. No entanto, já de praxe, realiza-se no primeiro dia uma alvorada seguida de um matinal realizado na própria capela de Nossa Senhora de Fátima, uma vez que o Salão Comunitário, hoje, encontra-se inapropriado para quaisquer eventos. Destaca-se também a prática da apresentação de um tambor de crioula, já firmado como tradição do festejo e que necessariamente é ofertado na noite dos aposentados. A mesma é marcante com a participação de grande público vindo das localidades vizinhas, assim como da sede do povoado. A felicidade dos presentes é demonstrada no dançar das moradoras locais que se esbaldam de alegria ao vestirem-se com longas saias estampadas o traje mais comum dessa noite e muita das vezes produzidas especialmente para aquele dia. Aos poucos aquelas mulheres, simples donas de casas, crianças, jovens e idosas, misturamse às brincantes e logo forma-se uma sincronia de saias a rodar junto à harmonia dos tambores. Como resultado este dia acentua-se como a segunda noite que mais se obtém lucros, ficando atrás apenas da última, na qual se realiza um grande leilão de joias ofertadas pelos fiéis a Nossa Senhora de Fátima, pelos mais diversos motivos, seja pela devoção à santa, seja por graças alcançadas Ainda, no último dia do festejo, num percurso de cerca de 700 metros, que dura em torno de 30 minutos, a imagem de Nossa Senhora de Fátima sai em procissão pela estrada vicinal que liga Santa Helena às regiões da chapada helenense e segue até a Capela de Fátima do povoado, onde a imagem da Virgem fica disposta num altar próprio para veneração e preces dos fiéis, permanecendo ali durante toda a celebração. 3 Pessoas pertencentes a categorias, gêneros, grupos ou classes responsabilizados pela noite lhe ofertada. 4

5 Figura 2 - Jovens fiéis conduzindo o andor 4 com Nossa Senhora de Fátima Embora pequeno e pouco conhecido fora do município de Santa Helena MA, sua singularidade reflete a matriz da identidade daquele povo que com desbravamento tornaram o festejo tradicional e que vem ganhando força ano a ano. Movimentando cada vez mais um significante contingente cristão católico, em especial devotos da Virgem Maria de Fátima, durante todo o período do festejo, inclusive nos dias que o antecedem. Assim, ano após ano o reconhecimento do esforço daquele povo, mostrada na capacidade de se idealizar tal evento, expandiu-se passo-a-passo até no que se sabe hoje em dia. Cabe aqui ressaltar que todos os festejos já realizados naquela localidade nunca obtiveram quaisquer quer sejam incentivos do poder público local, quer sejam logísticos, quer sejam de cunho pecuniário, que com suas práticas típicas de anti-cultura, considera investir nestas manifestações populares de tradição local um ato oneroso para os cofres públicos. E quando procurados para prestar apoio, o máximo que oferecem são quantias insignificativas que qualquer cidadão de baixo poder aquisitivo teria totais condições de prestar, segundo informações dos organizadores, e que por estas razões optam por recusar o auxílio, que classificam como esmola. 4 Objeto de madeira, usado para conduzir as imagens de santos nas procissões, com base geralmente retangular plana, apoiando um cubo em espécie de pedestal, fixado sobre e ao centro de duas longas hastes extremadas paralelamente umas às outras dispostas na horizontal, de modo a formar quatro extremidades a fim de servirem de apoio para seus condutores. Entretanto seu formato pode variar conforme a criatividade do fabricante. 5