A PRODUÇÃO DOS CONSENSOS E A CONQUISTA DAS RESISTÊNCIAS NOS DISCURSOS ACERCA DA INCLUSÃO SOCIAL
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- João Gabriel Brandt Cunha
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1 A PRODUÇÃO DOS CONSENSOS E A CONQUISTA DAS RESISTÊNCIAS NOS DISCURSOS ACERCA DA INCLUSÃO SOCIAL João Benvindo de MOURA (UFPI) jbenvindo@ufpi.edu.br O NEPAD Núcleo de Estudos e Pesquisas em Análise do Discurso foi criado em 2012 por pesquisadores das universidades, federal e estadual do Piauí (UFPI e UESPI), e imediatamente cadastrado no Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPQ. Mais tarde, também foi registrado oficialmente como Núcleo de Pesquisa da UFPI. Desde então, congrega um grupo de vinte pesquisadores que se dedicam a investigar as facetas dos discursos literários, midiáticos, políticos, religiosos e empresariais. Dentro desse universo de possibilidades, elegemos a temática da inclusão social como base para uma pesquisa coletiva que seja capaz de aglutinar nossos esforços. Nesta sessão de comunicações, apresentaremos algumas pesquisas que analisam os discursos nas seguintes situações: i) na educação inclusiva em algumas cidades do Brasil, a saber: Brasília (DF), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Floriano (PI) e Teresina (PI); ii) na educação a distância como fator de inclusão social no Piauí; iii) na inclusão dos surdos através da literatura, considerando-se a obra Le cri de la mouette, da escritora francesa Emanuelle Laborit e, finalmente, nos discursos acerca da inclusão social proferidos pelo Papa Francisco em sua visita ao Brasil, em Para tanto, utilizamo-nos de instrumentais teóricos diversificados que perpassam pela Análise crítica do discurso, a Análise do discurso de tradição francesa e a Retórica. A partir desses estudos, verificamos que os discursos da inclusão social permeiam a sociedade contemporânea e estão presentes nas suas mais variadas formas de comunicação, enaltecendo uma necessidade urgente de um consenso acerca da humanização e do respeito pelo ser humano. Seja na educação especial, na educação a distância, na literatura ou nos discursos religiosos, percebe-se uma enunciação que se vale de artefatos linguageiros para produzir um efeito de sentido de sensibilização. Tais estratégias estão presentes na evocação da memória, nas formações discursivas, nas condições de produção, na construção de imagens, no interdiscurso, enfim, fazem parte de um contexto social cada vez mais emergente, razão pela qual deve ocupar um espaço privilegiado nas pesquisas acadêmicas. Palavras-chave: Discurso; Inclusão; Consenso.
2 INCLUSÃO DOS EXCLUÍDOS: A CONSTRUÇÃO DO ETHOS DO PAPA FRANCISCO EM ENTREVISTA À REDE GLOBO João Benvindo de MOURA (UFPI) jbenvindo@ufpi.edu.br O objetivo deste artigo é analisar os discursos do Papa Francisco em entrevista exclusiva à Rede Globo de televisão, verificando a construção das imagens de si (ethos) como estratégias enunciativas de persuasão. Definimos, portanto, como corpus, um vídeo da referida entrevista concedida ao repórter Gerson Camaroti, do programa Fantástico, exibido pela Rede Globo por ocasião da visita do Papa ao Brasil, no dia 28 de julho de Trata-se de uma pesquisa exploratória e qualitativa. Num primeiro momento, fizemos uma transcrição da entrevista, organizando o texto a partir das perguntas do entrevistador e das respostas do Papa. Em seguida, procedemos à análise e classificação das imagens de si produzidas pelo Sumo Pontífice em seus discursos. Para tanto, utilizamos o instrumental teórico a respeito do ethos como construção da imagem do orador a partir de Aristóteles e da Análise do Discurso Francesa, explorando teóricos como Amossy (2006); Maingueneau (2008) e Charaudeau (2006). Esse último estabelece uma classificação que agrupa as imagens em ethé de credibilidade aquelas nas quais o sujeito falante conduz o auditório a julgá-lo digno de crédito, e ethé de identificação resultado de uma junção de traços pessoais de caráter, de corporalidade, de comportamentos e de declarações verbais. Dentro do discurso religioso analisado, verificamos uma recorrência temática considerável acerca do perigo da exclusão social e da necessidade urgente da união de forças incluindo as diversas religiões em favor da inclusão. Dentro dessa Formação Discursiva há uma maior predominância das imagens relacionadas ao propósito da identificação, dentre elas, a cautela, a leveza, a humildade e a humanidade. No tocante à credibilidade, verificamos apenas o ethos de coragem. Concluímos que o Papa imagina-se possuidor de uma credibilidade divina, razão pela qual não há a necessidade da mobilização de imagens de ufanismo, liderança e competência, como o fazem os políticos. Os ethé de identificação, no entanto, são bastante recorrentes, fazendo-nos crer que há uma forte intenção de reaproximação da igreja católica com os seus fiéis, cuja ausência, nos últimos tempos, ocasionou uma significativa diminuição dos católicos em detrimento de um aumento considerável da quantidade de evangélicos. Palavras-chave: Discurso religioso; Ethos; Papa Francisco.
3 O DISCURSO DA INCLUSÃO E O PAPEL DO EDUCADOR ESPECIALIZADO NA ESCOLA REGULAR José Ribamar Lopes BATISTA JÚNIOR (UFPI/LPT/NEPAD) ribasninja@pq.cnpq.br A proposta da educação inclusiva prevê a ação docente como principal recurso para que a criança e o jovem com deficiência sejam incluídos na rede regular. O próprio termo inclusão remete à ideia da transformação da escola como ambiente suficiente para que o alunado com deficiência possa dele também participar, mas na condição de novo, de diferente. Nesse sentido, por apresentar-se como proposta altamente centrada na atuação docente, a inclusão tem sido sentida diferentemente por professores/as, que ora a temem, ora se encantam. Essas mudanças se deram em consonância com as orientações estabelecidas na Conferência Educação para Todos, em Jomtien (1990) e na Declaração de Salamanca (1994), que preconizavam, entre outras questões, a ampliação da Educação Especial nos países em desenvolvimento. Contudo, tais processos repercutiram no modelo educacional da escola regular comum, desarticularam a rede de atendimento ofertado até então por associações e instituições não-governamentais, e desencadearam processos identitários em professores/as, dentro do modelo inclusivo. Nesse sentido, objetivamos investigar os discursos e as práticas de letramento no contexto da Educação Especial, face às essas mudanças na política educacional brasileira. A investigação foi ancorada na Análise de Discurso Crítica (FAIRCLOUGH, 2003; CHOULIARAKI & FAIRCLOUGH, 1999) e nos Novos Estudos do Letramento (BARTON, 2007; BARTON & HAMILTON, 1998 e BARTON & PAPEN, 2010). A pesquisa foi realizada em cinco cidades brasileiras Brasília, Fortaleza, Goiânia, Floriano e Teresina, no período de 2007 a O corpus é formado por transcrições de entrevistas e observações etnográficas realizadas com 25 profissionais. Os resultados demonstram a fragilidade da proposta de inclusão brasileira, celebrada por meio de discursos que evocam igualdade, justiça, cidadania, direito e autonomia, não concretizados da forma como são veiculados. Os resultados também apontam para uma prática educacional que consolida um ambiente de desvalorização da docência, por meio da privação de meios, recursos, acanhamento das políticas intersetoriais de apoio às famílias, em parte decorrente da política de formação docente para a educação inclusiva que vem influindo para uma prática escolarizada pouco eficiente e emancipatória, visto que as concepções ainda estão dicotomizadas em relação ao aluno regular e ao aluno deficiente. Por outro lado, novos discursos emergem no contexto escolar (Discursos da inclusão, dos Direitos Humanos, da Saúde e da Família tradicional) que favorecem o convívio entre crianças e jovens da Educação Especial e Educação Regular, bem como a integração social de pessoas com deficiência em diferentes ambientes. Palavras-chave: Discurso; Letramento; Educação Inclusiva.
4 RELAÇÕES INTERDISCURSIVAS NA PRODUÇÃO DE SENTIDOS SOBRE A CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA PELOS PROFESSORES FORMADORES DO NEAD/UESPI Raimundo Isídio de SOUSA (UESPI) risidios@yahoo.com.br Partindo da concepção de que discurso são efeitos de sentido entre locutores (Pêcheux), discutiremos o modo como os sujeitos professores formadores do Núcleo de Educação a Distância da Universidade Estadual do Piauí Uespi constroem discursos acerca da concepção de educação a distância. Essa modalidade de educação tem-se consolidado e se aprimorado no Brasil desde 2005, e a Uespi oferta cursos a distância desde 2009 por meio do Sistema Universidade Aberta do Brasil e, a partir da prática pedagógica nessa modalidade, começam-se desafios dos processos educativos na Universidade em relação às perspectivas e às mudanças postuladas pela educação a distância, pois o professor passa por uma ressignificação em sua prática, considerando as novas abordagens e formas de conceber e de fazer educação. Entretanto, a abertura de novos espaços e a mudança de paradigmas na educação superior frente à modalidade de educação a distância causam, de certo modo, incertezas. Nesse sentido, pretendemos investigar como o professor formador é levado a institucionalizar, na sua prática, o discurso de quem mantém o Programa, ao comentar as finalidades deste, o perfil do discente e o cotejo com a modalidade presencial. Os autores que subsidiarão o estudo são Pêcheux (1990, 1999), Orlandi (1997, 2002) e Courtine (1999, 2009), trazendo as composições teóricas sobre discurso, sujeito discursivo, interdiscurso, formação discursiva e formação ideológica. A pesquisa tem como corpus 06 entrevistas colhidas para a execução do Projeto PIBIC/Uespi em Os resultados preliminares suscitam uma constante anaforização dos discursos do governo federal sobre a educação a distância nos discursos dos professores, ativando préconstruídos, já-ditos de formações discursivas que levam a posição-sujeito a sustentar e a naturalizar o saber por meio da memória discursiva e do interdiscurso. Tais fenômenos apontam a educação a distância como importante prática promotora da inclusão social, à medida que possibilita a milhões de brasileiros o acesso a cursos de formação diversificados ofertados em plataformas virtuais, insurgindo como palco de representações discursivas que acionam uma perspectiva de mudança de ser professor e de ser estudante. Palavras-chave: Discurso; Inclusão; Educação a distancia.
5 UM DISCURSO DE INCLUSÃO SOCIAL: A CONSTRUÇÃO DO ETHOS DE UMA SURDA NA OBRA AUTOBIOGRÁFICA LE CRI DE LA MOUETTE Shara Lylian de Castro LOPES (UFC) sharalylian@hotmail.com Esta pesquisa, que resultou de estudos realizados para o trabalho de conclusão do curso de especialização em LIBRAS Língua Brasileira de sinais ofertada pela UESPI Universidade Estadual do Piauí, realizada pela autora no período de 2013 a 2015, teve por objetivo compreender como se dá a construção do ethos da atriz e escritora francesa Emmanuelle Laborit, em sua obra autobiográfica Le cri de la mouette. A obra retrata a percepção do mundo a partir da ótica de uma pessoa surda num ambiente de indiferença e completo silêncio. Numa visão mais ampla, a proposta do estudo se deu com o fim de perceber como a língua de sinais, em qualquer que seja o país, colabora para a inclusão social de uma comunidade surda nas diversas interações sociais que se cobram dela pela sociedade geral. Desse modo, o artigo esclarece a necessidade de analisar os recursos linguísticos, discursivos e retóricos utilizados pela autora para a construção e consolidação da identidade desse estrato social, bem como os desafios enfrentados por essa comunidade na consolidação de sua identidade, tendo em vista os obstáculos de toda natureza enfrentados pelos surdos e que, se estendem a outros grupos minoritários, respeitadas as idiossincrasias de cada um deles. Para a análise, foram utilizados referenciais teóricos oriundos de estudos da Análise do Discurso realizada principalmente na França (AMOSSY, 2005; MAINGUENEAU, 2008a, 2008b), de estudos sobre identidade (CHARAUDEAU, 2015; HALL, 2006; TAVARES, 2007) e de pesquisas sobre a língua de sinais que se delineiam no Brasil das últimas décadas com a intenção de proporcionar uma visão científica da situação social em questão. Assim, foi possível perceber a importância da categoria discursiva ethos, bem como, da formação discursiva interligada intrinsecamente a outras categorias, para o processo de formação e estabilização de identidade do sujeito surdo, bem como a necessidade de uma língua de sinais para a referida estabilidade. Palavras-chave: Discurso; Ethos;
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