MINISTÉRIO DAS FINANÇAS. Relatório sobre a Execução e Orientação da Despesa Pública
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1 MINISTÉRIO DAS FINANÇAS Relatório sobre a Execução e Orientação da Despesa Pública Maio 2004
2 (elaborado com informação disponível até ao dia 15 de Abril de 2004) MINISTÉRIO DAS FINANÇAS Avª Infante D. Henrique LISBOA Telefone: (+351) Fax: (+351)
3 R E L A T Ó R I O S O B R E A E X E C U Ç Ã O E O R I E N T A Ç Ã O D A D E S P E S A P Ú B L I C A E M Índice 1. SITUAÇÃO E PERSPECTIVAS ECONÓMICAS Evolução Recente e Previsões da Primavera Economia Internacional Economia Nacional FINANÇAS PÚBLICAS A Execução Orçamental em Execução do OE 2004 e do OSS 2004 (1º Trimestre) Política de Investimento Público Execução do PIDDAC em Execução do PIDDAC no 1º Trimestre de Avaliação das Medidas e Resultados da Política da Despesa Pública, baseada em Critérios de Economia, Eficiência e Eficácia Política de Financiamento, Gestão da Dívida Pública e da Tesouraria do Estado Programa de Financiamento do Estado para Execução do Programa de Financiamento no 1º Trimestre Mercado Secundário da Dívida Pública Movimento e Saldos da Dívida Pública Política de Gestão da Tesouraria do Estado AVALIAÇÃO DAS MEDIDAS DE POLÍTICA Presidência do Conselho de Ministros Ministério das Finanças Ministério da Defesa Nacional Ministério dos Negócios Estrangeiros Ministério da Administração Interna Ministério da Justiça Ministério da Economia Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas Ministério da Educação Ministério da Ciência e do Ensino Superior Ministério da Cultura Ministério da Saúde Ministério da Segurança Social e do Trabalho Ministério das Obras Públicas, Transportes e Habitação Ministério das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente A CONSOLIDAÇÃO ORÇAMENTAL E A COORDENAÇÃO DE POLÍTICAS NO QUADRO DA UNIÃO EUROPEIA A Situação Orçamental nos Estadosmembros Coordenação de Políticas e Supervisão Multilateral Orientações Gerais das Políticas Económicas para Conclusões do Conselho Europeu da Primavera 25/26 de Março de A Actualização do Programa de Estabilidade e Crescimento de Portugal para A Actualização das Orientações Gerais de Política Económica A TRAJECTÓRIA DAS FINANÇAS PÚBLICAS E A ORIENTAÇÃO DA DESPESA NO MÉDIO PRAZO A Trajectória de Consolidação A Orientação da Despesa Pública no Médio Prazo Índice de quadros Quadro 1.1. Enquadramento Internacional...1 Quadro 1.2. Cenário Macroeconómico...4 Quadro 1.3. Comparação das Previsões Macroeconómicas para Portugal em Quadro 2.1. Administrações Públicas 1/...12 Quadro 2.2. Dinâmica da Dívida...13 Quadro 2.3. Conta provisória do subsector Estado do primeiro trimestre de Quadro 2.4. Receita Fiscal...15 Quadro 2.5. Elementos provisórios de execução da despesa autorizada, segundo a classificação económica...16 Quadro 2.6. Execução orçamental do primeiro trimestre de 2004, por classificação orgânica...18 Quadro 2.7. Receitas e Despesas da Segurança Social - Execução Orçamental de Janeiro a Março...20 Quadro 2.8. PIDDAC Despesa Efectiva ( )...21 Quadro 2.9. PIDDAC Quadro PIDDAC Janeiro a Março ( )...23 Quadro Movimento da Dívida Pública...30 Quadro 3.1. Evolução do Número de Efectivos na Administração Pública...43 Quadro 3.2. Fluxos de Entrada e Saída na Administração Pública...44 i
4 R E L A T Ó R I O S O B R E A E X E C U Ç Ã O E O R I E N T A Ç Ã O D A D E S P E S A P Ú B L I C A E M Quadro 4.1. Saldos Orçamentais da União Europeia Quadro 4.2. Dívida Pública na União Europeia Quadro 5.1. Conta das Administrações Públicas em percentagem do PIB (SEC 95) Quadro 5.2. Programação Financeira das Administrações Públicas Quadro 5.3. Despesa da Administração Central Consolidada Quadro 5.4. Despesa do Estado (Contabilidade Pública) Gráfico Despesas com Pessoal Gráfico Percentagem da Despesa Primária por Subsectores Índice de gráficos Gráfico 1.1. PIB em Volume... 2 Gráfico 1.2. Índices Bolsistas... 2 Gráfico 1.3. Taxa de Câmbio do euro face ao dólar... 3 Gráfico 1.4. Preço Spot do Petróleo Bruto e Futuros Brent... 3 Gráfico 1.5. Crescimento do PIB... 6 Gráfico 1.6. Indicador Avançado para Portugal... 6 Gráfico 1.7. Consumo Privado... 7 Gráfico 1.8. Formação Bruta de Capital Fixo... 7 Gráfico 1.9. Endividamento das Famílias... 7 Gráfico 2.1. PIB real e Hiato do Produto... 9 Gráfico 2.2. Saldo Global Efectivo e Corrigido do Ciclo Económico Gráfico 2.3. Saldo Primário Efectivo e Corrigido do Ciclo Económico Gráfico 2.4. Consumo Público Gráfico 2.5. Despesa Corrente) Gráfico 2.6. Receita e Despesa Total Gráfico 2.7. Curva de Rendimentos das Obrigações do Tesouro (OT) Gráfico 2.8. Taxas de Rendibilidade a 10 anos Gráfico 3.1. Entradas Líquidas na Administração Central, Regional e Local Gráfico 3.2. Fluxos de entrada, saída e saldos na Administração Central (número) Gráfico 5.1. PIB - Taxas de Crescimento Reais Gráfico 5.2. Hiato do Produto face ao PIB Potencial Gráfico 5.3. Saldo Global em % do PIB Gráfico 5.4. Saldo Primário em % do PIB Gráfico 5.5. Receita de Impostos e Contribuições Sociais Gráfico 5.6. Receita de Impostos e Contribuições Sociais Gráfico 5.7. Despesa Total em % do PIB Gráfico 5.8. Receitas e Despesas Totais das AP Gráfico 5.9. Despesa Total Gráfico Despesa Corrente Gráfico Despesa Capital Gráfico Despesa Corrente Primária Excluindo Prestações Sociais Gráfico Prestações Sociais Gráfico Consumo Público ii
5 R E L A T Ó R I O S O B R E A E X E C U Ç Ã O E O R I E N T A Ç Ã O D A D E S P E S A P Ú B L I C A E M Capítulo 1 1. SITUAÇÃO E PERSPECTIVAS ECONÓMICAS 1.1. Evolução Recente e Previsões da Primavera Economia Internacional Na segunda metade de 2003, o crescimento económico mundial consolidou-se. As expectativas de crescimento formuladas pela Comissão Europeia, no Outono daquele ano, foram, inclusivamente, ultrapassadas para os Estados Unidos da América, Ásia e novos Estados Membros da União Europeia. Para 2004, tanto a Comissão Europeia como as principais instituições internacionais que publicam este tipo de previsões antecipam a intensificação da recuperação económica. A existência de condições financeiras favoráveis, o regresso da confiança de consumidores e empresários (bem patente na evolução dos principais índices bolsistas) e o cariz expansionista das políticas monetárias e orçamentais desenvolvidas nos EUA e no Japão deverão contribuir para a esperada aceleração do crescimento económico. A forte expansão da actividade económica mundial deverá ainda ter efeitos de arrastamento sobre as economias europeias que, no entanto, deverão apresentar taxas de crescimento mais moderadas. Quadro 1.1. Enquadramento Internacional Economia Mundial Estados Unidos da América Japão UE UE Crescimento das importações mundiais (%) Crescimento dos mercados de exportação fora da área do euro (%) Evolução cambial e preços das matérias primas Preço do petróleo Brent (USD/bbl) Preço das matérias primas excl. petróleo (taxa de variação em %) Previsões da Comissão Europeia Primavera 2004 PIB - Taxa de crescimento real (%) Comércio mundial Desvios face às previsões do Outono Taxa de câmbio USD/EUR Fontes: Comissão Europeia, Economic Forecasts, Primavera De notar, no entanto, que o optimismo quase generalizado das previsões disponíveis não deixa de considerar a existência de diversos factores de risco: A prevista intensificação, em 2004, do crescimento da economia norte-americana assenta na forte aceleração das exportações e na consolidação do investimento e do 1
6 CAPÍTULO 1- SITUAÇÃO E PERSPECTIVAS ECONÓMICAS consumo privado. Não se prevê, no entanto, qualquer correcção significativa dos desequilíbrios macroeconómicos existentes. Espera-se, deste modo, um agravamento do défice da balança corrente (de 4,7% do PIB em 2003 para 5,2% em 2004) e uma ligeira diminuição do défice público, (de 4,8% do PIB, em 2003, para 4,5% em 2004). A permanência destes défices, aliada ao forte endividamento das famílias norte-americanas, poderá pôr em risco a sustentabilidade da recuperação económica. Neste âmbito, parece de especial importância a relação entre as variáveis que caracterizam a parte real da economia e a evolução dos mercados financeiros e cambiais. A revisão, em alta, do crescimento económico Japonês assenta na expectativa da continuação de um forte crescimento das exportações (associado ao dinamismo das restantes economias asiáticas) e de uma melhoria gradual da procura interna. No entanto, o desequilíbrio das contas públicas deverá persistir (défice público de 7,4% do PIB em 2004, após um défice de 7,7% do PIB no ano anterior, juntamente com uma dívida pública que, no final de 2003, atingia 157.3% do PIB) e a situação do sector financeiro continua a evidenciar problemas estruturais, bem patentes nos elevados valores do crédito mal parado na posse dos bancos nipónicos, cujos balanços contêm uma quantidade apreciável de títulos de dívida pública, emitidos a taxas de juro muito baixas. Gráfico 1.1. PIB em Volume Gráfico 1.2. Índices Bolsistas (Taxa de variação homóloga, em %) Área do Euro EUA Previsão Prim º T 01 2º T 01 3º T 01 4º T 01 1º T 02 2º T 02 3º T 02 4º T 02 1º T 03 2º T 03 3º T 03 4º T 03 1º T 04 Fontes: Eurostat; Bureau of Economic Analysis. Comissão Europeia, Economic Forecasts, Primavera º T 04 3º T 04 4º T 04 Mar-01 Jun-01 Fonte: BCE. Set-01 Dez-01 Mar-02 Jun-02 Set-02 Dez-02 Mar-03 Jun-03 Set-03 Dez-03 Euro-Stoxx 50 (escala da esquerda) NASDAQ 100 (escala da esquerda) DOW JONES (escala da direita) Mar-04 A União Europeia iniciou a recuperação económica no 2º semestre de 2003, com um trimestre de atraso face à economia norte-americana e mantendo taxas de crescimento claramente inferiores às experimentadas nos EUA. Espera-se que, no decorrer de 2004, esta recuperação possa aprofundar-se e generalizar-se a todos os Estados-membros, com base na retoma das exportações e do investimento. Não se antevê, todavia, um aumento significativo do emprego, dependente de uma maior aceleração da actividade económica, e, bem assim, da realização de reformas estruturais. As dificuldades sentidas na execução destas reformas, que se não circunscrevem ao mercado dos factores de produção (trabalho e sector financeiro) mas se alargam aos mercados de produtos (maior concorrência, indutora de acréscimos de produtividade mais significativos) e às administrações públicas (com relevância para as reformas do sector da segurança social), constituem, precisamente, uma das maiores restrições activas ao crescimento europeu. O facto de as 2
7 R E L A T Ó R I O S O B R E A E X E C U Ç Ã O E O R I E N T A Ç Ã O D A D E S P E S A P Ú B L I C A E M previsões de crescimento para a UE assentarem, em grande parte, nos efeitos de arrastamento induzidos pelas elevadas taxas de crescimento previstas para as outras regiões económicas relevantes (EUA e Japão) significa que a Europa ficará particularmente exposta aos riscos anteriormente mencionados para estas regiões. De relevar que também as famílias europeias, à semelhança das americanas, têm aumentado significativamente o seu nível de endividamento, o que torna o consumo privado particularmente sensível a variações das taxas de juro. As três regiões económicas beneficiaram de condições financeiras bastante favoráveis no primeiro trimestre de Com efeito: as taxas de juro de curto prazo (mercado monetário) têm apresentado uma tendência de baixa desde o início de Dezembro de 2003, o mesmo acontecendo com as taxas de juro de longo prazo, cuja descida foi mais acentuada nos EUA. até Fevereiro de 2004, a evolução dos mercados bolsistas nos EUA e área do euro foi caracterizada pela tendência ascendente dos preços das acções. Contudo, em Março de 2004, verificou-se um ligeiro decréscimo, reflectindo o aumento da incerteza após os atentados terroristas de 11 de Março em Madrid. No 1º trimestre de 2004, a taxa de câmbio do euro face ao dólar americano apresentou uma depreciação de 3,2%. Foi, pois, interrompido o forte movimento de apreciação do euro que caracterizou o ano de O preço do petróleo manteve-se, em 2003, em níveis elevados, tendo o preço spot médio do petróleo Brent atingido 28,8 dólares/barril. Este preço aumentou para 32 dólares/barril no 1º trimestre de 2004 (ultrapassando o do trimestre homólogo de 2003), influenciado pela decisão da OPEP, em Fevereiro, de restringir a produção no 2º trimestre, pela forte procura de petróleo e pelas preocupações relacionadas com a segurança dos fornecimentos desta matéria prima. Gráfico 1.3. Taxa de Câmbio do euro face ao dólar (Valores fim de período) Gráfico 1.4. Preço Spot do Petróleo Bruto e Futuros Brent (USD/barril) /03/04=1, Futuros Brent Mar-99 Jul-99 Nov-99 Mar-00 Jul-00 Nov-00 Fonte: Banco de Portugal. Mar-01 Jul-01 Dez/01=0,88 Nov-01 Mar-02 Jul-02 Nov-02 Mar-03 Jul-03 Nov-03 Mar Abr-01 Ago-01 Dez-01 Abr-02 Spot Brent (média mensal) Ago-02 Dez-02 Fontes: DG de Energia; International Petroleum Exchange of London. Abr-03 Ago-03 Dez-03 Abr-04 Ago-04 Dez-04 Abr Economia Nacional Verificou-se, no ano de 2003, uma contracção da actividade económica mais acentuada do que a esperada. As últimas estimativas existentes para a evolução do PIB 3
8 CAPÍTULO 1- SITUAÇÃO E PERSPECTIVAS ECONÓMICAS indicam um decréscimo de 1.3% em 2003, o que ultrapassa em 0.3 p.p. o limite inferior do intervalo de estimação do cenário macroeconómico apresentado no Orçamento de Estado para e que esteve subjacente ao cenário central do Programa de Estabilidade e Crescimento para Quadro 1.2. Cenário Macroeconómico Estimativa OE 04 Efectivo Previsão Taxas de crescimento em volume (%) Consumo Privado [-1 ; -0,5] -0.7 [0 ; 1] Consumo Público [-1,5 ; -1] -0.6 [-0,75 ; -0,25] Investimento (FBCF) [-8 ; -6] -9.6 [1 ; 4] Procura interna [-3 ; -2] -2.7 [0 ; 1,5] Exportações [2,5 ; 3,5] 3.9 [4,5 ; 6,5] Importações [-2,75 ; -0,75] -1.0 [2,75 ; 5,5] PIB [-1 ; -0,5] -1.3 [0,5 ; 1,5] Por memória Taxas de variação em % Deflator do PIB [2,75 ; 3] 2.3 [2 ; 3] Deflator do Consumo Privado [3 ; 3,3] 3.4 [1,5 ; 2,5] Fontes: 2003 efectivo: INE, Contas Nacionais Trimestrais estimativa e 2004: Ministério das Finanças, Orçamento do Estado para 2004 e Grandes Opções do Plano Com efeito, e como se pode constatar no Quadro 1.1., a quebra no investimento foi mais intensa do que o esperado, movimento que foi parcialmente contrariado pela evolução positiva das exportações, que, apesar do abrandamento da procura externa, excederam as expectativas então existentes. Dado que a evolução das importações reflectiu a quebra da procura interna, o comércio externo acabou por dar um contributo positivo não só para a evolução do PIB mas também para a redução do desequilíbrio externo. De facto, em 2003, o défice comercial (que se reduziu em 1.2 p.p. do PIB face ao ano anterior), contribuiu significativamente para a diminuição do défice agregado da balança corrente e de capital, que passou de 5,1% do PIB, em 2002, para 3% do PIB, em A deterioração da conjuntura económica afectou, tal como se esperava, o mercado de trabalho. No conjunto do ano de 2003, o emprego total na economia registou um decréscimo de 0,8% e a taxa de desemprego subiu de 5,1%, em 2002, para 6,4% em 2003 (valor dentro do intervalo de estimação de 6,25% a 6,5%). Os indicadores disponíveis para o 1º trimestre de 2004 sugerem a recuperação do emprego e o abrandamento do crescimento do desemprego. O mercado de trabalho parece, pois, estar a reagir conforme as expectativas. Para o conjunto do ano de 2004, e de acordo com o previsto no cenário subjacente ao Programa de Estabilidade e Crescimento, espera-se que o emprego registe um crescimento em torno dos 0,4% e que a taxa de desemprego aumente para 6,7%. Tendo em conta o normal desfasamento da reacção do mercado de trabalho face ao ciclo económico, será de esperar que o crescimento do emprego e a redução da taxa de desemprego se intensifiquem a partir de 1 O cenário utilizado no relatório do OE 2004 tinha implícito um crescimento do deflator do PIB superior ao agora estimado, o que se reflectiu, adicionalmente, numa estimativa mais elevada para o PIB nominal de 2003, que serviu de base, por seu turno, à projecção para Daqui decorrem diferenças em alguns rácios apresentados, que serão pontualmente assinaladas. 4
9 R E L A T Ó R I O S O B R E A E X E C U Ç Ã O E O R I E N T A Ç Ã O D A D E S P E S A P Ú B L I C A E M A informação relativa à procura agregada para os primeiros meses do ano aponta para uma recuperação do investimento, sendo ainda relativamente indefinida no que se refere à evolução do consumo privado. A inflação deverá continuar a trajectória de descida em A desaceleração da inflação deverá ser sustentada por diversos factores, nomeadamente moderação salarial, um crescimento económico abaixo do potencial e pelo crescimento moderado dos preços das importações de mercadorias. Esta previsão poderá ser, no entanto, contrariada por um aumento do preço das matérias primas, nomeadamente do petróleo, acima do esperado. A evolução económica recente não parece justificar a alteração do cenário macroeconómico prospectivo subjacente ao Orçamento do Estado para Continuase, deste modo, a esperar uma recuperação gradual da economia portuguesa que gere um crescimento de cerca de 1% 2 em A fase descendente deste ciclo, iniciada em meados de 2000, deverá pois ter atingido o seu ponto mais baixo em Estas previsões estão em consonância com as das instituições internacionais. De acordo com a Comissão Europeia, o crescimento do PIB português, em termos homólogos, deverá atingir os níveis de crescimento da economia da área do euro ainda no final do corrente ano. A evolução positiva do enquadramento internacional, a manutenção de condições de financiamento favoráveis (baixas taxas de juro e valorização das cotações bolsistas), a tendência descendente da inflação e a gradual implementação de reformas estruturais são factores importantes em que assenta a previsão da retoma económica. Quadro 1.3. Comparação das Previsões Macroeconómicas para Portugal em 2004 Ministério das Finanças Comissão Europeia FMI Dez 03 Abr 04 Mar-04 Taxas de crescimento em volume (%) Consumo Privado Consumo Público FBCF Procura interna Exportações : Importações : PIB Output gap (em % do PIB potencial) Emprego (taxa de variação, %) Taxa de Inflação (taxa de variação, %) Saldo Global das APs (em % do PIB) Fonte: Ministério das Finanças, Programa de Estabilidade e Crescimento ( ), Dezembro de 2003; Comissão Europeia, Previsões da Primavera, Abril de 2004 e Fundo Monetário Internacional, consulta ao abrigo do Artigo IV, Março de Ponto médio do intervalo de previsão [0,5%; 1,5%] do cenário subjacente ao Orçamento do Estado para
10 CAPÍTULO 1- SITUAÇÃO E PERSPECTIVAS ECONÓMICAS Gráfico 1.5. Crescimento do PIB (Variação homóloga, %) Previsão Gráfico 1.6. Indicador Avançado para Portugal (Taxa de variação, %) Área do euro Portugal I II III IV 02 I II III IV 03 I II III IV 04 I II III IV Fev-00 Mai-00 Ago-00 Nov-00 Fev-01 Mai-01 Ago-01 Nov-01 Fev-02 Mai-02 Ago-02 Nov-02 Fev-03 Mai-03 Ago-03 Nov-03 Fev-04 Fonte: Comissão Europeia, Previsões da Primavera, Abril de Fonte: OCDE Após dois anos caracterizados pela contracção da procura interna, prevê-se, deste modo, para 2004, um crescimento moderado do PIB, assente não só numa procura externa em expansão mas também no crescimento do investimento e do consumo privado: Num contexto de recuperação económica dos principais parceiros comerciais, parece legítimo esperar que as exportações portuguesas cresçam significativamente em Com efeito, o crescimento dos mercados de exportação deverá aumentar cerca de 6,7%, (1p.p. acima da estimativa do Programa de Estabilidade e Crescimento). A eventual continuação da apreciação do euro poderá constituir um risco a esta previsão. Note-se, no entanto, que em 2003, mesmo num contexto de forte apreciação do euro e de abrandamento económico internacional, as exportações portuguesas apresentaram um desempenho bastante razoável. Depois de um decréscimo acentuado, em 2003, espera-se que o investimento registe uma evolução positiva em 2004, sobretudo devido ao investimento empresarial. Os dados disponíveis para o 1º trimestre de 2004 apresentam-se mais favoráveis do que no ano anterior, com o investimento em bens de equipamento e material de transporte a demonstrar um comportamento dinâmico, enquanto o investimento em construção, apesar de mais favorável, continua negativo. Prevê-se ainda um crescimento moderado do consumo privado, associado a uma aceleração esperada do rendimento disponível real e a uma melhoria gradual das expectativas dos consumidores. No entanto, os elevados níveis de endividamento das famílias e a persistência de uma elevada taxa de desemprego deverão condicionar as decisões de consumo, por um efeito de precaução. 6
11 R E L A T Ó R I O S O B R E A E X E C U Ç Ã O E O R I E N T A Ç Ã O D A D E S P E S A P Ú B L I C A E M Gráfico 1.7. Consumo Privado (Variação homóloga real, %) Gráfico 1.8. Formação Bruta de Capital Fixo (Variação homóloga real, %) I II III IV 02 I II III IV 03 I II III Consumo privado real (CNT) Indicador Coincidente IV 04 I I II III IV 2002 I II III IV 2003 I CN Trimestrais Indicador Coincidente II III IV 2004 I * Fonte: INE, DGEP. Fonte: INE, DGEP; * Até Fevereiro De notar que, em Portugal, o endividamento das famílias, é, em percentagem do rendimento disponível, francamente superior à média da área do euro (cerca de 82% no final de 2003, de acordo com os valores do Banco Central Europeu). Gráfico 1.9. Endividamento das Famílias (% do rendimento disponível) endividamento (escala da esquerda) juros pagos Fontes: Banco de Portugal e Ministério das Finanças. Como acontece a qualquer cenário, também este apresenta riscos. Estes não são, no entanto, qualitativamente diferentes dos que se colocam relativamente às previsões efectuadas para a generalidade da União Europeia. Neste momento, parecem particularmente relevantes os riscos relacionados com a evolução dos mercados financeiros e cambiais bem assim como os relacionados com a evolução dos preços das matérias primas. 7
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13 R E L A T Ó R I O S O B R E A E X E C U Ç Ã O E O R I E N T A Ç Ã O D A D E S P E S A P Ú B L I C A E M Capítulo 2 2. FINANÇAS PÚBLICAS 2.1. A Execução Orçamental em 2003 O Produto Interno Bruto (PIB) sofreu uma marcada desaceleração desde 2000, e, em 2003, registou uma diminuição de 1,3%. O hiato do produto (definido como o desvio entre o PIB efectivo e o PIB potencial em percentagem do potencial) foi ainda positivo em 2002, mas em 2003 sofreu um alargamento acentuado, atingindo 2,3 pontos percentuais. Gráfico 2.1. PIB real e Hiato do Produto (Função de Produção) 5% 3% 1% -1% -3% Hiato do Produto 0.2% 1.8% 2.9% 3.6% 2.5% 0.7% -2.3% PIB tc real 4.0% 4.6% 3.8% 3.4% 1.8% 0.5% -1.3% Os resultados da execução orçamental 3 são fortemente marcados pela evolução económica descrita. As receitas fiscais, incluindo as contribuições para a segurança social e excluindo o efeito das medidas excepcionais de captação de receita (em ambos os anos), registaram uma forte desaceleração, passando de um crescimento de 5,6% em 2002, para 1,5% em Do lado da despesa, o efeito do ciclo económico fez-se sentir nas prestações sociais, reflectindo o aumento da despesa associado às políticas de protecção ao desemprego e respectivos subsídios. Também a passagem de 31 hospitais a sociedades anónimas de capitais públicos determinou uma alteração na estrutura da despesa. Com efeito, a aquisição, pelo sector público, dos serviços prestados por estes hospitais passou a ser englobada nas prestações sociais, com a consequente diminuição das despesas com pessoal e consumo intermédio, contribuindo, desta forma, para o elevado crescimento da despesa com prestações sociais que, em 2002, foi de 8,4%, acelerando em 2003 para 15,1%. No entanto, a forte contenção da despesa nas restantes rubricas, conjuntamente com a adopção de um conjunto de medidas de carácter excepcional, que totalizaram 2¼% 4 do PIB, permitiram uma clara melhoria na via da consolidação orçamental. O défice global efectivo situou-se em 2003 em 2,8% do PIB, valor da mesma ordem de grandeza do ano anterior. No entanto, o mesmo indicador corrigido do efeito do ciclo 3 As últimas estimativas disponíveis para as contas das Administrações Públicas incluem valores calculados pelo Instituto Nacional de Estatística até 2001 e estimativas do Ministério das Finanças, para o período , reportadas no âmbito do Procedimento dos Défices Excessivos, em Fevereiro de De salientar que os valores do Produto Interno Bruto foram revistos pelo INE para o período e foram, a 10 de Março, divulgados os valores para o conjunto de Incluem-se neste conceito as receitas extraordinárias decorrentes da cessão de créditos tributários e da Segurança Social para efeitos de titularização e da transferência do Fundo de Pensões dos CTT para a Caixa Geral de Aposentações. 9
14 C A P Í T U L O 2 - F I N A N Ç A S P Ú B L I C A S económico mostra uma evolução clara no sentido da consolidação orçamental, tendo registado uma redução para quase metade do valor registado em 2002, correspondendo a uma diminuição de 1,4 pontos percentuais do PIB. No conjunto dos anos de 2002 e 2003, o défice global corrigido do ciclo económico foi reduzido em 3,9 pontos percentuais do PIB. Gráfico 2.2. Saldo Global Efectivo e Corrigido do Ciclo Económico (% do PIB) 0% -2% Corrigido Efectivo -4% -6% Corrigido -3.7% -3.9% -4.2% -4.5% -5.5% -3.0% -1.6% Efectivo -3.6% -3.2% -2.8% -2.8% -4.4% -2.7% -2.8% O saldo primário em 2003 manteve-se positivo, em 0,1% do PIB, e, quando corrigido do efeito do ciclo económico, mostra uma melhoria face a 2002 de 1,3 pontos percentuais do PIB. Gráfico 2.3. Saldo Primário Efectivo e Corrigido do Ciclo Económico (% do PIB) 2% 1% 0% -1% -2% Corrigido Efectivo -3% Corrigido 0.6% -0.5% -0.9% -1.3% -2.3% 0.0% 1.3% Efectivo 0.6% 0.3% 0.4% 0.4% -1.1% 0.3% 0.1% Esta evolução positiva no caminho da consolidação é igualmente patente no consumo público, que desacelerou de um crescimento de 7,1% em 2002, para um aumento de apenas 0,8% em
15 R E L A T Ó R I O S O B R E A E X E C U Ç Ã O E O R I E N T A Ç Ã O D A D E S P E S A P Ú B L I C A E M Gráfico 2.4. Consumo Público (Taxa de Crescimento Nominal) 15.0% Consumo Público (taxa crescimento nominal) 10.0% 5.0% 0.0% % 11.1% 11.5% 8.0% 7.1% 0.8% Da análise da evolução da despesa corrente ressalta uma desaceleração importante em todas as rubricas à excepção das prestações sociais. Particularmente, as despesas com pessoal, cujo crescimento em 2002 havia sido de 7,8%, registaram em 2003 uma diminuição de 2,6%, reflectindo a contenção nas admissões, a moderação salarial e, também, as alterações de contabilização resultantes dos hospitais SA. Gráfico 2.5. Despesa Corrente) (Taxa de Crescimento Nominal) 15.0% Despesa Corrente (taxa crescimento nominal) 10.0% 5.0% 0.0% % 10.3% 9.2% 7.9% 6.9% 3.5% No conjunto da despesa corrente, que já não é afectada por aquela alteração de contabilização, a desaceleração é muito significativa, passando de uma taxa de crescimento de 6,9% em 2002, para 3,5% em Os recursos canalizados para a investimento aumentaram significativamente face a 2002, o que é traduzido pela evolução da taxa de crescimento da Formação Bruta de Capital Fixo 5 que aumentou, face a 2002, 9,5%. 5 A formação bruta de capital fixo no sistema de contas nacionais é abatida das vendas de bens de investimento. Na presente análise não se procedeu a este abatimento, uma vez que este indicador permite aferir melhor a evolução registada na afectação de recursos. 11
16 C A P Í T U L O 2 - F I N A N Ç A S P Ú B L I C A S A despesa total em 2003 cresceu 4,9% devido ao comportamento positivo do investimento, originando uma redução do peso da despesa corrente na despesa total de 90% em 2002, para 88,8% em Este crescimento da despesa compara com uma taxa média de 8,4% no triénio Gráfico 2.6. Receita e Despesa Total (Taxa de Crescimento Nominal) 15.0% Receita e Despesa Total (taxa crescimento nominal) 10.0% 5.0% 0.0% Despesa 6.9% 9.8% 6.7% 8.8% 4.7% 4.9% Receita 7.9% 10.8% 6.6% 5.1% 9.0% 4.8% Quadro 2.1. Administrações Públicas 1/ % do PIB Taxa de crescimento (%) Saldo Global das AP por Subsectores Administrações Públicas Administração Central Administração Local e Regional Fundos de Segurança Social Administrações Públicas Receitas totais Despesas totais Saldo Global Juros Saldo primário Componentes da receita Impostos Contribuições sociais Outras Receitas totais Componentes da despesa Consumo Público Prestações sociais excl. em espécie Juros Subsídios Formação Bruta de Capital Fixo Outras Despesas totais / Conceito SEC 95. Fonte: INE e Ministério das Finanças. 12
17 R E L A T Ó R I O S O B R E A E X E C U Ç Ã O E O R I E N T A Ç Ã O D A D E S P E S A P Ú B L I C A E M Quadro 2.2. Dinâmica da Dívida (em % do PIB) Dívida no início do período 55,6 58,1 Efeito do saldo primário -0,3-0,1 Efeito dos juros 3,0 2,9 Efeito do crescimento -2,9-0,6 Outras variações 2,7-0,2 Dívida no final do período 58,1 60,1 Fonte: Ministério das Finanças e INE. O rácio da dívida pública no PIB 6 aumentou 2 p.p. do PIB entre 2002 e 2003, situando-se marginalmente acima de 60 por cento. Em 2003, o contributo do crescimento nominal do PIB para a redução do rácio da dívida foi de apenas 0,6 p.p., significativamente menor que o verificado em 2002 (2,9%) e insuficiente para compensar o efeito da componente dos juros, que contribuiu em 2.9 p.p. para o seu agravamento. O saldo primário contribuiu, por seu turno, com 0,1 p.p. do PIB para a redução do rácio da dívida Execução do OE 2004 e do OSS 2004 (1º Trimestre) Execução do OE 2004 até Março O saldo global (provisório) do défice do subsector Estado no primeiro trimestre do ano em curso, excluídas as despesas de anos anteriores, ascende a M, reflectindo, em termos homólogos, uma redução, a qual decorre da diferença de 6,4 p.p. entre as taxas de crescimento homólogo da receita e despesa. Esta evolução, pese embora o facto de se reportar apenas à execução do primeiro trimestre, reflecte, no que diz respeito ao comportamento da receita, o efeito positivo de especificidades associadas à cobrança de alguns impostos, com especial destaque para o Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (IRC). No que se relaciona com a despesa, destaca-se a forte moderação do crescimento observado em termos homólogos (+1,3%), assente, por um lado, numa evolução dos agregados da despesa com peso mais expressivo em linha com o previsto no Orçamento do Estado para 2004, embora revelando, ainda assim, um diferente padrão de execução, por comparação com o primeiro trimestre de 2003, das transferências de capital para organismos autónomos, no âmbito das despesas de Investimentos do Plano. 6 INE-Contas Nacionais Trimestrais e Anuais Preliminares, divulgadas em 10 de Março de
18 C A P Í T U L O 2 - F I N A N Ç A S P Ú B L I C A S Quadro 2.3. Conta provisória do subsector Estado do primeiro trimestre de 2004 (Período: Janeiro a Março) (milhões de euros) VARIAÇÃO (em %) 1. RECEITA CORRENTE 6.544, ,9 8, Impostos directos 2.159, ,3 16, Impostos indirectos 3.979, ,7 1, Outras receitas (1) 405,8 512,9 26,4 2. DESPESA CORRENTE 7.542, ,8 3, Pessoal e aquisição de bens e serviços 2.896, ,5 2, Subsídios 107,0 79,2-26, Juros e outros encargos 807,0 730,1-9, Transferências correntes 3.672, ,4 7,8 Administrações Públicas 3.087, ,2 7,7 Outras 584,9 633,2 8, Outras despesas 59,9 72,6 21,1 3. SALDO CORRENTE -998,6-734,9 4. RECEITA DE CAPITAL (2) 48,7 31,6-35,1 5. DESPESA DE CAPITAL (3) 886,6 728,7-17, Investimentos 57,2 56,8-0, Transferências de capital 820,1 661,6-19,3 Administrações Públicas 808,7 647,4-19,9 Outras 11,4 14,3 25, Outras despesas 9,3 10,3 10,0 6. SALDO DE CAPITAL -837,9-697,1 7. SALDO DE EXECUÇÃO ORÇAMENTAL , ,0 8. SALDO PRIMÁRIO ,4-701,9 9. ACTIVOS FINANC.LÍQUIDOS DE REEMBOLSOS 7,6 80,9 10. SALDO INCLUINDO ACTIVOS FINANCEIROS , ,0 Fontes: DGCI, DGAIEC, DGT e DGO. Nota: Exclui o pagamento de despesas de anos anteriores em ambos os anos. (1) - Inclui os recursos próprios comunitários e as reposições não abatidas nos pagamentos. (2) - Inclui os saldos da gerência anterior. Não inclui os activos nem os passivos financeiros. (3) - Não inclui os activos, nem os passivos financeiros, nem a transferência para o FRDP. CONTROLO DESPESA Evolução da Receita Fiscal No primeiro trimestre de 2004, a receita fiscal regista um crescimento, relativamente ao mesmo período de 2003, de 6,9%, cerca de 3,4 pontos percentuais acima da evolução esperada para o total do ano. O quadro seguinte permite a comparação entre a evolução da receita fiscal no primeiro trimestre de 2004 e a projecção do Relatório do Orçamento do Estado para
19 R E L A T Ó R I O S O B R E A E X E C U Ç Ã O E O R I E N T A Ç Ã O D A D E S P E S A P Ú B L I C A E M Quadro 2.4. Receita Fiscal (Milhões de euros e percentagens) 2003(p) 2004(p) Variação Impostos Directos % 1.6% OE 2004 IRS % 3.5% IRC % -0.4% outros % -64.4% Impostos Indirectos % 4,7% ISP % 4,1% IVA % 4,9% IA % 4.0% Tabaco % 4.0% Selo % 6.9% outros % -0.2% Receita Fiscal % 3.5% Fonte: DGO e DGCI Notas: (p) valores provisórios A receita dos impostos directos excede em 14,9 pontos percentuais a estimativa de execução para o ano, enquanto que a receita dos impostos indirectos está 3,1 pontos percentuais abaixo do estimado. Dentro dos impostos directos, embora a receita de IRS registe um bom desempenho, acima da taxa orçamentada, é a influência da receita do IRC que mais se destaca. A evolução que a receita deste último imposto regista é justificada, em grande parte, pelos pagamentos especiais por conta em Fevereiro de 2004, uma vez que no ano de 2003 não houve lugar ao pagamento dos mesmos. Salienta-se, no entanto, que o valor agora registado para o IRC é meramente indicativo, não permitindo qualquer extrapolação para o resto do ano, já que só em Maio se efectuará a liquidação final do imposto. Relativamente aos impostos indirectos, as taxas de variação homóloga da receita do IVA e do Tabaco estão abaixo dos valores orçamentados. Dentro do IVA, pese embora o facto da receita bruta registar um crescimento de cerca de 6%, a evolução dos reembolsos nestes primeiros três meses do ano relativamente ao período homólogo do ano anterior reduz o crescimento da receita líquida para 2,4%. Quanto à receita do imposto sobre o tabaco, o resultado registado é justificado pela antecipação, por parte dos operadores económicos, da antecipação na introdução no consumo deste tipo de produtos, em virtude da actualização da taxa de imposto do tabaco. Evolução da Despesa A despesa relevante para efeitos de determinação do défice do subsector Estado (que não integra activos e passivos financeiros, bem como a transferência para o Fundo de Regularização da Dívida Pública), excluindo as despesas de anos anteriores, situa-se em 8 535,5 milhões de euros. Este valor tem associado uma taxa de variação homóloga de 1,3%, inferior em 0,3 p.p. em relação aos objectivos fixados aquando da preparação do Orçamento do Estado para
20 C A P Í T U L O 2 - F I N A N Ç A S P Ú B L I C A S Quadro 2.5. Elementos provisórios de execução da despesa autorizada, segundo a classificação económica (Período: Janeiro a Março) DESPESA Total despesa EXECUÇÃO DE 2003 Anos anteriores Despesa do ano EXECUÇÃO PROVISÓRIA DE 2004 Total despesa Anos anteriores Despesa do ano (milhões de euros) VARIAÇÃO 2004 / 2003 (em %) (1) (2) (3)=(1)-(2) (4) (5) (6)=(4)-(5) (7)=(6)/(3) DESPESA CORRENTE Despesas com o Pessoal 2.757,4 7, , ,0 51, ,6 2,3 Remunerações Certas e Permanentes 1.791,3 4, , ,0 5, ,7-0,1 Abonos Variáveis ou Eventuais 66,1 1,2 64,9 72,3 4,1 68,2 5,2 Segurança Social 899,9 0,9 899, ,7 42,0 959,7 6,8 Aquisição de Bens e Serviços 148,7 2,4 146,3 170,9 16,0 154,9 5,8 Aquisição de Bens 55,7 1,0 54,7 56,8 6,3 50,5-7,7 Aquisição de Serviços 93,0 1,3 91,7 114,1 9,7 104,4 13,9 Juros e outros encargos 807,0 0,0 807,0 730,1 0,0 730,1-9,5 Transferências Correntes 3.672,5 0, , ,8 148, ,4 7,8 Administrações Públicas 3.087,2 0, , ,7 3, ,2 7,7 Administração Central 1.841,0 0, , ,5 0, ,3 3,4 Administração Regional 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 - Administração Local 379,0 0,0 379,0 391,4 3,3 388,1 2,4 Segurança Social 867,2 0,0 867, ,7 0, ,7 19,0 Outras transferências correntes 585,2 0,3 584,9 778,1 144,9 633,2 8,3 Subsídios 114,9 7,9 107,0 79,6 0,3 79,2-26,0 Outras Despesas Correntes 60,6 0,7 59,9 73,2 0,6 72,6 21,1 Total da despesa corrente 7.561,0 18, , ,5 216, ,8 3,5 Despesa Corrente Primária 6.754,0 18, , ,4 216, ,7 5,1 DESPESA DE CAPITAL Aquisição de Bens de Capital 59,3 2,1 57,2 58,4 1,6 56,8-0,7 Transferências de capital (1) 820,1 0,0 820,1 661,6 0,0 661,6-19,3 Administrações Públicas (1) 808,7 0,0 808,7 647,4 0,0 647,4-19,9 Administração Central (1) 483,8 0,0 483,8 312,4 0,0 312,4-35,4 Transferência para o FRDP 0,0 0,0 0,0 127,6 0,0 127,6 - Administração Regional 98,0 0,0 98,0 101,3 0,0 101,3 3,4 Administração Local 221,8 0,0 221,8 233,6 0,0 233,6 5,4 Segurança Social 5,2 0,0 5,2 0,0 0,0 0,0 - Outras transferências de capital 11,4 0,0 11,4 14,3 0,0 14,3 25,2 Activos Financeiros 12,0 0,0 12,0 83,1 0,0 83,1 592,9 Passivos Financeiros 4.341,3 0, , ,0 0, ,0 24,2 Outras Despesas de Capital 9,3 0,0 9,3 10,3 0,0 10,3 10,0 Total da despesa de capital 5.242,0 2, , ,1 1, ,4 20,8 Desp. Capital excluindo Passivos, Activos e FRDP 888,7 2,1 886,6 730,3 1,6 728,7-17,8 Total da despesa ,0 20, , ,6 218, ,3 10,6 Despesa excl. activos e passivos financ. e FRDP 8.449,7 20, , ,8 218, ,5 1,3 (1) - Exclui as transferências para o Fundo de Regularização da Dívida Pública (FRDP). A despesa corrente verifica um crescimento homólogo de 3,5% e a despesa de capital um decréscimo de 17,8%, cabendo referir que as especificidades associadas à execução mensal do Orçamento do Estado (designadamente o facto de alguns agregados de despesa verificarem um padrão de execução próprio) justificam que, no primeiro 16
21 R E L A T Ó R I O S O B R E A E X E C U Ç Ã O E O R I E N T A Ç Ã O D A D E S P E S A P Ú B L I C A E M trimestre do ano, a despesa corrente registe um crescimento superior ao previsto no Orçamento do Estado para 2004 e o inverso suceda no que se relaciona com a despesa de capital. Neste último caso, refira-se o ligeiro atraso na execução do PIDDAC relativamente ao período homólogo do ano anterior, reflectindo-se nas transferências de capital para os principais organismos autónomos que beneficiam de transferências do Orçamento do Estado, com destaque para o Instituto de Estradas de Portugal. No caso da despesa corrente, estão em causa, essencialmente as outras transferências correntes (+8,3%), reflectindo, por um lado, um diferente padrão de execução de direitos niveladores agrícolas cobrados, incidentes sobre trocas comerciais com países não membros da União Europeia, e, por outro lado, um diferente padrão das contribuições de Portugal no âmbito da política de cooperação económica externa. Relativamente às outras despesas correntes (+21,1%), está em causa um diferente padrão de execução (face ao 1º trimestre de 2003) das despesas das escolas e estabelecimentos de ensino básico e secundário financiadas pelo Fundo Social Europeu. A análise global da despesa do subsector Estado indicia, no entanto, um comportamento no primeiro trimestre do ano de 2004 em conformidade com as metas de política orçamental definidas para 2004, com destaque para os agregados de despesa com maior peso e que, de resto, apresentam uma distribuição mais regular ao longo do ano remunerações certas e permanentes e as transferências do subsector Estado para outras administrações públicas. Relativamente à primeira daquelas, a quase estagnação verificada em termos homólogos reflecte o impacto da política de emprego da Administração Pública prosseguida, designadamente a redução dos efectivos (decorrente da passagem natural à reforma e de um controlo rígido das novas admissões) e a ausência de reestruturações de carreiras. A parte mais expressiva das transferências para outras administrações públicas relaciona-se com o cumprimento das leis de bases do financiamento do ensino superior, a transferência para os estabelecimentos de saúde integrados no Serviço Nacional de Saúde e a aplicação das leis de finanças locais e das Regiões Autónomas. Os valores de execução do primeiro trimestre de 2004 têm implícito, igualmente, o cumprimento da lei de bases da segurança social, sendo, no entanto, que no ano de 2004 ocorreu uma alteração do critério de contabilização da consignação da receita de IVA à Segurança Social, facto que justifica a taxa de variação homóloga verificada no primeiro trimestre ao nível da transferências correntes para a segurança Social (+19,0%). Com efeito, passou a estar inscrito, na despesa do subsector Estado, o montante da transferência necessário ao cumprimento do Decreto-Lei n.º 331/2001, alterando o regime de consignação crescente da receita de IVA à Segurança Social que vigorou em Assim, em 2004, a satisfação dos encargos com o subsistema de protecção às famílias e políticas activas de emprego e formação profissional da responsabilidade do OE subiu de 30% para 40% e passou a ser garantida pela receita do IVA resultante do aumento da taxa de 16 para 17 por cento ocorrido em 1995, e, no remanescente, por transferências do OE para a Segurança Social, enquanto no ano anterior era integralmente assegurada por abate à colecta bruta do IVA. Se, para efeitos de comparabilidade, se imputasse à despesa de 2003 o montante correspondente à consignação de IVA à Segurança Social, registar-se-ia uma taxa de variação de 14,2%, em linha com o previsto no Relatório do Orçamento do Estado para
22 C A P Í T U L O 2 - F I N A N Ç A S P Ú B L I C A S Igualmente se destaca, em linha com o previsto no Orçamento do Estado para 2004, a redução verificada ao nível dos subsídios (-26%), essencialmente justificada pelo decréscimo dos encargos associados à bonificação de juros à aquisição de habitação própria, decorrente da revogação do respectivo regime em Cabe, no entanto, salientar que é expectável que o decréscimo verificado se reduza no decurso do ano, à medida que for ocorrendo o pagamento das indemnizações compensatórias pela prestação de serviço público. Quadro 2.6. Execução orçamental do primeiro trimestre de 2004, por classificação orgânica MINISTÉRIOS Orçamento anual corrigido (líquido cativos) Execução orçamental acumulada (milhões de euros) Grau de execução acumulado (em %) Encargos Gerais do Estado 843,5 167,5 19,9 Finanças , ,2 16,2 Defesa Nacional 1 662,1 326,9 19,7 Negócios Estrangeiros 306,7 64,2 20,9 Administração Interna 1 388,3 295,9 21,3 Justiça 861,5 170,6 19,8 Economia 356,7 93,0 26,1 Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas 517,0 132,3 25,6 Educação 5 404, ,5 23,7 Ciência e Ensino Superior 1 405,8 326,4 23,2 Cultura 171,6 27,7 16,2 Saúde 5 839, ,5 24,6 Segurança Social e do Trabalho 4 240, ,1 24,8 Obras Públicas, Transportes e Habitação 811,5 194,3 23,9 Cidades, do Ordenamento do Território e Ambiente 2 761,6 643,5 23,3 TOTAL DA DESPESA , ,6 18,7 Despesa excl. act e passivos financ. e FRDP , ,8 24,5 Refira-se que a despesa relevante para efeitos de determinação do défice do subsector apresenta um grau de execução global de cerca de 24,5%, o que, face a um padrão de segurança global correspondente a três duodécimos, permite reforçar a segurança acerca da exequibilidade dos objectivos fixados em sede de preparação e aprovação do Orçamento do Estado para Da análise do Quadro 2.6, verifica-se que os Ministérios da Economia e da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas apresentam o grau de execução mais elevado (26,1% e 25,6%, respectivamente), o que se relaciona, no caso deste último, com as transferências, no âmbito dos Investimentos do Plano para o Instituto de Financiamento e Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura e Pescas (IFADAP), a título de esforço do Orçamento do Estado no financiamento de programas de PIDDAC de incidência no sector produtivo. No caso do Ministério da Economia, estão em causa as transferências para o Instituto de Turismo de Portugal, relativas a receitas cobradas às empresas concessionárias de jogos de fortuna ou de azar a título de imposto especial pelo exercício dessa actividade, as quais são efectuadas com periodicidade semestral. Execução do OSS de 2004 até Março A execução orçamental do sector da Segurança Social, de Janeiro a Março de 2004, evidencia um acréscimo de 9,3% na receita total, face ao período homólogo, e um aumento na despesa total de 11,5%. 18
23 R E L A T Ó R I O S O B R E A E X E C U Ç Ã O E O R I E N T A Ç Ã O D A D E S P E S A P Ú B L I C A E M O comportamento da receita está condicionado, nomeadamente, pela evolução das contribuições, que representam mais de 60% da receita total, e que registam um aumento de 1,1 % face ao período homólogo de 2003, e pelo fraco crescimento na receita de capital (0,7%). As transferências correntes aumentaram em 34,5%, nomeadamente as com origem no Orçamento de Estado que cresceram 14,2%, devido ao aumento da comparticipação do Estado no financiamento do subsistema de protecção à família e das políticas activas de emprego e formação profissional (ver Quadro 2.7). A despesa total atingiu de Janeiro a Março de 2004, o montante de milhões de euros, representando, em relação a idêntico período de 2003, um acréscimo de 11,5%. Para este comportamento contribuíram, fundamentalmente, os pagamentos de pensões que aumentaram 8,7%; o subsídio de desemprego e social de desemprego e apoios ao emprego, com um crescimento de 24,1%; o subsídio de doença, com um aumento de 8,3%; o Rendimento Social de Inserção que diminuiu 0,7% e as despesas com acção social que cresceram a um ritmo de 4,7% A execução orçamental no período em análise gerou um saldo orçamental de 317 milhões de euros, que compara com 357 milhões no mesmo período de O saldo da execução orçamental, no período de Janeiro a Março de 2004, apresenta seguinte desdobramento por Subsistemas de Segurança Social: - Subsistema Previdencial (+) ,0 mil - Subsistema de Solidariedade (+) ,8 mil - Subsistema Prot. Família e Políticas Activas de Emprego e Formação Profissional (-) ,9 mil - Sistema de Acção Social (+) ,9 mil Total (+) ,9 mil Relativamente ao saldo gerado no Subsistema Previdencial, constata-se uma redução de 49,0% relativamente a igual período do ano anterior, sendo que para tal concorreu o crescimento da receita efectiva (+0,8%) contribuições, juros de mora, rendimentos, etc. mais suave do que o verificado na despesa efectiva (+12,4%) prestações substitutivas do trabalho / Regime Geral da Segurança Social. Contudo, importa ainda ter em atenção que o saldo do Subsistema Previdencial se desdobra em: Jan. a Mar./ /2003 Saldo Subsistema Previdencial Repartição ,8 mil - 30,4% Saldo Subsistema Previdencial Capitalização ,2 mil - 92,4% Total ,0 mil - 49,0% Como pode observar-se, o saldo do Subsistema Previdencial Repartição acusa uma redução de 30,4% relativamente a igual período de Relativamente ao saldo apurado no Subsistema Previdencial Capitalização no montante de ,2 mil constata-se uma contracção de 92,4% relativamente a igual período de
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