Mudanças nos Preços Relativos
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- Giovanni di Azevedo Castelo
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1 Mudanças nos Preços Relativos Tabela 1 Variação acumulada do IPCA: eiro/ junho/ Discriminação Brasil Belém 1/ Nordeste Sudeste Sul Centro- Gráfico 1 - Alteração no peso do IPCA por segmento de consumo: / - / -1,5-1 -0,5 0 0,5 1 CO S NE Belém SE Br p.p. % Oeste IPCA 13,88 17,08 14,10 13,95 13,45 11,91 Bens não duráveis 18,92 21,03 17,50 19,27 19,96 15,64 Bens semiduráveis 15,39 15,49 14,81 14,91 12,61 11,54 Bens duráveis -0,47 3,37 1,15-0,10-1,38-2,86 10,00 14,41 10,55 11,02 7,45 7,95 18,54 19,23 20,01 17,24 20,87 19,51 e Banco Central 1/ Refere-se à Região Metropolitana de Belém. Identificar a natureza da evolução dos preços se constitui em ferramenta relevante para a condução da política monetária. Nesse contexto, o objetivo deste boxe consiste em avaliar o comportamento recente 1 dos preços relativos por segmentos de consumo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerando o indicador nacional, os índices agregados para as regiões Sudeste, Nordeste, Sul e Centro-Oeste, e o relativo à Região Metropolitana de Belém 2. Os subitens que compõe o IPCA foram agrupados em bens não-duráveis, semiduráveis, duráveis, monitorados e serviços. A evolução acumulada da variação dos preços por segmento de consumo encontra-se na Tabela 1. As pressões altistas mais acentuadas ocorreram, de forma generalizada, nos segmentos de bens não-duráveis e de serviços, contrastando com a contribuição do comportamento dos preços dos bens duráveis, que registraram redução nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, e variação significativamente inferior à assinalada pelo índice geral no Nordeste e na Região Metropolitana de Belém. A distinção entre o desempenho dos preços nos diversos segmentos resultou em alterações, no âmbito do indicador nacional, das respectivas ponderações, conforme observado no Gráfico 1. Considerando o primeiro quadrimestre de, relativamente a igual período de, ocorreram reduções nas representatividades dos bens duráveis e dos bens e serviços monitorados, e aumentos nas 1/ Foi considerado o período de janeiro de a junho de. 2/ Os consolidados das grandes regiões foram calculados a partir das informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o IPCA das principais regiões metropolitanas, além das cidades de Brasília e Goiânia para o consolidado da Região Centro-oeste. No que se refere ao Norte, a região metropolitana de Belém é a única que faz parte da pesquisa do IBGE. 96 Boletim Regional do Banco Central do Brasil Julho
2 relativas aos demais segmentos, em especial itens não-duráveis e serviços. As alterações mencionadas repetiram-se na análise regional, ressaltando-se que as mais acentuadas ocorreram na região Sul, onde a ponderação no IPCA dos bens duráveis recuou 1,5 p.p. e a referente aos não-duráveis aumentou 1,2 p.p., na mesma base de comparação. A evolução dos preços relativos definidos como a razão entre o índice de preços do segmento em questão e o IPCA reponderado, para excluir o respectivo segmento para os índices geral e de cada região é apresentada nos Gráficos 2 a 7. Analiticamente, o preço relativo pode ser escrito como: PRel st = IPCA st / IPCA (-st), onde: - PRel st = preço relativo do segmento s no período t; - IPCA st = índice de preços do segmento s no período t; e - IPCA (-st) = índice de preços no período t, exclusive o segmento s. Gráfico 2 Preços relativos IPCA Brasil Gráfico 3 Preços relativos IPCA Sudeste Gráfico 4 Preços relativos IPCA Belém Gráfico 5 Preços relativos IPCA Nordeste Julho Boletim Regional do Banco Central do Brasil 97
3 Gráfico 6 Preços relativos IPCA Sul Gráfico 7 Preços relativos IPCA Centro-Oeste O comportamento dos preços relativos de bens não duráveis apresentou tendência de alta generalizada no primeiro semestre de, evidenciando o impacto do aumento dos preços internacionais das principais commodities agrícolas e de seu repasse para os preços dos alimentos. No período de agravamento da crise financeira internacional, esses preços relativos mantiveram-se praticamente constantes, e registram nova tendência crescente no início de, em especial, na Região Centro-Oeste. Nesse cenário, os preços desse segmento exerceram pressão mais acentuada no IPCA relativo ao país, ao Sudeste, ao Sul e à Região Metropolitana de Belém. Em relação aos preços relativos dos bens duráveis, a principal modificação ocorreu no período de aprofundamento dos efeitos da crise no país, no último trimestre de. O impacto da redução da demanda mundial por bens duráveis se traduziu na redução desses preços em nível mais acentuado do que nos demais setores, em especial no Sul e no Centro-Oeste, enquanto na Região Metropolitana de Belém essa trajetória mostrou-se mais branda. Esse comportamento refletiu, em parte, a distinção entre a representatividade do item automóveis nessas regiões, atingindo 4,48% no Sul e 4,02% no Centro-Oeste, ante 1,03% em Belém 3. A variação média dos preços relativos no segmento de semiduráveis registrou relativa estabilidade de janeiro de a junho de, apresentando ligeiro recuo na Região Metropolitana de Belém e no Sul, em contraste com expansões 3/ Os preços finais dos automóveis foram reduzidos a partir da implementação das medidas localizadas de desoneração tributária. Entre dezembro de e março de, os preços de veículos novos e usados acumularam recuos respectivos de 6,07% e 13,88%, tendo em conjunto contribuído com -0,38 p.p. para o IPCA. 98 Boletim Regional do Banco Central do Brasil Julho
4 marginais assinaladas nos indicadores relativos às demais regiões em especial do Nordeste e ao país. Os preços relativos dos bens e serviços monitorados registraram trajetória decrescente generalizada, com ênfase nos recuos observados no Sul, Centro-Oeste e Nordeste, associados, em especial, à evolução mais favorável do que as assinaladas no país dos preços dos grupos habitação e transportes. Ressalte-se que a redução menos intensa observada no indicador relativo à Região Metropolitana de Belém evidenciou o comportamento do preço do item energia elétrica que, ao contrário das demais regiões, não passou pelo processo de revisão tarifária que, em geral, promoveu reduções nas tarifas. A evolução dos preços relativos no segmento de serviços apresentou tendência crescente no período considerado, ressaltando-se as expansões registradas no Nordeste e no Centro-Oeste, como reflexo das elevações assinaladas nos itens cursos e empregado doméstico, que exerceram impacto mais acentuado nos indicadores dessas regiões em relação aos demais. Destaca-se, ainda, que nesse segmento ocorreu a menor dispersão entre os indicadores das regiões. A evolução dos preços relativos na margem, considerados os trimestres encerrados em junho e em março deste ano, evidenciou a manutenção generalizada da alta dos preços nos segmentos de bens não-duráveis e de serviços. Em sentido oposto, em todas as regiões registraram-se recuos dos preços relativos nos segmentos de bens duráveis, com ênfase nas desacelerações das variações dos preços dos itens mobiliário e automóvel novo. Os monitorados evoluíram nesse mesmo sentido refletindo, sobretudo, o esgotamento de impactos de reajustes das tarifas de ônibus e de planos de saúde. Em síntese, a trajetória dos preços dos bens duráveis exerceu a contribuição mais significativa para a desaceleração da inflação no país, no período considerado, ressaltando-se que essa tendência persiste na margem. O comportamento dos preços relativos estará condicionado, nos próximos meses, Julho Boletim Regional do Banco Central do Brasil 99
5 100 Boletim Regional do Banco Central do Brasil Julho ao impacto do desempenho da economia global sobre os preços das commodities, e, internamente, ao efeito do esgotamento das políticas de desoneração fiscal e à trajetória da demanda e da oferta agregadas.
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