1 Enfermeira. Professora Mestre do Curso de Enfermagem da Universidade do Estado do Mato Grosso-Tangará da Serra-MT.

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1 PANORAMA DO CONHECIMENTO TÉCNICO-CIENTÍFICO DE ENFERMEIROS SOBRE ÚLCERA POR PRESSÃO Regina Queiroz Gonçalves¹; Adriano Menis Ferreira²; Regis Queiroz Gonçalves³; Marcelo Alessandro Rigotto 4 ; Tatiane Escame Herrero Pinheiro 5 ; Bruno Pereira Nascimento 6. 1 Enfermeira. Professora Mestre do Curso de Enfermagem da Universidade do Estado do Mato Grosso-Tangará da Serra-MT. 2 Enfermeiro. Professor Doutor do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul -Três Lagoas-MS. Pós-doutor em Enfermagem pela EERP-USP. Orientador do Programa de Mestrado em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-oeste e Mestrado em Enfermagem da UFMS. Campo Grande-MS. 3 Estatístico. Professor Mestre do Curso de Enfermagem da Universidade do Estado do Mato Grosso-Tangará da Serra-MT. 4 Enfermeiro. Professor Mestre do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul-Três Lagoas-MS. 5 Enfermeira. Professora Especialista do Curso de Enfermagem da Universidade de Cuiabá- Tangará da Serra-MT. 6 Enfermeiro. Professor Especialista do Curso de Enfermagem da Universidade do Estado do Mato Grosso-Tangará da Serra-MT. Resumo Este estudo teve como objetivo identificar o nível de conhecimento apresentado por enfermeiros sobre a prevenção de úlceras por pressão em um Curso de Especialização Latu Sensu de Enfermagem em Dermatologia. O estudo é do tipo quantitativo com delineamento descritivo-exploratório. Os dados foram coletados antes da administração do conteúdo sobre úlcera por pressão, utilizando teste de conhecimento com afirmações verdadeiras ou falsas sobre medidas de prevenção e descrição da úlcera. Participaram do estudo 14 enfermeiros, sendo a maioria do sexo feminino e com tempo de formação e de serviço menor que 05 anos. Em relação aos resultados globais do teste, os enfermeiros obtiveram apenas 51,2% de acertos sendo que a maioria, acertou entre 70 a 80% no geral demonstrando déficit de conhecimento na área. Diante dos resultados e considerando as limitações do estudo, sugere-se educação permanente para os profissionais de enfermagem em relação à prevenção de úlcera por pressão. Palavras - chave: úlcera de pressão, assistência de enfermagem, prevenção. Abstract This study aimed to identify the level of knowledge displayed by nurses on the prevention of pressure ulcers in a Specialization Course Latu Sensu of Dermatology Nursing. The study is a quantitative descriptive exploratory design with. Data were collected before administration of content on pressure ulcers, using a knowledge test with true or false statements about

2 prevention measures and description of the ulcer. Study participants were 14 nurses, mostly women and with time training and service less than 05 years. Regarding the overall results of the test, nurses received only 51.2% correct with the majority, hit between 70-80% overall showing a lack of knowledge in the area. Given the results and considering the limitations of the study, it is suggested continuing education for nurses regarding prevention of pressure ulcers. Keywords: pressure ulcers, nursing care, prevention. INTRODUÇÃO A úlcera por pressão pode ser definida como uma área localizada de necrose celular que tende a desenvolver - se quando os tecidos moles são comprimidos entre uma proeminência óssea e uma superfície dura por um período prolongado de tempo (BERGNSTRON et. al., 1995). A natureza do problema requer um esforço de todos os membros de equipe multidisciplinar para a prevenção e tratamento, no entanto, cabe à equipe de enfermagem a maior parte do cuidado. O profissional de enfermagem é responsável pelo cuidado direto e pelo gerenciamento da assistência e precisa estar preparado para isto (RANGEL et. al., 1999). O desenvolvimento de úlceras por pressão é um grave problema de enfermagem, pois está associado á má qualidade da assistência e exige uma grande demanda de tempo e dinheiro para tratamento das lesões, especialmente quando a prevenção recebe menos atenção, quando não existem programas específicos voltados para esse problema (ROCHA; BARROS, 2007). As úlceras por pressão são consideradas um grave problema clínico em pacientes institucionalizados ou cuidados em domicílios em todo o mundo, e esforços têm sido feitos para que medidas de prevenção sejam utilizadas visando à redução da ocorrência (FERNANDES; CALIRI; HAAS, 2008). São um problema importante no processo de atenção à saúde e de enfermagem por afetar a qualidade de vida, aumentar o tempo de internação, em média 07 dias, com elevação de custos (ANSELMI; PEDUZZI; JUNIOR, 2009). No trabalho de enfermagem, as atividades referentes à avaliação dos membros da equipe e dos serviços de saúde trazem as dimensões clínica, gerencial e educativa de enfermagem. Estes aspectos são considerados por vários autores as condições que interferem no nível de conhecimento apresentado por profissionais frente a uma determinada questão importante para a manutenção ou melhoria da qualidade da assistência dos serviços de saúde (MIYAZAKI, 2009, p. 30). Acredita-se que a prevenção da úlcera por pressão depende dos conhecimentos e habilidades dos profissionais de saúde, pacientes e familiares, para observação e cuidados sistematizados com os indivíduos em risco. A necessidade de provimento de condições para a prestação da assistência também engloba o envolvimento das instituições de saúde que devem ter profissionais capacitados para trabalhar em equipe na busca e utilização das soluções para os problemas (MIYAZAKI, 2009, p.25). Este estudo teve como objetivo identificar o nível de conhecimento apresentado por enfermeiros sobre a prevenção de úlceras por pressão em um Curso de Especialização Latu

3 Sensu de Enfermagem em Dermatologia, considerando o conhecimento à descrição, classificação e prevenção da úlcera por pressão. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa do tipo descritiva-exploratória, transversal com métodos quantitativos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos recebendo nº. de parecer 336/2008. A amostra do estudo foi composta por 14 enfermeiros que participavam de um curso de especialização Latu Sensu em Enfermagem Dermatológica e que estavam presentes no momento da coleta de dados que ocorreu no mês de outubro de Ressalta-se que todos que estavam presentes aceitaram participar do estudo. Destaca-se que o instrumento de coleta de dados foi aplicado anteriormente à administração do conteúdo didático sobre úlceras por pressão. O instrumento para a coleta de dados foi mesclado de questões referentes aos dados demográficos e um teste de conhecimento desenvolvido por autores americanos e adaptado para o português por Fernandes (2006), resultando em 41 itens referentes à descrição da úlcera por pressão e as recomendações de diretrizes para a prevenção da úlcera por pressão. Foi solicitado aos sujeitos que respondessem ao teste, para cada item, Verdadeiro (V) quando concordassem com a questão, Falsos (F) quando discordassem e Não Sei (NS) quando não soubessem a resposta. O escore total do conhecimento foi obtido pela soma ou a porcentagem dos acertos. Para que um item fosse considerado como conhecido pelos profissionais, 90% deveriam respondê-lo corretamente (FERNANDES; CALIRI; HAAS, 2008). Foi criada uma ficha de catalogação para coletar os dados, no programa Excel, Microsoft Word 97/2003/XP. RESULTADOS Na tabela 1 é apresentada a distribuição dos participantes da pesquisa segundo as características demográficas. Com relação à idade a maior parte 60% dos enfermeiros estava na faixa de menores de 30 anos, 27% na faixa etária entre 30 e 40 anos e 13% não responderam a questão. Quanto ao sexo, observou-se maior freqüência de mulheres 74%, ficando com 14% o sexo masculino e 12% não responderam. Quanto ao tempo de formação profissional 60% dos profissionais tinham menos de 05 anos, 27% tinham entre 05 e 10 anos, 13% tinham entre 10 e 15 anos. Considerando o tempo de serviço 60% dos participantes tinham menos de 05 anos e 40% não responderam. Tabela 1 - Distribuição dos participantes da pesquisa segundo as características sóciodemográficas. Três Lagoas-MS, Enfermeiros CARACTERÍSTICAS SÓCIO - (n=14) DEMOGRÁFICAS n % Idade (anos) < Não responde 01 13

4 Total Sexo Feminino Masculino Não respondeu Total Tempo de formação profissional (anos) < Não respondeu Total Tempo de serviço (anos) < Não respondeu Total Considerando os resultados globais do teste (41 itens), os enfermeiros obtiveram 51,2% de acertos. Na tabela 2 é apresentado à distribuição dos índices de acertos dos participantes no teste de conhecimento segundo os itens sobre a avaliação e classificação da úlcera por pressão. Observa-se que nos itens (9, 31, 32 e 33) 100% dos participantes acertaram as questões do teste, já nos itens (1,6,31 e 32) mais de 50% dos participantes acertaram as questões e nessa etapa sobre à avaliação e classificação da úlcera por pressão, os participantes tiveram dificuldades nos itens (20 e 38) referente ao desenvolvimento da úlcera por pressão no estágio II. Tabela 2 Índices de acertos pelos enfermeiros no teste de conhecimento segundo os itens sobre a avaliação e classificação da úlcera por pressão. Enfermeiros AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DA ÚLCERA (n= 14) POR PRESSÃO 1- O estágio I da úlcera por pressão é definido como pele intacta, com hiperemia de uma área localizada, a qual não apresenta embranquecimento visível ou a cor difere da área ao redor. (V) A= 08 (57%) E= 06 (43%) N/S= Uma úlcera por pressão em estágio III é uma perda parcial de pele, envolvendo a epiderme. (F) A= 09 (64%) E=04 (29%) N/S= 01(07%) 9- As úlceras por pressão, no estágio IV, apresentam perda total de pele com intensa destruição e necrose tissular ou danos aos músculos, ossos ou estruturas de suporte. (V)

5 A= 14 (100%) E= 00 N/S= As úlceras por pressão no estágio II apresentam uma perda de pele em sua espessura total. (F) A= 06(43%) E= 07(50%) N/S= 01(07%) 31- As úlceras por pressão são feridas estéreis. (F) A= 13(93%) E= 00 N/S= 01(07%) 32- Uma região da pele com cicatriz de úlcera por pressão poderá ser lesada mais rapidamente do que a pele integra. (V) A= 13(93%) E= 00 N/S= 01(07%) 33- Uma bolha na região do calcâneo não deve ser motivo para preocupação. (F) A= 14(100%) E= 00 N/S= As úlceras por pressão de estágio II podem ser extremamente doloridas, em decorrência da exposição das terminações nervosas. (V) A= 05(36%) E= 09 (64%) N/S= 00 A= ACERTOS E= ERROS N/S= NÃO SEI V=VERDADEIRO F=FALSO Na Tabela 3 é apresentado à distribuição dos índices de acertos dos participantes no teste de conhecimento segundo os itens sobre a prevenção da úlcera por pressão. Identifica-se que dos 33 itens do teste em 13 itens (11,12,13,22,26,27,28,34,35,39,40 e 41) 100% dos participantes acertaram. Em 4 itens (3,14,17 e 29) o índice de acertos foi menos que 50%. As questões com menor acerto pelos participantes foram referente à inspeção sistemática da pele em pacientes com risco de desenvolver úlcera por pressão, almofadas do tipo rodas d água, quanto ao período tempo para reposicionamento quando sentado na cadeira e em relação ao uso de colchão que redistribua a pressão para pacientes que estão em risco de desenvolver úlcera. Tabela 3 Índices de acertos pelos enfermeiros no teste de conhecimento segundo os itens sobre a prevenção da úlcera por pressão. Enfermeiros PREVENÇÃO DA ÚLCERA POR PRESSÃO (n= 14) 2- Os fatores de risco para o desenvolvimento de úlcera por pressão são: imobilidade, incontinência, nutrição inadequada e alteração do nível de consciência. (V) A= 12 (86%) E= 02 (14%) N/S= Todos os pacientes em risco para úlcera por pressão devem ter uma inspeção temática da pele pelo menos uma vez por semana. (F) A= 05 (36%) E= 08 (57%) N/S= 01 (07%) 4- O uso de água quente e sabonete podem ressecar a pele e aumentar o risco para úlcera por pressão. (V) A= 08 (57%) E= 04 (29%) N/S= 02 (14%) 5- É importante massagear as regiões das proeminências ósseas, se estiverem hiperemiadas. (F) A= 12 (86%) E= 00 N/S= 02 (14%)

6 7- Todos os pacientes devem ser avaliados na sua admissão no hospital quanto ao risco para desenvolvimento de úlcera por pressão. (V) A= 13 (93%) E= 00 N/S= 01 (07%) 8- Os cremes, curativos transparentes e curativos de hidrocolóides extrafinos auxiliam na proteção da pele contra os efeitos da fricção. (V) A= 07 (50%) E= 03 (21%) N/S= 04 (29%) 10- Uma ingestão dietética adequada de proteínas e calorias deve ser mantida durante a doença/hospitalização. (V) A= 11 (79%) E= 03 (21%) N/S= Os pacientes que ficam restritos ao leito devem ser reposicionados a cada 3 horas. (F) A= 14 (100%) E= 00 N/S= Uma escala com horários para mudança de decúbito deve ser utilizada para cada paciente com presença ou em risco para úlcera por pressão. (V) A= 14 (100%) E= 00 N/S= As luvas d água ou de ar aliviam a pressão nos calcâneos. (F) A= 14 (100%) E= 00 N/S= As almofadas tipo rodas d água ou de ar auxiliam na prevenção de úlcera por pressão. (F) A= 05 (36%) E= 07 (50%) N/S= 02 (14%) 15- Na posição em decúbito lateral, o paciente com presença de úlcera por pressão ou em risco para a mesma deve ficar em ângulo de 30 graus em relação ao colchão de leito. (V) A= 13 (93%) E= 01 (07%) N/S= No paciente com presença de úlcera por pressão ou em risco para a mesma, a cabeceira da cama não deve ser elevada em ângulo maior do que 30 graus, se não houver contra-indicação médica. (V) A= 13 (93%) E= 00 N/S= 01 (07%) 17- O paciente que não se movimenta sozinho deve ser reposicionado a cada 2 horas, quando sentado na cadeira. (F) A= 01 (07%) E= 13 (93%) N/S= O paciente com mobilidade limitada e que pode mudar a posição do corpo sem ajuda, deve ser orientado a realizar o alívio de pressão, a cada 15 minutos, enquanto estiver sentado na cadeira. (V) A= 08 (57%) E= 04 (29%) N/S= 02 (14%) 19- O paciente com mobilidade limitada e que pode permanecer na cadeira, deve ter uma almofada no assento para proteção da região das proeminências ósseas. (V) A= 13 (93%) E= 01 (07%) N/S= A pele de paciente em risco para úlcera por pressão deve permanecer limpa e livre de umidade. (V) A= 10 (71%) E= 04 (29%) N/S= As medidas para prevenir novas lesões não necessitam ser adotadas continuamente quando o paciente já possui úlcera por pressão. (F) 23- Os lençóis móveis ou forros devem ser utilizados para transferir ou movimentar pacientes que não se movimentam sozinhos. (V) A= 11 (79%) E= 03 (21%) N/S= A mobilização e a transferência de pacientes que não se movimentam sozinhos devem ser sempre realizadas por duas ou mais pessoas. (V)

7 A= 12 (86%) E= 00 N/S= 02 (14%) 25- No paciente com condição crônica que não se movimenta sozinho, a reabilitação deve ser iniciada e incluir orientações sobre a prevenção e tratamento da úlcera por pressão. (V) A= 10 (71%) E= 00 N/S= 04 (29%) 26- Todo paciente que não deambula deve ser submetido à avaliação de risco para o desenvolvimento de úlcera por pressão. (V) 27- Os pacientes e familiares devem ser orientados quanto às causas e fatores de risco para o desenvolvimento de úlcera por pressão. (V) 28- As regiões das proeminências ósseas podem ficar em contato direto uma com a outra. (F) 29- Todo paciente em risco para desenvolver úlcera por pressão, deve ter um colchão que redistribua a pressão. (V) A= 04 (29%) E= 09 (64%) N/S= 01 (07%) 30- A pele, quando macerada pela umidade, danifica-se mais facilmente. (V) A= 12 (86%) E= 00 N/S= 02 (14%) 34- Uma boa maneira de diminuir a pressão na região dos calcâneos é mantê-los elevados do leito. (V) 35- Todo cuidado para prevenir ou tratar úlceras por pressão não precisa ser registrado. (F) 36- Cisalhamento é a força que ocorre quando a pele adere a uma superfície e o corpo desliza. (V) A= 10 (71%) E= 04 (29%) N/S= A fricção pode ocorrer ao movimentar-se o paciente sobre o leito. (V) A= 13 (93%) E= 01 (07%) N/S= No paciente com incontinência, a pele deve ser limpa no momento das eliminações e nos intervalos da rotina. (V) 40- O desenvolvimento de programas educacionais na instituição pode reduzir a incidência de úlcera por pressão. (V) 41- Os pacientes hospitalizados necessitam ser avaliados quanto ao risco para úlcera por pressão uma única vez durante sua internação. (F) A= ACERTOS E= ERROS N/S= NÃO SEI V=VERDADEIRO F=FALSO Na tabela 4 é apresentada a distribuição dos participantes no teste segundo a porcentagem de acertos. Quanto aos acertos 07% dos enfermeiros acertaram menos de 50% do teste, nenhum enfermeiro acertou entre 50 e 70% do teste, 53% dos profissionais acertaram entre 70 e 80% do teste demonstrando falhas de conhecimento nos itens abordados no teste, 40% acertaram entre 80 e 90% do teste e nenhum enfermeiro acerto 100% do teste.

8 Tabela 4 Distribuição dos participantes no teste de conhecimento segundo a porcentagem de acertos. Enfermeiros PORCENTAGEM DE ACERTOS (n=14) n % < > Total DISCUSSÕES Vários estudos têm evidenciado que o conhecimento do enfermeiro sobre úlcera por pressão é tão importante quanto à prevenção do risco em desenvolvê-la. Planejar intervenções efetivas, a partir da criação de escalas e protocolos de prevenção adequada para cada grau de risco se torna importante (RANGEL; CALIRI; 2004; RANGEL; CALIRI; 2006; FERNANDES; CALIRI; HAAS, 2008; ANSELMI; PEDUZZI; FRANÇA JUNIOR, 2009). No entanto, parece que intervenções educativas sobre prevenção de úlceras por pressão em nossa realidade não são eficazes demonstrando que após treinamentos a incidência de UP não diminuiu (FERNANDES; CALIRI; HAAS, 2008; ANSELMI; PEDUZZI; FRANÇA JUNIOR, 2009). Por outro lado, há de se considerar estratégias de educação permanente implementadas em serviços de saúde que requerem articulação com mudanças na estrutura física, nas condições de trabalho, no gerenciamento de enfermagem e na gestão em saúde, a fim de assegurar qualidade nos processos assistenciais (ANSELMI; PEDUZZI; FRANÇA JUNIOR, 2009). Há de se considerar que a implementação de novos métodos e procedimentos como um processo que se inicia em uma série de estágios, o conhecimento é o primeiro passo. (MACQUIRE, 1990). Sem o conhecimento torna-se difícil para o indivíduo saber que é assim que deve ser feito ou "isso é o que devo fazer '. Estas conclusões também dependem da própria atitude do indivíduo sobre o assunto. Com base nos conhecimentos adquiridos, os indivíduos formam suas próprias atitudes, e podem tomar decisões em aceitar ou rejeitar o novo conhecimento e as inovações que se seguem (ROGERS, 1995). Os resultados do teste, considerando o total de acertos (51,2%), mostraram que o conhecimento dos enfermeiros foi insuficiente, pois a maioria acertou entre 70 a 80% dos itens. Para o conhecimento ser considerado adequado, esperava-se que os participantes acertassem 90% ou mais dos itens no teste (PIEPER; MATTERN, 1997). No presente estudo, nenhum enfermeiro acertou mais de 90%. Outros estudos nacionais e internacionais obtiveram resultados semelhantes na porcentagem de acertos, mostrando que o déficit de conhecimento sobre a fundamentação teórica da assistência é um problema mundial.

9 Resultados do presente estudo confirmam aqueles de Pieper and Mott (1995) e Panagiotopoulou and Kerr (2002). Sinclair et al. (2004) e Gunningberg (2004), que avaliaram o conhecimento entre enfermeiras antes da implementação de uma intervenção educacional, constatando que o conhecimento em relação a prevenção de úlceras por pressão foi moderada. Pieper e Mott (1995) que desenvolveram inicialmente o teste de conhecimento sobre UP utilizado nesta pesquisa, com 47 itens para avaliar os enfermeiros de dois hospitais americanos identificaram um índice médio de 71,7% de acertos. Em outro estudo utilizando o mesmo teste, o índice médio de conhecimento obtido entre 75 enfermeiros de CTI de dois hospitais americanos foi 71,3% de acertos no teste (PIEPER; MATTERN, 1997). Zulkowski, Ayello e Wexler (2007) desenvolveram um estudo com enfermeiros da zona urbana e rural de Montana nos Estados Unidos, utilizando o teste de conhecimento de Pieper (PIEPER; MOTT, 1995). A porcentagem média de acertos obtida no teste foi 78%. Ao analisarem o impacto da certificação dos enfermeiros para a prática clínica, os autores identificaram que aqueles com certificação em cuidados de feridas obtiveram índices de acertos maiores que os não certificados em feridas. No Brasil, o estudo realizado por Caliri, Miyazaki e Pieper (2003) utilizando o teste de Pieper adaptado para o português (46 itens) mostrou que a média de acertos entre graduandos de enfermagem de uma universidade pública foi 67,7%. No estudo realizado por Rangel (2004) com enfermeiros de um hospital privado, também utilizou o teste de Pieper adaptado com 46 itens. O índice médio de acertos foi 70,6%. No Brasil, estudo com 25 enfermeiros de um hospital geral e privado também utilizando a versão preliminar do teste, a média de acertos global foi de 32.48% (DP 4,7) sendo que na categoria de prevenção a média de acertos foi de 71,1%, na categoria de estadiamento foi de 67,2% e na categoria de avaliação foi de 80,6% (RANGEL; CALIRI, 2004). Em estudo mais recente, Fernandes, Caliri e Haas (2008) investigaram o efeito de uma intervenção educativa no nível de conhecimento das medidas recomendadas para a prevenção da UP dos membros da equipe de enfermagem de um Centro de Terapia Intensiva (CTI). O conhecimento foi mensurado por meio do teste de conhecimento desenvolvido por Pieper e Mott (1995), utilizado anteriormente no Brasil e adaptado para o estudo (41 itens). Participaram do estudo, auxiliares/técnicos de enfermagem e 11 enfermeiros. Na primeira fase, 7 enfermeiros responderam o pré-teste e obtiveram 86,4% de acertos. Infelizmente não foi possível verificar se a ação educativa implementada resultaria em melhora dos índices de acerto no pós-teste, pois não houve participação dos enfermeiros nessa fase. Um estudo suéco do tipo descritivo correlacional teve o objetivo de explorar as relações existentes entre o nível de conhecimentos dos enfermeiros sobre as úlceras por pressão, certas características e os cuidados preventivos que aplicavamm. Uma abordagem multi-método foi realizada através de um questionário para medir o nível de conhecimentos dos enfermeiros (n=256) e auditorias (n=235) para identificar os cuidados preventivos aplicados. Os resultados mostraram que o nível de conhecimento dos enfermeiros era insuficiente. Eles também mostram uma correlação entre um maior nível de conhecimento e (i) o sector de actividades em que os enfermeiros trabalham, (ii) os períodos de formação fornecida pelo hospital universitário, e uma boa percepção (iii) de seu nível de conhecimento. Entretanto, o treinamento por conta própria, não pode garantir a prestação de cuidados de saúde de qualidade, pois há uma grande discrepância entre o que os enfermeiros sabem e o que eles colocam em prática (CLAUDIA; DAPHNEY; DANIÈLE, 2010).

10 Os resultados obtidos pelos profissionais nesta pesquisa e em estudos anteriores demonstram que as falhas no conhecimento existem e persistem apesar do avanço técnicocientífico atual que existe sobre o assunto e da disponibilidade de diretrizes que fazem as recomendações para a prática. Entretanto, embora seja esperado que os profissionais façam uso das melhores práticas, mesmo quando o conhecimento sobre o assunto é adequado, o comportamento muitas vezes não é o esperado (FERNANDES, 2006). Identificou-se neste estudo, que a maioria dos enfermeiros tinha menos de cinco anos de formação e atuação na profissão. Este dado pode contribuir para a explicação do déficit de conhecimento destes profissionais sobre alguns aspectos da prevenção e identificação da UP, assim como foi verificado em estudo nacional que utilizou o mesmo teste preliminar (FERNANDES; CALIRI; HAAS, 2008). O déficit de conhecimento, aliado ao uso de práticas inadequadas pelos profissionais, contribui para a manutenção das altas taxas de incidência de úlceras por pressão, caracterizando-as como iatrogênicas (SANTOS; CEOLIM, 2009). A prevenção da ocorrência da úlcera requer melhor compreensão dos profissionais sobre todos os aspectos que envolvem o seu desenvolvimento, assim como atitudes para um cuidar ético com a adoção das práticas recomendadas, incluindo a busca de recursos adequados. Diversas estratégias podem ser utilizadas para melhorar o nível de conhecimento dos profissionais, entretanto torna-se necessário identificar as barreiras pessoais e institucionais que dificultam o atendimento a esta meta (FERNANDES; CALIRI; HAAS, 2008). CONSIDERAÇÕES FINAIS Dentro dos objetivos propostos verificou-se que a maioria dos profissionais de enfermagem tem o tempo de formação e de serviço menor que 05 anos e são mulheres. Em relação à porcentagem de acertos globais, a maioria ficou com índices de acerto entre 70 a 80%. Quanto à distribuição do índice de acertos nos testes de conhecimento das 41 questões, identificou-se a necessidade de educação permanente para os profissionais de enfermagem do estudo, embora estivessem realizando especialização na área. Em que pese às limitações deste estudo, ou seja, amostra não aleatória e pequena; grupo específico de profissionais que estavam buscando conhecimento sobre a área de enfermagem dermatológica e, a não aplicação do pós-teste em período posterior ao conteúdo ministrado sobre UPP, ainda, sim, não desabona este estudo, pois sinalizou que, o conhecimento sobre o tema é frágil.

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