PRODUTIVIDADE DA CANA-DE-AÇÚCAR EM FUNÇÃO DO TOTAL DE PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA ANUAL PARA O PERÍODO DE 1996 A 2005 NO MUNICÍPIO DE GOIANA - PE
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- Lavínia Monteiro Carlos
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1 PRODUTIVIDADE DA CANA-DE-AÇÚCAR EM FUNÇÃO DO TOTAL DE PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA ANUAL PARA O PERÍODO DE 1996 A 2005 NO MUNICÍPIO DE GOIANA - PE Adgerlan C. da Silva 1, Ricardo A. Irmão 1, Janduy G. Araújo 2, Francinete Francis Lacerda 3, Janaina Assis 4, Werônica M. de Souza. 2 RESUMO - A cana-de-açúcar exerce um papel fundamental na Agroindústria do estado de Pernambuco, contribuindo com cerca de 40% das exportações. A Zona da Mata Pernambucana oferece condições favoráveis para o cultivo dessa cultura, salvo em condições de excesso ou déficit de umidade no solo, onde a queda na produtividade pode atingir valores significativamente elevados. Diante desse cenário, este trabalho visa analisar a relação entre a produção de cana-de-açúcar e a precipitação pluviométrica para o período de 1996 a 2005 na região de Goiana-PE, com destaque para os anos de considerado um ano seco, com uma redução considerável da produtividade da cana-de-açúcar; e de considerado chuvoso e com a maior produção agrícola observada de 1996 a ABSTRACT - The sugar-cane exercises a fundamental paper in Agro-industry of the state of Pernambuco, contributing with about 40% of the exports. The Zone of the Forest from Pernambuco offers favorable conditions for the cultivation of that culture, except for in excess conditions or humidity deficit in the soil, where the fall in the productivity can reach values significantly high. Before of that scenery, this work seeks to analyze the relationship between the sugar-cane production and the precipitation pluviometric for the period from 1996 to 2005 in the area of Goiana-PE, with prominence for the years of considered a dry year, with a considerable reduction of the productivity of cane of sugar; and of considered rainy and with the largest observed agricultural production from 1996 to Palavras-chave: cana-de-açúcar, produção, precipitação pluviométrica. INTRODUÇÃO O principal produto exportado pelo estado de Pernambuco é o açúcar, derivado da cana e cultivada na Zona da Mata Pernambucana. Em 2001 as exportações totalizaram US$ 335 milhões, das quais o açúcar corresponde a 40% desse total. Segundo Varejão Silva e Hugo Barros (2001) a cana-de-açúcar (Saccharum spp) tem um ciclo vegetativo longo e é bastante influenciada pelo clima. Ainda, de conformidade com o autor essa cultura requer um período vegetativo com condições de temperatura e disponibilidade hídrica adequados, 1 Eng. Agrônomo do LAMEPE/ITEP, s: adgerlan@itep.br, ricardo@itep.br; 2 Meteorologista do LAMEPE/ITEP, janduy@itep.br, weronica@itep.br; 3 Coordenadora do LAMEPE/ITEP, francis@itep.br; 4 Estagiária do LAMEPE/ITEP, janaina.assis@itep.br. Av. Prof. Luiz Freire, 700. Cidade Universitária, , Recife-PE. Tel: (81)
2 seguido de meses relativamente secos, indispensáveis à formação de sacarose. Segundo César et al. (1987) vários fatores interferem na produção e maturação da cultura da cana-de-açúcar, dentre eles, os principais são: interação edafoclimática e o manejo da cultura escolhida. A Cultura da cana-de-açúcar segundo Josino et al. (2005) necessita de temperaturas compreendidas entre 24ºC a 30ºC, condição dominante em praticamente todo o Estado de Pernambuco. Totais de precipitações anuais em torno de mm é suficiente para manter a integridade da cultura da cana-de-açúcar, desde que essa pluviosidade seja bem distribuída espaço - temporalmente. É importante ainda destacar que as condições hídricas são fatores limitantes para o desenvolvimento da cultura. Em suma, a quantidade d água disponível no solo impera sobre a produção vegetal, desse modo, sua carência ou excesso repercutem de forma preponderante para o desenvolvimento das plantas como pode ser observado em Reichardt (1996), devido alterar a assimilação dos nutrientes e da água de acordo com Humbret (1968). Dillewijn (1952) aponta que a cultura da cana-de-açúcar apresenta elevado consumo de água, necessitando de 250 partes de água para formar uma parte de matéria seca na planta. No que diz respeito à distribuição espacial da precipitação sobre o Estado de Pernambuco, os maiores totais acumulados são aferidos no litoral e Zona da Mata, com totais médios anuais variando entre 1000 e 2000 mm. MATERIAL E MÉTODOS Os dados utilizados nesse trabalho referem-se à região de Goiana-PE, localizada na Microrregião da Mata Setentrional do Estado, como pode ser vista na Figura 1, que por sua vez, é considerada a segunda maior microrregião produtora de Pernambuco. Neste estudo, foram utilizadas informações da produtividade anual da cana-de-açúcar em toneladas/hectares no período de 1996 a 2005, pertencente às Usinas Petribú I, Petribú II, as quais estão localizadas na região analisada. Com relação às informações dos totais pluviométricos anuais observados em Goiana, utilizaram-se os dados pertencentes ao banco de dados do Laboratório de Meteorologia de Pernambuco (LAMEPE).
3 Figura 1 Localização geográfica da Microrregião Setentrional do Estado de Pernambuco (Parte hachurada) Partindo das considerações feitas anteriormente, este trabalho tem como meta avaliar a produtividade da cana-de-açúcar no período de 1996 a Para qualificação dos totais de chuva, calculou-se o Desvio Relativo (DR) objetivando a classificação nas categorias abaixo (Souza, 2001): a) Ano extremamente chuvoso = DR > +50% b) Ano chuvoso = +25% <DR< + 50% c) Ano normal ou regular = -25% <DR< +25% d) Ano seco = -25% < DR< -50% e) Ano extremamente seco = DR > - 50%, O Desvio Relativo foi calculado a partir de: DR = ((X Xm)/Xm)*100 Em que X é a chuva observada e Xm é a média histórica. RESULTADOS E CONCLUSÕES A Figura 2 representa o comportamento dos totais anuais da precipitação, dos desvios relativos em relação à média climatológica e da produtividade da cana-de açúcar para o período de 1996 a 2005 para a região de Goiana-PE. Como pode ser visto através da Figura 2, a produtividade de cana-de-açúcar na área de estudo, parece estar relacionada linearmente com a precipitação pluviométrica. Analisando o período de 1996 a 2005, nota-se uma grande variabilidade temporal nos totais anuais de precipitação. Também verifica-se que nos 10 anos analisados, cerca de 30% destes, especificamente, os anos de 97, 98 e 99 foram classificados como secos. Nesses anos a queda
4 de produtividade pode estar relacionada com a diminuição significativa da precipitação. Por outro lado, o período de 2001 a 2004, anos considerados como normais, do ponto de vista do total anual de precipitação, foi verificado queda na produtividade da cana-de-açúcar. Este fato pode estar associado com as variações anômalas em outras variáveis meteorológicas, tais como: temperaturas médias e máximas do ar e umidade relativa do ar. O ano de 2000 apresentou-se como uma exceção, pois as precipitações observadas foram 18% acima do padrão esperado, nesse período a produtividade chegou a superar 90 t/ha. Em destaque os anos de 2000 e 2004, onde os totais de precipitação foram superiores a 2000 mm, representando mais de 15% acima do esperado. Ressalta-se, nesse contexto, que em 2001, a ocorrência de chuvas intensas, na Zona da Mata, esteve, principalmente, associada a atuação das ondas de leste no litoral do estado (LACERDA et. all., 2001) Chuva (mm) e DR (%) Produtividade (t/ha) % -28% -46% -54% 18% -19% -8% 0% 16% -11% Média Chuva (mm) DR (%) Produção (t/há) Figura 2 - Comportamento anual da Precipitação, desvios relativos com relação à média histórica e produção da cana-de-açúcar para município de Goiana - PE no período de 1996 a É importante ressaltar que precipitações excessivamente elevadas podem afetar negativamente a produtividade da cana-de-açúcar. Tal afirmação pode ser justificada através da Figura 3. Ela mostra que no cenário chuvoso, a Zona da Mata Norte passa a constituir a
5 área do Estado com maior potencial à produção açucareira, enquanto a Zona da Mata Sul ostenta umidade excessiva que leva à queda na produtividade. Figura 3 Classes de Aptidão Climática do Estado de Pernambuco para o cenário chuvoso. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à FINEP, à FACEPE e ao CNPq pela bolsa DTI concedida. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BASSINELLO A.I. Apreciações sobre experimentos de competição de variedades da série Brasil Açucareiro, v.5, p.42-59, DILLEWIJN, C. van. Botany of sugarcane. Walthham: Chronica Botanica, p. FAUCONNIER, R.; BASSEREAU, D. La caña de azucar: técnicas agricolas y producciones tropicales. Barcelona: Blume, p. HUMBRET, R.P. The growing of sugar cane. New York: Elsevier, p. LEPSCH, I.F. Influência dos fatores edáficos na produção. In: CASTRO, P.R.C.; FERREIRA, S.O.; YAMADA, T. (Coord.) Ecofisiologia da produção. Piracicaba: Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato, p McINTOSH, M.S. Analysis of combined experiments. Agronomy Journal, v.75, p , PRADO, H.; ROSSETTO, R.; LANDELL, M.G.A. IAC propõe classificação de solos adaptada para a cana-de-açúcar. STAB: Açúcar, Álcool e Subprodutos, v.16, p.13, 1998.
6 RIBEIRO, M.R.; HALSTEATED, E.H.; JONG, E. DE Rendimento da cana-de-açúcar e características das terras da microregião da mata norte de Pernambuco. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.8, p , 1984 BRITO, J., I., B.; SILVA, M.,C.,L.; COSTA, A.,M.,N. e BRAGA, C.,C. Análise da precipitação do estado da Paraíba no período de , XIII Congresso Brasileiro de Meteorologia-CBMET, CD, LACERDA, Francinete Francis; ARAGÃO, José Oribe Rocha de; FERREIRA, Maria Aparecida Fernandes. Avaliação dos eventos extremos de chuvas no setor leste de Pernambuco no período de 30/07 a 01/08/2000. In: IX CONGRESSO LATINO AMERICANO E VIII CONGRESSO ARGENTINO DE METEOROLOGIA, 2001, Buenos Aires. IX Congresso Latino Americano e VIII Congresso Argentino de Meteorologia
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