RELAÇÃO HÍDRICA PARA CULTURAS AGRÍCOLAS EM REGIÕES DE ALAGOAS
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- Cássio Fartaria Sanches
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1 RELAÇÃO HÍDRICA PARA CULTURAS AGRÍCOLAS EM REGIÕES DE ALAGOAS Franklin Alves dos Anjos 2, José Leonaldo de Souza 1, Joaquim Louro da Silva Neto 1, Gilson Moura Filho 2 1 Departamento de Meteorologia/CCEN/UFAL 2 Depto. De Solos Eng. e Economia Rural/CECA/UFAL Cidade Universitária, Tabuleiro, Maceió, Alagoas, CEP: faanjos@hotmail.com, jls@ccen.ufal.br, joaquimlouro@hotmail.com, gmf@fapeal.br ABSTRACT The present work shows the estimate agroclimatic for the region Center-South (Atalaia, Rio Largo and São Miguel dos Campos), Coast-South (Coruripe), Coast-North (São Luiz do Quitunde, Barra de Camaragibe and Maragogi) and North (Colônia Leopoldina and União dos Palmares) of state Alagoas, Brazil. The water availability of the crop was made by the analysis, in parallel, of the relation between the humid period and period of growth of the crop in study, and also for the relation the precipitation of the humid period with the water requirements of the crop during the growth of the season. The majority of the crop in study had its cycle and adequate water requirements as much for the size of the rainfall station, how much for the pluvial precipitation of the station of growth of the season. The crop of the sugarcane, banana and citrus had not had its cycle and water requirements adjusted the precipitation and to the period of growth for regions of Alagoas INTRODUÇÃO As características hídricas regionais principalmente nos trópicos é que determina a maioria das atividades humanas, notadamente agrícolas. Tais características para as atividades agropecuárias têm que ser determinadas tanto em termos do seu ganho pela precipitação pluvial quanto através da perda por evapotranspiração. Assim, pode-se conhecer as disponibilidades hídricas das regiões e consequentemente estabelecer práticas de manejo na agricultura de forma mais racional, levando em conta os aspectos ambientais, de tal forma que possa auxiliar no planejamento e operação de sistemas de irrigação, detalhamento dos recursos hídricos e estudos hidrológicos, modelagem e práticas agropecuárias, problemas ambientais. O nível de rendimento máximo de uma cultura é determinado, principalmente, por suas características genéticas e grau de adaptação ao ambiente predominante. As exigências ambientais de clima, solo e água para crescimento e rendimento ótimos diferem com a cultura e a variedade. Uma seleção cuidadosa da cultura e respectiva variedade melhor adaptada em determinado ambiente é de fundamental importância para se obter uma produção elevada e satisfatória. A maioria das culturas apresenta variedades que diferem tanto quanto as suas necessidades climáticas gerais e específicas como a duração do ciclo fenológico total (desde a semeadura até a colheita). Essa variação permite que a cultura se adapte a uma ampla faixa de condições climáticas e ao período de tempo necessário e disponível para a produção.o presente trabalho mostra a determinação da estação de crescimento e avaliação agroclimática de várias culturas, para a região Centro- Sul, Litoral-Sul, Litoral-Norte e Norte de Alagoas. MATERIAL E MÉTODOS A análise agroclimática das microrregiões Centro-Sul, Litoral-Sul, Litoral-Norte e Norte, de Alagoas, compostas pelas localidades são mostradas na Tabela 1 Tabela 1. Regiões e localidades, com suas respectivas Coordenadas Geográficas e período de observação Região idades Latitude Longitude Altitude Período de Observação Atalaia 9 o 31 S 36 o 01 W 54 m Centro-Sul Rio Largo 9 o 27 S 35 o 27 W 127 m São Miguel dos Campos 9 o 47 S 36 o 06 W 12 m Litoral-Sul Coruripe 10 o 7 S 36 o 10 W 10 m São Luiz do Quitunde 9 o 20 S 35 o 33 W 4 m Litoral-Norte Matriz de Camaragibe 9 o 10 S 35 o 31 W 16 m Maragogi 9 o 01 S 35 o 14 W 5 m Norte Colônia Leopoldina 8 o 55 S 35 o 43 W 166 m União dos Palmares 9 o 10 S 36 o 03 W 155 m
2 Os dados diários de precipitação pluvial foram dos arquivos da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), sendo utilizado na forma original. A localidade de Rio Largo teve suas características baseadas em dados meteorológicos observados no Campus Delza Gitaí CECA/UFAL. Determinou-se a Estação de Crescimento para as várias regiões, através dos totais pluviométricos decendiais. Os meses são divididos em três períodos decendiais: Decêndio 1 (1 a 10 dias), Decêndio 2 (11 a 20 dias) e Decêndio 3 (21 aos 28, 30 ou 31 dias). O início da estação de crescimento de cada localidade ficou determinado pela chuva provável por decêndio, a 75% de probabilidade, para superar a metade da evapotranspiração (ETo) naquele decêndio, no decêndio anterior e no próximo decêndio. O final da Estação de Crescimento foi estabelecida para o último decêndio da seqüência onde a precipitação pluvial torna-se inferior a metade da ETo, mais o tempo necessário para a perda de água do solo correspondente à capacidade de água disponível. O valor da capacidade de água disponível foi adotado em 100 mm visto que não se conhece os valores reais das características do solo dessa região. A evapotranspiração utilizada para essa finalidade, foi obtida pelo método de Penman-Monteith (Souza, et al., 1998). A estimativa agroclimática foi estabelecida pela disponibilidade hídrica da estação de crescimento, comprimento dessa estação, ciclo e necessidade hídrica de várias culturas agrícolas. As características referentes as culturas agrícolas foram obtidas de (Doorenbos, J. & Kassam, R. H., 1994). RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 2 mostra aspectos da estação de crescimento de nove localidades representativas de regiões do Estado de Alagoas. De um modo geral a localidade de União dos Palmares apresentou a menor duração da Estação de Crescimento (133 dias) e Matriz de Camaragibe a maior (193 dias). As microrregiões de São Miguel dos Campos, Coruripe e São Luiz do Quitunde mostrou igual duração da Estação de Crescimento (173 dias). Tabela 2. Comprimento da Estação de Crescimento da região Centro-Sul, Litoral-Sul, Litoral-Norte e Norte de Alagoas, com início, final e duração de dias,(respectivamente). Estação de Crescimento Data de Início Data de Final Duração (Dias) Atalaia 1-10/ / Rio Largo 11-20/ / São Miguel dos Campos 21-30/ / Coruripe 21-30/ / São Luiz do Quitunde 1-10/ / Matriz de Camaragibe 11-20/ / Maragogi 1-10/ / Calônia Leopoldina 11-20/ / União dos Palmares 21-31/ / O objetivo da primeira relação (Tabelas 2 e 3) foi descobrir até onde os dois períodos se combinam, tendo em vista ser o período úmido ideal para o cultivo sem irrigação. A segunda relação (Tabelas 4 a 7), teve como finalidade verificar, onde a quantidade de precipitação pluvial satisfaz as necessidades hídricas das culturas agrícolas. Para a região Centro-Sul de Alagoas representada pela localidade de Atalaia, o período úmido com 162 dias, cobre o período de crescimento da maioria das culturas em estudo (Tabela 2), não sendo satisfatório apenas para as culturas do abacaxi, cana-de-açúcar, citros e uva (Tabela 3). A precipitação é satisfatório para os valores de 374,2 mm, 655,2 mm e 1072,6 mm, para as culturas do arroz, cebola e feijão. 388
3 A localidade de Rio Largo com período úmido de 183 dias, não satisfaz o ciclo das culturas do abacaxi, cana-de-açúcar e citros, com ciclos acima de 365 dias, 270 a 365 dias e 240 a 365 dias, respectivamente (Tabelas 2 e 3). Por sua vez esse apresenta uma média de chuva, do período de crescimento, em torno de 1024,7 mm. Essa média pluviométrica satisfaz praticamente as exigências hídricas de todas as culturas (Tabela 3), exceto banana e cana-de-açúcar, cujos valores de necessidade hídrica estão acima de 1200 mm e 1500 mm, respectivamente. A duração do período úmido para São Miguel dos Campos (Tabela 2) foi de 173 dias, não satisfazendo o ciclo das culturas do abacaxi, cana-de-açúcar, citros e uva (Tabela 3). Para a maioria das culturas, a necessidade hídrica do período vegetativo foi satisfatória para a média (877,7mm). O período úmido em Coruripe, cobre o período de crescimento das culturas do algodão, arroz, banana, cebola, feijão, melancia, milho, pimentão, sorgo, tomate e uva (Tabela 4), com o ciclo dessas culturas variando entre 25 e 140 dias. Para a maioria das culturas, a necessidade hídrica do período vegetativo (Tabela 5) foi satisfatório para (800,1 mm). Para as localidades de São Luiz do Quitunde, Matriz de Camaragibe e Maragogi, o período úmido com duração acima de 140 dias, é suficiente para o crescimento da maioria das culturas agrícolas (Tabelas 2 e 6). A 75% de probabilidade, espera-se chuvas mínimas variando de 273,2 mm, 493,1 mm e 556 mm, para Maragogi, Matriz de Camaragibe e São Luiz do Quitunde, respectivamente. As médias das estações de crescimento dessas localidades ficou em 535,1 mm e 940,9 mm, para Maragogi e São Luiz do Quitunde. A media geral para a região ficou em 758,8 mm. A microrregião de Colônia Leopoldina mostrou 143 dias de duração, para a Estação de Crescimento e União dos Palmares teve 133 dias (Tabela 2). O ciclo das culturas do abacaxi, algodão, cana-de-açúcar, citros e uva, ultrapassam a duração da Estação de Crescimento em ambas as localidades. As culturas do arroz, cebola, feijão, melancia, sorgo e tomate cuja necessidade hídrica do período vegetativo varia entre 350 mm a 700 mm, teve sua condição hídrica satisfeita pela precipitação média do período de crescimento. Os totais médios pluviométricos foram 464,9 mm 537 mm para União dos Palmares e Colônia Leopoldina, respectivamente (Tabela 7). CONCLUSÕES - A maioria das culturas em estudo tiveram seu ciclo e necessidades hídricas adequadas, tanto para o comprimento quanto para a precipitação pluvial da Estação de Crescimento das regiões. As culturas da cana-de-açúcar, banana e citros não tiveram seu ciclo e necessidades hídricas, adequadas a precipitação e ao período de crescimento para regiões de Alagoas. - A região Centro-Sul e Litoral-Sul de Alagoas, indicou que a estação de crescimento inicia entre o segundo decêndio (11-20 dias) de abril com final no terceiro decêndio (21-31 dias) de outubro. A chuva média desse período de crescimento nessa região foi mm, 489,6 mm e 430,7 mm para Rio Largo, São Miguel dos Campos e Coruripe. - A análise hídrica decêndial da região do Litoral-Norte de Alagoas, em função da precipitação pluvial e evapotranspiração de referência indicou que a estação de crescimento inicia entre o segundo decêndio (11-20 dias) de maio com final no segundo decêndio (11-20 dias) de outubro. A chuva média desse período de crescimento nessa região foi de 556 mm, para São Luiz do Quitunde. - Para a região Norte de Alagoas, indicou que a estação de crescimento inicia entre o segundo decêndio (11-20 dias) de maio com final no terceiro decêndio (21-30 dias) de setembro. A chuva média esperada desse período de crescimento nessa região foi de 260,1 mm e 236,7 mm para União dos Palmares e Colônia Leopoldina. - A localidade de União dos Palmares apresentou a menor duração da Estação de Crescimento (133 dias) e Matriz de Camaragibe a maior (193 dias). As microrregiões de São Miguel dos Campos, Coruripe e São Luiz do Quitunde mostrou igual duração da Estação de Crescimento (173 dias). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DOORENBOS, J., & KASSAN, A. H., Efeito da água no rendiemnto das culturas. (Estudos FAO, Irrigação e Drenagem 33), Tradução Gheyi, H. R. e outros, Universidade Federal da Paraíba, Campina Grande. FAO 306p SOUZA, J. L. Agroclimátiva de quatro microrregiões dos Estado de Minas Gerais para alguns cultivares de feijão (Phaseolus vulgaris L.). Viçosa: UFV, p. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Viçosa. SOUZA, J. L., CALHEIROS, C. B. M., SANTOS, E. A. Evapotranspiração pelo Método de Penman-Monteith representativa da região do Tabuleiro Costeiro de Alagoas. X CONGRESSO BRASILEIRO DE METEOROLOGIA, 10, Brasília, P
4 TABELA 3 Relação entre o ciclo de crescimento das culturas agrícolas com o comprimento da Estação de Crescimento das várias localidades de Alagoas. / 1 Atalaia Rio Largo São Miguel dos Coruripe São Luiz do Matriz de Maragogi Colônia União dos Palmares Campos Quitunde Camaragibe Leopoldina S NS S NS S NS S NS S NS S NS S NS S NS S NS Abacaxi x x x x x x x x x Algodão x x x x x x x x x Arroz x x x x x x x x x Banana x x x x x x x x x Cana-de-Açúcar x x x x x x x x x Cebola x x x x x x x x x Citros x x x x x x x x x Feijão x x x x x x x x x Melancia x x x x x x x x x Milho x x x x x x x x x Pimentão x x x x x x x x x Sorgo x x x x x x x x x Tomate x x x x x x x x x x x x x x x x x x ( 1 ) S-; NS-Não 390
5 Tabela 4. hídrica para culturas agrícolas da região central do Litoral - Mata de Alagoas, representada pelas localidades de Atalaia, Rio Largo e São Miguel dos Campos com base na chuva esperada do período de crescimento mínima (Mín) a 75%, média (Méd) a 50%, máxima (Máx) a 75%, com a necessidade hídrica do período vegetativo dessas culturas. Atalaia Citros 374,2 655,2 1072, x x x Feijão x x x 391
6 Tabela 4. Continuação Rio Largo Citros 574,4 1024,7 1784, x x x Feijão x x x 392
7 Tabela 4. Continuação São Miguel dos Campos Citros x x x Feijão 489,6 877,7 1460, x x x 393
8 Tabela 5. hídrica para culturas agrícolas da região do Litoral - Sul de Alagoas, representada pela localidade de Coruripe com base na chuva esperada do período de crescimento mínima (Mín) a 75%, média (Méd) a 50%, máxima (Máx) a 75%, com a necessidade hídrica do período vegetativo dessas culturas. Coruripe Citros 430,7 800,1 1368, x x x Feijão x x x 394
9 Tabela 6. hídrica para culturas agrícolas da região do Litoral - Norte de Alagoas, representada pelas localidades de São Luiz do Quitunde, Matriz de Camaragibe e Maragogi com base na chuva esperada do período de crescimento mínima (Mín) a 75%, média (Méd) a 50%, máxima (Máx) a 75%, com a necessidade hídrica do período vegetativo dessas culturas. São Luiz do Quitunde Citros x x x Feijão ,9 1551, x x x 395
10 Tabela 6. Continuação Matriz de Camaragibe Cana-deaçúcar x x x Citros 493,1 800,3 1311, x x x Feijão x x x 396
11 Tabela 6. Continuação Maragogi Citros 273,2 535,1 1017, x x x Feijão x x x 397
12 Tabela 7. hídrica para culturas agrícolas da região da Zona da Mata de Alagoas, representada pelas localidades de Colônia de Leopoldina e União dos Palmares com base na chuva esperada do período de crescimento mínima (Mín) a 75%, média (Méd) a 50%, máxima (Máx) a 75%, com a necessidade hídrica do período vegetativo dessas culturas. Colônia de Leopoldina Citros 236, , x x x Feijão x x x 398
13 Tabela 7. Continuação União dos Palmares Citros x x x Feijão 260,1 464,9 780, x x x 399
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