Bósons em um potencial periódico submetido à desordem: o regime de Bose-Glass

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "Bósons em um potencial periódico submetido à desordem: o regime de Bose-Glass"

Transcrição

1 Trabalho final para a disciplina de Tópicos em Teoria de Muitos Corpos Bósons em um potencial periódico submetido à desordem: o regime de Bose-Glass Patrícia Christina Marques Castilho RA: Instituto de Física de São Carlos Universidade de São Paulo São Carlos November 29, 2014

2 Sumário 1 Introdução O modelo de Bose-Hubbard O modelo de Bose-Hubbard O sistema homogêneo O sistema inomogêneo A questão da desordem O regime de Bose-Glass Experimentos com BECs em redes ópticas BECs em redes ópticas A transição superfluido-isolante de Mott O regime de Bose-Glass Referências

3 2 1 Introdução O estudo das características dos materiais sólidos se baseia no modelo de redes cristalinas nas quais íons, formados pelos núcleos atômicos e os elétrons mais fortemente ligados, são distibuídos em um arranjo periódico e os elétrons da banda de valência locomovem-se entre os íons submetidos a um potencial periódioco, U( r + R) = U( r), com R sendo o parâmtero da rede. Com este modelo, o comportamento e as características de materiais condutores e isolantes puderam ser explicados. O fenômeno da supercondutividade descoberto em 1911 por Heike Kamerlingh Onnes a partir do estudo da resistência do mercúrio sólido a temperaturas criongênicas, recebeu grande atenção da física do século XX devido às suas características únicas. Abaixo de uma temperatura crítica (4.2K para o caso do mercúrio) a resistência dos materiais supercondutores vai a zero abruptamente, fazendo deles condutores perfeitos. Além da resistência nula, em 1933 foi descoberto que tais materiais expulsam de seu interior campos magnéticos aplicados, um efeito proveniente da minimização da energia livre eletromagnética, como explicado por Fritz e Heinz London dois anos depois e que recebe o nome de efeito Meissner. O grande avanço no entendimento da supercondutividade veio somente na década de 50. Primeiro, Ginzburg e Landau desenvolveram sua teoria combinando transições de fase de segunda ordem e uma equação de onda tipo de Schrödinger, prevendo a divisão dos materiais supercondutores em Tipo I e Tipo II. Em seguida, Maxwell e Reynolds mostraram que a temperatura crítica para a observação da supercondutividade dependia da massa do material. E, finalmente, com Bardeen, Cooper e Schrieffer que, em 1957 com a teoria BCS demostraram que a supercondutividade poderia ser explicada em termos de uma corrente superfluída formada por pares de Cooper: pares de elétrons interagindo via phonos. Esses pares obdeceriam a estatística de Bose-Einstein para partículas bosônicas. A obtenção da Condensação de Bose-Einstein (do inglês, Bose-Einstein Condensate ou BEC) em sistemas de átomos frios produzindo uma amostra quântica com um alto nível de controle das suas características (densidade da nuvem atômica, potencial de aprisionamento, interação interatômica, temperatura) fez com que tais sistemas fossem logo utilizados a fim de simular sólidos e estudar as suas propriedades em diversos regimes diferentes. Atenção especial foi dada à transição isolante de Mott e superflído para bósons interagentes aprisionados em redes ópticas. A adição de desordem a fim de simular efeitos relativos às imperfeições dos sólidos reais, foi logo realizada de modo a ser possível a observação de dois novos fenômenos: a localização de Anderson e a fase de Bose-Glass. Neste trabalho, apresentamos, no capítulo 2, o modelo de Bose-Hubbard que descreve o comportamento de bósons interagentes aprisionados em potencias periódicos, dis-

4 Capítulo 1. Introdução 3 cutindo os regimes de isolante de Mott e superfluído, bem como a transição entre eles. Em seguida, estudamos o caso em que um potencial de desordem é adicionado ao modelo de Bose-Hubbard de modo a identificar as situações para as quais a nuvem adentra o regime de Bose-Glass. Por fim, apresentaremos os resultados obtidos ao longo dessas duas últimas décadas em experimentos envolvendo BECs atômicos aprisionados em redes ópticas submetidas (ou não) à desordem, no capítulo 4. Os textos usados como base para a confecção deste trabalho seguem listados nas referências (1), (2), (3) e (4).

5 4 2 O modelo de Bose-Hubbard 2.1 O modelo de Bose-Hubbard A descrição de um sistema atômico de partículas bosônicas interagentes aprisionadas por um potencial de rede periódico (V rede (x) = V rede (x + R), onde R é o parâmetro da rede) pode ser feita a partir do modelo de Bose-Hubbard. Nesse caso, o sistema não pode ser descrito por meio de equações de uma partícula e uma abordagem de muitos corpos se torna necessária. O hamiltoniano que descreve tais sistemas pode ser escrito, em segunda quantização, como: ] ^H = d 3 x ^ψ (x) [ h2 2m 2 + V rede (x) + V ext (x) ^ψ(x)+ 4πa s h 2 d 3 x 2m ^ψ (x) ^ψ (x) ^ψ(x) ^ψ(x), (2.1) onde ^ψ(x) e ^ψ (x) são os operadores de campo bosônico, V ext é um potencial de aprisionamento externo, a s é o comprimento de espalhamento de ondas-s responsável pela interração atômica e m é a massa do átomo em questão. Nesta situação, é conveniente a utilização das funções de onda de Wannier localizadas em sítios da rede. Dessa forma, se os níveis de energia do sistema são consideravelmente menores que as excitações para a segunda banda energética, apenas as funções de Wannier das bandas inferiores devem ser consideradas e o operador de campo pode ser escrito como combinação linear dessas funções: ^ψ(x) = i a i w(x x i ), (2.2) onde a i é o opeador de aniquilação bosônico do i-ésimo sítio da rede e w(x x i ) é a função de Wannier localizada neste sítio. Substituindo a expansão da equação 2.2 em 2.1 temos: ^H = i,j 4πa s h 2 2m [ ) ] d 3 xw * (x x i ) ( h2 2m 2 + V rede (x) + V ext (x) w(x x j ) a ia j + i,j,l,m [ d 3 xw * (x x i )w * (x x j )w(x x l )w(x x m )] a ia ja l a m. (2.3) Considerando o tunelamento apenas entre sítios vizinhos (< i, j >) e interação para bósons ocupando o mesmo sítio (i = j = l = m para a última somatória), encontramos: ^H = J <i,j> a ia j U i ^n i (^n i 1) + i ε i^n i, (2.4) onde ^n i = a ia i é o operador número do i-ésimo sítio da rede.

6 Capítulo 2. O modelo de Bose-Hubbard 5 O Hamiltoniano da equação 2.4 apresenta três termos que distinguem as escalas de energias relevantes do sistema. O primeiro, com J = d 3 xw * (x x i ) [ h2 2m 2 + V rede (x) ] w(x x i ) sendo o parâmetro de hopping, considera o tunelamento dos átomos entre sítios vizinhos estando relacionado com a delocalização dos átomos ao longo da rede. O segundo, com U = (4πa s h 2 /m) d 3 x w(x) 4, é o termo referente à interação entre átomos que ocupam o mesmo sítio da rede. E, o terceiro, com ε i = d 3 xv ext (x) w(x) 2 V ext (x) descreve um offset na energia do i-ésimo sítio da rede devido ao aprisionamento por um potencial externo. No caso da ausência de um potencial externo, ε i = 0. Em seguida, começamos discutindo o caso do sistema homogêneo (com ε i = 0) estudando a natureza dos seus estados fundamentais nos limites de U/J 1 e U/J 1 e a impossibilidade de realizar a transição entre o regime superfluído e o de isolante de Mott. Depois, discutimos o caso mais geral da equação 2.4, com ε 0, estendendo os resultados e avaliando as situações nas quais a transição passa a ocorrer. 2.2 O sistema homogêneo No caso do sistema homogêneo, livre de potenciais externos, o hamiltoniano da equação 2.4 pode ser simplificado para: ^H = J <i,j> a ia j U i ^n i (^n i 1). (2.5) Os dois termos restantes são referentes ao tunelamento, com J, e à interação entre bósons do mesmo sítio da rede, com U. Dessa forma, dependendo do valor da razão U/J ( 1 ou 1) o sistema se encontra em dois estados fundamentais limites: um superfluído e um de isolante de Mott. Para U/J 1 (ou J U), o termo referente ao tunelamento é dominante na equação 2.5 e os átomos encontram-se delocalizados ao longo de toda a rede. O estado fundamental de N átomos em uma rede com M sítios é dado pela equação abaixo: ( M ) N Ψ SF U/J 1 ^a + i 0, (2.6) i=1 resultando em um produto de estados idênticos de uma partícula. Nesse caso, o sistema pode ser descrito por uma função de onda macroscópica e uma fase macroscópica é bem definida em todos os sítios da rede. Tal sistema se comporta como um superfluído (SF). No caso de condensados atômicos em redes ópticas, uma assinatura da fase superfluída pode ser obtida a partir da observação de imagens da nuvem atômica poucos milisegundos após liberada do aprisionamento da rede. Devido à fase bem definida ao longo dos sítios da rede, a função de onda dos átomos de um sítio interfere com a dos

7 Capítulo 2. O modelo de Bose-Hubbard 6 sítios vizinhos gerando um padrão de interferência com picos estreitos e bem definidos 1. A definição da fase exclui a informação do número de ocupação dos sítios da rede e o sistema é compressível devido à ausência de gaps no seu espectro de excitação. Considerando U/J 1, um outro tipo de regime é encontrado. O parâmetro de interação, por ser muito maior quando comparado ao parâmetro de hopping, faz com que flutuações no número de átomos em cada sítio da rede deixem de ser favoráveis já que a interação repulsiva faz com que os átomos evitem ocupar o mesmo sítio. O estado fundamental é então dado pelo produto de estados de Fock locais para cada sítio: M Ψ IM = (a i) n 0, (2.7) i=1 onde n é o número de átomos por sítio. Dessa forma, cada átomo encontra-se localizado em um sítio da rede e o número de átomos em cada sítio é completamente conhecido. Tal sistema é denominado isolante de Mott. Ao contrario do regime superfluído, não existe mais uma fase macroscópica bem definida e, no caso do exemplo de condensados atômicos, os picos estreitos no padrão de interferência desaparecem dando lugar a uma distribuição larga. A transição de fase entre os dois regimes possíveis para o estado fundamental (de superfluído para isolante de Mott, ou vice-versa) pode, em princípio, ser feita alterandose a magnitude do termo de interação em relação ao termo de hopping até que um valor crítico para U/J seja atingido. Dessa forma, em sistemas tri e bi-dimensionais a transição de fase para a ocupação unitária dos sítios da rede acontece para um ponto crítico tal que (U/J) c = 5.8z, com z sendo o número de primeiros vizinhos. Para altos números de ocupação da rede ( n 1), o ponto crítico pode ser apriximado para (U/J) c = 4 nz. Para o caso unidimensional, (U/J) c = 3.84 para a ocupação unitária e (U/J) c = 2.2 n, para n 1. Considerando um ensemble grande canônico (de modo a levar em conta as variações no potencial químico do sistema de bósons, μ), um diagrama de fase com os regimes superfluído e isolante de Mott para T = 0 pode ser construído, como feito inicialmente por Fisher et al. Este diagrama segue ilustrado na Figura 1 (a) e mostra os limites dos dois regimes em função de μ/u e J/U. Na Fig. 1, as estruturas à esquerda representam regiões em que o sistema se encontra na fase de isolante de Mott ou MI (do inglês, Mott insulator) com número constante de ocupação dos sítios da rede aumentando com μ. Como o número em cada estrutura é fixo, a compressibilidade ( n/ μ) é nula e o sistema é incompressível. Outra característica da fase isolante esta relacionada à existência de um gap de energia no espéctro de excitações. Excitações partícula-buraco apresentam um gap, E g, equivalente à distância em μ entre o contorno de baixo e o de cima de uma estrutura MI para um dado valor de J. À medida em que aumentamos J, o gap de energia se anula com E g [(J/U)c (J/U)] zν, 1 Uma discussão mais detalhada dessas observações seguem descritas no capítulo 4.

8 Capítulo 2. O modelo de Bose-Hubbard 7 Figura 1 À esquerda, segue ilustrado o diagrama de fase em função de μ/u e J/U produzido por Fisher et al. O contorno da transição entre isolante de Mott e superfluido segue ilustrado para diferentes n i. À direita, o diagrama de fase produzido por Greiner et al. apresenta as linhas iso-densidade em preto. O caminho que o sistema homogêneo percorre à medida que diminuímos J/U segue ilustrado pela linha verde. Dessa forma, de modo a cruzar a transição, o sistema deveria seguir a linha pontilhada vermelha que mantém μ constante ao invés de n i, como para um sistema homogêneo. com zν < 1. Em Fisher et al., (J/U) c 1/n e zν = 1/2 fazendo com que as estruturas tenham a forma parabólica do gráfico à esquerda da Fig. 1. No gráfico à direita da Fig. 1, o diagrama realizado por Greiner et al. segue ilustrado esplicitando as linhas com mesmo número de ocupação médio. Dessa forma, ao variarmos J, o sistema serguirá por uma dessas linhas (linha sólida verde) e não adentrará a região de isolante de Mott. De modo a observarmos a transição, ao diminuirmos J o sistema deve seguir uma linha com μ constante (ilustrada na curva pontilhada vermelha). Tal problema pode ser resolvido ao considerarmos um potencial de aprisionamento externo (com ε i 0), como será discutido na próxima seção. 2.3 O sistema inomogêneo Sistemas de átomos frios reais aprisionados em redes ópticas apresentam sempre um potencial de aprisionamento externo (V ext (x)) proveniente, ao menos, do perfil gaussiano do feixe de laser focalizado utilizado para criar a rede. Dessa forma, o último termo da equação 2.4 deve ser levado em conta contribuindo com um offset de energia em cada sítio da rede e um potencial químico local, dado por: μ i = μ ε i (2.8)

9 Capítulo 2. O modelo de Bose-Hubbard 8 Figura 2 O diagrama de fase para μ/u em função de J/U segue ilustrado em (a). A linha pontilhada vermelha ilustra a diminuição do potencial químico local, μ i à medida em que nos afastamos do centro da rede. Em (b) as regiões de regimes isolantes de Mott e superfluído seguem ilustradas intercaladas a medida em que nos afastamos do centro da rede, numa configuração conhecida como bolo de casamento. para o i-ésimo sítio da rede, pode ser definido. Se a mudança no número de ocupação dos sítios vizinhos for pequena, localmente o sistema pode ser considerado como um sitema homogêneo. Porém, o potencial químico por sítio da rede é fixo e não o número de ocupação. Assim, ao alterarmos a razão J/U o sistema pode, localmente realizar a transição de superfluído para isolante de Mott, como segue ilustrado pelas linhas pontilhadas cinza da Figura 2 (a). Como o potencial químico local μ i diminui a medida em que nos afastamos do centro da rede óptica, regiões de isolante de Mott e superfluído se alternam ao longo da nuvem atômica, como ilustrado na Fig. 2 (b). O perfil de densidade de uma nuvem atômica aprisionada em uma rede bidimensional pode ser inferido como o apresentado na Fig. 3. À medida em que aumentamos a razão U/J, estruturas em forma de platô referentes a áreas em que n é um inteiro constante, representando regiões de isolante de Mott, passam a existir. No limite de U/J o perfil de densidade da nuvem atômica seria dado pela estrutura de bolo de casamento, na qual a fase superfluída é completamente suprimida.

10 Capítulo 2. O modelo de Bose-Hubbard 9 Figura 3 Perfil de densidade de um sistema inomogêneo. À medida em que aumentamos a razão U/J as regiões de isolante de Mott aumentando (representadas pelos platôs com n inteiro e constante) suprimindo as regiões superfluidas.

11 10 3 A questão da desordem Os efeitos de um potencial desordenado alteram significativamente os mecânismos de transporte e condução em sistemas de materia condensada. O fenômeno da localização de Anderson, como inicialmente previsto por Anderson, é um exemplo dessas alterações no qual, uma onda espalhada por impuridades aleatórias pode interferir construtivamente, localizando-a. No caso de bósons interagentes em um potencial periódico, o efeito da desordem pode também alterar a transição superfluído-isolante de Mott discutida no capítulo anterior, a partir do surgimento de um novo regime, o chamado Bose-Glass, caracterizado pela ausência de um gap no seu espectro de excitações e compressibilidade finita. O diagrama de fase dos regimes possíveis a um sistema de bósons aprisionados por um potencial periódico submetido à desordem encontra-se ilustrado na Fig. 4. Nele, podemos identificar quatro regimes distintos: localização de Anderson (AL), superfluido (SF), isolante de Mott (MI) e Bose-Glass (BG). O regime de localização de Anderson ocorre no limite de Δ/J grande e interação nula, já que a interação entre os bósons competiria com o efeito da localização. Os outros regimes encontram-se à direita do diagrama, porém uma completa separação só pode ser feita no caso do isolante de Mott que ocorre para baixos Δ/J. Neste capítulo discutiremos o caso do regime de Bose-Glass avaliando como o potencial de desordem altera a transição superfluido-isolante de Mott. 3.1 O regime de Bose-Glass Na presença de um potencial externo desordenado, uma outra escala de energia deve ser levada em conta no hamiltoniano da equação 2.4 com Δ sendo o parâmetro relacionado a amplitude do potencial de desordem. Dessa forma, o último termo referente ao potencial externo, deve também conter a parte do potencial desordenado de modo que ε i ε i ± Δ. Inicialmente, o problema de átomos aprisionados em uma rede unidimensional foi estudado por Giamarch et al. a partir de teorias de escalonamento, sendo logo estendida por Fisher et al. para o caso de redes tridimensionais. Neste último, foi estudado o caso em que o offset de energia ε i varia continuamente no intervalo [ Δ/2, Δ/2] a medida em que alterava-se J/U, μ/u e Δ/U para T = 0. Para pequenas amplitudes do potencial de desordem (Δ < U) as estruturas referentes as regiões de regime de isolante de Mott se comprimem e o regime de Bose-Glass aparece contornando essas estruturas até, eventualmente suprimir completamente a fase de IM, como segue ilustrado no diagrama de fase da Fig. 5.

12 Capítulo 3. A questão da desordem 11 Figura 4 Diagrama de fase dos regimes possíveis para partículas bosônicas aprisionadas em potenciais periódicos submetidos à desordem. Figura 5 Ilustração das alterações no diagrama de fase que caracteriza os regimes superfluido e isolante de Mott a partir da adição de um potencial de desordem (Δ 0). As estruturas referentes ao regime de IM se comprimem até serem eventualmente destruídas no limite de grande desordem.

13 Capítulo 3. A questão da desordem 12 Figura 6 Esquema ilustrativo da alteração entre os potenciais de sítios vizinhos à medida em que se adiciona o potencial de desordem ao potencial da rede. De modo a entender a física por trás do aparecimento do regime de Bose-Glass, podemos considerar o limite de J 0 e ocupação unitária dos sítios da rede. Considerando o caso homogêneo com Δ = 0, o tunelamento de um bóson de um sítio da rede para o vizinho tem um custo de energia U devido a interação entre átomos no mesmo sítio, criando um gap de energia no espectro de excitações, como ilustrado na Fig. 6 (a). Ao adicionarmos um potencial de desordem, introduzimos diferenças de energia aleatórias entre os sítios vizinhos da rede com Δ j [ Δ, Δ], como pode ser visto na Fig. 6 (b). O custo energético do tunelamento de bósons passa a ser dado por U ± Δ j. No caso limite em que Δ > U o sistema inteiro passa a ser excitado com apenas uma pequena quantia energética e o gap proveniente da fase de isolante de Mott tende a zero. Mesmo com a ausência de um gap, as excitações acontecem localmente e o sistema continua sendo caracterizado globalmente como um isolante.

14 13 4 Experimentos com BECs em redes ópticas A partir da obtenção da condensação de Bose-Einstein em sistemas de átomos frios em 1995, uma vasta gama de experimentos vêm sendo realizada em tais sistemas. A utilização de potenciais ópticos para o aprisionamento atômico possibilitou a produção de potenciais mais versáteis como as redes ópticas produzidas a partir da retro-reflexão de um feixe gaussiano focalizado. Neste capítulo, apresentamos uma breve descrição qualitativa do tipo de aparato experimental utilizado para produzir condensados de Bose-Einstein em redes ópticas, na seção 4.1 e alguns resultados obtidos em tais sistemas sem e com a introdução de desordem, nas seções 4.2 e 4.3, respectivamente. 4.1 BECs em redes ópticas O aprisionamento de átomos por meio armadilhas ópticas compostas por feixes de laser focalizados com frequência longe da das transições atômicas se baseia na força de dipolo, proveniente da interação entre o momento de dipolo elétrico induzido do átomo com o campo elétrico do feixe incidente. Dessa forma, para um feixe gaussiano focalizado, o potencial de aprisonamento pode ser escrito como: ( ) r 2 ( ) ] z 2 V (r, z) = V 0 [ 1 2 w0 z R (4.1) onde V 0 é a profundidade do potencial, w 0 é a cintura do feixe no foco e z R é o comprimento de Rayleight de feixe focalizado. No caso de uma rede óptica unidimensional, o feixe da armadilha óptica é refletido sobre si mesmo de modo a produzir um padrão de interferência periódico, dado por: Vrede(r, 1D z) = V0 rede exp 2r2 /w0 2 sin 2 (kz) V0 rede ( 1 2 r2 w 2 0 ) sin 2 (kz), (4.2) onde V rede 0 é a profundidade do potencial da rede e k = 2π/λ. Redes bi- e tri-dimensionais podem ser produzidas utilizando dois ou três pares de feixes retrorefletidos, respectivamente. O potencial de uma rede tridimensional segue dado pela equação abaixo: V 3D rede(x) = V x sin 2 (kx) + V y sin 2 (ky) + V z sin 2 (kz) + m 2 ( ω 2 x x 2 + ω 2 yy 2 + ω 2 zz 2), (4.3) com ω x,y,z sendo as frequências de aprisionamento do potencial harmonico residual.

15 Capítulo 4. Experimentos com BECs em redes ópticas 14 Dessa forma, considerando o potencial tridimensional, os parâmetros J e U podem ser reescritos em termos dos parâmetros da rede, como: J x,y,z = 4 ( Vx,y,z E r π E r ) 3/4 exp [ 2 ( ) ] Vx,y,z E r (4.4) U = ( ) 8 1/4 ( ) 1/4 ( ) 1/4 π ka Vx Vy Vz se r (4.5) Er Er Er 4.2 A transição superfluido-isolante de Mott A observação da transição do regime superfluido para o de isolante de Mott (e vice-versa) foi primeiro realizada por Greiner et al. em um condensado de Bose-Einstein de átomos de 87 Rb aprisionados em uma rede óptica tridimensional. A rede óptica é produzida pela sobreposição de três pares de feixes retrorefletidos focalizados com frequência deslocada para o vermelho da transição atômica, com comprimento de onda de λ = 852nm e cintura no foco w 0 = 125μm. Um potencial harmonico residual dos feixes da rede permanece presente como descrito na equação 4.3. O BEC é inicialmente produzido em uma armadilha magnética com potencial em forma de charuto. Em seguida, o bias de campo magnético é alterado de modo a produzir uma nuvem esfericamente simétrica. Essa nuvem esférica é então transferida para a rede a partir de realização de uma rampa exponencial de 80ms no potencial da rede. Ao todo, cerca de sítios da rede são preenchidos o que equivale a cerca de 65 sítios em uma direção com número médio de ocupação n i = 2.5 átomos por sítio. A transição de fase do regime superfluido para o de isolante de Mott acontece aumentando a profundidade do potencial da rede. A coerência da nuvem atômica (relacionada a existência de uma fase global bem definida) pode ser medida a partir da observação do padrão de interferência existente nas imagens feitas poucos milissegundos após a liberação da nuvem da rede óptica. À medida que aumentamos o potencial da rede, o padrão de interferência se altera deixando de exibir os picos estreitos e bem definidos, caracteristicos do regime superfluido, exibindo um perfil largo e sem estruturas, como segue ilustrado na Fig. 7. As situações intermediárias em que picos de interferência convivem com um perfil largo menor podem ser explicadas pela formação de zonas de superfluído e isolante de Mott no caso de um sistema inomogêneo como discutido na seção 2.3 do capítulo 2. A reversibilidade da transição de fase também foi explorada por Greiner a partir da diminuição do potencial da rede para valores em que o estado fundamental da nuvem atômica estaria no regime de superfluidez. O tempo da rampa de diminuição do potencial (t) foi alterado e o potencial da rede foi abruptamente desligado após atingido o valor final.

16 Capítulo 4. Experimentos com BECs em redes ópticas 15 Figura 7 Imagens de absorção da nuvem atômica feita poucos milissegundos após liberá-la da rede óptica. A medida em que aumentamos o potencial da rede saímos da fase superfluida, caracterizada pela existência de uma fase macroscópica bem definida representada pelos picos de interferência, e entramos em um regime de isolante de Mott, no qual o tunelamento entre sítios vizinhos é suprimido, bem como a fase bem definida.

17 Capítulo 4. Experimentos com BECs em redes ópticas 16 Figura 8 Gráfico da largura do pico central em função do tempo de rampa t, em (a). Após ceca de 4ms a coerência da amostra é restaurada indicando a ocorrência da transição isolante de Mott-superfluido. Abaixo, seguem imagens de absorção em três momentos distintos da restauração da coerência da nuvem atômica. Imagens de absorção da nuvem atômica, como as descritas anteriormente, foram feitas e o tempo até a restauração da coerência ao longo da amostra pode ser medido avaliando a largura do pico central de interferência para diferentes t. Na figura 8 segue um gráfico da largura do pico central em função do tempo de espera na rede após diminuído a profundidade do seu potencial e três imagens de absorção tiradas em tempos relevantes para o comportamento da nuvem. Além da coerência da nuvem atômica, o gap no espectro de energia também foi medido como forma de caracterizar a transição SF-IM. De modo a realizar esta medida, um gradiente magnetico ao longo da direção vertical foi adicionado ao potencial da rede. Esse gradiente introduz uma diferença de energia entre sítios vizinhos. Se essa diferença é igual a energia de interação U, então os átomos podem se deslocar entre os sítios criando exitações partícula-buraco. Mantendo o sistema perturbado por este gradiente durante um período τ perturb e depois, retornando a uma condição em que o sistema estaria no regime superfluído, a partir da redução do potencial da rede, torna-se possível observar a coerência da nuvem atômica a partir da largura do pico de interferência central. Se foram geradas excitações a partir da aplicação do gradiente de campo magnético, não será possível retornar para um estado superfluído perfeitamente coerênte, o que resulta

18 Capítulo 4. Experimentos com BECs em redes ópticas 17 Figura 9 Gráficos da largura do pico central de interferência em função do gradiente de campo magnético aplicado para vários valores do potencial da rede. em largos picos de interferência. Alterando o valor do gradiente de campo magnético portanto, torna-se possível medir o gap de energia no espéctro de excitações da fase de isolante de Mott. Os gráficos da largura do pico central de interferência em função do gradiente de campo aplicado para diferentes valores da profundidade do potencial da rede seguem ilustrados na figura 9. Para baixo potencial da rede, 10E r, no qual a amostra ainda permanece no regime superfluído, mesmo pequenos gradientes de campo podem excitar a amostra (a). Conforme o potencial é aumentado para 13E r, próximo a ocorrência da transição, dois picos começam a aparecer. Aumentando ainda mais o potencial da rede, a curva de offset, proveniente das regiões superfluídas, decrescem enquanto que os picos se tornam mais estreitos e proeminentes até 20E r, situação na qual os picos encontram-se sobre um offset plano. Os picos encontram-se em U e 2U como esperado segundo o discutido acima. O pequeno deslocamento na posição dos picos à medida em que aumentamos o potencial da rede é devido ao fato de um aumento no potencial de interação para potenciais mais confinantes. Nestes experimentos, a transição superfluido-isolante de Mott foi completamente caracterizada apresentando grande concordância com os resultados previstos a partir do modelo de Bose-Hubbard. Na seção seguinte, discutimos os resultados obtidos ao adicionarmos desordem a um potencial periódico com a obtenção do regime de Bose-Glass.

19 Capítulo 4. Experimentos com BECs em redes ópticas O regime de Bose-Glass Desordem em sistemas de átomos ultra-frios aprisionados em redes ópticas pode ser inserida por meio da utilização de speckles ópticos ou pela utilização de uma rede óptica bicromática composta por uma rede principal e uma secundária. Fallani et al. utiliza esta segunda forma de gerar um potencial de desordem de modo a ser possível observar o aparecimento do regime de Bose-Glass. Diferentemente do regime de isolante de Mott, no qual as características isolantes derivam da existência de um gap no espéctro de energia, o interessante do regime de Bose- Glass é o fato dele ser um isolante sem que haja um gap e com compressibilidade finita. De modo a caracterizar o aparecimento e as propriedades de tal regime, Fallani et al. começaram com a situação de isolante de Mott e foram, aos poucos, inserindo desordem a partir do aumento do potencial da rede secundária. O espéctro de enegia em cada situação, semelhante ao apresentado no capítulo anterior, foi medido aplicando uma modulação na rede principal de cerca de 30% da profundidade do seu potencial. Os gráficos da largura do pico central em função da frequência de modulação para diferentes valores do potencial da rede secundária, seguem ilustrados na Fig. 10. Ao final, eles observaram que os picos no espéctro de energia característicos do regime de isolante de Mott (em (a)) começam a desaparecer à medida em que aumenta o potencial de desordem chegando na situação limite, com máxima desordem, em que os picos deram lugar a um perfil muito mais largo no espéctro de energia (como pode ser visto em (e)). Informações adicionais dos regimes possíveis à nuvem atômica em meio à desordem podem ser obtidas estudando a coerência da nuvem a partir da obsevação do padrão de interferência em imagens de absorsão (semelhante às medidas descritas na seção anterior) para diferentes valores do potencial de desordem e potencial da rede principal constante. As imagens obtidas seguem ilustradas na Fig. 11. Conforme aumentamos o potencial da rede secundária, os padrões de interferência deixam de ser visíveis, resultado da não coerência da nuvem atômica. A ausência de coerência da nuvem atômica à medida em que aumentamos o potencial de desordem, em conjunto com o perfil de excitações largo e sem picos ilustrado na Fig. 10, indica que a nuvem atômica se encontra em um regime que não pode ser caracterizado como superfluido, nem como isolante de Mott. Essa é a assinatura do regime de Bose-Glass. Em um potêncial periódico desordenado portanto, a transição superfluidoisolante de Mott acontece por meio do regime de Bose-Glass.

20 Capítulo 4. Experimentos com BECs em redes ópticas 19 Figura 10 Gráficos da largura do pico central de interferencia em função da frequencia da modulação da rede principal para diferentes valores do potencial da rede secundária, responsável pelo potencial de desordem, partindo do regime de isolante de Mott. Figura 11 Análise da coerência da nuvem atômica a partir do padrão de interferência, partindo do regime superfluido para o regime de Bose-Glass.

21 20 Referências 1 FALLANI, L.; FORT, C.; INGUSCIO, M. Bose einstein condensates in disordered potentials. Advances In Atomic, Molecular, and Optical Physics, Elsevier, v. 56, p , FALLANI, L. et al. Ultracold atoms in a disordered crystal of light: Towards a bose glass. Phys. Rev. Lett., American Physical Society, v. 98, p , Mar Disponível em: < 3 FISHER, M. P. et al. Boson localization and the superfluid-insulator transition. Physical Review B, APS, v. 40, n. 1, p. 546, GREINER, M. Ultracold quantum gases in three-dimensional optical lattice potentials. Tese (Doutorado) lmu, 2003.

O Modelo de Bose-Hubbard

O Modelo de Bose-Hubbard O Modelo de Bose-Hubbard Alvaro Montaña Guerrero Teoría quântica de muitos corpos Instituto de Física Universidade de São Paulo SP, Brasil 10 de Dezembro de 2015 O Modelo de Bose-Hubbard 1 / 21 Introdução

Leia mais

NOTAS DE AULAS DE ESTRUTURA DA MATÉRIA

NOTAS DE AULAS DE ESTRUTURA DA MATÉRIA NOTAS DE AULAS DE ESTRUTURA DA MATÉRIA Prof. Carlos R. A. Lima CAPÍTULO 14 SUPERFLUIDEZ E SUPERCONDUTIVIDADE Primeira Edição junho de 2005 CAPÍTULO 14 - SUPERFLUIDEZ E SUPERCONDUTIVIDADE ÍNDICE 14.1- Introdução

Leia mais

NOTAS DE AULAS DE ESTRUTURA DA MATÉRIA

NOTAS DE AULAS DE ESTRUTURA DA MATÉRIA NOTAS DE AULAS DE ESTRUTURA DA MATÉRIA Prof. Carlos R. A. Lima CAPÍTULO 14 SUPERFLUIDEZ E SUPERCONDUTIVIDADE Edição de Janeiro de 2013 CAPÍTULO 14 - SUPERFLUIDEZ E SUPERCONDUTIVIDADE ÍNDICE 14.1- Introdução

Leia mais

TÓPICOS EM FÍSICA DO ESTADO SÓLIDO SUPERCONDUTIVIDADE 1. HISTÓRIA

TÓPICOS EM FÍSICA DO ESTADO SÓLIDO SUPERCONDUTIVIDADE 1. HISTÓRIA TÓPICOS EM FÍSICA DO ESTADO SÓLIDO SUPERCONDUTIVIDADE 1. HISTÓRIA Supercondutividade é o fenômeno caracterizado pela resistência elétrica zero e pela expulsão de campos magnéticos que ocorre em certos

Leia mais

Teoria de bandas nos sólidos

Teoria de bandas nos sólidos Teoria de bandas nos sólidos Situação: átomos idênticos, distantes níveis de energia desse sistema têm degenerescência de troca dupla. A parte espacial da autofunção eletrônica pode ser uma combinação

Leia mais

Introdução a Física do Estado Sólido: Propriedades Elétricas, Óticas e Magnéticas de Materiais Prof. André Avelino Pasa Departamento de Física UFSC

Introdução a Física do Estado Sólido: Propriedades Elétricas, Óticas e Magnéticas de Materiais Prof. André Avelino Pasa Departamento de Física UFSC Introdução a Física do Estado Sólido: Propriedades Elétricas, Óticas e Magnéticas de Materiais Prof. André Avelino Pasa Departamento de Física UFSC 6. Supercondutividade 6.1 Introdução A supercondutividade

Leia mais

Análise de alimentos II Introdução aos Métodos Espectrométricos

Análise de alimentos II Introdução aos Métodos Espectrométricos Análise de alimentos II Introdução aos Métodos Espectrométricos Profª Drª Rosemary Aparecida de Carvalho Pirassununga/SP 2018 Introdução Métodos espectrométricos Abrangem um grupo de métodos analíticos

Leia mais

2.2.1 Efeito Hall e Magnetoresistência Condutividade Elétrica AC Corrente Elétrica em um Campo Magnético

2.2.1 Efeito Hall e Magnetoresistência Condutividade Elétrica AC Corrente Elétrica em um Campo Magnético Conteúdo 1 Revisão de Física Moderna 1 1.1 Equação de Schrödinger; Autoestados e Valores Esperados.. 1 1.2 O Poço de Potencial Innito:Quantização da Energia.............................. 7 1.3 O Oscilador

Leia mais

Física do Estado Sólido: Sólidos Condutores

Física do Estado Sólido: Sólidos Condutores Física do Estado Sólido: Sólidos Condutores Trabalho de Física Moderna II Professor Marcelo Gameiro Munhoz 7 de maio de 2012 André E. Zaidan Cristiane Calil Kores Rebeca Bayeh Física do Estado Sólido -

Leia mais

4 e 6/Maio/2016 Aulas 17 e 18

4 e 6/Maio/2016 Aulas 17 e 18 9/Abril/016 Aula 16 Princípio de Incerteza de Heisenberg. Probabilidade de encontrar uma partícula numa certa região. Posição média de uma partícula. Partícula numa caixa de potencial: funções de onda

Leia mais

10 - SUPERCONDUTIVIDADE

10 - SUPERCONDUTIVIDADE 10 - SUPERCONDUTIVIDADE PROF. CÉSAR AUGUSTO DARTORA - UFPR E-MAIL: CADARTORA@ELETRICA.UFPR.BR CURITIBA-PR Roteiro do Capítulo: Propriedades gerais de supercondutores Equações de London e Efeito Meissner

Leia mais

Apresentações com base no material disponível no livro: Atkins, P.; de Paula, J.; Friedman, R. Physical Chemistry Quanta, Matter, and Change

Apresentações com base no material disponível no livro: Atkins, P.; de Paula, J.; Friedman, R. Physical Chemistry Quanta, Matter, and Change Físico-Química 01 Apresentações com base no material disponível no livro: Atkins, P.; de Paula, J.; Friedman, R. Physical Chemistry Quanta, Matter, and Change, 2nd Ed., Oxford, 2014 Prof. Dr. Anselmo E

Leia mais

INTERFERÊNCIA. S 1 r 1 P S 2 r 2 E 1

INTERFERÊNCIA. S 1 r 1 P S 2 r 2 E 1 INSTITUTO DE FÍSICA DA UFBA DEPARTAMENTO DE FÍSICA DO ESTADO SÓLIDO DISCIPLINA : FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL IV-E (FIS 4) INTERFERÊNCIA Sejam duas fontes puntiformes de luz S e S e um ponto P situado a

Leia mais

Aula 17 Tudo sobre os Átomos

Aula 17 Tudo sobre os Átomos Aula 17 Tudo sobre os Átomos Física 4 Ref. Halliday Volume4 Sumário Algumas propriedades dos átomos; O spin do elétron; Momento Angular e momento magnético; O experimento de Stern-Gerlach; O princípio

Leia mais

Eletromagnetismo Aplicado

Eletromagnetismo Aplicado Eletromagnetismo Aplicado Unidade 3 Prof. Marcos V. T. Heckler 1 Conteúdo Introdução Materiais dielétricos, polarização e permissividade elétrica Materiais magnéticos, magnetização e permeabilidade magnética

Leia mais

Mecânica Quântica e Indiscernibilidade

Mecânica Quântica e Indiscernibilidade Mecânica Quântica e Indiscernibilidade t ou ou?? Mecânica clássica Partículas discerníveis ( A, A ) ψ ( A A ) ψ =, Mecânica quântica Partículas indiscerníveis ( A, A ) ψ ( A A ) ψ = ψ, ou = ( A, A ) ψ

Leia mais

Programa de Pós-Graduação Processo de Seleção 2º Semestre de 2019 Exame de Conhecimentos em Física. Caderno de respostas

Programa de Pós-Graduação Processo de Seleção 2º Semestre de 2019 Exame de Conhecimentos em Física. Caderno de respostas 1 Programa de Pós-Graduação Processo de Seleção 2º Semestre de 2019 Exame de Conhecimentos em Física Caderno de respostas Questão Alternativas (a) (b) (c) (d) (e) 01 X 02 X 03 X 04 X 05 X 06 X 07 X 08

Leia mais

Função de Onda e Equação de Schrödinger

Função de Onda e Equação de Schrödinger 14/08/013 Função de Onda e Equação de Schrödinger Prof. Alex Fabiano C. Campos, Dr A Função de Onda (ψ) A primeira formulação para esta nova interpretação da Mecânica, a Mecânica Quântica, teoria foi proposta

Leia mais

Universidade de São Paulo em São Carlos Mecânica Quântica Aplicada Prova 1

Universidade de São Paulo em São Carlos Mecânica Quântica Aplicada Prova 1 Universidade de São Paulo em São Carlos 9514 Mecânica Quântica Aplicada Prova 1 Nome: Questão 1: Sistema de dois níveis (3 pontos) Considere um sistema de dois estados 1 e ortonormais H do sistema seja

Leia mais

O poço de potencial finito

O poço de potencial finito O poço de potencial finito A U L A 13 Meta da aula Aplicar o formalismo quântico ao caso de um potencial V(x) que tem a forma de um poço (tem um valor V 0 para x < -a/ e para x > a/, e um valor 0 para

Leia mais

QUÍMICA A Ciência Central 9ª Edição Capítulo 6 Estrutura eletrônica dos átomos David P. White

QUÍMICA A Ciência Central 9ª Edição Capítulo 6 Estrutura eletrônica dos átomos David P. White QUÍMICA A Ciência Central 9ª Edição Capítulo 6 Estrutura eletrônica dos átomos David P. White Natureza ondulatória da luz Todas as ondas têm um comprimento de onda característico, λ, e uma amplitude, A.

Leia mais

Figura 1.1: Variação de T c em função de vol% Co para nanopartículas de Co, comparado com o caso de átomos de Co e de nanopartículas de Cu [Xing10].

Figura 1.1: Variação de T c em função de vol% Co para nanopartículas de Co, comparado com o caso de átomos de Co e de nanopartículas de Cu [Xing10]. 1 Introdução 1.1 Sistemas Híbridos Supercondutor/Ferromagneto Materiais compósitos na escala nanométrica, os chamados nanocompósitos, constituem atualmente um campo muito interessante de pesquisa. Dentro

Leia mais

Partícula na Caixa. Química Quântica Prof a. Dr a. Carla Dalmolin

Partícula na Caixa. Química Quântica Prof a. Dr a. Carla Dalmolin Partícula na Caixa Química Quântica Prof a. Dr a. Carla Dalmolin Caixa unidimensional Caixa tridimensional Degenerescência Partícula no anel (mov. de rotação) Partícula na Caixa Partícula numa caixa unidimensional

Leia mais

Revisão das observações experimentais, modelo de Bohr e Princípios da Mecânica Quântica by Pearson Education. Capítulo 06

Revisão das observações experimentais, modelo de Bohr e Princípios da Mecânica Quântica by Pearson Education. Capítulo 06 Revisão das observações experimentais, modelo de Bohr e Princípios da Mecânica Quântica Natureza ondulatória da luz A teoria atômica moderna surgiu a partir de estudos sobre a interação da radiação com

Leia mais

PROPRIEDADES TÉRMICAS E ÓPTICAS DOS MATERIAIS

PROPRIEDADES TÉRMICAS E ÓPTICAS DOS MATERIAIS UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas (CECS) BC-1105: MATERIAIS E SUAS PROPRIEDADES PROPRIEDADES TÉRMICAS E ÓPTICAS DOS MATERIAIS Introdução Propriedades

Leia mais

A eq. de Schrödinger em coordenadas esféricas

A eq. de Schrödinger em coordenadas esféricas A eq. de Schrödinger em coordenadas esféricas A autofunção espacial, ψ, e a energia, E, são determinadas pela solução da equação independente do tempo: Separação de variáveis Solução do tipo: Que leva

Leia mais

Átomos e Moléculas. Ligações moleculares. Energia do ion. A molécula de hidrogênio H 2

Átomos e Moléculas. Ligações moleculares. Energia do ion. A molécula de hidrogênio H 2 Ligações moleculares Átomos e Moléculas Energia do ion H 2 + A molécula de hidrogênio Ligações moleculares Uma molécula é formada por um conjunto de átomos que interagem formando um sistema com energia

Leia mais

CAPÍTULO V MATERIAIS SEMICONDUTORES

CAPÍTULO V MATERIAIS SEMICONDUTORES CAPÍTULO V MATERIAIS SEMICONDUTORES 5.1 - Introdução Vimos no primeiro capítulo desta apostila uma maneira de classificar os materiais sólidos de acordo com sua facilidade de conduzir energia. Desta forma

Leia mais

SUGESTÕES DE EXERCÍCIOS PARA A SEGUNDA AVALIAÇÃO

SUGESTÕES DE EXERCÍCIOS PARA A SEGUNDA AVALIAÇÃO FÍSICA IV PROF. DR. DURVAL RODRIGUES JUNIOR SUGESTÕES DE EXERCÍCIOS PARA A SEGUNDA AVALIAÇÃO Como na Biblioteca do Campus I e do Campus II temos bom número de cópias do Halliday e poucas do Serway, os

Leia mais

Aula 18 Condução de Eletricidade nos Sólidos

Aula 18 Condução de Eletricidade nos Sólidos Aula 18 Condução de Eletricidade nos Sólidos Física 4 Ref. Halliday Volume4 Sumário Capítulo 41: Condução de Eletricidade nos Sólidos Propriedades Elétricas dos Sólidos Níveis de Energia em um Sólido Cristalino

Leia mais

Aula -12. Condução elétrica em sólidos

Aula -12. Condução elétrica em sólidos Aula -12 Condução elétrica em sólidos A diversidade atômica Os sólidos cristalinos Os sólidos cristalinos: Exemplos em uma pequena janela Os sólidos cristalinos: Exemplos em uma pequena janela A diversidade

Leia mais

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - Instituto de Química - Estrutura Atômica As propriedades ondulatórias do elétron Hermi F. Brito hefbrito@iq.usp.br QFL 1101 Química Geral I, -03-2017 Dualidade onda-partícula

Leia mais

Princípios da Interação da Luz com o tecido: Refração, Absorção e Espalhamento. Prof. Emery Lins Curso Eng. Biomédica

Princípios da Interação da Luz com o tecido: Refração, Absorção e Espalhamento. Prof. Emery Lins Curso Eng. Biomédica Princípios da Interação da Luz com o tecido: Refração, Absorção e Espalhamento Prof. Emery Lins Curso Eng. Biomédica Introdução Breve revisão: Questões... O que é uma radiação? E uma partícula? Como elas

Leia mais

denominação de férmions pesados (FP). O que caracteriza estes sistemas não é somente o elevado valor de γ, a susceptibilidade constante χ

denominação de férmions pesados (FP). O que caracteriza estes sistemas não é somente o elevado valor de γ, a susceptibilidade constante χ 1 Introdução A descoberta de uma nova classe de compostos intermetálicos, denominados sistemas de férmions pesados, tem despertado grande interesse entre físicos da matéria condensada desde sua descoberta.

Leia mais

Outline Introdução Modelo de Gorter-Casimir Modelo de Ginzburg-Landau BCS. Supercondutividade. Leandro Alexandre

Outline Introdução Modelo de Gorter-Casimir Modelo de Ginzburg-Landau BCS. Supercondutividade. Leandro Alexandre Universidade do Estado do Rio de Janeiro Instituto de Física Mecânica Quântica II 27 de fevereiro de 2008 1 Introdução 2 Modelo de Gorter-Casimir 3 Modelo de Ginzburg-Landau 4 Teoria BCS Breve Histórico

Leia mais

O Dilema de Abraham-Minkowski

O Dilema de Abraham-Minkowski Instituto de Física de São Carlos Universidade de São Paulo O Dilema de Abraham-Minkowski Hilde Harb Buzzá Disciplina: Interação Luz Matéria Philippe Courteille 2012 O Dilema da Abraham-Minkowski 1 INTRODUÇÃO

Leia mais

A Dualidade Onda-Partícula

A Dualidade Onda-Partícula A Dualidade Onda-Partícula O fato de que as ondas têm propriedades de partículas e viceversa se chama Dualidade Onda-Partícula. Todos os objetos (macroscópicos também!) são onda e partícula ao mesmo tempo.

Leia mais

Expansão Térmica de Sólidos e Líquidos. A maior parte dos sólidos e líquidos sofre uma expansão quando a sua temperatura aumenta:

Expansão Térmica de Sólidos e Líquidos. A maior parte dos sólidos e líquidos sofre uma expansão quando a sua temperatura aumenta: 23/Mar/2018 Aula 8 Expansão Térmica de Sólidos e Líquidos Coeficiente de expansão térmica Expansão Volumétrica Expansão da água Mecanismos de transferência de calor Condução; convecção; radiação 1 Expansão

Leia mais

8/Maio/2015 Aula 19. Aplicações: - nanotecnologias; - microscópio por efeito de túnel. Equação de Schrödinger a 3 dimensões. 6/Maio/2015 Aula 18

8/Maio/2015 Aula 19. Aplicações: - nanotecnologias; - microscópio por efeito de túnel. Equação de Schrödinger a 3 dimensões. 6/Maio/2015 Aula 18 6/Maio/2015 Aula 18 Conclusão da aula anterior 3º oscilador harmónico simples 4º barreira de potencial, probabilidade de transmissão. Efeito de túnel quântico: decaimento alfa. 8/Maio/2015 Aula 19 Aplicações:

Leia mais

Transições de Fase Quânticas em Modelos Unidimensionais para Redes de Átomos Frios

Transições de Fase Quânticas em Modelos Unidimensionais para Redes de Átomos Frios UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA Transições de Fase Quânticas em Modelos Unidimensionais para Redes de Átomos Frios Jardel Caminha Carvalho Cestari Tese realizada

Leia mais

PGF Física do Estado Sólido I

PGF Física do Estado Sólido I PGF5110 - Física do Estado Sólido I 2as e 4as 10h-12h. Sala 210 Ala Central Prof. Luis Gregório Dias da Silva Depto. Física Materiais e Mecânica IF USP Ed. Alessandro Volta, bloco C, sala 214 luisdias@if.usp.br

Leia mais

Universidade Federal do Paraná Departamento de Física Laboratório de Física Moderna

Universidade Federal do Paraná Departamento de Física Laboratório de Física Moderna Universidade Federal do Paraná Departamento de Física Laboratório de Física Moderna Bloco 0: AS LINHAS DE BALMER Introdução A teoria quântica prevê uma estrutura de níveis de energia quantizados para os

Leia mais

NOTAS DE AULAS DE ESTRUTURA DA MATÉRIA

NOTAS DE AULAS DE ESTRUTURA DA MATÉRIA NOTAS DE AULAS DE ESTRUTURA DA MATÉRIA Prof. Carlos R. A. Lima CAPÍTULO 12 ESTATÍSTICA QUÂNTICA Primeira Edição junho de 2005 CAPÍTULO 12 ESTATÍSTICA QUÂNTICA ÍNDICE 12-1- Introdução 12.2- Indistinguibilidade

Leia mais

Física Módulo 2 Ondas

Física Módulo 2 Ondas Física Módulo 2 Ondas Ondas, o que são? Onda... Onda é uma perturbação que se propaga no espaço ou em qualquer outro meio, como, por exemplo, na água. Uma onda transfere energia de um ponto para outro,

Leia mais

Física Moderna II Aula 08. Marcelo G Munhoz Edifício HEPIC, sala 202, ramal

Física Moderna II Aula 08. Marcelo G Munhoz Edifício HEPIC, sala 202, ramal Física Moderna II Aula 08 Marcelo G Munhoz Edifício HEPIC, sala 202, ramal 916940 munhoz@if.usp.br 1 Física Moderna II Particle Physics Education CD-ROM 1999 CERN Sólidos Átomos de 1 e - Núcleo Atômico

Leia mais

Geralmente, fazemos simplificações e desenvolvemos modelos. A matéria é composta por átomos e moléculas

Geralmente, fazemos simplificações e desenvolvemos modelos. A matéria é composta por átomos e moléculas Disciplina: SiComLíMol 1 A matéria é composta por átomos e moléculas Geralmente, fazemos simplificações e desenvolvemos modelos O estudo teórico não permite tratar quantidades macroscópicas da matéria.

Leia mais

PMT Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia 2º semestre de 2005

PMT Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia 2º semestre de 2005 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais PROPRIEDADES ELÉTRICAS DOS MATERIAIS PMT 2100 - Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia

Leia mais

Estrutura Hiperfina e Efeito Zeeman para Muônio e Positrônio

Estrutura Hiperfina e Efeito Zeeman para Muônio e Positrônio Estrutura Hiperfina e Efeito Zeeman para Muônio e Positrônio Armando Valter Felicio Zuffi 05 de dezembro de 014 Resumo Neste trabalho, serão exploradas algumas correções da hamiltoniana do átomo de hidrogênio.

Leia mais

Teoria de Bandas 1 Elétrons Livres. CF086 - Introdução a Física do Estado Sólido 1

Teoria de Bandas 1 Elétrons Livres. CF086 - Introdução a Física do Estado Sólido 1 Teoria de Bandas 1 Elétrons Livres CF086 - Introdução a Física do Estado Sólido 1 Introdução Para iniciar a investigação da contribuição eletrônica para as propriedades físicas relevantes, vamos considerar

Leia mais

Como Entender a Física Quântica em 8 Passos! Passos

Como Entender a Física Quântica em 8 Passos! Passos Como Entender a Física Quântica em 8 Passos! A física quântica (também chamada de teoria quântica ou mecânica quântica) é um ramo da física que permite uma descrição do comportamento e interação da matéria

Leia mais

SEMICONDUTORES. Condução Eletrônica

SEMICONDUTORES. Condução Eletrônica Condução Eletrônica SEMICONDUTORES A corrente elétrica é resultante do movimento de partículas carregadas eletricamente como resposta a uma força de natureza elétrica, em função do campo elétrico aplicado.

Leia mais

Física Moderna II Supercondutividade

Física Moderna II Supercondutividade Física Moderna II Supercondutividade Eric Y. Takiy - 6434669 Hélio J. Shimozako - 3292833 Vinícius O. dos Santos - 6434499 Apresentação do Tópico 10 21.05.2012 Roteiro Introdução Definição Aspectos Físicos

Leia mais

rádio molécula transições rotacionais E = B J (J+1) Δ J = ± 1 B : relacionado ao momento de inércia da 4-1

rádio molécula transições rotacionais E = B J (J+1) Δ J = ± 1 B : relacionado ao momento de inércia da 4-1 Bloco 4 Processos radiativos no MI Linhas espectrais no MI: teoria Referências Maciel Cap. 3 formulário e teoria Spitzer, Physical Processes in the ISM Cap. 2 e 3 explicação e teoria de forma mais aprofundada

Leia mais

1 Ψ S. bósons estatística de Bose: n(e) = e α e E/kT 1 1 Ψ A. férmions estatística de Fermi: n(e) = e α e E/kT +1

1 Ψ S. bósons estatística de Bose: n(e) = e α e E/kT 1 1 Ψ A. férmions estatística de Fermi: n(e) = e α e E/kT +1 Estatística Quântica Boltzmann: n(e) = 1 e α e E/kT Indistinguibilidade Ψ S ou Ψ A 1 Ψ S bósons estatística de Bose: n(e) = e α e E/kT 1 1 Ψ A férmions estatística de Fermi: n(e) = e α e E/kT +1 1 Distribuição

Leia mais

Disciplina: FGE5748 Simulação Computacional de Líquidos Moleculares 1

Disciplina: FGE5748 Simulação Computacional de Líquidos Moleculares 1 Disciplina: FGE5748 Simulação Computacional de Líquidos Moleculares 1 A matéria é composta por átomos e moléculas Geralmente, fazemos simplificações e desenvolvemos modelos O estudo teórico não permite

Leia mais

FF-296: Teoria do Funcional da Densidade I. Ronaldo Rodrigues Pela

FF-296: Teoria do Funcional da Densidade I. Ronaldo Rodrigues Pela FF-296: Teoria do Funcional da Densidade I Ronaldo Rodrigues Pela Tópicos O problema de 1 elétron O princípio variacional Função de onda tentativa Átomo de H unidimensional Íon H2 + unidimensional Equação

Leia mais

PROPRIEDADES TÉRMICAS E ÓPTICAS DOS MATERIAIS

PROPRIEDADES TÉRMICAS E ÓPTICAS DOS MATERIAIS ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais PROPRIEDADES TÉRMICAS E ÓPTICAS DOS MATERIAIS PMT 2100 - Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia

Leia mais

Física para Ciências Biológicas Lista de Exercícios 5 - CASA Data: 22/05/2014

Física para Ciências Biológicas Lista de Exercícios 5 - CASA Data: 22/05/2014 Física para Ciências Biológicas - 2014 Lista de Exercícios 5 - CASA Data: 22/05/2014 1. Abaixo representamos a energia de interação dos átomos de K e Cl em função da distância interatômica. A energia de

Leia mais

AULA 01 TEORIA ATÔMICA COMPLETA

AULA 01 TEORIA ATÔMICA COMPLETA AULA 01 TEORIA ATÔMICA COMPLETA - ESTRUTURA ATÔMICA; - MODELOS ATÔMICOS; - ESPECTROSCOPIA ATÔMICA; - PROPRIEDADES ONDULATÓRIAS DOS ELÉTRONS; - NÚMEROS QUÂNTICOS E DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA. QUÍMICA estudo

Leia mais

Atomística. Prof. Fernando R. Xavier

Atomística. Prof. Fernando R. Xavier Atomística Prof. Fernando R. Xavier UDESC 2013 Nem sempre foi tão fácil observar um átomo... Estrutura Atômica, Antencedentes... Modelos de Demócrito, Dalton, Thomson 400 a.c. até 1897 d.c. O Modelo de

Leia mais

PGF Física do Estado Sólido I

PGF Física do Estado Sólido I PGF5110 - Física do Estado Sólido I 2as e 4as 10h-12h. Sala 210 Ala 2 Prof. Luis Gregório Dias da Silva Depto. Física Materiais e Mecânica IF USP Ed. Alessandro Volta, bloco C, sala 214 luisdias@if.usp.br

Leia mais

AULA 01 TEORIA ATÔMICA COMPLETA

AULA 01 TEORIA ATÔMICA COMPLETA AULA 01 TEORIA ATÔMICA COMPLETA - ESTRUTURA ATÔMICA; - MODELOS ATÔMICOS; - ESPECTROSCOPIA ATÔMICA; - PROPRIEDADES ONDULATÓRIAS DOS ELÉTRONS; - NÚMEROS QUÂNTICOS E DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA. Estrutura Eletrônica

Leia mais

Nome: Jeremias Christian Honorato Costa Disciplina: Materiais para Engenharia

Nome: Jeremias Christian Honorato Costa Disciplina: Materiais para Engenharia Nome: Jeremias Christian Honorato Costa Disciplina: Materiais para Engenharia Por propriedade ótica subentende-se a reposta do material à exposição à radiação eletromagnética e, em particular, à luz visível.

Leia mais

Física Moderna I Aula 05. Marcelo G Munhoz Edifício HEPIC, sala 212, ramal

Física Moderna I Aula 05. Marcelo G Munhoz Edifício HEPIC, sala 212, ramal Física Moderna I Aula 05 Marcelo G Munhoz Edifício HEPIC, sala 212, ramal 916940 munhoz@if.usp.br 1 Röntgen descobre os raios-x (1895) Röntgen trabalhava com tubos de raios catódicos Durante seus estudos

Leia mais

Lembrando: Portanto diminuindo d ficaria mais difícil resolver as duas fontes.

Lembrando: Portanto diminuindo d ficaria mais difícil resolver as duas fontes. Lembrando: Portanto diminuindo d ficaria mais difícil resolver as duas fontes. Exercícios e Problemas Le Pont de Courbevoie 1886-1887 O pintor neoimpressionista Georges Seurat (final do século XIX) pertencia

Leia mais

Física VIII Ondas eletromagnéticas e Física Moderna

Física VIII Ondas eletromagnéticas e Física Moderna Física VIII Ondas eletromagnéticas e Física Moderna Aula 5: Difração Parte II 1 Baseado no material preparado por Sandro Fonseca de Souza Helena Malbouisson Redes de difração Grande número de fendas (ranhuras)

Leia mais

Figura 10. Estrutura geral da Polianilina (PAN), mostrando as unidades reduzidas (ganha elétrons) e oxidadas (perde elétrons).

Figura 10. Estrutura geral da Polianilina (PAN), mostrando as unidades reduzidas (ganha elétrons) e oxidadas (perde elétrons). 3. Polianilina 3.1. Introdução A polianilina (PAN) engloba uma família de compostos onde anéis de caráter aromático ou quinona (anéis de seis átomos de carbono C 6 H 4 ) são conectados entre si por átomos

Leia mais

Efeito Hall quântico de vale no grafeno

Efeito Hall quântico de vale no grafeno Universidade de são paulo Instituto de física Departamento de física de materiais Efeito Hall quântico de vale no grafeno Walace de sousa elias Disciplina: teoria quântica de muitos corpos Prof. Dr. Luis

Leia mais

Instituto de Física - UFF Profissional - 11 de Dezembro de 2009 Resolva 6 (seis) questões, com pelo menos uma questão de cada uma das

Instituto de Física - UFF Profissional - 11 de Dezembro de 2009 Resolva 6 (seis) questões, com pelo menos uma questão de cada uma das Exame de Ingresso na Pós-graduação Instituto de Física - UFF Profissional - 11 de Dezembro de 009 Resolva 6 (seis) questões, com pelo menos uma questão de cada uma das seções. A duração da prova é de 3

Leia mais

Os estados físicos da matéria e suas transformações

Os estados físicos da matéria e suas transformações Os estados físicos da matéria e suas transformações Letícia Silva 1 Estados Físicos A matéria é formada por partículas extremamente pequenas como os átomos que interagem entre si formando ligações químicas,

Leia mais

n, l, m l, ms (1) quando estes quatro números quânticos são dados, o estado físico do sistema (no caso, um elétron) é então especificado.

n, l, m l, ms (1) quando estes quatro números quânticos são dados, o estado físico do sistema (no caso, um elétron) é então especificado. Introdução. Consideramos nos textos anteriores sistemas quantum mecânicos que possuem vários níveis de energia mas somente um elétron orbital, ou seja, consideramos até o presente momento átomos hidrogenóides.

Leia mais

A Transição BCS-BEC. P. E. S. Tavares Instituto de Física de São Carlos, Universidade de São Paulo, Caixa Postal 369, São Carlos, SP, Brasil

A Transição BCS-BEC. P. E. S. Tavares Instituto de Física de São Carlos, Universidade de São Paulo, Caixa Postal 369, São Carlos, SP, Brasil A Transição BCS-BEC P. E. S. Tavares Instituto de Física de São Carlos, Universidade de São Paulo, Caixa Postal 369, 13560-970 São Carlos, SP, Brasil Neste artigo será apresentado os conceitos envolvidos

Leia mais

ÁTOMO: núcleo muito pequeno composto por prótons e nêutrons, que é circundado por elétrons em movimento;

ÁTOMO: núcleo muito pequeno composto por prótons e nêutrons, que é circundado por elétrons em movimento; 1.1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS ÁTOMO: núcleo muito pequeno composto por prótons e nêutrons, que é circundado por elétrons em movimento; Elétrons e prótons são eletricamente carregados: 1,60 x 10-19 C; Elétrons:

Leia mais

A experiência das Linhas de Balmer

A experiência das Linhas de Balmer A experiência das Linhas de Balmer 1 Introdução Conforme vemos nos cursos que tratam sobre física quântica, podemos excitar elétrons presos aos seus núcleos atômicos apenas quando utilizamos energias corretas,

Leia mais

Revisão: Ondas Eletromagnéticas (EM) Campo Elétrico Campo Magnético. Capítulo 2 do Battan.

Revisão: Ondas Eletromagnéticas (EM) Campo Elétrico Campo Magnético. Capítulo 2 do Battan. Revisão: Ondas Eletromagnéticas (EM) Campo Elétrico Campo Magnético Capítulo 2 do Battan. Campo Elétrico - E O campo elétrico E - é um conceito definido pela força que uma carga (usualmente uma carga de

Leia mais

A Estrutura Eletrônica dos Átomos. Prof. Fernando R. Xavier

A Estrutura Eletrônica dos Átomos. Prof. Fernando R. Xavier A Estrutura Eletrônica dos Átomos Prof. Fernando R. Xavier UDESC 2015 Estrutura Atômica, Antencedentes... Modelos de Demócrito, Dalton, Thomson, etc 400 a.c. até 1897 d.c. Nascimento da Mecânica Quântica

Leia mais

Sistemas de comunicação óptica. Segunda parte Fontes transmissoras

Sistemas de comunicação óptica. Segunda parte Fontes transmissoras Sistemas de comunicação óptica Segunda parte Fontes transmissoras Transmissores Ópticos Fontes ópticas. Diodos emissores (LEDs) Laser de semicondutores Processo ópticos em semicondutores Absorção óptica

Leia mais

RAIOS-X (RAIOS RÖNTGEN)

RAIOS-X (RAIOS RÖNTGEN) RAIOS-X (RAIOS RÖNTGEN) Descobertos por Wilhelm Röntgen (1895) Primeiro prêmio Nobel em física (1901) Radiação extremamente penetrante (

Leia mais

Exame Unificado EUF. 2º Semestre/2013 Parte 1 23/04/2013

Exame Unificado EUF. 2º Semestre/2013 Parte 1 23/04/2013 Exame Unificado das Pós-graduações em Física EUF º Semestre/013 Parte 1 3/04/013 Instruções: NÃO ESCREVA O SEU NOME NA PROVA. Ela deverá ser identificada apenas através do código (EUFxxx). Esta prova constitui

Leia mais

06 - VIBRAÇÕES DA REDE CRISTALINA: FÔNONS

06 - VIBRAÇÕES DA REDE CRISTALINA: FÔNONS 06 - VIBRAÇÕES DA REDE CRISTALINA: FÔNONS PROF. CÉSAR AUGUSTO DARTORA - UFPR E-MAIL: CADARTORA@ELETRICA.UFPR.BR CURITIBA-PR Roteiro do Capítulo: Vibrações da Rede Cristalina Modelo Clássico das Vibrações

Leia mais

RAIOS-X (RAIOS RÖNTGEN)

RAIOS-X (RAIOS RÖNTGEN) RAIOS-X (RAIOS RÖNTGEN) Descobertos por Wilhelm Röntgen (1895) Primeiro prêmio Nobel em física (1901) Radiação extremamente penetrante (

Leia mais

Ligações Atômicas e Bandas de Energia. Livro Texto - Capítulo 2

Ligações Atômicas e Bandas de Energia. Livro Texto - Capítulo 2 40 Ligações Atômicas e Bandas de Energia Livro Texto - Capítulo 2 Ligação Atômica 41 Porque estudar a estrutura atômica? As propriedades macroscópicas dos materiais dependem essencialmente do tipo de ligação

Leia mais

Fundamentos de Física Capítulo 39 Mais Ondas de Matéria Questões Múltipla escolha cap. 39 Fundamentos de Física Halliday Resnick Walker 1) Qual das

Fundamentos de Física Capítulo 39 Mais Ondas de Matéria Questões Múltipla escolha cap. 39 Fundamentos de Física Halliday Resnick Walker 1) Qual das Fundamentos de Física Capítulo 39 Mais Ondas de Matéria Questões Múltipla escolha cap. 39 Fundamentos de Física Halliday Resnick Walker 1) Qual das frases abaixo descreve corretamente a menor energia possível

Leia mais

Aula 20 Condução de Eletricidade nos Sólidos

Aula 20 Condução de Eletricidade nos Sólidos Aula 20 Condução de Eletricidade nos Sólidos Física 4 Ref. Halliday Volume4 Sumário Capítulo 41 Condução Elétrica nos Sólidos Transistores; Supercondutores; Capítulo 42 Física Nuclear Descobrindo o Núcleo;

Leia mais

CTM P OBS: Esta prova contém 7 páginas e 6 questões. Verifique antes de começar. VOCÊ DEVE ESCOLHER APENAS 5 QUESTÕES PARA RESOLVER.

CTM P OBS: Esta prova contém 7 páginas e 6 questões. Verifique antes de começar. VOCÊ DEVE ESCOLHER APENAS 5 QUESTÕES PARA RESOLVER. Nome: Assinatura: CTM P1 2014.2 Matrícula: Turma: OBS: Esta prova contém 7 páginas e 6 questões. Verifique antes de começar. VOCÊ DEVE ESCOLHER APENAS 5 QUESTÕES PARA RESOLVER. VOCÊ DEVE RISCAR NA TABELA

Leia mais

Física Estatística ??? Representação macroscópica. Representação microscópica. sistema U (S, V, N) S (U, V, N)

Física Estatística ??? Representação macroscópica. Representação microscópica. sistema U (S, V, N) S (U, V, N) Física Estatística sistema Representação macroscópica U (S, V, N) S (U, V, N) Representação microscópica??? Física Estatística - Prof. Paulo Suzuki 1 Física Estatística Formalismo microcanônico S (U, V,

Leia mais

Aplicações de Semicondutores em Medicina

Aplicações de Semicondutores em Medicina Aplicações de Semicondutores em Medicina A estrutura dos cristais semicondutores Luiz Antonio Pereira dos Santos CNEN-CRCN PRÓ-ENGENHARIAS UFS-IPEN-CRCN Aracaju Março - 010 Como é a estrutura da matéria?

Leia mais

A energia de formação para o B em um sítio de Si ou C no bulk é dada pelas seguintes

A energia de formação para o B em um sítio de Si ou C no bulk é dada pelas seguintes 63 Figura 22: Estrutura de bandas. Em (a) o 3C-SiC bulk puro, (b) com um átomo de B substituindo um átomo de Si e em (c) B ocupando a posição de um átomo de C. O topo da banda de valência foi tomado como

Leia mais

Física da Matéria Condensada - GFI 04129

Física da Matéria Condensada - GFI 04129 Física da Matéria Condensada - GFI 04129 Antonio T. Costa I semestre, 2007 Programa 1 A estrutura eletrônica de sólidos cristalinos a O que é um sólido cristalino b Comportamento do elétron num sólido

Leia mais

3. Propriedades ondulatórias das partículas

3. Propriedades ondulatórias das partículas 3. Propriedades ondulatórias das partículas Sumário Ondas de de Broglie Pacotes de onda Difração de partículas Microscópio eletrônico Princípio da incerteza Fótons Ondas eletromagnéticas têm propriedades

Leia mais

Estrutura atômica. Modelo quântico do átomo

Estrutura atômica. Modelo quântico do átomo Estrutura atômica Modelo quântico do átomo Um bom modelo deve ser capaz de explicar propriedades atômicas, propriedades periódicas, ligação química Mecânica quântica - mecânica ondulatória Elétrons como

Leia mais

Ondas. Lucy V. C. Assali. Física II IO

Ondas. Lucy V. C. Assali. Física II IO Ondas Física II 2015 - IO Não é possível exibir esta imagem no momento. O que é uma onda? Qualquer sinal que é transmitido de um ponto a outro de um meio, com velocidade definida, sem que haja transporte

Leia mais

Teoria Quântica de Campos em Meios Desordenados

Teoria Quântica de Campos em Meios Desordenados Teoria Quântica de Campos em Meios Desordenados Instituto de Física Teórica - UNESP Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas - RJ 2011 1 Publicações 2 Quantização estocástica 3 Meios desordenados 4 Conclusões

Leia mais

A Dualidade Onda-Partícula

A Dualidade Onda-Partícula A Dualidade Onda-Partícula O fato de que as ondas têm propriedades de partículas e viceversa se chama Dualidade Onda-Partícula. Todos os objetos (macroscópicos também!) são onda e partícula ao mesmo tempo.

Leia mais

Evolução temporal de uma Partícula Livre descrita por um Pacote de Onda Gaussiano Unidimensional

Evolução temporal de uma Partícula Livre descrita por um Pacote de Onda Gaussiano Unidimensional Evolução temporal de uma Partícula Livre descrita por um Pacote de Onda Gaussiano Unidimensional Caio Vaz Rímoli Resumo: Partículas Livres não relativísticas estão entre os sistemas mais básicos e mais

Leia mais

Disciplina: SiComLíMol 1

Disciplina: SiComLíMol 1 Disciplina: SiComLíMol 1 A matéria é composta por átomos e moléculas Geralmente, fazemos simplificações e desenvolvemos modelos O estudo teórico não permite tratar quantidades macroscópicas da matéria.

Leia mais

Introdução. O spin é uma propriedade das partículas elementares, eminentemente quântica, sem equivalente no mundo clássico.

Introdução. O spin é uma propriedade das partículas elementares, eminentemente quântica, sem equivalente no mundo clássico. Ressonância de Spin Introdução O spin é uma propriedade das partículas elementares, eminentemente quântica, sem equivalente no mundo clássico. Nos próximos slides apresentaremos, brevemente, alguns aspectos

Leia mais