1. Qual foi a sua função durante os Jogos Olímpicos de Pequim 2008?

Transcrição

1 ENTREVISTA PIERRE DUCREY COMITÊ OLÍMPICO INTERNACIONAL Entrevista com Pierre Ducrey, Gerente de Operações Esportivas para os Jogos de Verão do Comitê Olímpico Internacional (COI). Pierre é Suíço, formado pelo FIFA Master e trabalha no COI desde 2003, tendo atuado nos Jogos de Atenas 2004 e Pequim Nesta entrevista, Pierre nos conta um pouco dos bastidores dos Jogos Olímpicos de Pequim, em sua opinião, um dos Jogos mais espetaculares já realizados na história das Olimpíadas. 1. Qual foi a sua função durante os Jogos Olímpicos de Pequim 2008? Os Jogos Olímpicos funcionam como uma espécie de franquia coordenada pelo COI e implementada em conjunto pelas Federações Internacionais e pelo Comitê Organizador Local. Neste contexto, as Federações Internacionais são responsáveis pelos aspectos técnicos das competições, por decidir sobre o formato dos jogos, selecionar os árbitros e outros representantes, propor mudanças no programa, entre outros. Já o Comitê Organizador Local tem a responsabilidade de garantir a operação dos Jogos, isto é, prover as arenas, estádios e infraestrutura esportiva, e todas as operações de apoio necessárias para garantir que os atletas possam competir no seu melhor nível e nas condições mais equilibradas e justas possíveis. Nesta franquia, o papel do COI é criar o modelo de trabalho para a parceria entre as Federações Internacionais e o Comitê Organizador Local, monitorar o seu progresso, treinar, aconselhar e avaliar o trabalho realizado. Como Gerente de Operações Esportivas, meu papel se concentrou nos aspectos competitivos dos Jogos. De uma forma geral, eu supervisionava a parceria entre as Federações Internacionais e o Comitê Organizador Local para garantir que todas as peças do quebra-cabeças se encaixavam de acordo com os padrões e diretrizes estabelecidos para as competições. Durante a preparação para os Jogos, uma das minhas funções era monitorar o trabalho da equipe de credenciamento esportivo, que verificava o processo de qualificação de todos os atletas que participaram dos Jogos, garantindo que todos eles tinham se classificado de maneira justa e de acordo com as regras pré-estabelecidas. Minha função também envolvia aconselhar e tomar decisões sempre que surgiam dúvidas em relação à qualificação dos atletas. Por exemplo, quando o Schalke 04 e o Weder Bremen ganharam na Corte de Arbitragem do Esporte o direito de não liberar o Rafinha e o Diego para a Seleção Brasileira, mesmo contra as determinações da FIFA, nós tivemos que lidar com a situação e encontrar uma solução. Felizmente no final os clubes resolveram ceder, mas se a decisão tivesse sido mantida, seria nossa responsabilidade definir de que forma aqueles jogadores poderiam ser substituídos. 2. No futuro, quando se pensar nos Jogos Olímpicos de Pequim, quais serão as características mais marcantes que serão lembradas? Do ponto de vista esportivo, os Jogos de Pequim com certeza serão lembrados como um dos melhores Jogos jamais realizados. Várias Federações Internacionais comentaram que as arenas e os equipamentos esportivos de Pequim eram os melhores já construídos para a prática de seus respectivos esportes. Os Jogos de Pequim serão lembrados pelo

2 grande número de recordes mundiais quebrados, 43 no total. Além disso, antes do início dos Jogos, existiam muitas dúvidas sobre as condições nas quais os atletas teriam que competir. Havia uma série de preocupações sobre o impacto do clima ou da qualidade do ar no desempenho dos atletas. A verdade é que, algumas vezes, as condições foram realmente difíceis, principalmente porque fazia muito calor. Mas nós não tivemos registros de problemas médicos envolvendo os atletas. De fato, em Atenas nós tivemos mais gente desistindo da prova de estrada no ciclismo uma das provas mais demandantes em termos de resistência dos atletas do que em Pequim. Então as desconfianças iniciais acabaram não se materializando e a infra-estrutura esportiva e as operações foram implementadas com perfeição. E é isto que vai ficar na memória sempre que se pensar nos Jogos de Pequim. 3. Em sua opinião, quais foram as principais peculiaridades a respeito dos jogos de Pequim? Os Jogos de Pequim foram a primeira oportunidade que o mundo realmente teve de conhecer a China e o que o povo chinês é capaz de realizar quando eles realmente concentram seus esforços sobre uma meta comum. Os Jogos de Pequim tiveram dimensão máxima em termos de escopo e tamanho e mesmo assim nós quase não tivemos problemas envolvendo a organização. Organizar os Jogos Olímpicos é uma das tarefas mais complexas que um país pode realizar. Durante os sete anos de preparação, o COI teve quase nenhuma preocupação em relação à construção da infraestrutura, um problema que nos assombrou durante toda a preparação dos jogos de Atenas. As preocupações com Pequim giravam mais em torno da sua capacidade de operar as arenas e os Jogos. Mas o Comitê Olímpico de Pequim realizou tudo muito bem. Tudo fluiu tranquilamente. Em termos de peculiaridades, eu acho que a barreira da língua foi um dos principais desafios. Além disso, teve o fato do Comitê Organizador querer promover o evento como os Jogos Chineses. Então, durante todo o tempo eles relutaram em contratar especialistas estrangeiros. Eles queriam que tudo fosse feito pelos chineses, usando apenas mão de obra local. Isto exigiu do COI muito mais aconselhamento direto e treinamento do que normalmente se faz, e nós tivemos que monitorar tudo muito mais de perto. Mas eles sempre tiveram muita vontade de aprender e de fazer tudo certo. 4. Em termos de gestão de eventos esportivos, que tipo de insights surgiram a partir dos Jogos de Pequim? Pequim foi a primeira Olimpíada a tirar o máximo de proveito de todo o leque de ferramentas de gestão de eventos criado pelo COI para a organização dos Jogos. Um exemplo desse tipo de ferramenta é o Master Schedule, um grande gerenciador de projetos criado para funcionar como um manual de implementação dos Jogos passo a passo, com prazos, projeto por projeto. Hoje em dia, nós temos ferramentas que foram desenvolvidas a partir das melhores práticas em todas as áreas de gestão de eventos, contamos com uma equipe de especialistas e conselheiros de alto nível e estamos, sempre organizando worskshops para o Comitê Organizador. A partir do ano 2000, o COI começou a investir pesado em programas de transferência de capital intelectual, capturando informações antes, durante e depois dos jogos, criando assim uma vasta base de dados com inteligência sobre infra-estrutura desportiva, organização de cerimônias, logística, etc... Esta foi uma das características chave dos Jogos de Pequim, porque eles foram os primeiros a serem aconselhados e treinados durante todo o processo de implementação. E eles realmente souberam aproveitar tudo isto. Os chineses tinham muita vontade de aprender ao máximo, então essas ferramentas foram muito úteis a eles.

3 5. Como você compararia as Olimpíadas de Atenas com a de Pequim? Em Atenas nós tivemos todos os problemas já conhecidos com a construção das arenas e da infra-estrutura. Depois que Atenas foi confirmada como cidade-sede o Comitê Organizador Local levou alguns anos para tomar algumas decisões-chave sobre quem iria comandar o espetáculo. Isto gerou atrasos e algumas arenas foram entregues literalmente em cima da hora. Em Pequim nós não tivemos esse tipo de problema. Toda a infra-estrutura esportiva foi entregue no prazo, o que nos permitiu testar cada arena e equipamento esportivo, que é como deve ser feito. Em relação a Pequim a maior preocupação era a operação. Por vários motivos. A resistência que eles tinham em contratar especialistas internacionais, a barreira de comunicação por causa da língua criava alguns atritos, principalmente com as Federações Internacionais, além da sua falta de experiência na organização de mega-eventos. Entretanto, como eu disse antes, tudo acabou funcionando muito bem. Em relação ao progresso de Atenas a Pequim, a meu ver, o que aconteceu foi o resultado dos desenvolvimentos tecnológicos naturais que acontecem em qualquer área, durante um período de quatro anos. Foi o caso das piscinas e toda a nova tecnologia para diminuir a produção de ondas, as roupas de natação, que inclusive criaram um problema para nós, porque quando nós definimos os critérios técnicos de qualificação para os Jogos de Pequim, estes novos maiôs não existiam. Então, um número muito maior do que o esperado de atletas acabou se classificando para Pequim. Mas não foi apenas nas piscinas que tivemos evoluções tecnológicas, outros esportes também contaram com avanços: foi o caso da qualidade da areia nas quadras de vôlei de praia e do material das pistas de atletismo. Esta Olimpíada realmente contou com os principais fornecedores de equipamentos do mundo para garantir a entrega das melhores arenas e infraestruturas desportivas já construídas. 6. Você pode nos dar alguns números e informações sobre os Jogos de Pequim? Os jogos de Pequim contaram com cerca de 30 mil jornalistas e profissionais da imprensa e teve a maior cobertura de mídia até hoje, produzindo mais de horas de transmissão em alta definição para cerca de 200 países em 16 dias de competição. Foi o evento com maior audiência acumulativa de todos os tempos. Duas em cada três pessoas no planeta assistiram a pelo menos algum tipo de cobertura dos Jogos. A cerimônia de abertura foi o evento com maior audiência televisiva até hoje. Durante os jogos, circularam cerca de 300 mil pessoas credenciadas, incluindo atletas, técnicos, membros do COI e das federações, mais de 70 mil voluntários e 50 mil profissionais de segurança. Em termos de público, nós tivemos entre 300 e 400 mil espectadores por dia assistindo às diversas competições em Pequim. Foram utilizados 37 locais de competição e 87 locais de treinamento e foram realizados 302 eventos (competições com direito a medalhas). Basicamente nós organizamos 41 campeonatos mundiais ao longo de 16 dias. Como base de comparação, para se entender a complexidade de organizar as Olimpíadas, a Euro2008 realizada em Junho na Áustria e na Suíça teve 16 equipes competindo em 8 cidades durante três semanas. Já as competições de futebol em Pequim envolveram 26 equipes (masculinas e femininas) em 5 cidades ao longo de 2 semanas.

4 7. Qual foi o papel das novas arenas e equipamentos esportivos na quebra de tantos recordes mundiais? Os equipamentos certamente tiveram o seu papel na quebra de recordes, à medida que eles foram construídos para permitir que os atletas competissem com toda a capacidade possível. Nós consideramos os Jogos Olímpicos como o mais importante evento esportivo no qual um atleta pode competir. Então o nosso papel é criar padrões que garantam que nada atrapalhará a capacidade dos atletas competirem. Neste sentido não somente os ginásios e arenas são importantes, mas nós também estudamos a iluminação, o condicionamento do ar, nós testamos os equipamentos. Tudo tem que estar no seu nível máximo. O que aconteceu em Pequim, como eu disse antes, é que todos os equipamentos foram entregues seguindo rigorosamente os padrões estabelecidos. 8. Quais são os principais desafios para um país interessado em sediar um evento tão grande e complexo? O principal desafio é garantir que todas as partes envolvidas estejam alinhadas em torno da mesma meta. Isto inclui o Governo Federal, as autoridades desportivas, as Federações, os atletas e a cidade. Este é o principal desafio. Todos eles devem estar juntos em busca do mesmo objetivo, incluindo a população, que tem que estar completamente comprometida com a organização dos Jogos. Se você não tem este cenário, como foi o caso da Grécia em alguns momentos, você vai enfrentar problemas. Realizar os Jogos Olímpicos é uma tarefa extremamente complexa mesmo quando as coisas estão correndo tranquilamente. Portanto, não se pode perder tempo com questões menos significantes ou relevantes, pois isso torna o desafio ainda mais difícil. É por isso que, durante o processo de avaliação de candidaturas, nós pedimos às cidades candidatas que nos forneçam pesquisas de opinião realizadas na cidade e até mesmo no país, para garantir que todos estão apoiando a realização dos Jogos. O principal desafio é convencer a todos os envolvidos, incluindo os atletas, de que haverá um cenário perfeito para a competição. E não se consegue isto se não houver um ambiente de união total no país. 9. Você teve que enfrentar algum desafio específico durante os Jogos de Pequim? Existem basicamente dois tipos de desafios. Aqueles que podem ser previstos e para os quais nós nos preparamos e aqueles imprevisíveis e que exigem que se tome uma decisão rápida ali mesmo no calor da situação. A questão do doping pode ser incluída no primeiro grupo e nós já estamos preparados para agir, quando ele acontece. Mas é claro que alguns fatos imprevisíveis aconteceram em Pequim. Eu poderia citar o lutador sueco, Ara Abrahmian, que jogou a sua medalha de bronze no chão, por discordar da decisão dos juízes durante a sua luta na semifinal, ou Matos, lutador cubano de Taekwondo, que deu um chute na cara de um juiz sueco, também por discordar da sua desclassificação. Que eu me lembre, estes foram os fatos mais inusitados que ocorreram em Pequim.

5 Pierre em uma das partidas de futebol nos Jogos Olímpicos de Pequim Quais são as suas expectativas para os Jogos de Londres? Para mim, a primeira coisa que se deve fazer é desconectar os Jogos de Londres e Pequim. Nós provavelmente nunca mais veremos algo tão espetacular quanto a cerimônia de abertura dos Jogos de Pequim. Eu acho que ela estará além de qualquer coisa que outras cidades terão condições de organizar, pelo número de pessoas envolvidas, e pelo desejo dos Chineses de usar a cerimônia como uma forma de mostrar o que é a China para o mundo. Os Jogos de Londres serão diferentes. Nós teremos uma mistura de sedes modernas com locais extremamente tradicionais na história do esporte, uma vez que a Inglaterra é o berço de uma grande parte dos esportes modernos. Como exemplo desse tipo de sede, temos o Lord s de cricket que será utilizado para as competições de arco e flecha, Wimbledon no tênis, Eaton para o remo, Horse Guard onde acontecerão as disputas de vôlei de praia e Wembley com o futebol. Além disso, Londres está revitalizando uma parte inteira da cidade e provavelmente nós veremos uma boa parte de Londres mudando de cara por causa dos Jogos. Não vale a pena ficar comparando os Jogos de Londres com Pequim, porque o que aconteceu em Pequim foi muito particular. Londres já está sob pressão para entregar tudo no mesmo nível de qualidade, especialmente agora com a crise financeira, mas os Jogos estão em muito boas mãos e nós teremos uma Olimpíada fantástica em Como funciona o processo de inclusão de esportes no programa Olímpico? Existem três níveis de avaliação: 1. Avaliação de esportes (representado pelas federações, por exemplo, esportes aquáticos).

6 2. Avaliação de disciplinas (por exemplo, mergulho, nado sincronizado). 3. Avaliação de eventos (200 metros, 300 metros, etc..). Para o nível de esportes, a decisão é tomada na Assembléia Geral do COI, o nível mais alto de decisão do Comitê Olímpico. Esta decisão é tomada com pelo menos 7 anos de antecedência aos Jogos. Disciplinas podem ser decididas pelo Comitê Executivo do COI, também com 7 anos de antecedência, enquanto eventos podem ser decididos com até 3 anos de antecedência, também pelo Comitê Executivo. Neste momento, nós estamos justamente discutindo a lista final de eventos que farão parte de Londres Para esportes e disciplinas, a decisão final será tomada em outubro de 2009, para os Jogos de 2016, na mesma sessão que decidirá a cidade sede. Basicamente quando nós avaliamos um esporte ou disciplina nós consideramos os seguintes critérios: História e tradição do esporte Universalismo (número de federações nacionais ativas, quantidade de eventos internacionais, número de praticantes, equilíbrio de excelência entre países) Popularidade (audiência, média de público, cobertura televisiva, cobertura da imprensa, cobertura de novas mídias). Imagem e meio ambiente (arbitragem, como as decisões são julgadas, se as pessoas entendem as regras, seleção, certificação e treinamento de árbitros, auxílio de recursos de vídeo na arbitragem e impacto das competições no meio ambiente). Bem estar dos atletas (modelo de governança das federações, se existe uma comissão de atletas e se eles têm voz ativa nas decisões da federação, controle antidoping). Desenvolvimento (condições financeiras da federação, receitas de marketing, direitos de TV, visão, dependência de receitas Olímpicas). Custos (custos envolvidos na organização das competições, tecnologia necessária, infra-estrutura, facilidade no processo de televisionamento). Valor do pacote oferecido pela federação (formato da competição, impacto nos jogos olímpicos, se a competição é viável de ser organizada, por exemplo no caso do Rugby que está sendo avaliado agora. O formato mais bem sucedido do Rugby no mundo é o Rugby de 15. Porém, a federação está propondo que o Rugby de 7 faça parte dos Jogos Olímpicos). Considerando tudo isto, existem hoje 26 esportes no programa dos Jogos de Londres. Além desses, existe uma série de esportes que não são olímpicos, mas que são reconhecidos pelo COI, por terem um bom nível de desenvolvimento. Um programa olímpico pode ter no máximo 28 esportes. Atualmente, o COI está avaliando 7 esportes e em junho do ano que vem, o Comitê Executivo decidirá quais desses esportes serão recomendados para a Assembléia Geral a ser realizada em outubro, quando um máximo de 2 novos esportes poderão ser incluídos no programa Olímpico. Os esportes que estão sendo avaliados no momento são Rugby, Squash, Caratê, Patinação, Golf, Beisebol e Softball. Beisebol e Softball estiveram presentes nos jogos de Pequim, mas foram cortados dos jogos de Londres. Eles estão sendo reavaliados para Ao final de cada Olimpíada, todos os esportes são reavaliados. Existem 25 esportes centrais que formam o coração dos Jogos. Estes são avaliados em um nível mais alto e só questões muito críticas, como problemas com governança ou doping são capazes de tirá-los do programa. Outros 3 esportes estão sujeitos a revisões mais detalhadas ao final de cada ciclo Olímpico.

7 12. Em sua opinião, o fato do Brasil estar confirmado como sede da Copa do Mundo da FIFA em 2014 é uma vantagem ou desvantagem nas pretensões do Rio de Janeiro para sediar os Jogos de 2016? Pode ser visto como vantagem ou desvantagem, dependendo da maneira como se analisa. É como a história do copo meio cheio ou meio vazio. Alguém poderia dizer que é uma desvantagem porque dispersa investimentos, energia e atenção dos Jogos Olímpicos. Outros poderiam ver como uma vantagem, pois o Brasil terá mais gente preparada e mais experiência na organização de mega-eventos e alguma infra-estrutura já implementada. Então, fica a cargo do COB saber como atacar este ponto da forma correta. Encontrar a linha de argumentação adequada e sustentá-la do início ao fim. De qualquer forma, este é certamente um ponto que deve ser tratado pelo COB durante o processo de candidatura. Eu já ouvi algumas pessoas dizerem que não é justo dar ao mesmo país o direito de organizar os dois principais eventos esportivos do mundo em um espaço tão curto de tempo. Por outro lado eu pergunto: É justo que os Jogos Olímpicos nunca tenham sido realizados na América do Sul? E se existe a possibilidade deles acontecerem em um período tão curto de tempo no Brasil, também é verdade que nos últimos 60 anos o Brasil não teve a oportunidade de organizar nenhum outro mega-evento. Isto é justo? Então, pra mim não é uma questão de justiça. É uma questão do COB conseguir convencer o COI de que o Rio tem a capacidade para sediar os Jogos Olímpicos no mais alto padrão de qualidade. Neste sentido, existem outras questões mais importantes a serem tratadas do que o fato da Copa do Mundo da FIFA ser realizada por aí dois anos antes, como a questão da segurança. Se o Brasil conseguir convencer o COI que está pronto para organizar os Jogos eu não vejo a Copa do Mundo como um empecilho.