O Meu Primeiro Dia No Mercado

Transcrição

1 You are free to download, copy, translate or adapt this story and use the illustrations as long as you attribute in the following way: O Meu Primeiro Dia No Mercado Author - Timothy Kabare and Ursula Nafula Translation - Translators without Borders and Hauke Christian Hartje Illustration - Catherine Groenewald Language - Portuguese Level - Read aloud African Storybook Initiative, 2014 Creative Commons: Attribution 4.0 Source O Meu Primeiro Dia No Mercado Translators without Borders Catherine Groenewald Portuguese

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3 Eu moro em Kakuma, um sítio muito quente e seco, cheio de árvores espinhosas e com muitas mais cabras que pessoas. Até o mercado é um sítio calmo, com apenas umas poucas bancas. A maioria das pessoas usam bicicletas para transportes. 1

4 Um dia a minha mãe chamou-me e disse: "Etabo, hoje fizeste seis anos. Nós temos um presente para ti." "O que é? O que é?" perguntei eu ansiosamente. "Nós vamos amanhã com o autocarro até ao mercado em Eldoret", respondeu ela, "E vamos levarte connosco!" A minha primeira visita à cidade! Eu fiquei tão excitada que quase não consegui dormir nessa noite. 2

5 Quando eu me levantei para abraçar a minha mãe, a minha tia disse: "Etabo, nós estávamos à tua procura para te oferecer o teu presente de aniversário." E de dentro de um grande saco, ela tirou um brilhante helicóptero azul. "É teu!" ela disse. No próximo dia, na paragem de autocarros de Kakumba, eu pus-me entre a minha mãe e a minha tia, vestido com o meu novo par de jeans azuis e t-shirt vermelha. Eu sentime muito pequeno entre a minha alta e delgada mãe e a minha grande e redonda tia. 14 3

6 O autocarro estava muito cheio e por isso eu tive que ir sentado ao colo da minha mãe. Cansado do calor e da excitação, eu dormi durante todo o percurso e consegui ver coisa alguma. Quando a minha mãe e a minha tia ouviram o meu nome, elas correram para o espaço em que eu estava. "Etabo, Etabo!" chamava uma voz familiar. Era a minha mãe. 4 13

7 Quando eu ouvi o homem grande com a espessa barba dizer, "Onde está o Etabo?" Eu chorei ainda mais. "Mas eu não quero ir convosco!" solucei. Eu afastei-me do homem. Quando nós chegamos ao Mercado de Eldoret, já o sol se estava a pôr. À entrada estava uma mulher a vender grãos. Num canto estavam dois homens a preparar-se para vender as suas batatas doces. Num outro cantos estava uma pequena mulher a segurar um brilhante helicóptero azul. "Mãe, mãe, olha aquele helicóptero!" Mas a minha mãe puxou-me numa outra direção. 12 5

8 No meio do Mercado estava uma larga banca que vendia diferentes tipos frutas. Eu nunca tinha visto algumas dessas frutas. "Quais são os nomes destas frutas?" perguntei eu à minha mãe. Ela apontou com o dedo: "Estas são laranjas e estas são goiabas." Eu perguntei-me se as crianças eram também vendidas no Mercado. Eu parei de chorar e olhei em volta para ver se alguém ia comprar as crianças que estavam naquele espaço. Logo veio uma mulher e levou uma das crianças. "Eu serei o próximo a ser levado," pensei eu. "E depois nunca mais irei outra vez para casa!" Eu comecei a chorar mais uma vez. 6 11

9 Um pouco mais tarde, uma mulher agarroume pela mão e levou-me para um lugar onde estavam outras crianças. Um homem grande com uma barba densa perguntou: "Como é que te chamas, rapaz?" "E-ta-bo", respondi de entre lágrimas. De todas as frutas da banca, eu gostava mais das maçãs. E gostava a suas formas e cores. Eu perguntei-me se elas eram saborosas. Eu voltei-me para a minha mãe e disse: "Podes compra-me uma maçã?" 10 7

10 Assim que a minha mãe me deu a maçã, eu larguei a sua mão, agarrei a maça com ambas as mãos e dei uma dentada na saborosa polpa. Eu nunca tinha saboreado uma fruta da maneira como estava a saborear aquela maçã. A minha maçã era tudo o que me interessava. Quando eu terminei de comer a maça, eu olhei para cima para falar com a minha mãe. Mas não a encontrei! Eu olhei na direção por onde tínhamos vindo, mas a minha mãe e a minha tia já não aí estavam. Eu olhei para a direita e depois para a esquerda. Mas não as pude ver em algum lado. "Tu viste a minha mãe?" Perguntei a uma mulher que vendia batatas mesmo ao lado. Ela não me levou a sério. Eu comecei a chorar. 8 9