EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA: O PILAR QUE SUSTENTA A FUNÇÃO SOCIAL DA UNIVERSIDADE. Laboratório de Extensão - LABEX
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- Liliana da Rocha Teixeira
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1 EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA: O PILAR QUE SUSTENTA A FUNÇÃO SOCIAL DA UNIVERSIDADE Laboratório de Extensão - LABEX Augusto Gomes Amado Júlia Mafra Letícia Nery de Figueiredo Juliana Westmann Del Poente Thaisa Torres Nunes Vinicius Fernandes da Silva Universidade de São Paulo Escola de Artes, Ciências e Humanidades. São Paulo Brasil. Introdução e Apresentação A conjuntura educacional no que tange o ensino superior vem enfrentando um cenário de crise, uma vez que se apresenta de forma elitista e inacessível para a maioria da sociedade civil. Para além disso, intensificam-se as críticas sobre a função social da universidade na sociedade, questionando-se os fins que delimitam a produção acadêmica. Na concepção de Buarque essa crise esta relacionada em muitos casos, na perda da capacidade para definir corretamente os problemas aos quais a formação e as pesquisas devem servir (BUARQUE, 1994, p.225). Nessa perspectiva, dentre os três principais pilares que sustem o projeto educacional direcionado ao ensino superior ensino, pesquisa e extensão - a extensão universitária se mostra como um meio de sanar esses problemas à medida que se propõe a buscar o contato com comunidades carentes que, por meio de projetos extensionistas, apresentam as demandas reais da localidade. A extensão universitária se constitui como um espaço interdisciplinar, onde se é possível promover a solidariedade entre os sujeitos e, de certa forma, substituir a relação sujeito-objeto que, na concepção de Boa Ventura Santos, impede a formação do conhecimento-emancipador (2001). Seguindo essa lógica, a extensão promove o empoderamento da comunidade ao permitir a relação de mão-dupla que se estabelece pela troca de conhecimentos acadêmicos e populares. Por meio de um processo colaborativo entre alunos e professores, a extensão tem o importante papel de descentralizar a figura do professor, à
2 medida que, trabalhando juntos, ambos trocam conhecimentos de forma horizontal e o professor passa a assumir um papel de orientador e não de profeta (CASTRO, 2001). Baseado nos conceitos apresentados acima e na concepção freiriana de extensão, os alunos participantes do Laboratório de Extensão (Labex) da Escola de Artes Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), além de conceber projetos de extensão universitária, também atuam nas instâncias decisórias da universidade, buscando fomento para os projetos e reconhecimento institucional das práticas extensionistas. São esses conceitos também que orientam a construção e organização do Labex, influenciando no desenvolvimento de suas atividades e na luta pela valorização e institucionalização da extensão universitária. Laboratório de Extensão Labex O Laboratório de Extensão Labex - é um espaço interdisciplinar de formação e autogerido pelos estudantes que proporciona, através de projetos, a troca de saberes entre a comunidade local e a universidade e, com isso, a reflexão sobre o papel da universidade na sociedade, a valorização do conhecimento popular e a democratização do conhecimento. O processo de elaboração de projetos pelo Labex constitui-se a partir de uma metodologia participativa e democrática, envolvendo a comunidade beneficiária, os movimentos sociais, os docentes e apoiadores do projeto. Em sua trajetória, o Labex já desenvolveu projetos nas áreas de cultura, educação, artes, meio ambiente e sustentabilidade e desenvolvimento local, sendo este baseado nos conceitos da economia solidária. Além disso, a produção de projetos de extensão permite que a Universidade de São Paulo entre em contato e fortaleça vínculos com os movimentos sociais, com as outras universidades e com o poder público, estabelecendo uma relação em rede e favorecendo a construção do saber. Os projetos extensionistas desenvolvidos pelo Labex trabalham com a ideia de multiplicadores, ou seja, busca-se através do empoderamento e apropriação do projeto por parte dos atores envolvidos que os mesmos continuem as atividades desenvolvidas, fugindo do modelo assistencialista de extensão e favorecendo a disseminação da forma mais completa que o conhecimento acadêmico pode adquirir. O Laboratório de Extensão se constitui também como um espaço de formação para os próprios estudantes, uma vez que se preocupa em desenvolver atividades dentro da universidade, como debates, palestra e atividades culturais, com o intuito de promover, também aos estudantes não praticantes da extensão, a reflexão dos problemas da sociedade, o despertar da consciência social e o interesse pela realidade que não necessariamente influencia no seu cotidiano.
3 As formas de captação de recursos para viabilizar os projetos desenvolvidos pelo Laboratório de extensão constituem-se basicamente na busca por editais públicos, incentivo financeiro da Universidade de São Paulo e utilização do fundo constituído a partir de colaboração de uma porcentagem das bolsas concedidas aos estudantes. Pode-se considerar que o Labex caracteriza-se também como um laboratório de políticas públicas, no qual se experimentam iniciativas, se desenvolve metodologias e indicadores que podem ser aplicados em esferas maiores dos diferentes níveis do poder público. Para tanto, a produção deste conhecimento é realizada em conjunto com setores organizados da sociedade e com o poder público, procurando debater e, de certa forma, combater os problemas locais, e aparentemente pontuais, das comunidades beneficiárias por esses projetos; mas que permite a reflexão crítica de problemas globais a estes relacionados. Formado, articulado e autogerido por estudantes, o Labex se apresenta como um espaço que permite a formação diferenciada aos estudantes, por entrar em contato com realidades que não são as deles, ampliando, diversificando e completando a formação acadêmica tradicional, transformando-os em pessoas mais preparadas para refletir sobre os problemas da sociedade e buscar soluções mais eficazes. Os Desafios da Extensão Universitária A estrutura pedagógica capaz de garantir a qualidade do ensino superior sustenta-se a partir do tripé constituído por ensino, pesquisa e extensão, sendo a extensão o pilar que assegura que a universidade pública cumpra o seu papel social. Ademais, a extensão universitária tem também o papel de ressignificar e trazer outro sentido para a produção acadêmica e para o ensino. A extensão é preterida em diversas instâncias dentro da universidade, afetando diretamente na qualidade do ensino e no comprometimento da mesma em cumprir a função para com a sociedade. Entretanto, é possível constatar que as estruturas pedagógicas das universidades ainda delimitadas por conceitos educacionais antiquados, não permitem que a extensão adquira o protagonismo condizente com a sua importância na construção do conhecimento. Na Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, a contratação dos docentes é baseada nas horas em sala de aula e nas horas dedicadas à pesquisa, enquanto que os projetos de extensão não são considerados. Esse modelo, além de não valorizar o papel da extensão, inviabiliza a participação efetiva dos docentes, tendo em vista que a carga de pesquisa exigida é muito alta. Sendo assim, se faz necessária uma reestruturação do modelo educacional da universidade, a fim de apoiar e assegurar que, através da extensão, a universidade pública possa cumprir seu papel social, garantindo a inclusão dos projetos de extensão no plano pedagógico das disciplinas, dialogando com os conteúdos ministrados em sala de aula e contribuindo também para as pesquisas acadêmicas. Os tempos
4 mudaram e o modelo didático continua o mesmo, no qual, o professor e as estruturas organizacionais da universidade se colocam a cima do conhecimento não se propondo a construí-lo com os alunos. Dentre outros exemplos, o modelo educacional direcionado ao ensino superior tem mostrado que as universidades públicas não estão realmente voltando as suas atividades para quem importa: a sociedade. Para além disso, não colocam os estudantes como principais catalizadores das transformações sociais. Um exemplo disso é que as metodologias de avaliação da qualidade das universidades consideram apenas o desenvolvimento acadêmico dos alunos e a produção científica por parte dos docentes, não considerando a participação dos estudantes na construção da universidade através de projetos de fortalecimento e valorização da universidade e da sociedade. O modelo educacional atual não estimula a autonomia e as características individuais dos estudantes, os quais não são incentivados a propor e a refletir, e sim, a reproduzir e aprofundar pesquisas já realizadas. A extensão se propõe ao inverso, pois mesmo que se execute projetos com mesma metodologia em regiões semelhantes, os resultados obtidos serão completamente diferentes, valorizando a contribuição de cada indivíduo que dele participar.. Sendo assim, a extensão universitária é a única forma de romper os muros que separam o conhecimento acadêmico da sociedade, impedindo o protagonismo desta na produção acadêmica e na criação de programas que atendam às reais demandas da sociedade. Fazer extensão é mais do que escrever projetos que irão beneficiar a população e engrandecer a formação dos estudantes, é militar pela sua valorização, institucionalização e ampliação. Por se tratar de uma atuação interdisciplinar e transversal, temos que, além de nos dedicar à extensão, ocupar dos espaços de representação discente para dentro da universidade e lutar pela valorização da mesma, ou seja, o movimento estudantil e a integração deste com os espaços institucionais da universidade se faz essencial para a consolidação da extensão. Referências Bibliográficas BUARQUE, Cristovam. A aventura da universidade. São Paulo: Editora UNESP; Rio de Janeiro: Paz e Terra, CASTRO, Luciana Maria Cerqueira. A Universidade, a Extensão Universitária e a Produção de Conhecimento Emancipadores. UERJ SANTOS. B. S. Para um novo senso comum: a ciência, o direito e a política na transição paradigmática. 3 ed. São Paulo: Cortez, 2001.v.1: A crítica da razão indolente: contra o desperdício da violência
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