Expansão do Ensino e Democratização Segregativa : A Translação das Desigualdades
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- André Lima da Fonseca
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1 Expansão do Ensino e Democratização Segregativa : A Translação das Desigualdades PUC- MINAS 29 de Março de 2012 Virgínio Sá- IE/UM
2 Os trabalhos de análise da mobilidade social nas últimas décadas convergem na ideia de que, de pais para filhos, a definição dos estatutos sócio-profissionais depende cada vez mais da escola". (Diogo, 2004) Se há campo em que as classes sociais e as várias fracções de classe concorrem com particular vigor, comunicam intensamente e desenvolvem persistentemente práticas visando defender ou conquistar lugares na estrutura social, ele é sem dúvida, atualmente, o campo escolar. (Fonseca, 2003)
3 O que é uma escola justa? Deverá a escola justa Ser puramente meritocrática, com uma competição escolar justa entre alunos social e individualmente desiguais? Compensar as desigualdades sociais, dando mais aos que têm menos, rompendo assim com o que seria uma rígida igualdade? Garantir a todos os alunos um mínimo de conhecimentos e competências? Preocupar-se principalmente com a integração de todos os alunos na sociedade e com a utilidade de sua formação? Tentar fazer com que as desigualdades escolares não tenham demasiadas consequências sobre as desigualdades sociais? Permitir que cada um desenvolva os seus talentos específicos, independentemente de seu desempenho escolar?
4 Assim, uma meritocracia escolar justa não garante a diminuição das desigualdades; a preocupação com a integração social dos alunos tem grande probabilidade de confirmar seu destino social; a busca de um mínimo comum arrisca-se a limitar a expressão dos talentos; uma escola preocupada com a singularidade dos indivíduos age contra a cultura comum que uma escola deve transmitir e que também é uma forma de justiça Portanto, não existe solução perfeita, mas uma combinação de escolhas e respostas necessariamente limitadas. (Dubet, 2004)
5 Efeito multiplicador das desigualdades escolares No seio das desigualdades sociais, as desigualdades perante a educação e a formação revestem um carácter específico: elas não são apenas uma desigualdade entre outras, que se acumulam com muitas outras (como as desigualdades perante a habitação, a saúde ou os usos do tempo). Elas são também uma correia de reprodução das desigualdades. (Duru-Bellat, 2006)
6 Diferentes espécies de democratização Democratização ou demografização? A democratização uniforme; A democratização igualizadora A democratização segregativa
7 Produção de destinos escolares Importa, por isso, perceber como se faz a orientação escolar, como é que certos jovens desembocam em determinadas fileiras desqualificadas, enquanto outros são conduzidos aos santuários de excelência. De que modo a oferta educativa, as políticas e práticas das escolas e as estratégias das famílias se combinam para produzir destinos escolares marcadamente diferenciados e socialmente conotados?
8 Mais estudos para todos não significa os mesmos estudos para todos. [ ] A democratização real a certos níveis não é antinómica com a hierarquização social crescente dos diferentes itinerários. (Duru-Bellat, 2006)
9 O efeito conjugado da expansão dos sistemas escolares e das mutações no mundo do trabalho tende a acentuar a discrepância entre o aumento de diplomas pela escola e a rarefacção de empregos correspondentes (Canário, 2005) O investimento dos jovens e respectivas famílias nas escolhas certas (da escola, das opções, do curso, da turma) constitui-se como uma das estratégias possíveis para lidar com a inflação escolar (Duru-Bellat, 2006) e com a emergência de novos modos de selecção (Canário, 2005).
10 A lógica do mercado coloca o ónus do sucesso e do fracasso em cada aluno, pai ou escola (Reay,1998) mercado fornece um mecanismo para a reinvenção e legitimação da hierarquia e da diferenciação através da ideologia da diversidade, da competição e da escolha. (Ball, 2005)
11 A escola não pode compensar a sociedade, mas Não podemos perder de vista que o fator de igualdade essencial é antes de tudo a redução das próprias desigualdades sociais. Nenhuma escola consegue, sozinha, produzir uma sociedade justa. (Dubet, 2004) A escola não pode tudo, mas pode alguma coisa (P. Freire)
12 A escola não pode compensar a sociedade, mas A ESCOLA JUSTA (F Dubet) Além de meritocrática, a ESCOLA JUSTA deve Assegurar discriminação positiva; Assegurar um mínimo escolar comum; Preocupar-se com a utilidade social dos seu diplomas; Preocupar-se com os vencidos (a escola deve educar todos os alunos, independentemente do seu desempenho escolar); Ser mais modesta (diminuir o impacto dos diplomas)
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