ANATOMIA VEGETAL. Figura 1 Tomateiro Fonte: Blue Ring Media/Shutterstock.com. CONTEÚDOS A Raiz O Caule A Folha A Flor Polinização Fecundação O Fruto
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- Octavio Castanho Custódio
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1 ANATOMIA VEGETAL Figura 1 Tomateiro Fonte: Blue Ring Media/Shutterstock.com CONTEÚDOS A Raiz O Caule A Folha A Flor Polinização Fecundação O Fruto 1
2 AMPLIANDO SEUS CONHECIMENTOS Se observarmos uma plantinha de feijão com aproximadamente 6 dias, perceberemos que uma série de estruturas compõem o corpo da planta: há um sistema de raiz, um pequeno caule bem definido e algumas poucas folhas. Estes três órgãos, são responsáveis pela realização de diversas atividades nos vegetais, como armazenamento, condução, fotossíntese, sustentação e outras. Acompanhando o crescimento e o amadurecimento dessa planta, observaremos o desenvolvimento de estruturas responsáveis pela reprodução e dispersão, realizados pelas flores, frutos e sementes. As funções vitais de um vegetal são realizadas por vários tipos de células localizadas em tecidos de diferentes órgãos. Nesse capítulo, vamos estudar os órgãos vegetativos, como são constituídos, como crescem, que funções desempenham, que funções podem sofrer para suprir as necessidades das plantas e, os órgãos reprodutivos, e suas funções para garantir a reprodução vegetal. A Raiz A primeira estrutura a submergir da semente em germinação é a raiz, possibilitando a plântula 1 fixar-se no solo e absorver água. Isso reflete as duas principais funções da raiz, absorção e fixação. Embora possam variar consideravelmente em forma e tamanho, todas cumprem as funções comuns de absorção, condução de água e sais minerais e a de fixação da planta em um substrato. Porém, em algumas espécies, as raízes podem acumular substâncias de reservas, tais como em cenoura, beterraba e batata-doce, nas quais as raízes estão adaptadas a armazenar substâncias. As substâncias orgânicas produzidas pelas partes aéreas, nas regiões fotossintetizantes da planta se deslocam pelo floema para os tecidos de reserva da raiz. As substâncias reservadas podem ser utilizadas pela própria raiz, mas são mais frequentemente, digeridas e transportadas de volta para as partes aéreas pelo floema. O desenvolvimento da raiz inicia-se a partir da radícula, situada na parte inferior do embrião da semente, mas também pode originar-se de caules e folhas. De modo geral, as raízes crescem para baixo (movimento de geotropismo positivo). Elas não 1 Plântula: Embrião vegetal que começa a desenvolver-se pelo ato da germinação; Planta recém-nascida. 2
3 apresentam nós, gemas, escamas e o pigmento clorofila, salvo algumas exceções, como as da bata-doce, que apresentam gemas laterais. Figura 2 - Semente em germinação, em destaque radículas em crescimento Fonte: Wikipédia Regiões da raiz A observação de uma raiz permite distinguir quatro partes distintas que se distribuem da base ao ápice, conforme destaca a figura a seguir: Zona suberosa ou de ramificação Zona pilífera ou de absorção Coifa Figura 3 Anatomia da raiz Fonte: Só Biologia Zona lisa ou de crescimento 3
4 A zona suberosa é a parte mais antiga da raiz, a partir desta região ocorre as novas ramificações ou raízes secundárias, que auxiliam na fixação da planta no solo e aumentam a superfície de absorção. A zona pilífera é caracterizada pela presença de muitos pelos absorventes. Essas estruturas são evaginações 2 da epiderme, sendo desprovidos de ceras e cutículas impermeáveis à água, por isso, realizam intensa absorção de substâncias presentes no solo. A absorção de água e sais minerais ocorre principalmente nesta região. A zona lisa encontra-se entre a zona pilífera e a coifa, é caracterizada pela presença de células responsáveis pelo crescimento longitudinal da raiz, o grande alongamento das células desta região é que permite o crescimento desta. A coifa é uma espécie de capuz que protege a extremidade final da raiz, responsável por evitar o ataque de micro-organismos e o atrito entre os tecidos e o solo. Classificação das raízes As raízes podem sofrer uma série de modificações, a depender do ambiente em que se encontram, visando cumprir melhor suas funções mais comuns ou outras funções menos frequentes. Utilizando o critério do ambiente em que se encontram, as raízes podem ser classificadas em: terrestres ou subterrâneas, aéreas e aquáticas. Raízes terrestres ou subterrâneas Dependendo do padrão de ramificação, as raízes subterrâneas, classificam-se em: fasciculada, axial e tuberosa. Raiz fasciculada ou em cabeleira Figura 4 - Raiz fasciculada Fonte: Info Visual São abundantemente ramificadas, não sendo possível distinguir um eixo principal e sim vários eixos ramificados e de desenvolvimento proporcional. Podese encontrar esse tipo de raiz no milho, grama, cebolinha e cana-de-açúcar. 2 Evaginação: é uma projeção da membrana celular para fora da célula. 4
5 Raiz axial ou pivotante Figura 5 Raiz axial Fonte: Info Visual Apresenta um eixo principal mais espesso e mais alongado do que suas ramificações laterais que são menores. Podemos encontrar esse tipo de raiz em plantas como o café, feijão, laranjeira, abacateiro, ipê entre outros. Raiz tuberosa Figura 6 Raiz tuberosa (beterraba) Função: Nova Escola Algumas raízes terrestres podem apresentar um intumescimento característico, no qual acumulam substâncias nutritivas (amido). Essas raízes são denominadas tuberosas e podem ser do tipo fasciculada como a batata-doce ou axial como a cenoura. Raízes aéreas São raízes que se desenvolvem sobre o solo em contato total ou parcial com a atmosfera. Muitas dessas raízes brotam diretamente do caule ou de folhas, sendo por isso denominadas de adventícias. Raiz suporte ou escora São raízes do tipo adventícias que desenvolvem-se a partir do caule. A principal função desse tipo de raiz é oferecer maior estabilidade ao vegetal, tal como acontece com o mangue vermelho Figura 7 Raiz suporte ou escora Fonte: Wikimedia (Rhizophora mangle), cuja as raízes melhoram a sustentação da planta no solo alagadiço. 5
6 Raiz estrangulante Figura 8 Raiz estrangulante Fonte: Wikimedia Figura 9 Raiz respiratória Fonte: UFF Figura 10 Raiz sugadora Fonte: Só Biologia Algumas plantas desenvolvem raízes a partir de ramos do caule. São raízes de vegetais cujos os frutos, após serem comidos por animais, tem as sementes evacuadas sobre outras árvores. As sementes germinam e as raízes se desenvolvem sobre a planta hospedeira. Esse sistema radicular (raízes) exercem uma poderosa ação constrição, podendo causar a morte da planta hospedeira Raiz respiratória Geralmente são raízes que se desenvolvem em plantas de regiões pantanosas ou alagadiças, cujo os solos são pobres em oxigênio. Essas raízes emitem prolongamentos verticais acima do solo encharcado, tais prolongamentos denominados de pneumatóforos, possuem orifícios que promovem o arejamento das raízes. Raiz sugadora São adaptadas à extração de alimentos de plantas hospedeiras, sendo características de plantas parasitas, como o cipó-chumbo e a erva-depassarinho. As raízes sugadoras possuem um órgão de fixação, chamado apreensório, do qual partem finas projeções denominadas haustórios. Os haustórios penetram na planta hospedeira até atingir os vasos condutores de seiva, de onde extraem água e nutrientes de que a planta parasita necessita para sobreviver. 6
7 Raiz grampiforme Figura 11 Raiz grampiforme Fonte: Info Escola São raízes curtas e que se agrupam, formando presilhas destinadas à fixação do caule de muitas plantas trepadeiras. Brotam, geralmente na face sombreada do caule. A hera-verdadeira (Hedera helix) é um exemplo característico desse tipo de raiz. Raízes aquáticas Nas raízes de vegetais aquáticos, é comum a ausência de pelos absorventes. Geralmente, possuem uma coifa bem desenvolvida, além de um tipo de tecido vegetal específico, que armazena e conduz o ar, auxiliando no processo de flutuação da planta. Como exemplo, pode-se citar o aguapé (Eichhornia sp.) Figura 12 Aguapé Fonte: Só Biologia 7
8 O caule O caule é o órgão vegetal que faz a comunicação entre a raiz e as folhas. É longitudinal, geralmente cilíndrico e ascendente, originando-se do caulículo e da gêmula do embrião. Suas principais funções são: sustentar as partes aéreas do vegetal; conduzir as seivas brutas e elaboradas; realizar a fotossíntese (quando apresentar o pigmento clorofila); armazenar água e substâncias nutritivas. Em geral, o caule é aéreo e ramificado, apresentando gemas ou brotos encarregados da formação e reposição das ramificações, folhas e órgãos reprodutivos. As gemas ou brotos são denominados de axilares quando desenvolvem-se na axila de uma folha ou ramo, e, terminais quando localizados nas extremidades dos ramos. Caule Absorção Figura 13 O caule Fonte: Só Biologia Fruto Seiva elaborada Seiva bruta Folha Raiz O caule é dividido em nós, que são regiões de inserção das folhas no caule e entrenós, que correspondem ao espaço livre entre uma folha e outra. Gemas Nó Entrenó Figura 14 Regiões do caule Fonte: Pena Fiel Sul 8
9 No ápice do caule existe sempre uma gema apical, responsável pelo crescimento do caule em extensão. À medida que cresce, o caule desenvolve-se lateralmente por meio de novas ramificações, denominadas de gemas axilares (ou laterais). Classificação dos caules Quanto ao meio em que se desenvolvem, os caules podem ser classificados em aéreos, subterrâneos e aquáticos. Caules aéreos A maioria dos caules são aéreos, isto é, são visíveis acima da superfície terrestres. Os caules aéreos podem ser de diversos tipos: troco, haste, estipe, colmo, trepador, suculento e rastejante. Caule aéreo Tronco Caule lenhoso bem desenvolvido, lignificado e ramificado com uma rigidez colunar característica. É típico de espécies de grande porte como, pinheiro carvalho e cedro. Figura 15 Caule aéreo - Tronco Fonte: Só Biologia Caule aéreo Haste Caule pouco desenvolvido, aquoso, frágil e clorofilado. É típico de ervas, como couve, alface, feijão e outros. Figura 16 Caule aéreo Haste Fonte: UOL 9
10 Caule aéreo Estipe Caule cilíndrico, fibroso, sem ramificações, com folhas apenas na extremidade apical. É típico das palmeiras. Figura 17 Caule aéreo Estipe Fonte: Feira de Ciências Caule aéreo Colmo Caule dividido em nós e entrenós. Pode ser do tipo oco, como ocorre na taquara e no bambu, ou cheio, com tecidos que armazenam substâncias nutritivas, como no caso da cana-de-açúcar. Figura 18 Caule aéreo Colmo Fonte: Só Biologia Figura 19 Caule aéreo Trepador Fonte: Só Biologia Caule aéreo Trepador São caules que escalam o substrato. Podem ser volúveis, quando se enrolam no substrato, como o feijão (Phaseolus sp) ou sarmentos, quando usam gavinhas ou raízes grampiformes para fixar-se ao substrato, como no caso do chuchu (Sechium sp) e a hera (Hedera helix). 10
11 Caule aéreo Suculento Caules de plantas de clima seco que apresentam um tecido interno bastante desenvolvido, especializado no armazenamento de água, provocando um considerável espessamento do caule, como acontece no baobá africano (Adansonia sp.) e a barriguda nordestina (Cavanillesia sp.). Figura 20 Caule aéreo Suculento Fonte: Laifi Caule aéreo Rastejante Caule que se desenvolve rente ao solo. Nas regiões de nós, em contato com o solo, é comum o desenvolvimento de raízes adventícias. Caule típico do morango e da melancia. Figura 21 Caule aéreo Rastejante Fonte: Intermares Caules subterrâneos Os caules subterrâneos são aqueles que se situam abaixo da superfície do solo. Entre os caules subterrâneos, podemos observar as seguintes variações: rizomas, tubérculos e bulbos. Caule subterrâneo Rizoma Caules subterrâneos que apresentam raízes adventícias para baixo, ramos aéreos e folhas acima do solo, tal como ocorre com o gengibre (Zingiber sp.), bananeira (Musa sp.) entre outras. Figura 22 Caule subterrâneo - Rizoma Fonte: UOL 11
12 Caule subterrâneo Tubérculo Caules subterrâneos se apresentam espessados, pois armazenam substâncias nutritivas, como, por exemplo, o amido na batata-inglesa (Solanum tuberosum) e o inhame (Dioscorea sp.). Figura 23 Caule subterrâneo - Tubérculo Fonte: Nova Escola Caule subterrâneo Bulbo Folhas suculentas Caule Na sua base, geralmente há uma porção denominada de prato. Na parte superior, está presente uma gema protegida por numerosas folhas modificadas. Como exemplo, pode-se citar, a cebola e o alho. Raiz Figura 24 Caule subterrâneo - Bulbo Fonte: UOL A Folha A folha é um dos órgãos vitais para a planta, cabe a ela funções importantes como a fotossíntese, respiração, transpiração e gutação. O crescimento da folha é limitado, isto porque quando atingem uma determinada dimensão e forma característica, seu tecido diferencia-se completamente, interrompendo-se o crescimento. Algumas espécies, como as samambaias, não se enquadram a esse padrão, pois suas folhas têm crescimento contínuo. 12
13 A durabilidade das folhas também é limitada. A sua queda e posterior substituição é um processo influenciado por hormônios vegetais de crescimento e da intensidade luminosa ao longo das estações do ano. Folhas jovens têm altas concentrações de hormônios, enquanto as folhas mais velhas, diminuem esta quantidade. A diminuição progressiva de horas de iluminação por dia, que ocorre a partir do outono, determina a queda das folhas, enquanto o aumento progressivo de iluminação por dia, que ocorre a partir da primavera, estimula maior tempo de vida e seu brotamento. As folhas apresentam a cor verde devido à presença de clorofila, um pigmento encontrado nas células vegetais, imprescindível para que a reação de fotossíntese aconteça. A superfície laminar propicia maior área de contato com o ar atmosférico e à luz solar, fazendo com que as trocas gasosas aconteçam mais intensamente por meio dessa superfície. Em decorrência desses fenômenos, as plantas naturalmente mais expostas ao sol (espécies heliófilas) possuem geralmente folhas menores, enquanto aquelas que se desenvolvem em regiões assombreadas (espécies umbrófilas) possuem folhas maiores. Regiões da Folha A observação de uma folha do tipo completa, isto é, com todas as estruturas presentes, revela as seguintes partes: Limbo: é a lâmina foliar coberta pela epiderme. Internamente, encontram-se os tecidos clorofilianos responsáveis pela fotossíntese. Observa-se também a presença de tecidos de condução que percorrem a região do pecíolo e se ramificam através do limbo, formando as nervuras. Pecíolo: é a haste que liga o limbo ao caule. Em seu interior passam os tecidos de sustentação e condução de seiva bruta e elaborada. Bainha: corresponde à porção basal do pecíolo e pode abraçar o caule total ou parcialmente. Também pode ocorrer o desenvolvimento de estípulas, estruturas com a forma de escama localizadas no caule de muitas plantas vasculares, junto à bainha das folhas 13
14 Estípula Pecíolo Limbo Bainha Caule Figura 25 Estruturas que compõe uma folha completa Fonte: Ebah Tipos de folhas Em muitas espécies de vegetais, observa-se o aparecimento de folhas modificadas, que realizam funções especializadas ou asseguram a sua sobrevivência em condições excepcionais. Algumas dessas folhas modificadas são: brácteas, insetívoras, coletoras, espinhos e gavinhas. Figura 26 Folhas brácteas Fonte: Jardim Cor Brácteas Alguns vegetais que possuem flores pouco vistosas podem desenvolver folhas modificadas, com aspecto de pétalas evidentes e coloridas, que atraem agentes de polinização. Normalmente, estão inseridas na base das flores e inflorescências, como na flor-do-papagaio (Impatiens psittacina), primavera (Bougainvillea spectabilis) entre outras. 14
15 Figura 27 Folhas insetívoras Fonte: Info Escola Insetívoras São folhas de plantas carnívoras, como a Dionea sp. e a Drosera sp., que desenvolveram diversos mecanismos ligados à captura e à digestão de insetos, anfíbios e outros pequenos animais. Folhas Coletoras Elas estão presentes em vegetais como as conhecidas bromélias (gravatás, abacaxi e ananás) Figura 28 Folhas Coletoras Fonte: Wikipédia Espinhos Figura 29 Espinhos Fonte: Wikipédia Folhas pontiagudas, desprovidas de limbo, que sofrem lignificação. Por este motivo, diminuem a transpiração, reduzindo a superfície de contato com a atmosfera, além de formarem uma excelente proteção contra os animais, como se observa nos cactos. 15
16 Gavinhas São folhas destinadas à fixação. Normalmente, o pecíolo e a nervura central sofrem alongamento, como se observa na ervilha. Figura 30 Gavinhas Fonte: Wikipédia A Flor Muitas pessoas apreciam as flores por sua beleza e fragrância. Mas, para que servem as flores? Como são constituídas? A flor é uma estrutura formada por diversas folhas modificadas, responsáveis pela produção e proteção dos elementos encarregados pela reprodução nos vegetais. Uma flor é considerada completa quando apresentar pedúnculo, um receptáculo floral e verticilos florais de proteção (cálice e corola) e de reprodução (gineceu e androceu). Estigma Antera Estilete Ovário Óvulo Filete Pétala Sépala Receptáculo floral Figura 31 - Estruturas de uma flor Fonte: Mundo Vestibular 16
17 Pedúnculo É o eixo curto, geralmente sem folhas, em cuja a extremidade localiza-se a flor. Os tecidos de condução e sustentação penetram na área do pedúnculo nutrindo e dando sustentação a ela. Receptáculo Floral É a extremidade dilatada do pedúnculo, onde se fixam os verticilos florais. Receptáculo floral Pedúnculo Figura 32 - Receptáculo flor e o pedúnculo Fonte: Mundo Vestibular Verticilos de proteção São estruturas formadas pelo cálice (conjunto de sépalas) e pela corola (conjunto de pétalas). O cálice protege a flor externamente e suas sépalas são geralmente clorofiladas. A corola constitui-se por pétalas coloridas, é o verticilo mais vistoso das flores e atua como mecanismo de atração dos agentes polinizadores, como insetos e algumas espécies de aves. Verticilos reprodução São os órgãos florais reprodutores dos vegetais fanerogâmicos, denominados de androceu e gineceu. Androceu O androceu é o conjunto reprodutivo masculino da flor. Ele é composto por estames, que tem como função a produção de grãos de pólen. A figura ao lado mostra esquematicamente as estruturas que compõem cada estame. Figura 33 Androceu Fonte: Geocities 17
18 Quando a antera é jovem, ela apresenta dois sacos polínicos formados por células-mães do grão de pólen. Quando ela amadurece, as camadas nutritivas são consumidas pelas células-mães do grão de pólen que, ao sofrerem a meiose, originam os grãos de pólen. Os dois sacos polínicos desaparecem, ficando em seu lugar uma cavidade cheia de grãos de pólen, denominada câmara polínica. Gineceu Corresponde ao sistema reprodutor feminino. A estrutura é formada por carpelos e óvulos. O carpelo é formado pelas seguintes estruturas: estilete, estigma e ovário. O ovário guarda o óvulo, a quantidade pode variar conforme a espécie. Figura 34 Gineceu Fonte: UNESP Vamos conhecer cada estrutura separadamente: Estigma: consiste na região apical do carpelo, consiste em uma superfície alargada que secreta substâncias viscosas para facilitar a fixação dos grãos de pólen. Estilete: é a parte estéril que forma um substrato condutor que facilita o crescimento do tubo polínico. Ovário: é a parte basal e globosa do gineceu, onde é armazenado os grãos de pólen. Existem vegetais que apresentam gineceu ou androceu em uma só flor, sendo, por isso, denominadas de flores andróginas ou monoclinas. As flores unissexuadas ou díclinas, possuem somente o androceu ou somente o gineceu. Quando o gineceu e o androceu estiverem completamente maduros, eles sofrerão os processos de polinização de fecundação. 18
19 Polinização É processo em que os grãos de pólen produzidos pela antera são transferidos para o estigma do gineceu. Quando os grãos de pólen de uma flor caem sobre o estigma desta mesma flor, ocorre a autopolinização ou a polinização direta. É um processo bastante comum nas flores monoclinas. No entanto, a maioria dessas plantas desenvolveram mecanismos que dificultam a autopolinização, pelo fato dela não trazer muitas vantagens evolutivas, já que não favorece a recombinação gênica. O tipo de polinização mais vantajosa evolutivamente é polinização cruzada ou indireta, em que o grão de pólen de uma flor poliniza o estigma de uma outra flor. Neste caso, permite-se a formação de novas combinações gênicas em seus descendentes. O transporte dos grãos-de-pólen pode ser feito por uma série de agentes polinizadores, tais como pelo vento (polinização anemófila), como em gramíneas; através de espécies de aves (polinização ornitófila), como a realizada pelo beija-flor e o brinco de princesa, através de insetos (polinização entomófila), como a realizada pelas abelhas, através de morcegos (polinização quiropterofilia) e através da água (polinização hidrofilia). Fecundação Após a polinização, o grão de pólen permanece aderido ao estigma devido à ação de secreções celulares pegajosas presentes em sua superfície. O grão de pólen, então, germina e o seu conteúdo sai através dos poros, formando o tubo polínico ou o gametófito masculino. Um dos gametas masculinos formado, irá se juntar à oosfera e fecundar um novo zigoto, que no decorrer do seu desenvolvimento formará uma semente, que possuirá um embrião, que se transformará em fruto. O outro núcleo espermático também passará por uma fecundação. Ele se junta com os núcleos polares, fecundando um núcleo triploide. Este núcleo passa pela divisão mitótica, formando um tecido chamado endosperma, que atua como depósito de alimentos. Em seguida, ocorre o murchamento da flor, e a queda das pétalas. 19
20 Figura 35 Fecundação Fonte: Só Biologia O Fruto À medida que o óvulo fecundado se transforma em semente, as paredes do ovário modificam-se, originando o fruto. As funções exercidas pelo fruto são a proteção e disseminação de sementes. Para tanto, assumem, aspectos e texturas variadas, tais como o rígido das catanhas-do-pará ou o suculento fruto da melancieira. No entanto, há frutos partenocárpicos, que se originam da hipertrofia do ovário, sem que nenhum óvulo tenha sido fecundado, como é o caso da banana. Um fruto apresenta, geralmente, o pericarpo e a semente. É bastante comum o pericarpo representar a porção mais volumosa do fruto. Ele se constitui das seguintes camadas: Epicarpo: Camada mais externa, corresponde à casca do fruto. Endocarpo: Região intermediária, correspondendo à polpa comestível do fruto. Mesocarpo: Região mais interna e que envolve diretamente à semente. Pode sofrer lignificação, transformando-se em caroço. Figura 36 Partes do fruto Fonte: Globo 20
21 LEITURA COMPLEMENTAR Os tipos de frutos Os frutos podem ser do tipo: - Simples: quando são originários de uma flor dotada de um único ovário. Ex.: berinjela. - Agregado: quando são originários de uma flor dotada de vários ovários. Ex.: Framboesa. - Múltiplo: quando são originários de ovários de mais de uma flor. Ex.: abacaxi. Quanto à consistência de seu pericarpo, podem ser divididos em frutos carnosos e frutos secos. Frutos carnosos são classificados em: - Baga: várias sementes, facilmente separáveis do fruto. Ex.: laranja, berinjela e goiaba. - Drupa: formam caroço, geralmente em volta da única semente contida no fruto. Ex.: azeitona, manga e coco-da-baía. Frutos secos são classificados em: - Deiscentes: quando maduros, abrem-se naturalmente e liberam as sementes. Ex.: vagens de feijão e ervilha. - Indeiscentes: não se abrem quando estão maduros. Ex.: girassol, arroz e tipuana. O fruto, além de proteger a semente, uma vez que a recobre, exerce um papel fundamental em sua dispersão. Isso porque muitos deles possuem adaptações que auxiliam nesse processo, como as estruturas dos carrapichos, que permitem, por exemplo, com que grudem nos pelos de animais e sejam levados a longas distâncias. O coco-da-baía e sua capacidade de reter ar, facilitando seu transporte pela água; e a presença de pericarpo suculento em frutos como a goiaba, atraindo animais que, após se alimentarem, podem disseminar as sementes em novos locais; são outros exemplos. Disponível em: < Acesso em: 31 out h29min. 21
22 ATIVIDADES 1. (FGV/2009) Em algumas espécies de plantas, ocorre auto-incompatibilidade entre o grão de pólen e o estigma da mesma flor. Esse mecanismo, geneticamente determinado, impede que nessas espécies ocorra a a) polinização. b) partenogênese. c) autofecundação. d) fecundação interna. e) fecundação cruzada. 2. (Unifesp/2002) A mandioca (aipim, macaxeira) corresponde ao órgão de uma planta onde se acumulam substâncias de reserva energética que têm sua origem a) nas folhas, a partir da produção de hormônios vegetais. b) nas folhas, a partir da fotossíntese. c) nas raízes, absorvidas diretamente do solo. d) nas raízes, por relação simbiótica com bactérias. e) no caule, a partir da quebra da glicose. 3. (UFJF-MG) Alguns insetos sugadores alimentam-se de seiva elaborada pelas plantas, introduzindo seu aparelho bucal nas nervuras das folhas. Para a obtenção dessas substâncias, o tecido vegetal que deve ser atingindo pelo aparelho bucal desses insetos é o: a) parênquima. b) colênquima. c) xilema. d) floema. 22
23 4. (Fatec/SP) No esquema a seguir, estão assinalados partes de vegetais: Os números 1, 2, 3 e 4 representam, nessa ordem: a) gema apical, pecíolo, antera e mesocarpo. b) gema apical, pecíolo, estame e endocarpo. c) gema apical, limbo, pistilo e mesocarpo. d) coifa, pecíolo, estame e mesocarpo. e) coifa, limbo, estame e endocarpo. 5. (Unisa/SP) Polinização cruzada é o nome que se dá: a) quando o pólen de uma flor vai ao estigma de outra flor igual. b) quando o pólen de uma flor for ao estigma de outra flor diferente. c) quando o pólen de uma flor for ao estigma da mesma flor. d) quando o pólen de uma flor hermafrodita for ao estigma de uma flor unissexuada feminina. e) quando o pólen de uma flor unissexuada masculina, for ao estigma de uma flor hermafrodita. 23
24 INDICAÇÕES Site: Atlas de Anatomia vegetal do Instituto de Biologia da Universidade de São Paulo (USP) Site apresenta imagens que destacam as estruturas que compõem o corpo de organismos vegetais, de diversas espécies. Disponível em: < Acesso em: 21 out h24min. Site: Álbum Didático de Anatomia Vegetal da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP) Site apresenta imagens microscópicas, especialmente, dos tecidos vegetais. Disponível em: < _vegetal.pdf>. Acesso em: 31 out h57min. Site: Anatomia Vegetal da Universidade Federal de Uberlândia Site apresenta imagens e recursos didáticos da área de Anatomia vegetal. Disponível em: < Acesso em: 31 out h. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS EBAH. Estruturas que compõe uma folha completa. Disponível em: < Acesso em: 26 out h16min. FEIRA DE CIÊNCIAS. Caule aéreo Estipe. Disponível em: < Acesso em: 25 out h17min. GEOCITIES. Androceu. Disponível em: < Acesso em: 31 out h34min. 24
25 INFO ESCOLA. Raiz grampiforme. Disponível em: < Acesso em: 24 out h55min. INFO VISUAL Raiz axial. Disponível em: < Acesso em: 24 out h48min. INFO VISUAL. Raiz fasciculada. Disponível em: < Acesso em: 24 out h48min. INTERMARES. Caule aéreo Rastejante. Disponível em: < s5evufsqdxo/ua-igy-jz3i/aaaaaaaaaew/c0q2ay1nbzg/s1600/20.jpg>. Acesso em: 25 out h55min. LAIFI. Caule aéreo Suculento. Disponível em: < Acesso em: 25 out h44min. MEDIA, Blue Ring In: Shutterstock. Illustration showing the parts of a tomato plant. Disponível em: < Acesso em: 21 out h44min. MUNDO VESTIBULAR. Estruturas de uma flor. Disponível em: < ANGIOSPERMAS/Paacutegina1.html>. Acesso em: 31 out h42min. MUNDO VESTIBULAR. Receptáculo floral e o pedúnculo. Disponível em: < ANGIOSPERMAS/Paacutegina1.html>. Acesso em: 31 out h50min. NOVA ESCOLA. Caule subterrâneo Tubérculo. Disponível em: < escola-homologacao.s3-sa-east- 1.amazonaws.com/UjvnPZAN82ucZFBBTdpec4xqrzz9C2APKgNkDtkPZsyhAbeSKSK u8ex7y9vw/materia-qual-a-diferenca-entre-raiz-tuberosa-tuberculo-e-bulbo-sandrocastelli.gif>. Acesso em: 25 out h17min. NOVA ESCOLA. Raiz tuberosa (beterraba). Disponível em: < homologacao.s3-sa-east- 1.amazonaws.com/UjvnPZAN82ucZFBBTdpec4xqrzz9C2APKgNkDtkPZsyhAbeSKSK 25
26 u8ex7y9vw/materia-qual-a-diferenca-entre-raiz-tuberosa-tuberculo-e-bulbo-sandrocastelli.gif>. Acesso em: 24 out h52min. PENA FIEL SUL. Regiões do caule. Disponível em: < >. Acesso em: 24 out h47min. SÓ BIOLOGIA. Aguapé. Disponível em: < jpg>. Acesso em: 24 out h05min. SÓ BIOLOGIA. Anatomia da raiz. Disponível em: < Acesso em: 24 out h57min. SÓ BIOLOGIA. Caule aéreo Colmo. Disponível em: < Acesso em: 25 out h22min. SÓ BIOLOGIA. Caule aéreo Trepador. Disponível em: < Acesso em: 25 out h40min. SÓ BIOLOGIA. Caule aéreo Tronco. Disponível em: < Acesso em: 25 out h07min. SÓ BIOLOGIA. Fecundação. Disponível em: < Acesso em: 31 out h28min. SÓ BIOLOGIA. Partes do fruto. Disponível em: < Acesso em: 31 out h23min. UFF. Raiz respiratória. Disponível em: < Acesso em: 24 out h45min. 26
27 UNESP. Gineceu. Disponível em: < Acesso em: 31 out h52min. UOL. Caule aéreo Haste. Disponível em: < Acesso em: 25 out h11min. UOL. Caule subterrâneo Bulbo. Disponível em: < Acesso em: 25 out h18min. UOL. Caule subterrâneo Rizoma. Disponível em: < Acesso em: 25 out h15min. WIKIMEDIA. Raiz estrangulante. Disponível em: < mpra-iluka.jpg>. Acesso em: 24 out h22min. WIKIMEDIA. Raiz suporte ou escora. Disponível em: < 50px-Roots_by_cesarpb.jpg>. Acesso em: 24 out h14min. WIKIPEDIA. Espinhos. Disponível em: < JPG>. Acesso em: 31 out h05min. WIKIPEDIA. Folhas Coletoras. Disponível em: < Acesso em: 26 out h WIKIPEDIA. Gavinhas. Disponível em: < Acesso em: 31 out h08min. WIKIPEDIA. Semente em germinação, em destaque radículas em crescimento. Disponível em: < Acesso em: 24 out h28min. 27
28 GABARITO 1. Alternativa C. A maioria das flores das angiospermas é hermafrodita (apresenta androceu e gineceu), facilitando a autofecundação, contudo a autofecundação apresenta desvantagem para as espécies, impedindo a variabilidade de caracteres. Para impedir a autofecundação, as flores possuem adaptações que impedem o processo e facilitam a fecundação cruzada (entre flores diferentes). 2. Alternativa B. Durante a fotossíntese ocorre a produção de glicose, principal molécula formadora do amido, bastante presente na mandioca. 3. Alternativa D. O vaso condutor floema é o responsável pelo transporte de seiva elaborada pela planta. 4. Alternativa D. 5. Alternativa A. A polinização cruzada ocorre quando o pólen de uma flor consegue fecundar o estigma de uma outra flor do mesmo indivíduo ou de outra da mesma espécie. 28
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