Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Centro de Ciências Sociais Departamento de Serviço Social. Aluna: Marilúcia de Sousa Fernandes 1

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1 Centro de Ciências Sociais Aluna: Marilúcia de Sousa Fernandes 1 Relatório anual do projeto A família nos dispositivos de cuidados para crianças e adolescentes com transtorno mental e/ou deficiência mental: promovendo o direito à convivência familiar. Orientadora: Irene Rizzini 2 Rio de Janeiro Julho de Estagiária PIBIC e aluna do PUC-Rio. 2 Professora do PUC-Rio.

2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 3 OBJETIVOS 3 METODOLOGIA 3 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES 4 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 6 BIBLIOGRAFIA DE REFERÊNCIA 7 2

3 A família nos dispositivos de cuidados para crianças e adolescentes com transtorno mental e/ou deficiência mental: promovendo o direito à convivência familiar. Introdução A presente pesquisa visa analisar as possibilidades de promoção do direito à convivência familiar de crianças e adolescentes com transtorno mental e/ou deficiência mental, sobretudo os que nascem em situação de pobreza, para os quais novas políticas precisam ser desenhadas. Para muitos, historicamente o caminho tem sido a institucionalização. Reconhece-se a importância de evitá-la nos dias de hoje, porém é necessário identificar quais seriam as melhores alternativas. É um imenso universo a se pesquisar, especialmente nos âmbito do cuidado e da assistência. Este projeto busca explorar possíveis caminhos, tendo como base o bairro de Jacarepaguá, no município do Rio de Janeiro. O projeto tem a dupla função de provocar o debate sobre o problema e de propor possíveis caminhos para as mudanças que se fazem necessárias no tocante ao atendimento a essa população. Objetivos O objetivo principal da pesquisa desdobra-se em duas vertentes. A primeira procura descrever e analisar os tipos de serviços existentes, assim como outras formas de apoio identificadas pelas famílias de crianças e adolescentes com transtorno mental e/ou deficiência mental como importantes para o cuidado e tratamento de seus filhos (o que existe). A segunda visa identificar e analisar as lacunas no que diz a respeito às demandas não respondidas (por nenhum serviço existente), sob o ponto de vista das famílias, das crianças e adolescentes e dos serviços (as lacunas). Metodologia A pesquisa tem sido desenvolvida da seguinte forma: 1. Revisão da literatura. 2. Reconhecimento e mapeamento do campo (identificação de serviços); 3. Construção dos instrumentos de coleta de dados (roteiros de entrevistas); 4. Pesquisa de campo (entrevistas com famílias, serviços e estudo de caso/adolescentes); 5. Registro e análise dos dados; 6. Elaboração dos produtos finais (relatório, publicações do livro); 7. Divulgação. Foco sobre a primeira infância Um dos focos de interesse a ser destacado neste projeto refere-se a pesquisa sobre as crianças de zero a seis anos de idade a partir do seu contexto histórico social, ou seja, um olhar sobre as condições sociais e materiais de vida desta população. 3

4 Participação na Pesquisa. Considerações Preliminares. Até o presente, o estudo teórico permitiu aprofundar a compreensão sobre os seguintes temas: infância, criança, políticas públicas, direitos, proteção social, família e população infantil. O processo de análise teórica tem possibilitado maior apreensão a respeito das especificidades das crianças de zero a seis anos e também aponta para a impossibilidade de tratá-la dentro de um campo limitado. Trata-se de um tema que, por seu caráter multidisciplinar, traz para discussão diferentes áreas de conhecimento. Na pesquisa, venho realizando um estudo detalhado em relação aos direitos das crianças de zero a seis anos de idade, destacando as leis que, de forma direta ou indireta, contemplam essa população. Fizeram parte deste estudo a Constituição Brasileira de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente ECA/90, Lei de Diretrizes e Bases LDB/96 e a Lei Orgânica da Assistência Social LOAS/93. As discussões que envolvem o Plano Nacional de Educação, ainda em fase de elaboração, também estão sendo acompanhadas e registradas para estudo posterior. No campo acadêmico emergem discussões acerca do distanciamento entre a conquista dos direitos legais das crianças de zero a seis anos e sua efetivação na prática. Diversos autores alertam para a situação de vulnerabilidade social desta população, principalmente as famílias que encontram-se em situação de pobreza. Dentro desta perspectiva, constitui-se como um eixo de reflexão da pesquisa a análise das políticas públicas voltadas para o atendimento da criança de zero a seis anos de idade. Autores como Rosemberg (2001) e Rizzini (1997) têm publicado estudos a respeito da ausência de políticas sociais que garantam os direitos assegurados por lei de proteção à infância e ainda sobre as discriminações sofridas pelas crianças em situação de vulnerabilidade social. Dentro do estudo teórico em desenvolvimento, um tema que se destacou pelo seu aspecto controverso, diz respeito a o que é ser criança no âmbito social e familiar e de que modo esse conceito define e orienta as práticas de atenção à criança pequena. Estudos e reflexões acerca deste tema nos levam a leitura de Kramer (2003), que apresenta em suas publicações importantes análises que passam pela filosofia, história e sociologia, baseando-se em teorias de autores como Philippe Áries, Bernard Charlot, Vygotsk, Wallon, Walter Beijamim, Paulo Freire e outros. Um trabalho também pautado em pesquisas de campo, a partir de diferentes vivências. Acreditamos que para se refletir sobre políticas públicas voltadas para a infância é preciso analisar o papel social da criança em nossa sociedade. A pesquisa está sendo conduzida nessa linha objetivando melhor compreender a formulação de políticas públicas, ou seja, uma produção de conhecimentos capazes de subsidiar políticas e práticas na atenção à criança de zero a seis anos. Minha proposta como estagiária deste projeto é realizar uma análise das condições de vida das crianças de zero a seis anos de idade, assim como as diretrizes contidas nas políticas públicas voltadas para essa população. É parte central dessa análise avaliar especialmente as condições e oportunidades voltadas para as crianças em condições socioeconômicas desfavoráveis. Os primeiros estudos vêm demonstrando que a primeira infância no Brasil é ainda pouco abordada na literatura. Muito se fala do desenvolvimento infantil, desvinculando a criança de sua história, de sua classe social, do espaço geográfico que ocupa e das relações que se estabelecem nesse contexto. Essa é possivelmente uma razão que ajuda a explicar a ausência de políticas públicas que contemplem suas 4

5 necessidades e direitos. Este projeto possibilitará um olhar especialmente voltado para a primeira infância a partir de um conjunto de relações sociais que tecem e direcionam a inclusão ou exclusão dessa criança como sujeito de direito. É indiscutível que nos últimos anos progressos tenham ocorrido com relação à preocupação em elaboração de políticas públicas para essa população, porém encontram embates justamente na carência de pesquisas direcionadas para a primeira infância, principalmente, com relação às condições ambientais e sociais de vida dessas crianças e sua relação com o seu bem estar. A situação da primeira infância no Brasil pede considerável atenção, a fim de garantir oportunidades necessárias para o desenvolvimento integral da criança. Isso requer conhecê-la, e principalmente afinar o olhar sobre a rede de relações que atravessam a sua história. E assim, traçar diretrizes para a implementação de políticas públicas que atendam as suas reais necessidades. Até o momento essa discussão contempla as minhas primeiras percepções e idéias que direcionam o estudo teórico do tema proposto. Atividades Desenvolvidas A seguir apresento as atividades que desenvolvi no Projeto correspondente ao período de fevereiro a julho de ) Levantamento e leitura da bibliografia relacionada à temática da pesquisa e seu aprofundamento por meio da elaboração de resenhas críticas. Segue um breve resumo de algumas publicações relevantes à pesquisa: KRAMER, Sonia. e LEITE, M. I. Infância: fios e desafios da pesquisa. São Paulo: Papirus, Nessa coletânea, a autora busca construir uma outra ótica sobre a infância, considerando a criança em sua condição de sujeito histórico que subverte a ordem e a vida social. 1.2 RIZZINI, Irene. O século perdido. Rio de Janeiro: Editora Universitária Santa Úrsula, A obra busca resgatar a história ainda pouco conhecida das múltiplas representações que a infância das camadas populares inspirou no seio das elites nacionais. Trata-se de um estudo realizado a partir de uma cuidadosa pesquisa histórica. 1.3 ROSEMBERG, Fúlvia. Avaliação de programas, indicadores e projetos em educação infantil. Revista Brasileira de Educação, Nº 16, p , A autora enfatiza esse novo lugar da educação infantil e defende que o conhecimento científico deve construir os fundamentos das negociações em políticas públicas. 1.4 VYGOTSKY. L. S. Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes,

6 A obra descreve a teoria de Vygotsky, primeiro psicólogo moderno a sugerir mecanismos pelos quais a cultura torna-se parte da natureza de cada pessoa. 1.5 OLIVEIRA, Zilma de M. Ramos. A criança e seu desenvolvimento perspectivas para discutir a educação infantil, 4ª ed. São Paulo: Cortez, Artigos elaborados por pesquisadores nas áreas de Psicologia, Pedagogia e Lingüística a respeito dos processos de desenvolvimento da criança de zero a seis anos, particularmente as interações que ela estabelece com adultos, com outras crianças e sua implicação na creche e pré-escola. 1.6 BASILIO, Luiz. e KRAMER, Sonia. Infância, educação e direitos humanos.são Paulo: Ed.Cortez, O objetivo do livro é avaliar a implantação do Estatuto da Criança e do Adolescente. Os autores levantam alguns questionamentos, como: o Estatuto da Criança e do Adolescente e seu risco atual; os Conselhos Tutelares e as medidas sócioeducativas; os direitos da criança e os projetos político-pedagógicos de educação infantil. Também discute cultura contemporânea e educação SARMENTO, Manuel e GOUVEA, Maria Cristina Soares de. Estudos da Infância: Educação e práticas sociais. Petrópolis: Ed. Vozes, Pesquisador há mais de uma década sobre temas como infância, culturas da infância, protagonismo, e alteridade infantil, Manuel Sarmento, professor da Universidade do Minho, Portugal, tem sido um interlocutor fundamental entre os pesquisadores brasileiros e europeus. Nesta obra mostra como, nos distintos espaços disciplinares e interdisciplinares, vem se configurando a construção de referenciais teórico-metodológicos que norteiam as investigações sobre a infância. Fazendo um debate entre autores brasileiros e portugueses que estão desenvolvendo estudos sobre a criança. Assim Sarmento e Gouvea apresentam um rico diálogo, alguns conceitos são ainda discutidos em capítulos separados COSTA, Frossard Selma. A política de Assistência Social no contexto da educação infantil: possibilidades e desafios para um trabalho sócio-educativo. Serviço social em revista, Londrina: vol 6, nº 2 jan/jun O texto trata das mudanças ocorridas na Educação Infantil, enfatizando que a Política da Educação Infantil e a Política da Assistência Social não são excludentes, nem competitivas. 2) Estudo detalhado da legislação brasileira voltada para a criança de zero a seis anos de idade. Foram apresentados em forma de texto, recortes e uma classificação das leis que contemplam as crianças de zero a seis anos de idade. 6

7 3) Realização de Entrevistas Participei da realização de uma entrevista junto com a pesquisadora e a assistente de pesquisa da nossa equipe com foco em temas de interesse da pesquisa. A entrevista foi realizada em uma creche localizada na comunidade da Rocinha. A instituição atende a crianças de zero a seis anos de idade residentes na Rocinha. Este material foi debatido pela equipe e irá servir de subsídio para análise de dados e elaboração dos relatórios e publicações. 4) Transcrições Realizei duas transcrições ambas abordavam o Programa de Atenção Domiciliar Interdisciplinar, o Padi, do Instituto Fernandes Figueira (IFF-Fiocruz). 5) Relatórios Foram realizados dois relatórios de seminários. Um Colóquio sobre os Aspectos Humanos das Favelas no Rio de Janeiro, realizado no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, nos dias 19, 20 e 21 de maio de E um Seminário sobre as Unidades de Polícia Pacificadora nas favelas do Rio de Janeiro, realizado no dia 07 de junho. O evento é parte das comemorações da Semana do Serviço Social promovida pelo Centro Acadêmico de Serviço Social da PUC-Rio. 6) Orientações e Reuniões semanais Participei semanalmente de reuniões de equipe e orientações, momentos importantes para a socialização de saberes, destaco o empenho da orientadora sempre disponível para diálogos, acrescentando sugestões enriquecedoras e estimulantes no meu processo de entendimento e criação. 7) Levantamento do histórico e serviços oferecidos pelas instituições: APAE, ABBR, Associação Pestalozzi, e 7ª Coordenadoria Regional De Educação. Este trabalho apresenta os resultados da pesquisa realizada junto as principais instituições que atendem a população portadora de transtorno mental e/ou deficiência mental na região do Município do Rio de Janeiro. Assim, o objetivo central da pesquisa consistiu na realização de um estudo buscando reconstituir a história pregressa dessas instituições, seus personagens e desafios, com o intuito de resgatar a memória histórica dos serviços neste campo. Além de apresentar dados quanto a capacidade de instalação dessas instituições, recursos materiais, tecnológicos e humanos, serviços prestados (em todos os níveis de assistência), avanços científicos e sociais, tendência do perfil da população atendida e necessidades de investimentos futuros. Bibliografia de Referência BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil. Brasília: Lei Federal n. 8069, de 13 de julho de ECA _ Estatuto da Criança e do Adolescente. Constituição da Republica Federativa do Brasil. Brasília:

8 . Lei nº de 7 de dezembro de LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL-LOAS.. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, Plano Nacional de Educação. Disponível em: BASILIO, L. e KRAMER, S. Infância, educação e direitos humanos. São Paulo: Ed.Cortez, COSTA, Frossard Selma. A política de Assistência Social no contexto da educação infantil: possibilidades e desafios para um trabalho sócio-educativo. Serviço social em Revista, vol 6, nº 2 jan/jun. Londrina, KRAMER, Sonia. e LEITE, M. I. Infância: fios e desafios da pesquisa. São Paulo: Papirus, RIZZINI, Irene. O século perdido. Rio de Janeiro: Editora Universitária Santa Úrsula, ROSEMBERG, Fúlvia. Avaliação de programas, indicadores e projetos em educação infantil. Revista Brasileira de Educação, São Paulo: nº 16, p , SARMENTO, Manuel e GOUVEA, Maria Cristina Soares de. Estudos da Infância: Educação e práticas sociais. Petrópolis: Ed. Vozes, OLIVEIRA, Zilma de M. Ramos. A criança e seu desenvolvimento perspectivas para discutir a educação infantil, 4ª ed. São Paulo: Cortez, VYGOTSKY, L. S. Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes,