O homem como sujeito da realidade da saúde. Prof. Dr. Lazslo A. Ávila

Transcrição

1 O homem como sujeito da realidade da saúde Prof. Dr. Lazslo A. Ávila

2 O significado do trabalho O quê é Trabalho? Sentido etimológico da palavra Sentido histórico-social O trabalho enquanto veículo de transformação do mundo Trabalho e alienação Significados psicológicos do trabalho

3 O significado do trabalho História recente do trabalho, Século XIX: Duração da jornada: 12, 14, 16 horas diárias Emprego de crianças na produção, desde os três anos de idade, e freqüentemente, a partir dos sete anos. Salários extremamente baixos, intensa insalubridade, muitos acidentes de trabalho, alto índice de desemprego, moradias muito precárias, falta de higiene, promiscuidade, alta morbidade e mortalidade.

4 A evolução do trabalho Luta pela Saúde: salvar o corpo dos acidentes, prevenir as doenças profissionais e os acidentes, prevenir intoxicações por produtos industriais, assegurar aos trabalhadores cuidados e tratamentos convenientes. A valorização da mão de obra, no século XX: I e II guerras mundiais ( / ) Desenvolvimento da produção em massa.

5 Condições de trabalho Condições físicas: ambiente (temperatura, barulho, vibração, irradiação, altitude, etc.) / ambiente químico (vapores e gases tóxicos, poeira, fumaças, etc.) / ambiente biológico (vírus, bactérias, parasitas, fungos). Condições mentais ou psicológicas: organização do trabalho, divisão do trabalho, conteúdo da tarefa, sistema hierárquico, modalidades de comando, sistema de poder, responsabilidades, etc...

6 A Organização do Trabalho A Organização Científica do Trabalho Taylor, taylorismo, taylorização do trabalho A fragmentação das tarefas O trabalho em migalhas (G. Friedman, 1964) O homem é maior que a sua tarefa. Retirada do conteúdo significativo do trabalho, fim do trabalho artesanal e completo, com finalidade e sentido pessoais e comunitários.

7 A Psicopatologia da Trabalho C. Dejours (1980) e a loucura do trabalho Condições de vida do subproletariado Vergonha de ficar doente e parar de trabalhar, associação da doença à preguiça. Doença e passividade Conter, controlar, domesticar a doença. Evitar o hospital, a internação, o gasto com remédios. Doença admitida: fracasso, desânimo, entrega, destruição da força de trabalho.

8 A Psicopatologia do Trabalho Sofrimento psíquico do trabalho: perda do valor intrínseco, insatisfação e ansiedade. Desqualificação, cansaço, paralisia da imaginação. Economia psicossomática do corpo. O sofrimento mental pode levar a doenças somáticas pelo desequilíbrio provocado. Conseqüências nocivas do medo e da tensão nervosa: desordens endócrino-metabólicas. A ideologia defensiva das profissões (ex.: construção civil)

9 A Psicopatologia do Trabalho A organização do trabalho exerce, sobre o homem, uma ação específica, cujo impacto é o aparelho psíquico. Em certas condições, emerge um sofrimento que pode ser atribuído ao choque entre uma história individual, portadora de projetos, de esperanças e de desejos, e uma organização de trabalho que os ignora. Esse sofrimento, de natureza mental, começa quando o homem, no trabalho, já não pode fazer nenhuma modificação na sua tarefa no sentido de torná-la mais conforme às suas necessidades fisiológicas e a seus desejos psicológicos - isto é, quando a relação homem-trabalho é bloqueada. (C. Dejours, 1987, p. 133)

10 Paulo Freire e o trabalho intelectual Estudar é, realmente, um trabalho difícil. Exige de quem o faz uma postura crítica, sistemática. Exige uma disciplina intelectual que não se ganha a não ser praticando-a. Isso é, precisamente, o que a educação bancária não estimula. Pelo contrário, sua tônica reside fundamentalmente em matar nos educandos a curiosidade, o espírito investigador, a criatividade. (Freire, P. - Considerações em torno do ato de estudar, 1978).

11 Paulo Freire e o trabalho intelectual A postura crítica é fundamental, e exige: Que se assuma o papel de sujeito do ato de estudar. Estudar é uma forma de re-inventar, de recriar, de re-escrever - tarefa de sujeito e não de objeto O ato de estudar é uma atitude frente ao mundo. (Freire, P. - Considerações em torno do ato de estudar, 1978).

12 Paulo Freire e o trabalho intelectual O estudo de um tema específico exige que o estudante se ponha, tanto quanto possível, a par da bibliografia que se refere ao tema ou objeto de sua inquietude. O ato de estudar é assumir uma relação de diálogo com o autor do texto. Essa relação dialógica implica na percepção do condicionamento histórico-sociológico e ideológico do autor, nem sempre o mesmo do leitor. (Freire, P. - Considerações em torno do ato de estudar, 1978).

13 Paulo Freire e o trabalho intelectual Finalmente, o ato de estudar demanda humildade. A compreensão de um texto não é algo que se recebe de presente. Exige trabalho paciente de quem por ele se sente problematizado. Estudar não é um ato de consumir idéias, mas de criá-las e recriá-las. (Freire, P. - Considerações em torno do ato de estudar, 1978).