Aspectos psicossociais relacionados aos acidentados com perfurocortantes. Beatriz Lemos Stutz Escola Técnica de Saúde/UFU 2011

Transcrição

1 Aspectos psicossociais relacionados aos acidentados com perfurocortantes Beatriz Lemos Stutz Escola Técnica de Saúde/UFU 2011

2

3

4

5 Por que a princesa Aurora se feriu?

6 PERGUNTAS Não teria sido melhor Aurora saber dos riscos daquele artefato e assim ter evitado o acidente? Se a princesa soubesse dos riscos do acidente o teria evitado? E quanto à nós? Sabemos dos riscos que corremos? Se sabemos, porque os acidentes ocorrem?

7 O que aprendi com minha Experiência?

8 A experiência de passar por um acidente Provoca reações diferentes naqueles que a sofrem, uma vez que cada indivíduo vivencia o acidente de modo pessoal dependendo: Dos conceitos e valores que possui Dos conhecimentos sobre o assunto Dos relacionamentos que mantém

9 Por que é tão difícil atuar tendo como princípio a biossegurança? Idade Cultura (hábitos e costumes) Responsabilidade Cobrança (ou a falta dela?) Cidadania Educação

10 O stress reduz a capacidade de produzir informacões no local de trabalho, a percepcão do perigo, a capacidade de tomar decisões, de selecionar as informacões necessárias e transmiti-las (Sanquist). Há um esgotamento progressivo

11 DADOS PREOCUPANTES No período acidentes 24% - estudantes e estagiários. 80,6% - exposição percutânea 80,7% - sangue como veículo de transmissão A maioria dos acidentados tem mais de 10 anos de profissão e 100% com outro vínculo empregatício.

12 Causas Possuir outro vínculo empregatício. Influência dos mais experientes sobre os recém-contratados. Falta de esclarecimento sobre biossegurança. Condições inadequadas e sobrecarga de trabalho Instalações precárias Desmotivação

13 Você sabe quem eu sou?

14 Se alguém, ao fazer-lhe esta pergunta, a recebesse de volta, sob qual dimensão a responderia? Sócio-econômica ( Ter) Subjetiva (Ser)

15 A organização pode ser produtora de sofrimento mental.

16 A cultura da empresa pode se constituir em risco, à medida que estabelece uma rotina diária de trabalho, normas, procedimentos e tipos de controle que exercem pressão sobre aquele que trabalha.

17 O convívio cotidiano com o perigo provoca defesas psicológicas que, se rigidamente estruturadas, podem conduzir à sua negação, a um faz de conta que ele não existe ou já está inteiramente dominado.

18 Descuido Nos ferimos porque A importância que se dá ao acidente Condições do paciente Não observação de medidas de prevenção (incluindo uso de EPIs) Excesso de auto-confiança

19 Você acha que nunca vai acontecer com você! Por falta de condições de trabalho acabo furando a agulha no colchão, até para evitar acidente! Encontro muito material deixado por colegas, na cabeceira do paciente ou embaixo dele. O coletor parece um porco espinho

20 Inadequação dos materiais Pressa Precarização do trabalho Múltiplos empregos Falta de esclarecimentos sobre biossegurança

21 O acidente envolvendo material biológico acarreta conseqüências em função daquilo que ele poderá causar e muitos sujeitos entram em sofrimento psíquico

22 Dimensões psicossociais do acidente Impacto do acidente no sujeito Expectativa em relação aos exames(riscos de contaminação) Significados atribuídos à profilaxia medicamentosa Revolta

23 Afeta também as pessoas do convívio íntimo Reações frente à notícia: negociações com pessoas do convívio íntimo e a visão destes a respeito do acidentado e do acidente. Alterações no cotidiano Suporte social(no trabalho,familiares e amigos) Reavaliação da profissão

24 Revelar ou não o acidente? Medo da perda do emprego Receio das reações das pessoas próximas e consequências do acidente em seu cotidiano. Revelar o acidente é assumir para si e para os outros os riscos ao qual o profissional está exposto em seu dia a dia (CASTANHA et al., 2007).

25 Prevenindo acidentes Ter atenção e não fazer outra tarefa simultânea Uso de EPIs Técnica correta Ter coletor (Descarpack) Não reencapar agulhas Possuir local adequado para manuseio do material durante os procedimentos Condição humanizada de trabalho

26 Alteridade Pressupõe uma ética voltada para o outro, entendendo-o como parte de si mesmo, provocando dessa forma no eu apreensão em suas relações sociais, porque as diferenças levam à percepção de que se precisa do outro para ter-se idéia clara de si mesmo, gerando responsabilidade recíproca. (De Bonis e da Costa, 2009)

27 Biossegurança e alteridade É necessário: Respeitar e saber trabalhar toda uma gama de experiências culturais que o profissional da saúde traz em sua história Não fixar-se somente na parte de treinamento. Envolver o profissional em um processo de reflexão sobre ação. Redefinir seus significados

28 Todos os acontecimentos - dizia às vezes Pangloss a Cândido - estão devidamente encadeados no melhor dos mundos possíveis; Tudo isso está muito bem dito - respondeu Cândido, - mas devemos cultivar nosso jardim. VOLTAIRE. Candide ou L'Optimisme