Remédios Constitucionais II. Prof. ª Bruna Vieira
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- Armando Padilha Belmonte
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1 Remédios Constitucionais II Prof. ª Bruna Vieira
2 Mandado de Injunção Art. 5º, LXXI, da CF: conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. LEI Nº , DE 23 DE JUNHO DE Disciplina o processo e o julgamento dos mandados de injunção individual e coletivo e dá outras providências.
3 Devido ao princípio da separação dos poderes, o Poder Judiciário não pode legislar ativamente. Com isso, por muito tempo prevaleceu o entendimento de que caso um mandado de injunção fosse julgado procedente, o resultado seria meramente de informar o órgão responsável pela solução de sua mora em legislar. Ocorre que tal entendimento vem sendo modificado pela Suprema Corte sob o argumento do combate à síndrome da inefetividade das normas constitucionais que possuem eficácia limitada, ou seja, aquelas que dependem de regulamentação. O STF tem tornado o mandado de injunção um remédio que visa a concretizar direitos fundamentais. O fundamento de que se vale é o parágrafo 1º do artigo 5º da CF que determina a aplicação imediata dos direitos e garantias fundamentais.
4 LEI Nº , DE 23 DE JUNHO DE Art. 1o Esta Lei disciplina o processo e o julgamento dos mandados de injunção individual e coletivo, nos termos do inciso LXXI do art. 5o da Constituição Federal. Art. 2o Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta total ou parcial de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Parágrafo único. Considera-se parcial a regulamentação quando forem insuficientes as normas editadas pelo órgão legislador competente.
5 Art. 3o São legitimados para o mandado de injunção, como impetrantes, as pessoas naturais ou jurídicas que se afirmam titulares dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas referidos no art. 2o e, como impetrado, o Poder, o órgão ou a autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora. Art. 4o A petição inicial deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual e indicará, além do órgão impetrado, a pessoa jurídica que ele integra ou aquela a que está vinculado. 1o Quando não for transmitida por meio eletrônico, a petição inicial e os documentos que a instruem serão acompanhados de tantas vias quantos forem os impetrados.
6 2o Quando o documento necessário à prova do alegado encontrar-se em repartição ou estabelecimento público, em poder de autoridade ou de terceiro, havendo recusa em fornecê-lo por certidão, no original, ou em cópia autêntica, será ordenada, a pedido do impetrante, a exibição do documento no prazo de 10 (dez) dias, devendo, nesse caso, ser juntada cópia à segunda via da petição. 3o Se a recusa em fornecer o documento for do impetrado, a ordem será feita no próprio instrumento da notificação.
7 Art. 5o Recebida a petição inicial, será ordenada: I - a notificação do impetrado sobre o conteúdo da petição inicial, devendo-lhe ser enviada a segunda via apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste informações; II - a ciência do ajuizamento da ação ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, devendo-lhe ser enviada cópia da petição inicial, para que, querendo, ingresse no feito. Art. 6o A petição inicial será desde logo indeferida quando a impetração for manifestamente incabível ou manifestamente improcedente.
8 Parágrafo único. Da decisão de relator que indeferir a petição inicial, caberá agravo, em 5 (cinco) dias, para o órgão colegiado competente para o julgamento da impetração. Art. 7o Findo o prazo para apresentação das informações, será ouvido o Ministério Público, que opinará em 10 (dez) dias, após o que, com ou sem parecer, os autos serão conclusos para decisão. Art. 8o Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para: I - determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora;
9 II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado. Parágrafo único. Será dispensada a determinação a que se refere o inciso I do caput quando comprovado que o impetrado deixou de atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma. Art. 9o A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos até o advento da norma regulamentadora.
10 Art. 10. Sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão poderá ser revista, a pedido de qualquer interessado, quando sobrevierem relevantes modificações das circunstâncias de fato ou de direito. 1o Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração. 2o Transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão ser estendidos aos casos análogos por decisão monocrática do relator. 3o O indeferimento do pedido por insuficiência de prova não impede a renovação da impetração fundada em outros elementos probatórios.
11 Parágrafo único. A ação de revisão observará, no que couber, o procedimento estabelecido nesta Lei. Art. 11. A norma regulamentadora superveniente produzirá efeitos ex nunc em relação aos beneficiados por decisão transitada em julgado, salvo se a aplicação da norma editada lhes for mais favorável. Parágrafo único. Estará prejudicada a impetração se a norma regulamentadora for editada antes da decisão, caso em que o processo será extinto sem resolução de mérito.
12 Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido: I - pelo Ministério Público, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a defesa da ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou individuais indisponíveis; II - por partido político com representação no Congresso Nacional, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com a finalidade partidária;
13 III - por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial; IV - pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5o da Constituição Federal.
14 Parágrafo único. Os direitos, as liberdades e as prerrogativas protegidos por mandado de injunção coletivo são os pertencentes, indistintamente, a uma coletividade indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou categoria. Art. 13. No mandado de injunção coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente às pessoas integrantes da coletividade, do grupo, da classe ou da categoria substituídos pelo impetrante, sem prejuízo do disposto nos 1o e 2o do art. 9o.
15 Parágrafo único. O mandado de injunção coletivo não induz litispendência em relação aos individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante que não requerer a desistência da demanda individual no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração coletiva. Art. 14. Aplicam-se subsidiariamente ao mandado de injunção as normas do mandado de segurança, disciplinado pela Lei no , de 7 de agosto de 2009, e do Código de Processo Civil, instituído pela Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973, e pela Lei no , de 16 de março de 2015, observado o disposto em seus arts e
16 Art. 15. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 23 de junho de 2016; 195o da Independência e 128o da República. MICHEL TEMER Alexandre de Moraes Fábio Medina Osório
17 Importante! -A CF não dispõe expressamente, mas o STF admite a impetração de mandado de injunção coletivo. Os legitimados são os mesmos do mandado de segurança coletivo. - Requisitos do mandado de injunção: a) ausência de norma regulamentadora que torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; e b) que tenha decorrido um prazo razoável para a elaboração da norma
18 Ação Popular (art. 5ª, LXXIII, CF e Lei nº 4.717/65 ) Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. - Valorização da atuação direta do povo na fiscalização dos atos dos administradores públicos.
19 De forma esquemática, conclui-se que a ação popular tem como objetivo proteger 3 elementos fundamentais: 1) o patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe; 2) a moralidade administrativa; 3) o meio ambiente e o patrimônio histórico e cultural. Com isso, o legislador constituinte pretendeu promover a cidadania, fazendo cada cidadão responsável pela fiscalização dos elementos protegidos pela ação popular.
20 Legitimados: é parte legítima para propor ação popular o cidadão, restringindo a proposição apenas àqueles que têm capacidade eleitoral ativa, ou seja, àqueles que já se alistaram e podem votar. São legitimados passivos todas as pessoas jurídicas em nome das quais foi praticado o ato passível de anulação; as autoridades que participaram ou admitiram a lesão e os beneficiários do ato impugnado. Conforme a Súmula 365 do Supremo Tribunal Federal, pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular.
21 Atuação do Ministério Público O MP participa como fiscal da lei, podendo manifestar-se pela procedência ou improcedência da ação. - O MP pode ingressar com ação popular? A ação popular é gratuita, salvo comprovação de má-fé, mas a assistência de advogado é necessária; depende, portanto, de capacidade postulatória.
22 Mandado de Segurança A Constituição de 1934 foi a primeira a prever expressamente a possibilidade da impetração de mandado de segurança. Depois disso, as Constituições que se seguiram trataram do tema, com exceção da de 1937 (da época de Getúlio Vargas). Conceito: ação de natureza constitucional que tem por finalidade resguardar direito líquido e certo contra abuso de poder ou ilegalidade, praticado por autoridade pública ou por quem lhe faça as vezes, desde que tal direito não esteja protegido por habeas corpus ou habeas data.
23 O mandado de segurança atua complementando a proteção dos direitos e garantias constitucionais quando nenhum outro remédio é cabível. Art. 5, LXIX, da CF: conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas-corpus ou habeasdata, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público
24 Assim, não é cabível MS para proteger o direito à liberdade de locomoção, pois esta proteção é feita pelo habeas corpus. Também, não cabe mandado de segurança para retificar dados, pois esta requisição deve ser feita por habeas data. São legitimados ativos as pessoas físicas ou jurídicas, as universalidades reconhecidas por lei, os órgãos públicos, os agentes políticos e ministério público. Figuram no polo passivo, as autoridades públicas, os representantes ou órgãos de partidos políticos, administradores de entidades autárquicas e os dirigentes de pessoas jurídicas e pessoas naturais no exercício de atribuições do Poder Público.
25 A ação não está isenta de custas perante o Poder Judiciário e a assistência de advogado é necessária. Prazo: a lei do mandado de segurança, Lei nº /09, em seu artigo 23, traz o prazo decadencial de 120 dias para que o sujeito ingresse com a ação de mandado de segurança, contados da ciência do ato impugnado. A constitucionalidade de tal prazo já foi questionada no Supremo e ele entendeu que o prazo é constitucional. É cabível liminar desde que demonstrados o fumus boni juris e o periculum in mora.
26 O pedido de reconsideração feito na via administrativa não tem o condão de interromper o prazo para a impetração do mandado de segurança. Súmula 625 do STF: controvérsia sobre matéria de direito não impede a concessão de mandado de segurança. A Constituição admite também a impetração de mandado segurança coletivo, para a proteção dos direitos coletivos e individuais homogêneos. O art. 5º, LXX, da CF, dispõe que o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
27 a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. Obs: o prazo de um ano se refere às associações, não tem aplicação em relação à organização sindical e à entidade de classe. Súmula 629 do STF: a impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe de autorização destes.
28 Súmula 630 do STF: a entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança, ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria. Súmula 512 do STF: não cabe condenação em honorários de advogado na ação de mandado de segurança. A competência para o julgamento do mandado de segurança é definida pela autoridade coatora. Não é levada em conta a matéria e sim quem praticou o ato lesivo.
29 (OAB/Exame Unificado) Isabella promove ação popular em face do Município X, por entender que determinados gastos realizados estariam causando graves prejuízos ao patrimônio público. O pedido veio a ser julgado improcedente, por total carência de provas. Inconformada, Isabella apresenta a mesma ação com fundamento em novos elementos, e, mais uma vez, o pedido vem a ser julgado improcedente por carência de provas. Nos termos da Constituição Federal e da legislação de regência, assinale a opção correta
30 (A) Sendo o pedido julgado improcedente, haverá condenação em honorários advocatícios. (B) A improcedência por ausência de provas caracteriza a má-fé do autor popular. C) A reiteração na propositura da mesma ação acarreta o pagamento de custas pelo autor popular. (D) As custas serão devidas se declarada, expressamente, a má-fé do autor popular.
31 Fundamentos: A: incorreta. Não haverá condenação em honorários. De acordo com o art. 5º, LXXIII, da CF, qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. O autor popular, embora tenha direito ao recebimento de honorário caso obtenha êxito na ação popular, não é obrigado a pagá-lo caso perca a ação;
32 B: incorreta. A improcedência por ausência de provas não caracteriza a má-fé do autor popular. Conforme o art. 18 da Lei 4.717/1965 (Ação Popular), a sentença terá eficácia de coisa julgada oponível erga omnes, exceto no caso de haver sido a ação julgada improcedente por deficiência de prova; neste caso, qualquer cidadão poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova; C: incorreta. As custas só serão devidas se houver comprovação da má-fé por parte do autor popular. É o que se extrai do art. 5º, LXXIII, da CF;
33 D: correta. Além do dispositivo constitucional mencionado, o STF entende que: A não ser quando há comprovação de má-fé do autor da ação popular, não pode ele ser condenado nos ônus das custas e da sucumbência (RE , Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em , Primeira Turma, DJ de ) No mesmo sentido: AI AgR, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em , Segunda Turma, DJE de Vide: AR 1.178, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em , Plenário, DJ de Gabarito D
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