ECONOMIA INTERNACIONAL II
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- Thalita Andrade Benke
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1 Revisão do BP ECONOMIA INTERNACIONAL II Professor: André M. Cunha Ajustes nos Pagamentos Internacionais 2. O Balanço de Pagamento: Aspectos Gerais 3. Convenções e Mensuração 4.. Registros no BP: um exemplo numérico 5. A Conta Corrente e os Agregados Nacionais 1. Ajustes nos Pagamentos Internacionais Como ajustar desequilíbrios de posições entre duas economias quaisquer? Como o cada tipo de ajuste ( E, R, A) afeta os lados real e monetário das economias? Políticas deflacionistas -> mercados financeiros Políticas contra-cíclicas -> lado real Fred Block ordem monetária internacional Arranjos monetários como criações sociais que tendem a refletir e manter a distribuição de poder entre os países e as classe sociais ; Economia Fechada versus Economias Abertas. Capitalismos nacionais versus ordem liberal e multilateral. Quais os arranjos de PE ideais? Economias Fechadas Como fechar uma economia? Como ajustá-la? (i) controle sobre importações; (ii) controle de capitais (limites sobre quantidade, condições e destino dos fluxos de capitais); (iii) controle/centralização do câmbio (ingresso de divisas passa pelo governo, que determina sua utilização); (iv) comércio bilateral (governo trata de equilibrar, através de acordos políticos, os saldos comerciais); (v) estatização do comércio (governo controla a importação e exportação de certos produtos). Economias Abertas 2) Como ajustar uma economia aberta (onde aqueles controles são mínimos e/ou inexistentes)? (i) mudar o nível de atividade interna (p. ex.: ajustes recessivos), (ii) mudar a taxa de câmbio. Nos dois casos emprego e renda são atingidos => tensões políticas, que serão tão maiores quanto mais integradas (economia, social e politicamente) forem as massas trabalhadoras. 1
2 Conflitos de Interesses Interesse dos capitalistas: manter as economias abertas (sem restrições sobre os movimentos de capitais) e sem inflação (que corrói seus investimentos em termos de uma moeda forte, sempre que tal valor não for corrigido pelo câmbio). R = R* + E e Interesses dos trabalhadores: emprego e salários reais crescentes; contrários aos ajustes automáticos do tipo deflacionistas. Sistema versus Ordem SMI -... é simplesmente a soma de todos os instrumentos mediante os quais os países organizam suas relações econômicas internacionais. (p.9) Ordem - há uma ordem no SMI quando este é... governado por um conjunto definido de regras e procedimentos (p. 15) 2. BP: Aspectos Gerais Conceito: para um dado país o BP é o registro sistemático das transações econômicas, durante um dado período de tempo, entre os seus residentes e os residentes do resto do mundo. Importância na análise econômica: => o BP expressa as condições conjunturais e estruturais de uma certa economia e da economia internacional; => servindo de orientação para as decisões privadas e públicas (e para a avaliação dos resultados de decisões passadas) Estrutura Esquemática do BP A. Balança Comercial B. Balanço de Serviços e Rendas C. Transferências Unilaterais D. Transações Correntes: A + B + C E. Conta Capital e Financeira F. Erros e Omissões G. Saldo do Balanço de Pagamentos = D + E + F (acima da linha) H. Financiamento do Resultado ou Compensatório 1. Conta corrente (Transações correntes) Balança comercial (FOB) Exportações e importações Serviços e rendas Serviços (Receitas e despesas) Rendas (Receitas e despesas) Transferências unilaterais correntes (líquido) 2
3 2. Conta capital e financeira Conta capital Conta financeira Investimento direto (líquido) No exterior (Participação no capital e Empréstimos intercompanhias) No país (Participação no capital e Empréstimos intercompanhias) Investimentos em carteira Ativos (Ações e títulos de renda fixa) Passivos (Ações e títulos de renda fixa) Derivativos (Ativos e passivos) Outros investimentos (Ativos e passivos) 3. Erros e omissões 4. Resultado global do balanço 5. Haveres da autoridade monetária = Variação das Reservas (-4) Estrutura: uma visão panorâmica Pela lógica das partidas dobradas, a todo crédito corresponde um débito. Isto faz com que o saldo de todas contas seja sempre zero. No BP, o que garante este resultado é a conta de KC. 1. Balanço em Transações Correntes (BTC) BTC = BC + BSR + TU 2. Conta Capital e Financeira (MKs) MK = KA + KC 3. Regra Geral -> BP (acima da linha) = TC + KA 1. Se BP > 0 (superávit) acumulam-se reservas. 2. Se BP< 0 (déficit) há perda de reservas. 3. Se as reservas não forem suficientes, o país precisa de Empréstimos de Regularização (FMI). 4. Se ainda assim, não conseguir honrar seus compromissos, lança em Atrasados. 3. Convenções e Mensuração Necessidade de homogeneidade:... a qualidade, a cobertura e a homogeneidade dos levantamentos são fundamentais para permitir uma correta interpretação dos resultados do BP pelos seus usuários.. (Feijó:227) Conceitos Fundamentais e Problemas de Mensuração Problema 1: definição de transação internacional convenção -> o BP deve cobrir todas as transações com estrangeiros, mesmo as que não envolvam uma operação cambial (ex. GB e EUA realizando transações com moeda nacional) 3
4 Problema 2: conceito de residência convenção -> em princípio é o local onde indivíduos, empresas e instituições realizam suas transações. Ex.: GM nos EUA versus GM do Brasil Quem não é residente: turistas, funcionários diplomáticos, pessoal militar em serviço no exterior, imigrantes temporários, estudantes e indivíduos em tratamento médico no exterior. Problema 3: instituições internacionais convenção -> são consideradas não-residentes Problema 4: ouro convenção -> se é utilizado como reserva ( ouro monetário ) pela AM é registrado como se fora uma transação internacional (como uma importação); se é vendido no mercado interno ou externo para fins industriais é tratado como uma mercadoria qualquer. Problema 5: cobertura e abrangência na prática o BP não registra todas as operações com estrangeiros. Erros e Omissões (EO): é uma conta de ajuste, derivada do fato de que nem todas as contas são contabilizadas com precisão. Lógica Contábil: BP + KC = O ou BP = - KC Por definição: BP (acima da linha) = TC + KA EO = - KC - (TC + KA) Exemplo: BP do Brasil em 1996 TC = US$ - 24,3 bilhões KA = US$ 32,1 bilhões KC = US$ - 8,7 bilhões EO = 8,7 - (-24,3 + 32,1) = 0,9 Problema 6: valoração decorre de procedimentos incorretos de registro, normalmente com o intuito de evasão de impostos. Ex.: subfaturamento de importações e superfaturamento de exportações Problema 7: classificação Há vários critérios de classificação das operações Contábil: as contas do BP podem ser classificadas de acordo com o agente responsável pela transação (indivíduos, empresas, bancos, governos, etc.) pela natureza da operação (correntes ou de capital). Transações Autônomas versus Compensatórias autônomas - independem das dificuldades de fechamento do BP, estando associadas às motivações comerciais e financeiras. Ex.: exportações e importações de bens e serviços, empréstimos, investimentos, etc. compensatórias - objetivam corrigir desequilíbrios do BP => convenção: combinação dos dois critérios 4
5 Problema 8: timing dos registros quando uma operação (X ou M) deve ser contabilizada? Quando é contratada? Quando é paga? Quando a mercadoria efetivamente entra ou sai do país? convenção -> há a contabilização quando as autoridades alfandegárias registram a operação. Método das partidas dobradas Pelo método das partidas dobradas, para cada registro de débito (crédito) em uma operação deve corresponder a um registro contrário de crédito (débito). Deriva-se deste método, dois conjuntos de contas: as operacionais e as contas de caixa. 1. contas operacionais: correspondem aos fatos geradores de pagamentos e recebimentos de recursos. São as X, M, fretes, seguros, TU, amortizações, etc. Onde (+) crédito é a entrada de divisas; e (-) débito é a saída. 2. contas de caixa: registram variações nas reservas internacionais. SÍNTESE RESERVAS CONTA ENTRADA SAÍDA Operacional Crédito (+) Débito (-) Caixa Débito (-) Crédito (+) São contrapartidas das contas operacionais. Logo os lançamentos são inversos: (-) débito é aumento; (+) crédito é redução de reservas 4. Registro no BP: um exemplo numérico Operação 1: exportação de mercadorias no valor de US$ milhões registra-se um crédito na conta de X do BTC e um débito, de mesmo valor, na conta (compensatória) de haveres de curto prazo no exterior. Operação 2: importação de mercadorias a vista no valor de US$ milhões; e de equipamentos financiados a longo prazo no valor de US$ 30 milhões a operação a vista é debitada no BC e creditada em haveres de curto prazo; a operação financiada é debitada no BC e creditada em empréstimos e financiamentos. Operação 3: pagamento à vista, ao exterior: US$ 509 milhões em viagens internacionais; US$ 926 milhões em transporte; e US$ 117 milhões em seguros debita-se em BS e credita-se em haveres de curto prazo Operação 4: remessa ao exterior em dinheiro, de US$ milhões de lucros e US$ milhões de pagamentos de juros da dívida debita na BS e credita haveres de curto prazo Operação 5: recebimento de US$ 918 milhões como receita de juros, em dinheiro credita na BS e debita haveres de curto prazo 5
6 Operação 6: pagamento de serviços diversos no valor de US$ milhões debita BS e credita haveres de curto prazo. Operação 9: obtenção de empréstimo, em dinheiro, no valor de US$ milhões credita em Empréstimos; debita em Haveres de Curto Prazo. Operação 7: recebimento de donativos em dinheiro no valor de US$ 86 milhões e doação de US$ 30 milhões em mercadorias credita em Donativos (TU) e debita haveres de curto prazo; credita exportações e debita em Donativos Operação 8: realização no exterior de investimento, em dinheiro de US$ 143 milhões; recebimento de investimento de US$ 328 milhões Operação 10: pagamento de amortização de dívida, em moeda, no valor de US$ milhões em mercadorias debita Amortizações; credita Haveres de Curto Prazo Operação 11: recebimento de capitais de curto prazo no valor de US$ milhões e US$ 20 milhões em outros capitais credita as respectivas contas; debita Haveres de Curto Prazo Operação 12: Erros e Omissões apuradas pelo Bacen em US$ 56 milhões debita e credita Investimento; o saldo líquido (positivo) é debitado em haveres de curto prazo Conta/Operação Total Exportações Importações Viagens Internacionais Transporte Seguros Lucros Juros - despesas receitas 918 Serviços Diversos Dontativos Investimentos - no exterior no Brasil 328 Empréstimos e Financiamentos Amortizações Capitais a curto prazo Outros capitais Erros e Omissões Haveres de Curto Prazo BC - BALANÇA COMERCIAL Exportações Importações BS - BALANÇO DE SERVIÇOS Viagens Internacionais -509 Transporte -926 Seguros -117 Rendas de Capital Lucros Juros Serviços Diversos TU - TRANSFERÊNCIAS UNILATERAIS 56 STC - SALDO DO BP EM TC = BC + BS + TU KA - MOVIMENTO DE CAPITAIS AUTÔNOMOS Investimentos 185 Empréstimos e Financiamentos Amortizações Capitais a curto prazo Outros capitais 20 EO - ERROS E OMISSÕES 56 BP - SALDO DO BP = STC + KA + EO KC - MOVIMENTO DE CAPITAIS COMPENSATÓRIOS Haveres de curto prazo no exterior Finanças Internacionais e Câmbio Taxa de Câmbio: conceito Problema da liquidez: Como ajustar desequilíbrios de posições entre duas economias? Como o cada tipo de ajuste ( E, R, A) afeta os lados real e monetário das economias? Quais os arranjos de PE ideais? Taxa de câmbio: é a medida pela qual a moeda de um país qualquer pode ser convertida em moeda de um outro país -> ela é necessária para viabilizar os pagamentos internacionais, na medida em que não há uma moeda internacional de curso forçado. 6
7 Determinação da Taxa de Câmbio Regimes Cambiais As taxas de câmbio dependem: (i) do regime cambial - que são as regras legais que balizam a utilização das divisas por residentes e nãoresidentes; e (ii) da oferta de divisas - resultado da entrada de cambiais a partir de exportações, IDE, empréstimos recebidos, etc.); (iii) da demanda de divisas - gerada por gastos com importações, pagamentos diversos, remessas de lucros, juros, dividendos, etc. Câmbio Fixo - a AM fixa a taxa de câmbio - que passa a ser o parâmetro para todas as transações com divisas - e se responsabiliza em ofertar e comprar divisas àquela taxa. Câmbio Flexível - o mercado (oferta x demanda) determina o valor da moeda estrangeira; Câmbio administrado ou flutuação suja - o governo intervém no mercado, de forma aleatória (não tem parâmetros pré-definidos) ou sistemática ( bandas cambiais, arranjos cooperativos, etc.) Taxas de Câmbio Real e Nominal Por que a taxa de câmbio flutua? Por motivos transacionais, vinculados ao aumento da demanda/oferta de divisas; Por motivos especulativos (câmbio como ativo financeiro). Os anteriores estão condicionados pelos regimes cambiais ( fixo, flutuante e administrado ). Taxa de Câmbio Nominal - expressa o valor externo da moeda (com referência a outra) em unidades monetárias. Taxa de Câmbio Real - expressa o poder de compra da moeda em suas transações externas. Depende da taxa nominal e das inflações doméstica e externa (PPC). Taxa Real e Efetiva de Câmbio Taxas de Câmbio Real É um indicador mais amplo do poder real de compra da moeda nacional, pois considera um conjunto de parceiros internacionais (a taxa real leva em conta só um parceiro - é bilateral - R$ versus US$, por exemplo). É o somatório das taxas reais, ponderadas pelo peso do país no comércio bilateral. A taxa de câmbio nominal (E) é o preço de uma moeda com relação a outra. Já a taxa real de câmbio (e) ao relativo de preços entre produto nacional e estrangeiro, sendo uma medida-síntese de competitividade comparada. e = (E. P*)/P ou seja: qual o preço relativo de um produto estrangeiro em termos de uma moeda nacional. 7
8 Exemplo: Considere-se: (i) uma taxa de câmbio R$ = 2,00 para cada US$ 1; (ii) que só há um produto, o automóvel, que custa R$ 30 mil no Brasil e US$ 12 mil nos EUA. 1. Com essas informações pode-se calcular a taxa real de câmbio: e = (2 * 12)/30 = 0,8 2. O que acontece se, coeteris paribus, o Brasil torna-se mais eficiente e o preço do automóvel cai para R$ 24 mil? e2= (2 * 12)/24 = 1 -> houve uma depreciação real da taxa de câmbio, de modo que os produtos brasileiros ficaram relativamente mais baratos. 3. E se houver inflação de 100% no Brasil e 0% nos EUA, sem que E se altere? e = (2 * 12)/60 = 0,4 -> temos uma apreciação real, o que implica produtos brasileiros mais caros. Teoria: PPC e PJ 1. Teoria da Paridade Poder de Compra (PPC) : a abordagem da paridade poder de compra (PPC) sugere que no longo prazo a taxa de câmbio nominal deve refletir os preços relativos de duas moedas. Ela está baseada na lei do preço único, segundo a qual, em condições de livre mobilidade de fatores, arbitragem faz com que os preços de um mesmo bem devam ser iguais em dois países. Assim, se (com livre concorrência e livre mobilidade): (i) um computador custa US$ nos EUA (ii) e R$ no Brasil A taxa de câmbio nada mais será do que R$ 3,00 para cada US$ ou US$ 0,33 para cada real, ou seja: E = P/P* Qualquer divergência de curto prazo nos preços seria eliminada pela arbitragem. Esta é a versão absoluta da PPC. Em sua versão relativa, a PPC sugere que: E = Π - Π*. Assim, para que a PPC se sustente ao longo do tempo, o câmbio nominal deve refletir as diferenças de inflação. Se ao longo de um ano qualquer, a inflação no Brasil for 10% e nos EUA 5%, a taxa de câmbio nominal deverá se depreciar em 5% para manter a PPC. 2. Abordagem da Paridade de Juros: mais de 95% das transações cambiais envolvem ativos financeiros e não bens e serviços (o que está por trás da análise da PPC). Assim, em um mundo com elevada mobilidade de capitais, a oferta e demanda de divisas (e, portanto, seu preço, E) dependerá da taxa de retorno ajusta ao risco de cada ativo. 8
9 i (taxa de juros) O câmbio de equilíbrio na abordagem da Paridade de Juros é aquele que torna o investidor indiferente a se posicionar entre duas moedas quaisquer, na medida em que iguala seus retornos, onde: i A Relação de paridade de juros (dados i*, E e ) i = i* + E e + Φ E apreciação depreciação onde Φ reflete o risco-país e custos de transação. E (taxa de câmbio) Câmbio como Ativo Paridade Descoberta i = i* + E, com Ee Paridade Coberta i = i* + E, com Ef (contratado) i i* = E i = i* + E + ρ (ajustado pelo risco) Exemplos com base no Real Exemplo 1 = investidor americano quer aplicar US$ 100 milhões. (i) i US$ = 3% (ii) i R$ = 15% (sem risco-país) (iii) R$/US$ = 3,00 (iv) Ee -> 3,30 (depreciação esperada de 10%) Passo 1 (converter em Reais): US$ 100 * R$/US$ = 3 = 300 Passo 2 (capitalizar) = R$ 300 * 1,15 = R$ 345 Passo 3 (reconverter) = R$ 345/3,30 = US$ 104,56 Passo 4 = Retorno em dólares = (104,5 100)/100 = 4,56 = 5% Retorno em dólares = retorno em Reais desvalorização (Real ou apreciação do dólar) 5% = 15% - 10% -> ceteris paribus, a desvalorização do Real (apreciação do dólar) reduz o rendimento do aplicador estrangeiro no Brasil. Exemplo 2 = investidor americano quer aplicar US$ 100 milhões. (i) i US$ = 3% (ii) i R$ = 15% (sem risco-país) (iii) R$/US$ = 3,00 (iv) Ee -> 3,1 (depreciação esperada de cerca de 4%) Passo 1 (converter em Reais): US$ 100 * R$/US$ = 3 = 300 Passo 2 (capitalizar) = R$ 300 * 1,15 = R$ 345 Passo 3 (reconverter) = R$ 345/3,10 = US$ 111,29 Passo 4 = Retorno em dólares = (111,29 100)/100 = 11,29= 11% 9
10 Exemplo 3 = investidor americano quer aplicar US$ 100 milhões. Retorno em dólares = retorno em Reais desvalorização (do Real) 11% = 15% - 4% -> ceteris paribus, uma redução na taxa esperada de depreciação do Real, amplia o retorno dos investidores estrangeiros (i) i US$ = 3% (ii) i R$ = 15% (sem risco-país) (iii) R$/US$ = 3,00 (iv) Ee -> 2,90 (apreciação de cerca de 4%) Passo 1 (converter em Reais): US$ 100 * R$/US$ = 3 = 300 Passo 2 (capitalizar) = R$ 300 * 1,15 = R$ 345 Passo 3 (reconverter) = R$ 345/2,90 = US$ 118,96 Passo 4 = Retorno em dólares = (118,96 100)/100 = 18,96= 19% (= 15% + 4%, juros em reais + apreciação do Real) 5. A CC e os Agregados Nacionais Pretende-se aqui explorar as implicações de algumas relações contábeis entre os resultados das contas externas, especialmente, em transações correntes, e as contas nacionais. Abordagens: 5.1 Dívida Externa 5.2 Absorção 5.3 Investimento - Poupança 5.1 BTC e Variações da Dívida Externa Pressuposto contábil: cada crédito corresponde um débito. Tem-se que o saldo de todas as contas do BP deve, necessariamente, ser nulo, ou seja: BP -> BTC + MK = 0 ou TC = - MK 2. BTC < 0 -> MK > 0 Casos possíveis: 1. BTC > 0 -> MK < 0 -> o superávit em TC gerou um acúmulo de ativos externos líquidos em poder dos residentes do país. Em outras palavras, como o país vendeu mais bens e serviços do que comprou, dos respectivos pagamentos resulta aumento da exportação de capitais e/ou ingresso líquido de reservas. -> quando o país tem déficit no BTC (compra mais B&S do que vende), aumenta suas obrigações com o resto do mundo (MK>0), ou seja, há endividamento. Neste caso: ou o país vende ativos (IDE, portfólio) ou se endivida (capitais autônomos ou empréstimos oficiais) ou perde reservas. 10
11 Exemplo: Dívida Externa do Brasil em Uma forma teoricamente mais saudável de financiar os déficits em TC é via IDE, donde se retira o conceito de necessidade de financiamento externo NFE = déficit em TC - IDE BTC = BC + BS + TU -33,5 = (-8,4) + (-27,3) + 2,2 Em US$ bilhões Assim, o crescimento das obrigações brasileiras com o resto do mundo, em 1997, foi de: BTC = - MK = - 33,5 Qual a NFE? Sabe-se que o IDE foi de 17,1 NFE = 33,5-17,1 = 16,4; ou seja: 51% do déficit em TC foi coberto com IDE e 49% ficou a descoberto (na realidade foi financiado com mais endividamento) Investimentos estrangeiros diretos (IED), Transações correntes (TC) e Necessidade de financiamento externo (NFE) Acumulado em 12 meses 5.2 Abordagem da Absorção ' Analisa as relações em transações correntes como um fenômeno do mercado de bens e serviços. Fundamento analítico keynesiano: a demanda agregada determina o nível de produção e emprego economia fechada: economia aberta: Yd = C + I + G Yd = C + I + G + (X-M) IED Déficit TC NFE Ótica Macroeconômica Em uma análise de macroeconomia aberta, surgem duas possibilidades: 1ª) trocas de bens e serviços (não-fatores) com o resto do mundo, que determinam as exportações líquidas (X-M); 2ª) acesso à poupança externa, que é a contrapartida de déficits em transações correntes. X: estímulo de demanda M: vazamentos de emprego e renda (que são estimulados no exterior) Chama-se de absorção (A) o componente doméstico da demanda agregada (Yd), ou seja, os gastos privados e públicos com Consumo e Investimento (C + I + G) PIB pela ótica da demanda: Yd = A + (X-M) 11
12 PIB versus PNB PNB = PIB + RLRE, onde A Renda Líquida Recebida do Exterior (RLRE) refere-se a diferença entre o que se recebe (propriedade de residentes) e o que se paga (propriedade de nãoresidentes) na utilização de fatores de produção. RLRE = Rendas de Capitais (lucros, dividendos e juros) + Serviços Fatores + Transferências Unilaterais Quando RLRE > 0 -> PNB > PIB (caso dos países desenvolvidos) Quando RLRE < 0 -> PNB < PIB (caso dos países em desenvolvimento) Dadas as definições contábeis anteriores, temos que: PNB = A + (X - M) + RLRE, Conclusões possíveis: Já que o saldo em transações correntes (BTC) é dado pela diferença entre as receitas com a exportação de bens e serviços (fatores e não-fatores) e as despesas, mais as TU, temos que: BTC = (X - M) + RLRE Com isso -> PNB = A + BTC -> BTC = PNB - A 1ª) Se PNB < A, tem-se que TC < 0 (déficit), ou seja, os gastos domésticos em consumo e investimento superam a produção doméstica. O país está usando recursos do resto do mundo e, assim, endividando-se (usando poupança externa). 2ª) Se PNB > A, tem-se que TC > 0 (superávit), a renda doméstica excede os gastos domésticos. O resto do mundo poderá usar essa poupança excedente. Aplicação: Modelo de Absorção no Brasil em Dados (em US$ milhões): (X - M) = ; RLRE = ; PIB = Qual a Absorção (A) em 1997? 1) PNB = PIB + RLRE -> PNB = = ) BTC = PNB - A -> A = PNB - TC ( ) = Ou seja: a absorção excedeu a renda em 4,2% no ano de Investimento, Poupança e TC Há duas formas de interpretar um déficit em STC: ótica da absorção: o país gasta mais do que produz ótica da IS: o país investe mais do que poupa PNB = C + I + G + (X - M) + RLRE Considerando que, com governo temos: PNB = Ydisp + T (renda do setor privado + renda do governo) Ydisp = C + S -> C = Ydisp - S Rearanjando: (X - M) + RLRE = (S - I) + (T - G) como BTC = (X - M) + RLRE 12
13 Implicações do Déficit em TC Logo: BTC = (S - I) + (T - G) Quando BTC < 0, o país investe mais do que poupa (domesticamente) e, assim, está utilizando a poupança externa. Quando BTC > 0, o país poupa mais do que investe (domesticamente) e, assim, está gerando poupança para o resto do mundo. Os déficits em TC podem estar relacionados com: 1) aumento da dívida externa: TC = - MK 2) excesso de absorção: TC = PNB - A 3) escassez de poupança interna: TC = (S - I) + (T - G) Ajuste do BP Isto gera sugestões de política econômica. Por exemplo, se (2) é verdadeiro, uma forma de combater o déficit é reduzindo a A, ou seja, causando uma recessão. Se (3) é verdadeiro, o problema pode ser fiscal, ou seja, o governo está despoupando. Se (1) é verdadeiro, o país está se endividando. 1) restrições às importações (tarifárias, quantitativas, não-tarifárias, etc.) 2) promoção de exportações (subsídios, etc.) 3) controle da saída de capitais e de rendimentos 4) aumento da taxa interna de juros (que reduz absorção e/ou atrai capitais autônomos) 5) redução do nível de atividades interna (recessão) 6) desvalorização da taxa real de câmbio. As Contas Externas no Plano Real O período foi marcado por déficits em TC e, assim, pelo acúmulo de passivos frente ao resto do mundo (dívida + estoque de investimento externo) Depois de 1999, com a desvalorização cambial, o desempenho comercial começou melhorar, culminando com superávits em TC, em Houve um ajuste de fluxos. Porém, permanecem os desequilíbrios de estoque, capturados nos indicadores de liquidez e solvência externa. Indicadores Derivados para a Análise das Contas Externas I. Indicadores de liquidez externa Consideram: (i) no numerador: indicadores sobre o tamanho dos passivos (dívida e capital) (ii) no denominador: reservas internacionais 13
14 (1) Passivo externo de curto prazo/reservas Numerador: dívida externa de curto prazo + estoque de investimento de portfólio Denominador: reservas (com ou sem FMI) (2) Indicador Standard & Poors Numerador: necessidades brutas de financiamento externo (NBFE) => saldo em transações correntes + o principal vencível da dívida externa de médio e longo prazo nos próximos 12 meses + estoque da dívida de curto prazo Denominador: reservas (3) Indicador Standard & Poors Ampliado (Cecon) Numerador: necessidades brutas de financiamento externo (NBFE) + estoque de investimento de portfólio estrangeiro Denominador: reservas Indicadores Alternativo de Liquidez Dívida ext. de curto prazo/reservas => quanto maior, mais frágil o país. Quanto menor, maior capacidade das reservas internacionais cobrirem as dívidas de curto prazo. No final de 2004, tínhamos: Argentina (0,8), Brasil (0,7) e México (0,5) Outros emergentes: 0,1 na Índia e China; 0,3 na Rússia e 0,4 na Coréia. Indicadores de Solvência São estimativas da vulnerabilidade externa do País no médio e longo prazo, cuja redução depende da capacidade de geração de divisas da economia via exportações. 14
15 Indicador 1: PEL/X Numerador: O Passivo Externo Bruto (PEB) = estoque de dívida externa + estoque de investimento de portfólio + estoque IDE. O passivo externo líquido (PEL): PEB - ativos externos (reservas internacionais, haveres dos bancos brasileiros no exterior e crédito brasileiros no exterior). Indicador 2: Dívida externa líquida total/exportações Indicador 3: Serviço do Passivo Externo/exportação Numerador: juros + amortização da dívida Indicador 4: Juros/exportações É uma versão mais restrita de 3, pois só considera a taxa de juros. Outros Indicadores M2/reservas internacionais => captura o potencial de conversão de ativos denominados em moeda doméstica com respeito ao volume de reservas. Quanto maior o indicador mias frágil o país em um contexto de fuga de capitais. Perfil da dívida externa: dívida externa curto prazo/dívida externa total => quanto maior o indicador pior o perfil de pagamentos. Exemplo: Agências de Rating Instituições públicas ou privadas que coletam informações e analisam o risco de crédito de ativos financeiros. Ratings: permitem a uniformização das informações e sua disseminação por entre os participantes dos mercados. A especialização dos seus serviços gera economias de escala e escopo. Variáveis que são levadas em conta na análise de risco de crédito de: 1. Empresas: situação do mercado, qualidade da administração, viabilidade econômico-financeira do ativo (projeções de fluxo de receitas e despesas) e da empresa (análise retrospectiva -> balanços ), qualidade das garantias reais, etc. 2. Países: variáveis macroeconômicas (crescimento, DSP/PIB, Divest/X, reservas, M2/Reservas, receitas e despesas públicas, etc.), políticas e institucionais. 15
16 O RATING Principais agências privadas internacionais que analisam o risco soberano: 1. Moody s 2. Standard & Poors (S&P) 3. Fitch O que se classifica? (i) o país emissor; e (ii) o ativo específico. O ativo pode ter uma classificação melhor do que o país, dependendo da sua estrutura e qualidade das garantias. 1. Sinalizam a probabilidade de não cumprimento das condições acordadas para o pagamento do ativo (moratória) (i) não pagamento de juros e/ou principal no prazo; (ii) reestruturação das condições originais ( involuntária = redução do valor do principal) 2. Avaliam o governo central (e não os créditos bilaterais com FMI, BIR, BID, etc., os governos sub-nacionais, as empresas controladas pelo governo, e as privadas) O RATING: TAXONOMIA 1. A taxonomia varia em cada agência. 2. Normalmente são escalas de A, B... (i) S&P e Fitch escalas vão de AAA (melhor) até D (pior) (ii) Moody s Aaa (melhor) até C (pior) 3. Grau de investimento (investment grade) (i) S&P e Fitch acima de BBB- (ii) Moody s acima de Baa3 4. Grau de especulação: abaixo dos parâmetros acima. 5. Diferenciação: S&P e Fitch (+,-); Moody s (1,2,3), os níveis extremos não são diferenciados. 6. Perspectiva (outlook): direção provável da avaliação no médio prazo (1 a 3 anos), que pode ser: positiva, negativa, estável ou em desenvolvimento. (i) Moody s - Watchlist (ii) Standard & Poors (S&P) - CreditWatch (iii) Fitch RatingAlert. 7. Divulgação: os ratings soberanos são, normalmente, públicos. Eles orientam os investidores. S&P Fitch Moody s 1. Grau de Investimento AAA AAA Aaa AA+ AA+ Aa1 AA AA Aa2 AA- AA- Aa3 A+ A+ A1 A A A2 A- A- A3 BBB+ BBB+ Baa1 BBB BBB Baa2 BBB- BBB- Baa3 2. Grau Especulativo BB+ BB+ Ba1 BB+ BB+ Ba2 BB- BB- Ba3 B+ B+ B1 B B B2 B- B- B3 CCC+ CCC+ Caa1 CCC CCC Caa2 CCC- CCC- Caa3 CC CC - C C - SD 1 DDD 3 Ca 4 D 2 DD C - D - Fonte: Bathia, 2002 (IMF) (1) Moratória Parcial (2) Moratória. (3) Moratória com possibilidade de recuperação parcial. (4) Moratória com baixa possibilidade de recuperação parcial. ASPECTOS OPERACIONAIS Etapas Operacionais da Definição do Rating: (i) avaliação da conjuntura analistas visitam o país e avaliam in loco a situação econômica e política (funcionários do governo, acadêmicos, analistas privados, jornalistas, oposição, etc.) + variáveis quantitativas + projeções (Consensus Forecast, FMI, etc.) (ii) quantificação dos fatores avaliados por meio de um modelo de pontuação) com base em (i) gera-se um Relatório de Análise (iii) votação do comitê 16
17 17
18 7 6,9 6,4 Brasil: crescimento sustentável ou stop and go? 1. A tese do crescimento sustentável é consistente? 2. Necessidade de coerência entre política macro e estratégia de desenvolvimento. 3. Riscos Instabilidade (interna e/ou externa) -> choque macro conservador (aperto monetário e fiscal) -> maior volatilidade no crescimento. Crescimento do PIB sobre o mesmo período do ano anterior (%, ) ,8 STC 12MM, US$ bilhões 12 10,7 10,6 10, ,5 9,4 9,1 Média: 6,7% Desvio: 2,1 90,7 84,3 8 8,4 7,6 7,6 80-0,7 6,2 6,2 6,1 5,8 5,5 5,4 6 5,2 5,2 4,9 4,7 4,6 4,5 4,5 4, ,2 28,1 19,9 19,716,4 13,3 9,6 5,4 3,0 2,4 2,4 2,2 1,0 4 3,4 0,7 2 0 Peru Cingapura China Turquia Venezuela Argentina Paquistão Hong Kong India Rússia Rep. Tcheca Taiwan Coréia Arábia Saudita Filipinas Chile México Colômbia Malásia Israel Egito Tailândia Indonésia África do Sul Hungia Polônia Brasil China Arábia Saudita Rússia Cingapura Venezuela Malásia Hong Kong Taiwan Brasil Coréia Argentina Indonésia Filipinas Israel Egito Peru Chile Tailândia Colômbia Rep. Tcheca Paquistão Polônia México Hungia África do Sul India Turquia -1,9-13,3-25,5-3,7-2,6-10,1-4,2-5,7-8,0 18
19 Reservas Cambiais, US$ bilhões ( ) 12 10, Taxa de Juros Reais (deflacionadas pelo IPC, % aa) Média: 2,0 Desvio-Padrão: 2, ,9 4, ,8 3,7 3,6 3,4 3, ,7 2,4 2,3 2,2 0,6 1,9 1, 8 1,8 1,7 1,6 1,2 1, 0 0, China Taiwan Rússia Coréia India Cingapura Hong Kong México Malásia Brasil Turquia Tailândia Polônia Indonésia Rep. Tcheca Arábia Saudita Israel Venezuela Egito Hungia África do Sul Argentina Filipinas Chile Colômbia Peru Paquistão -2-4 Brasil Turquia Egito Hungia México África do Sul Polônia Arábia Saudita Hong Kong Paquistão Coréia Cingapura China Rússia Colômbia Israel Peru Chile Filipinas India Taiwan Rep. Tcheca -0,7 Tailândia -0,7 Malásia Venezuela -0,7-0,8 Argentina Indonésia -1,6-1,9 Inflação (IPC 12MM, %) ,4 Média: 4,9 Desvio-Padrão: 3,7 11,6 11,4 10 8,8 7,1 6, ,6 4,6 4,1 3,8 3,7 3,7 3,4 3,2 2,9 2,8 2,3 2 1,8 1,6 1,2 1,2 1,2 0,7 Indonésia Argentina Venezuela Rússia Turquia F ilip in a s Paquistão Tailândia India Malásia Brasil C o lô m b ia Israel C h ile Egito África do Sul México Peru Rep. Tcheca Hungia Coréia Hong Kong Arábia Saudita China Cingapura Taiwan Polônia Crescimento: Brasil - Mundo (%, ) 1,0 0,5 0,5 0,0-0, ,0-1,5-2,0-1,4-1 -0,4-1,3-1,2-0,4-1,4-1,2-2,5-3,0-3,5-4,0-2,7-2,9 FHC: -1,3% Lula: -2,0 % -3,6-2,5 19
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