Identificação De Fungos Associados Às Sementes De Dilodendron bipinnatum Radlk.

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1 Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 10 a 12 de novembro de 2010 Identificação De Fungos Associados Às Sementes De Dilodendron bipinnatum Radlk. Daniela Cleide Azevedo de Abreu 1, Lucas Pimenta Gonçalves 2, Jocasta Souza Prado 2, Maristela dos Santos Rey 4 1 Orientadora, docente dos cursos de Engenharia e Agronomia, UEG/UnU Ipameri, , Brasil, daniela.abreu.ueg@gmail.com 2 Discentes do curso de Engenharia Florestal, UEG/UnU Ipameri, , Brasil, goncalves.pimenta@hotmail.com 3 Co-orientadora, docente dos cursos de Engenharia e Agronomia, UEG/UnU Ipameri, , Brasil, maris_rey@yahoo.com.br Palavras-chave: Sapindaceae, sementes florestais, patógenos, saprófitas, armazenamento. 1 INTRODUÇÃO Dilodendron bipinnatum Radlk., pertencente à família Sapindaceae, ocorre nos estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo, na Floresta Estacional Semidecídual. É uma espécie semidecídua, heliófita, pioneira e característica da formação vegetacional do Brasil Central. Atinge de 6 a 15 m de altura, com tronco revestido por casca lisa, acinzentada. Suas folhas são alternas espiraladas, compostas bipinadas, de 30 a 45 cm de comprimento. As flores são amarelas, dispostas em panículas terminais grandes. O fruto é do tipo cápsula oblongo-costada, contendo três sementes escuras e parcialmente cobertas por arilo esbranquiçado (LORENZI, 1992; POOT e POOT, 1994). A árvore é exuberante, fornecedora de boa sombra e ótima para o paisagismo em geral. Seus frutos são muito procurados por pássaros que consomem o arilo que envolve as sementes. Por essa razão é de extrema importância na composição de florestas heterogêneas destinadas à recomposição

2 de ecossistemas degradados (LORENZI, 1992). A utilização de espécies nativas para a recuperação de ecossistemas degradados e a manutenção da avifauna silvestre tem aumentado a demanda por sementes e mudas florestais nos últimos anos. Segundo CARNEIRO (1987) a falta de informações sobre a qualidade sanitária das sementes vem ocasionando perdas na produçao de mudas. A aquisição de mudas de ótima qualidade é fundamental que se conheça a sanidade e qualidade da semente, pois a mesma poderá ser o veículo de propagação e disseminação de microorganismos em áreas ainda não existentes (CARNEIRO, 1986). O dano mais frequente causado por fungos patogênicos associados às sementes é a deterioração, ocasionado a perda capacidade germinativa das sementes. O patógerno também pode também pode ser transmitido à plântula, causando tombamento, morte em pré-emergência e podridões radiculares (SOAVE e WETEZEL, 1987) e a presença de alguns fungos saprófitas durante o armazenamento favorecem a deterioração das sementes (MACHADO, 1988). Este trabalho teve como objetivo identificar os fungos associados às sementes de maria-pobre (Dilodendron bipinnatum Radlk.). 2 MATERIAL E MÉTODOS Os frutos de Dilodendron bipinnatum Radlk. foram colhidos de dez matrizes nos meses de setembro e outubro de As matrizes estão localizadas no município de Ipameri - GO. Para a colheita dos frutos, foram adotadas as recomendações de FIGLIOLIA e PIÑA-RODRIGUES (1995) quanto à utilização de árvores fenotipicamente superiores e distantes entre si de pelo menos 20 m. Após a colheita, os frutos foram transportados para o Laboratório de Sementes Florestais da UEG, UnU Ipameri, para fins extração, beneficiamento das sementes e instalação das atividades experimentais. Para a extração das sementes, os frutos foram espalhados em bandejas de plásticos e identificados por matriz. Em seguida, as bandejas foram colocadas ao sol para a abertura dos frutos. Com a abertura dos frutos secos houve a liberação espontânea das sementes. Estas foram retiradas das bandejas e acondicionadas em sacos de papel tipo "Ktaft" devidamente identificadas por lotes e deixadas condições controlada de laboratório (T= 20ºC e U.R. = 45%).

3 O beneficiamento constou da limpeza e a seleção das sementes, retirouse todo material inerte (restos de frutos e galhos secos) e as sementes foram separadas em boas (intactas), chochas, atacadas por insetos e danos mecânicos. As sementes boas de todas as matrizes foram misturadas e homogeneizadas, constituindo um lote representativo da população. Para a identificação dos fungos foi adotado o método de papel-filtro (blotter-test) com seis repetições de 25 sementes. As sementes foram colocadas em caixas de plástico tipo gerbox desinfetadas com álcool 70%, contendo duas folhas de papel-filtro esterilizadas e umedecidas em água destilada e esterilizada. Em seguida, o material foi incubado em câmara a 25 ± 1 C sob regime de luz alternada (12 horas de luz branca fluorescente e 12 horas de escuro), durante sete dias. Após esse período de incubação, foi avaliada a incidência de fungos nas sementes (porcentagem). A identificação dos fungos foi realizada em microscópio estereoscópio e ótico, com auxílio da chave de identificação (BARNET E HUNTER, 1972). 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas sementes de maria-pobre (Dilodendron bipinnatum Radlk.) foram encontrados os seguintes fungos potencialmente patogênicos: Clodosporium sp., Fusarium sp. e Phoma sp. e fungos saprófitas: Penicillium sp., Rhizopus sp., Aspergillus sp., Chaetomium sp. e Trichoderma sp. (Figura 1). 30 Incid ncia de fungos (%) Penicillium sp. Rhizopus sp. Aspergillus sp. Phoma sp. Cladosporium sp. Fusarium sp. Chaetomium sp. Trichoderma sp. 0 Fungos encontrados nas sementes

4 Figura 1. Incidência (%) de fungos em sementes de Dilodendron bipinnatum Radlk. Dentre os fungos encontrados nas sementes, Penicillium sp. foi o genêro que ocorreu em maiores níves de incidência de contaminação com 28,66%, seguido de 17,33% de Rhizopus sp. e 14,66% de Aspergillus sp. Apesar da baixa porcentagem, houve também incidência de Fusarium sp. com 2,66%. Resultados semelhante foi verificado por LIMA et al. (2009) para as sementes de Jacaratia spinosa (Aubl.) A., esses autores verificaram elevada abundância e diversidade de fungos, desenvolvidos sobre a sarcotesta que reveste a semente. Os gêneros de maior freqüência de ocorrência foram Rhizopus sp. com 100%, Penicillium sp. com 77%, e 41% tanto para Fusarium sp. como para Aspergillus sp. A presença desses fungos saprófitas pode causar o apodrecimento nas sementes. Segundo BORDINI e MIGLIORANZA (2007), Rhizopus, Penicillium, Fusarium e Aspergillus são possíveis causadores de perdas na germinação. Na análise também foram detectados a presença dos fungos Chaetomium sp. e Trichoderma sp. com 2% de incidência cada gênero, 8% de Phoma sp. e 6% de Cladosporium sp. Como dememonstrado neste trabalho, outros autores já evidenciaram a presença do genêro desses fungos em sementes de espécies florestais. Para as sementes de baru (Dipteryx alata Vog.), SANTOS et. al. (1987) verificaram os seguintes fungos associados às sementes: Aspergillus sp., Penicillium sp., Phomopsis sp., Chaetomium sp., Fusarium sp., Rhizopus sp., Pestalotia sp. e Trichoderma sp. Os gêneros Trichoderma sp. em frutos verdes, frutos e sementes de frutos maduros, já o Phoma sp. foi detectado em sementes de frutos maduros, Cladosporium sp, em frutos verdes e sementes de frutos verdes e em frutos e sementes de frutos maduros de capororoca (Myrsine ferruginea) por REGO et al. (2009). A fonte de inóculo para a infeccção das sementes pode se originar de uma fonte externa, atingindo as flores, frutos e sementes. Este inóculo pode ter várias formas de origem como de outras plântulas, ou da própria planta mãe, do solo, estigma, nectário, parede do ovário, semente, pedúnculo da flor ou fruto e aberturas do frutos (MENTEM e BUENO, 1987). Esses mesmos autores relatam que a cavidade de alguns tipos de frutos podem atuar como câmara úmida, proporcionando o estabelicimento e desenvolvimento dos fungos dentro do fruto, afetando as semenets. A parede dos frutos pode ainda servir como base nutricional para a invasão das sementes.

5 Os estudos da associação de fungos encontrados em maior número e freqüência em sementes de espécies florestais e a avaliação do seu potencial patogênico são de fundamental importância, pois pode fornecer elementos para modelos epidemiológicos, produção de mudas e armazenamento de sementes. Portanto, os dados iniciais do presente trabalho, com sementes de maria-pobre (Dilodendron bipinnatum Radlk.), são pontos de partida para futuras pesquisas nesta área. 4 CONCLUSÃO Conclui-se que no lote de sementes maria-pobre (Dilodendron bipinnatum Radlk.) testado, houve incidência de fungos saprófitas e também potencialmente patogênicos, havendo necessidade de estudos sobre a patogenicidade desses fungos na germinação das sementes e na formação de mudas. 5 REFERÊNCIAS BARNETT, H.L.; HUNTER, B.B. Illustrated genera of imperfect fung. 3.ed. Minessota: Burgess, 1972, 242p. BORDINI, L.; MIGLIORANZA, E. Influência da sarcotesta e da assepsia na emergência e qualidade sanitária de sementes de jaracatiá (Jaracatia spinosa (Aubl) A. DC.). In: ENCON- TRO ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 16., 2007, Maringá. Anais... Maringá: Universidade Estadual de Maringá, CD-ROM. CARNEIRO, J.J. Microflora associada a semente de essências florestais. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v. 11, p , CARNEIRO, J.J. Microflora associada a semente de essências florestais. In: SOAVE, J. WETEZEL, M.M.V.S. Patologia de Sementes, Campinas: Fundação Cargill, p , FIGLIOLIA, M.B.; PIÑA-RODRIGUES, F.C.M. Manejo de Sementes de Espécies Arbóreas. Série Registros nº 15. São Paulo: Instituto Florestal, LIMA, C.; COSSA, C. A.; NEGRELLE, R. R. B.; BUENO, J. T.; SORACE, M. A. F.; JANANI, J. K. Incidência de fungos fitopatogênicos em sementes de Jacaratia spinosa (Aubl.) A. DC. Revista Brasileira de Agroecologia, v. 4, n. 2, LORENZI, H Árvores Brasileiras: manual de identificação e cultivo de arbóreas nativas do Brasil. v.1, p.321. MACHADO, J.C. Patologia de sementes fundamentos e aplicações. Brasília: MEC/ ESALQ/ FAEPE, p. MENTEL, J.O.M.; BUENO, J.T. Transmissão de patógenos pelas sementes. In: SOAVE, J. WETEZEL, M.M.V.S. Patologia de Sementes, Campinas: Fundação Cargill, p , 1987.

6 POTT, A.; POTT, V.J. Plantas do Pantanal. Brasília, Embrapa, 320 p REGO, S.S.R.; SANTOS, A.F.; MEDEIROS, A.C.S. Fungos associados às sementes de capororoca (Myrsine ferruginea) Myrsinaceae. Nota Científica, Pesquisa Florestal Brasileira, Colombo, n.58, p.85-88, jan./jun., SANTOS, M.F.; RIBEIRO, W.R.C.; FAIAD, M.R.G.; SANO, S.M. Fungos associados às sementes de baru (Dipteryx alata Vog.). Revista Brasileira de Sementes, v. 19, n. 1, p , SOAVE, J. WETEZEL, M.M.V.S. Patologia de Sementes, Campinas: Fundação Cargill, p.