PROCURADORIA GERAL DO ESTADO CONSELHO

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1 PROCESSO GDOC nº /2014 INTERESSADO: MOVIMENTO PGE VALORIZAÇÃO JÁ LOCALIDADE: SÃO PAULO ASSUNTO: PROPOSTA DE ALTERAÇÃO DO ART. 8º DA LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL Nº 724, DE 15 DE JULHO DE 1993 Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Conselheiros, Trata-se de proposta de revogação do art. 8º da Lei Complementar Estadual nº 724, de 15 de julho de 1993, subscrita por 47 (quarenta e sete) Procuradores do Estado. Referido diploma legal dispõe sobre os vencimentos dos integrantes da carreira de Procurador do Estado e dá providências correlatas. A proposta encontra-se assim redigida: Os Procuradores abaixo assinados vem perante Vossas Excelências apresentar proposta de aperfeiçoamento da Gratificação de Atividade Especial GAE mediante alteração na Lei Complementar nº 724/1993 nos termos da minuta e pelas razões que seguem: CONSIDERANDO a necessidade de se possibilitar a aferição da natureza jurídica de cada uma das hipóteses de Gratificação de Atividade Especial GAE em razão de suas peculiaridades. 1

2 CONSIDERANDO a necessidade de aperfeiçoamento da sistemática de recebimento de Gratificação de Atividade Especial GAE pelos procuradores do Estado de São Paulo. PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº Altera a Lei Complementar nº 724, de 15 de julho de 1993, e dá outras providências Artigo 1º - Fica revogado o art. 8º da Lei Complementar nº 724, de 15 de julho de 1993, com a redação dada pela Lei Complementar nº 1113, de 26 de maio de Artigo 2º - Esta lei complementar entrará em vigor na data de sua publicação. Ante o exposto, requerem ao I. Presidente do Conselho a distribuição dos autos conforme regimento interno deste E. órgão para que o assunto possa ser debatido e deliberado pelo colégio a fim de sugerir ao Sr. Procurador Geral do Estado o encaminhamento do anteprojeto de Lei Complementar ao Governador do Estado (sic). Anoto, por oportuno, que referida proposta foi protocolada na Secretaria deste Conselho em 17 de outubro passado e a mim distribuída 13 (treze) dias depois. É o breve relatório. Passo a proferir meu voto. Preambularmente, solicito que a Presidência deste E. Conselho, tão logo receba requerimentos, propostas e representações dirigidos a este órgão, determine a sua imediata distribuição a um dos membros deste colegiado, em observância e cumprimento ao disposto no art. 5º, VI, do Regimento Interno do Conselho da PGE, evitando-se, desta sorte, dilações indevidas no processamento e deliberação de matérias por 2

3 este órgão de direção superior da Procuradoria Geral do Estado, tal como a verificada em relação à proposta de anteprojeto de lei ordinária que dispõe sobre a instituição de auxílio-saúde aos Procuradores do Estado de São Paulo, apresentada pela Associação dos Procuradores do Estado de São Paulo APESP em 19 de setembro de 2014 (GDOC nº /2014), e que, indevida e injustificadamente, foi enviada ao Instituto de Assistência Médica do Servidor Público Estadual IAMSPE em 25 de setembro de , antes da distribuição a um conselheiro, que, ao seu juízo, poderia, ou não, por competência própria, requisitar elementos necessários ou úteis ao exame de matéria submetida ao Conselho (cf. art. 6º, XV, do Regimento Interno do Conselho da PGE). Feito esse necessário apontamento, transcrevo o comando do art. 8º da Lei Complementar Estadual nº 724, de 15 de julho de 1993, cuja revogação se alvitra: Artigo 8º - A Gratificação de Função e a GAE, previstas, respectivamente, nos artigos 6º e 7º desta Lei Complementar, serão computadas no cálculo das férias e do décimo-terceiro salário, na conformidade dos 2º e 3º do artigo 1º da Lei Complementar n. 644, de 26 de dezembro de Parágrafo único - Sobre as gratificações aludidas neste artigo não incidirão vantagens de qualquer natureza. Polemiza-se em torno da natureza jurídica da Gratificação de Atividade Especial (GAE). Entendo que a GAE, apesar de deitar reflexos no cálculo das férias e do décimo terceiro salário, por expressa liberalidade do legislador, 1 Referida proposta ainda permanece no IAMSPE até a presente data. 3

4 constitui-se em vantagem mensal e pessoal, não geral, mas meramente ocasional, dependente da presença de requisitos, aferível objetivamente, por meio da inserção e validação dos dados mensais, e não se incorpora aos vencimentos para nenhum efeito, tampouco sobre ela incide a contribuição previdenciária, ambas as vedações por expressa previsão legal, e se aplica única e exclusivamente aos Procuradores em atividade, caracterizando-se, pois, como vantagem transitória propter laborem ou pro labore faciendo. Hely Lopes Meirelles assim define gratificação de serviço propter laborem: Gratificação de serviço (propter laborem) é aquela que a Administração institui para recompensar riscos ou ônus decorrentes de trabalhos normais executados em condições anormais de perigo ou de encargos para o servidor, tais como os serviços realizados com risco de vida e saúde ou prestados fora do expediente, da sede ou das atribuições ordinárias do cargo. O que caracteriza essa modalidade de gratificação é sua vinculação a um serviço comum, executado em condições excepcionais para o funcionário, ou a uma situação normal do serviço mas que acarreta despesas extraordinárias para o servidor. Nessa categoria de gratificações entram, dentre outras, as que a Administração paga pelos trabalhos realizados com risca de vida e saúde; pelos serviços extraordinários; pelo exercício do Magistério; pela representação de gabinete; pelo exercício em determinadas zonas ou locais (...). Essas gratificações só devem ser percebidas enquanto o servidor está prestando o serviço que as enseja, porque são retribuições pecuniárias pro labore faciendo e propter laborem. Cessado o trabalho que lhes dá causa ou desaparecidos os motivos excepcionais e transitórios que as justificam, extingue-se a razão de seu pagamento. Daí por que não se incorporam automaticamente ao vencimento, nem são auferidas na disponibilidade e na aposentadoria, salvo quando a lei expressamente o 4

5 determina, por liberalidade do legislador (Direito Administrativo Brasileiro. 35ª edição. São Paulo: Malheiros, 2009, p. 501). Ou seja, dúvida não há de que a GAE é verba nitidamente indenizatória, não remuneratória, e, como tal, insuscetível de tributação pelo imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza, nos termos do art. 6º da Lei Federal nº 7.713/88, bem como inábil a ser contrastada com o teto remuneratório da carreira de Procurador do Estado, estabelecido no art. 37, XI, da Constituição Federal, por força do 11 do mesmo dispositivo constitucional, eis que a GAE foi instituída por lei. A doutrina entende que verba indenizatória visa a recompor o dano sofrido pelo beneficiário, quer por dispêndio material, quer por abrir mão do gozo de um direito assegurado, ou ainda pela assunção de função extraordinária em relação às habituais, conforme salienta o citado e celebrado administrativista Hely Lopes Meirelles, ao contrário de verba remuneratória, que equivale à contraprestação por serviços prestados, traduzindo acréscimo patrimonial ao prestador. A propósito, vale conferir a distinção apresentada por Deborah Koliski Vons, no estudo intitulado Verba remuneratória e indenizatória. Conceito, espécies e efeitos, publicado em Elucida a autora: Os termos remuneração e indenização possuem marcantes distinções. A diferença está na causa e no fato gerador. A indenização tem como escopo ressarcir um dano ou compensar um prejuízo ensejado pelo empregador ao empregado. A remuneração tem como causa o trabalho efetivamente prestado ou a disponibilidade do empregado perante o seu empregador. O salário é devido sem vinculação com qualquer dano. A indenização, por sua vez, não se destina a retribuir um serviço prestado. 5

6 A baliza também pode ser feita segundo a finalidade dos dois institutos. Segundo Amauri Mascaro NASCIMENTO, a indenização colima recompor um bem jurídico ou um patrimônio. O salário não tem tal finalidade, mas sim, a de remunerar um serviço prestado pelo trabalhador, aumentando, assim, o seu patrimônio. Tal distinção é de suma importância, vez que o salário e seus complementos acarretam um efeito reflexivo em outros pagamentos, tais como 13o. salários, FGTS, adicionais, etc. Quanto à indenização, esta não sofre qualquer incidência em outros pagamentos consectários. Vê-se que a verba indenizatória geralmente é paga em uma só vez porque vinculada a um fato gerador: o dano. Ao contrário, a verba salarial é paga continuadamente, ou seja, com habitualidade, em face do trato sucessivo que caracteriza o contrato de emprego. Pelo exposto, considerada a natureza indenizatória da GAE, entendo que é de rigor a revogação do art. 8º da Lei Complementar Estadual nº 724, de 15 de julho de 1993, razão pelo qual a proposição apresentada pelo Movimento PGE Valorização Já, ora representado por 47 (quarenta e sete) Procuradores do Estado, por aperfeiçoar o tratamento legal da matéria, merece ser acatada e aprovada por este E. Colegiado. Outrossim, visando a valorizar a GAE, proponho seja alterada a redação do caput art. 7º do citado diploma legal, a fim de que a gratificação em questão corresponda a 25% (vinte e cinco por cento), 20% (vinte por cento) ou 15% (quinze por cento) da soma do valor da referência, do valor do Regime de Advocacia Pública (RAP) e, também, do valor dos honorários advocatícios do Procurador do Estado Nível V. Destarte, a redação do caput do art. 7º que proponho seria a seguinte: 6

7 Artigo 7º - O Procurador do Estado que estiver no exercício de atividades próprias do cargo, em condições de especial dificuldade decorrente da localização ou da natureza do serviço, fará jus à Gratificação de Atividade Especial (GAE), correspondente a 25% (vinte e cinco por cento), 20% (vinte por cento) ou 15% (quinze por cento) da soma do valor da referência, do valor do Regime de Advocacia Pública (RAP) e do valor dos honorários advocatícios do Procurador do Estado Nível V. Em síntese, meu voto é no sentido de que (i) a proposta inaugural seja acolhida integralmente, (ii) com o adendo ora sugerido (alteração do caput do art. 7º da Lei Complementar Estadual nº 724/93, a fim de que a GAE corresponda a 25%, 20% ou 15% da soma do valor da referência, do valor do Regime de Advocacia Pública (RAP) e do valor dos honorários advocatícios do Procurador do Estado Nível V). CPGE, 7 de novembro de DERLY BARRETO E SILVA FILHO CONSELHEIRO ELEITO 7