PROCURADORIA GERAL DO ESTADO GABINETE DO PROCURADOR GERAL

Transcrição

1 Referência: Gdoc /2014 e /2014 Interessada: MOVIMENTO PGE VALORIZAÇÃO JÁ Localidade: São Paulo Assunto: Aperfeiçoamento da Gratificação de Atividade Especial (GAE) Trata-se de propostas formuladas por 45 (quarenta e cinco) Procuradores do Estado mediante abaixo assinado pleiteando alterações pontuais na sistemática de pagamento da Gratificação de Atividade Especial GAE. Nos autos do exp. adm. GDOC /2014 requerem a alteração do Decreto nº /11 e da Resolução PGE nº 68/11; e, nos autos do exp. adm /2014, pleiteiam a alteração da Lei Complementar nº 724/93, com a redação dada pela Lei Complementar nº 1.113/10. As proposições foram examinadas e deliberadas pelo Conselho da Procuradoria Geral do Estado. Considerando que as citadas propostas foram encaminhadas em forma de minutas de anteprojeto de lei, de decreto e de resolução, para facilitar a análise (e respectiva decisão) as destacarei por tópicos, emitindo manifestação única encartada em ambos os processos: a) Exp. Adm. GDOC / requerem a alteração do decreto (Decreto nº /11) e da Resolução PGE (nº 68/11): a.1) alteração da base de cálculo do aumento de serviço e de dias de substituição para consideração apenas dos dias úteis do mês: O critério ora utilizado (considerando todos os dias do mês) é o aplicado para o cálculo de gratificações de função, verbas de representação e provimento de

2 cargos. Não há impedimento, todavia, que para efeito do cálculo dos dias efetivos de substituição seja adotado critério diverso. Na hipótese em questão, o pleito de se calcular os dias de substituição tomando por parâmetro, exclusivamente, os dias úteis do mês, permitirá, de fato, que a percepção da gratificação seja alcançada com menor dificuldade pelos procuradores. Por outro lado, não há óbice jurídico por se tratar de regulamento específico à vantagem pecuniária em questão. Trata-se, portanto, de avaliação de conveniência e oportunidade afeta, unicamente, à liberalidade da administração. Dentro desse contexto, considerando que na área do contencioso tem se verificado maior dificuldade em se alcançar a quantidade mínima de sobrecarga de serviço que permita o pagamento da aludida gratificação do que na área consultiva e considerando que se busca o equilíbrio na forma de aferição da gratificação, acolho a pretensão para alteração da base de cálculo do aumento de serviço e de dias substituição. Para tanto, necessária a alteração da resolução que disciplina o tema tornando expresso o novo critério, eis que a omissão atual decorre justamente do fato de se adotar o critério ordinário, qual seja, o utilizado para o cômputo das gratificações de função, verbas de representação e provimento de cargos. a.2) ampliação das hipóteses de afastamento para pagamento por substituição para considerar, dentre outros, o período anterior ao afastamento/trânsito, redesignações, cursos, existência de cargos vagos, etc: A previsão de pagamento da gratificação decorre da atuação cumulativa do Procurador em processos ou procedimentos, sem prejuízo das atribuições de suas funções, em decorrência de substituição em virtude de férias, licenças ou outras formas de afastamento do titular. Tal previsão constou, inclusive, da exposição de motivos por ocasião do encaminhamento de proposta de edição do decreto que regulamentou a GAE.

3 Registre-se que todas as formas previstas em lei de afastamento que não são eventuais estão abrangidas da regulamentação vigente. As hipóteses adicionais elencadas pelos proponentes para efeito de pagamento da GAE, por outro lado, não se coadunam com a finalidade para a qual tal vantagem foi criada. O período anterior ao afastamento/trânsito, por exemplo, trata-se de prática comum das unidades, que não está regulamentada. Ademais, o prejuízo experimentado pelo Procurador que substitui aquele que está informalmente afastado é compensado quando ele estiver no período que antecede as suas próprias férias ou licenças. As vagas abertas pelas redesignações para outros setores dentro da mesma unidade ou área de atuação, assim como a existência de cargos vagos nas unidades, por outro lado, não representam afastamento do titular, o qual, ou estará em pleno exercício de suas atividades em outro setor ou órgão de execução, na primeira hipótese, ou não mais integra os quadros da Instituição, na segunda hipótese. Por tais razões, o pleito não pode ser atendido. a.3) previsão de compensação em dias de trabalho para beneficiar quem esteja sofrendo corte de vencimentos por incidência do teto remuneratório constitucional: O teto remuneratório, de fato, é um limitador que cria distorções no sistema remuneratório. A GAE e a compensação, entretanto, são institutos diversos que não podem ser unificados. Sua admissão (da compensação) desnaturaria a GAE. Ademais, a proposta se retroalimenta, pois a compensação dos dias daqueles que substituíram e depois estarão afastados ensejará o pagamento de GAE ou novo afastamento, e assim sucessivamente. Indeferido, pois, o pleito. a.4) previsão de nova hipótese de pagamento da gratificação por número extraordinário de peças jurídicas produzidas:

4 A substituição de um procurador por outro presume, por si só, a produção de número extraordinário de peças jurídicas. A proposta, por outro lado, caminha em sentido contrário à política de atuação da área do contencioso, qual seja, a da redução de litigiosidade. Por tais razões, fica indeferida a pretensão. a.5) previsão de nova hipótese de pagamento da gratificação decorrente do exercício de funções especiais: nas hipóteses elencadas verifica-se que ou já se prevê o pagamento da gratificação, ou já é prevista outra forma de tratamento. a.5.1) atuação no Conselho da PGE: A atuação no Conselho da PGE já prevê, além de pagamento de jetom, a atribuição de peso qualificado (20 pontos) no processo de promoção na carreira pelo critério do merecimento. Não há razão, portanto, para acolhimento da proposta. a.5.2) designação para prestar serviços no Gabinete do Procurador Geral ou Centro de Estudos: Tal situação já encontra previsão na atual regulamentação, destacando que, apenas, os procuradores que não ocupam cargo em comissão percebem tal gratificação. O requerimento, portanto, está prejudicado. a.5.3) atuação em expedientes oriundos da Coordenadoria de Procedimentos Disciplinares ou designação para prestar serviços da referida Coordenadoria: Trata-se de atividade ordinária (e cada vez mais comum nas unidades regionais). Por outro lado, os procuradores classificados na Procuradoria de Procedimentos Disciplinares (PPD) recebem a aludida vantagem seguindo os mesmos critérios estabelecidos para a área do contencioso. a.6) previsão de nova hipótese de pagamento da gratificação decorrente do exercício de serviços externos consistentes em participação em audiências, reuniões com secretários de Estado ou dirigentes de autarquias e realização de sustentação oral perante órgão colegiado em tribunal:

5 Todas as atividades apontadas são inerentes à advocacia não havendo razão para percebimento da gratificação. Assim, não se deve remunerar os Procuradores do Estado com gratificações relacionadas a atividades que são comezinhas e inerentes às funções do cargo, o que desbordaria do limite que lhe é imposto pela lei. a.7) previsão de cumulação das distâncias (para a modalidade deslocamento) e de dias substituídos (para a modalidade substituição) não utilizadas no cômputo da gratificação para utilização posterior dentro do mesmo exercício financeiro: A providência torna o sistema mais justo na medida em que as distâncias percorridas ou os dias de substituição não utilizados poderão ser aproveitados para período(s) subsequente(s). Há necessidade, apenas, de limitação temporal que a proposta já cuidou de prever, qual seja a de que a cumulação dê-se dentro do mesmo exercício financeiro. a.8) redução dos parâmetros (quantidade de pareceres e informações em MS) estabelecidos para a área da consultoria geral para pagamento da gratificação: A previsão atual tem se mostrado adequada eis que nos levantamentos realizados verificou-se que os Procuradores com atuação na área consultiva tem conseguido obter o direito à percepção da GAE com relativa facilidade. a.9) previsão de lotações de difícil provimento: Trata-se de restabelecer sistema antigo e que já foi revogado. Não há razão para retroceder até porque a definição do que seria lotação de difícil provimento envolve aspectos subjetivos. Ademais, as unidades da Procuradoria Geral do Estado possuem, cada vez mais, condições equivalentes de instalações e de localização. Nada que justifique, assim, o acolhimento da proposta.

6 b) Exp. Adm. GDOC / pleiteiam a alteração da Lei Complementar Estadual nº 724/93, com a redação dada pela Lei Complementar nº 1.113/10: b.1) revogação do artigo 8º da LC nº 724/93 para possibilitar alterar a natureza jurídica da gratificação: A mera supressão da incidência sobre o décimo terceiro salário e das férias não altera a natureza jurídica da gratificação que é remuneratória e não indenizatória. Ademais, se aceita, a proposta seria prejudicial aos Procuradores do Estado já que extinguiria a repercussão nos benefícios apontados da GAE bem como da gratificação de função paga aos Procuradores do Estado Chefes de Procuradoria, Procuradores do Estado Assistentes e Corregedores Auxiliares. b.2) alterar a base de cálculo da gratificação para que passe a incidir também sobre a verba honorária (não constava do requerimento inicial tendo sido acrescida pelo voto do relator): A proposta é justa, mas envolve a mudança de estrutura da gratificação dependendo de alteração legislativa. Deve ser apresentada, assim, em ocasião oportuna em contexto de elevação das estruturas remuneratórias do Estado como um todo e não isoladamente em início de gestão em que se anteveem extremas dificuldades orçamentárias. Dessa forma, pelas razões expostas, fica(m): 1) deferidos os itens a.1 e a.7, editando-se resolução nos termos da minuta anexa; 2) deferido, ainda, o item b.2, aguardando-se, entretanto, melhor oportunidade para elaboração e encaminhamento de anteprojeto de lei para alteração da do artigo 7º, caput, da LC nº 724/93 com a redação que lhe foi atribuída pela LC nº 1.113/10;

7 3) prejudicado o item a.5.2 ; e, 4) indeferidos os demais itens supra referidos. São Paulo, aos 04 de fevereiro de ELIVAL DA SILVA RAMOS PROCURADOR GERAL DO ESTADO