MUNICÍPIO DE ROLADOR/RS. Parecer 041/13/PJM

Transcrição

1 Parecer 041/13/PJM Consulente: Departamento de Pessoal. Assunto: Gratificação pelo exercício em escola de difícil acesso. Referência: Processo Administrativo nº. 012/2012. Ementa: SERVIDOR. REGIME JURÍDICO. MAGISTÉRIO. GRATIFICAÇÃO. EXERCÍCIO EM ESCOLA DE DIFÍCIL ACESSO. O término do ano letivo, por si, não afasta o direito à percepção da gratificação pelo exercício em escola de difícil acesso, salvo se o professor estiver, fora dos casos de afastamento legal com direito a remuneração integral, dispensado de comparecer no estabelecimento de ensino. 1. DO RELATÓRIO Para exame e parecer desta Procuradoria Jurídica Municipal, o Departamento de Pessoal, através de sua chefia, encaminhou o processo administrativo em epígrafe, que versa sobre gratificação pelo exercício em escola de difícil acesso. termos, in verbis: O consulente requer manifestação jurídica, nos seguintes Ao cumprimentá-los cordialmente, venho através desta, solicitar parecer a respeito do não pagamento de DIFICIL ACESSO a servidora Neiva Terezinha Mumbach de Melo. A Srª. Neiva Terezinha Mumbach de Melo foi Secretaria da Saúde do Município entre os anos de 2005 a 2008 e dos anos 2009 a Ficando assim suspensa as suas matriculas 052 e 053 de professora. Em 20/12/2012 foi exonerada do cargo de confiança de Secretaria da Saúde retornando as suas matriculas suspensas, recebendo a remuneração proporcional aos dias 21 a 30 de dezembro de 2012 das respectivas matriculas e não foi incluso o pagamento do difícil acesso. A dúvida para o não pagamento do DIFICIL ACESSO surgiu do fato de já estar encerrado o ano letivo desde 14/12/2012, e com base no Art. 34 inc. I e 1º da Lei Municipal Nº 050/2001. Fone/Fax: (55) / (55)

2 Pretende o consulente que a PJM responda ao segunte: O que são considerados afastamentos legais para a aquisição do direto ao difícil acesso? Se a servidora tem o direito a receber difícil acesso? É o sintético relatório. 2. DO PARECER A matéria cinge-se ao direito de percepção da gratificação devida ao professor pelo exercício em escola de difícil acesso após o término do ano letivo. O artigo 34 da Lei Municipal nº 50/2001, que institui o Plano de Carreira do Magistério Público do Município de Rolador, estabelece gratificações específicas para os profissionais da Educação, senão vejamos: Art Além das gratificações e vantagens previstas para os servidores em geral do Município, conforme Lei instituidora do Regime Jurídico, serão deferidas aos profissionais da educação as seguintes gratificações específicas: I - gratificação pelo exercício em escola de difícil acesso. II - gratificação pelo exercício em classe especial. III - gratificação pelo exercício em turma multisseriada. (Incluído pela Lei nº 1.038, de 2012) 1º. As gratificações de que trata este artigo serão devidas somente quando o professor estiver no efetivo exercício das atribuições em classe especial ou em escola de difícil acesso, conforme o caso, e durante os afastamentos legais com direito a remuneração integral. 2º. (Revogado pela Lei nº 1.038, de 2012). (grifei) O artigo seguinte do mesmo diploma legal dispõe sobre a gratificação pelo exercício em escola de difícil acesso, litteris: Art O profissional da educação lotado em escola de difícil acesso perceberá, como gratificação, respectivamente, 20%, 25% ou 30% sobre o vencimento da classe e nível a que pertencer, conforme classificação da escola em dificuldade mínima, média ou máxima. 1º. As escolas de difícil acesso serão classificadas por decreto, baixado pelo Prefeito Municipal, mediante enquadramento em um dos graus de dificuldade de que trata este artigo. 2º. São requisitos mínimos para classificação da escola como de difícil acesso: I - localização na zona rural; II - distância de mais de três quilômetros da zona urbana do Município ou das sedes distritais; 2 Fone/Fax: (55) / (55)

3 III - inexistência de linha regular de transporte coletivo até mil metros da escola, ou de transporte oferecido pelo Município. (grifei) In casu, o consulente relata que a servidora NEIVA TEREZINHA MUMBACH DE MELO foi exonerada do cargo de confiança de Secretaria da Saúde retornando as suas matriculas suspensas, recebendo a remuneração proporcional aos dias 21 a 30 de dezembro de 2012 das respectivas matriculas e não foi incluso o pagamento do difícil acesso (sic), nascendo a dúvida jurídica a partir do fato de que em data anterior ao referido período o ano letivo já havia terminado, porquanto eventual pagamento a título de gratificação por desempenho em escola de difícil acesso poderia confrontar com a regra inserida no 1º do artigo 34 da Lei Municipal 05/2001, segundo a qual a vantagem em agito será devida somente quando o professor estiver no efetivo exercício das atribuições. Ocorre, contudo, que o efetivo exercício das atribuições do professor não está necessariamente vinculado ao período do denominado ano letivo. Exemplificando, ordinariamente o término do ano letivo se dá antes do início das férias dos professores, as quais, por força do parágrafo único do artigo 28 da Lei Municipal 50/2001 1, necessariamente serão concedidas durante o recesso escolar, ou seja, em período não coincidente com o ano letivo. Entretanto, nesse interregno, via de regra, não cessa a obrigação de o professor lotado em determinada escola continuar comparecendo ao seu local de trabalho, porquanto, sendo este classificado com de difícil acesso, mostrar-se-ia indevida a interrupção da respectiva gratificação. Ademais, o artigo 25 do Plano de Carreira do Magistério Público Municipal, com redação dada pela Lei nº 1.038/12, a qual visou adequar a norma local ao disposto na Lei Federal nº /2008, que regulamenta a alínea e do inciso III do artigo 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, impõe uma limitação à carga horária dos professores destinada ao desempenho das atividades de interação com os educandos, senão vejamos: 1 Art O profissional do magistério terá direito a 45 (quarenta e cinco) dias de férias remuneradas. Parágrafo único - O período de férias de que trata o caput será concedido anualmente durante o recesso escolar. Fone/Fax: (55) / (55)

4 Art A jornada de trabalho dos profissionais do magistério, em atividade de docência, observará o limite máximo de 2/3 (dois terços) da carga horária para o desempenho das atividades de interação com os educandos. Parágrafo único - O 1/3 (um terço) remanescente da carga horária de que trata o caput destina-se à preparação e avaliação do trabalho didático, à colaboração com a administração da escola, às reuniões pedagógicas e ao aperfeiçoamento profissional, cujas horas não se sujeitam ao registro de ponto, cabendo à direção do estabelecimento de ensino aferir a efetividade do professor, nos termos do respectivo regimento interno. Ora, a despeito da norma inserta no citado dispositivo legal, parece-me incontroversa a regularidade do pagamento integral da gratificação pelo exercício em escola de difícil ao professor que estiver lotado em estabelecimento de ensino assim definido. Da mesma forma, não vejo como afastar esse direito no intervalo compreendido entre o término de um ano letivo e o início do próximo, salvo se o professor estiver, fora dos casos de afastamento legal com direito a remuneração integral, dispensado de comparecer na escola. Poderia, por exemplo, a Administração determinar que ao término do ano letivo os professores passariam a cumprir sua carga horária diretamente na sede do Município para fins de planejamento e treinamento. Entre os afastamentos legais com direito a remuneração integral, além das já mencionadas férias, destacam-se às licenças à gestante (LGE) e à adotante (LAD) previstas no artigo 192, IV, do Regime Jurídico dos Servidores Públicos Municipais, consoante previsão do artigo 34, 2º, da Lei 489/2006, que institui o Regime Próprio de Previdência Social do Município de Rolador. Com efeito, para o deslinde da questão, pelo que consta dos autos, prescindível exaurir os casos de afastamentos legais com direito a remuneração integral, na medida em que não fora noticiado qualquer afastamento da professora em relação a sua atividade docente. Ao contrário, consta dos autos que NEIVA TEREZINHA MUMBACH DE MELO em 20/12/2012 foi exonerada do cargo de confiança de Secretaria da Saúde retornando as suas matriculas suspensas [052 e 053 de professora] (sic). Portanto, não obstante o término do ano letivo, tendo a servidora 4 Fone/Fax: (55) / (55)

5 retomado a atividade docente com lotação em escola classificada como de difícil acesso, a concessão da respectiva gratificação é medida que se impõe, salvo se, fora dos casos de afastamento legal com direito a remuneração integral, restou dispensada de comparecer na escola. 3. DA CONCLUSÃO Ante todo o exposto, nos termos da fundamentação, opino no sentido de que o término do ano letivo, por si, não afasta o direito à percepção da gratificação pelo exercício em escola de difícil acesso, salvo se o professor estiver, fora dos casos de afastamento legal com direito a remuneração integral, dispensado de comparecer no estabelecimento de ensino. Portanto, configurado esse suporte fático, a servidora NEIVA TEREZINHA MUMBACH DE MELO faz jus à referida vantagem. É o parecer. Rolador, RS, 16 de maio de RODRIGO VELEDA MARTINS Procurador do Município de Rolador OAB/RS Matrícula 617 Fone/Fax: (55) / (55)