UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA LARISSA REGINA ARRUDA DE OLIVEIRA

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA LARISSA REGINA ARRUDA DE OLIVEIRA DESINDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA: A relação entre a perda de valor adicionado da indústria e o capital especulativo NATAL 2015

2 LARISSA REGINA ARRUDA DE OLIVEIRA DESINDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA: A relação entre a perda de valor adicionado da indústria e o capital especulativo Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN para à obtenção do título e Bacharel em Ciências Econômicas. Orientador: Prof. M.sc. José Alderir da Silva NATAL 2015

3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA Oliveira, Larissa Regina Arruda de. Desindustrialização brasileira: a relação entre a perda de valor adicionado da indústria e o capital especulativo / Larissa Regina Arruda de Oliveira. - Natal, RN, f. Orientador: Prof. M. Sc. José Alderir da Silva. Monografia (Graduação em Economia) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Economia. Curso de Graduação em Ciências Econômicas. 1. Economia Brasil - Monografia. 2. Desindustrialização brasileira - Monografia. 3. Capital especulativo - Monografia. 4. Abertura comercial Monografia. I. Silva, José Alderir da. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/BS/CCSA CDU (81)

4 LARISSA REGINA ARRUDA DE OLIVEIRA DESINDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA: A relação entre a perda de valor adicionado da indústria e o capital especulativo Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN para à obtenção do título e Bacharel em Ciências Econômicas. Aprovado em: 27 de Maio de 2015 BANCA EXAMINADORA Prof. M.Sc. José Alderir da Silva Orientador Prof. M.Sc.William Gledson e Silva Professor avaliador

5 AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais pelo apoio e compreensão. Ao meio orientador José Alderir pela sua contribuição e incentivo que tornou possível a finalização desse trabalho. Aos meus colegas de classe que proporcionaram um ambiente acadêmico mais agradável durante esses anos. Enfim, agradeço todos os professores que fizeram parte da minha formação acadêmica.

6 RESUMO Com a abertura comercial e financeira na década de 80 verifica-se a financeirização da riqueza nesta perspectiva os agentes estão na busca de valorização do seu capital seja na esfera produtiva ou na financeira. O presente trabalho tem por objetivo verificar se está ocorrendo um processo de transferência dos investimentos produtivo para o especulativo no Brasil contribuindo desse modo, para a ocorrência do processo de desindustrialização no país. Para tanto, utiliza-se a pesquisa exploratória a fim de verificar através da analise quantitativa e qualitativa a ocorrência desse processo. Nos últimos anos houve um aumento do debate sobre desindustrialização no Brasil, devido à nítida queda da participação da indústria no valor adicionado, diante disso, trabalha-se com a hipótese da ocorrência da desindustrialização sob a ótica do capital especulativo, utilizando instrumentos macroeconômicos como: o fluxo de investimentos, taxa de juros, câmbio e participação da indústria no PIB para aceitar a hipótese. Diante da analise de dados, verifica-se que a queda da participação da indústria no valor adicionado foi resultante de politicas governamentais que visa controlar a inflação por meio da elevação da taxa de juros. Deste modo, o ingresso de capital no país é atraído pela alta do juros, principalmente o especulativo, contribuindo assim para a intensificação do processo de desindustrialização no Brasil. Palavras-Chave: desindustrialização, abertura comercial e capital especulativo.

7 ABSTRACT With the trade and financial liberalization in the 80s there is a financialization process this perspective agents are in pursuit of appreciation of its capital is in the productive sphere or financial. This study aims to determine whether a transfer is occurring process of productive investment to speculative in Brazil thereby contributing to the occurrence of deindustrialization process in the country. Therefore, we used the exploratory research in order to verify through quantitative and qualitative analysis the occurrence of this process. In recent years there has been an increased debate about deindustrialization in Brazil, due to the sharp drop in share of industry in value added, before that, we work with the hypothesis of the occurrence of deindustrialization from the standpoint of speculative capital, using macroeconomic tools such as: the flow of investments, interest rate, foreign exchange and share of industry in GDP to accept the hypothesis. Before the data analysis, it appears that the fall of the share of industry in value added was the result of government policies aimed at controlling inflation by raising interest rates. Thus, capital inflow into the country is attracted by high interest mainly speculative, thus contributing to the intensification of the process of deindustrialization in Brazil. Keywords: deindustrialization, trade liberalization and speculative capital.

8 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Média móvel em 12 meses da taxa de câmbio real efetiva Gráfico 1 (TCRE) e do índice de preços geral das commodities no Brasil jan./81-dez/ Gráfico 2 Participação nas Exportações por fator agregado (% quantum) média móvel (7 períodos): Brasil, Importações de bens de capital (quantum, média = 2006) e Taxa de Gráfico 3 Câmbio Real Efetiva (TCRE, média = 2006) média móvel (12 períodos): Brasil, Gráfico 4 Índice de confiança do empresário industrial e do consumidor média móvel (10 períodos): Brasil, Participação percentual do Valor Adicionado, a preços básicos, de Gráfico 5 setores da economia no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil Produção industrial - indústria de transformação - quantum - índice Gráfico 6 dessaz. (média 1996 = 100) e Participação do Emprego na indústria de transformação (%) Gráfico 7 Grau de Abertura Comercial e Participação da indústria no PIB(%), Gráfico 8 Taxa de Cobertura Global e Participação da indústria no PIB (%): Gráfico 9 Taxa de cobertura de bens manufaturados (1996 = 100) e Participação da indústria no PIB (%): Gráfico 10 Taxa de cobertura de bens manufaturados (1996 = 100) e Taxa de Câmbio Real Efetiva (TCRE, 1996 = 100): Gráfico 11 Saldo da Conta Financeira: US$ (milhões) Gráfico 12 Participação do Capital de Curto Prazo e IED na Conta Financeira Gráfico 13 Resultado global do balanço de pagamentos: Gráfico 14 Conta Financeira, Capital de Curto Prazo e Selic: Gráfico 15 Conta Financeira e Taxa de Câmbio Real Efetiva (TCRE, média = 1995) Gráfico 16 Participação do investimento e da indústria no PIB,

9 Gráfico 17 Taxas de crescimento da Formação Bruta de Máquinas e Equipamentos (FBME), do Valor Adicionado (VA) da indústria de transformação e do Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil

10 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Tabela 2 Participação do emprego formal setorial no emprego total, no Brasil Balança Comercial dos Setores Industriais por Intensidade Tecnológica: 1996 a US$ milhões... 60

11 ABREVIATURAS E SIGLAS IEDI IBGE IDE IPEA PIB TIC VTI VBPI Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Investimento Direto Estrangeiro Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada Produto Interno Bruto Tecnologia da Informação e Comunicação Valor de Transformação Industrial Valor Bruto de Produção Industrial.

12 SUMARIO 1 INTRODUÇÃO CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA OBJETIVOS Objetivo Geral Objetivos Específicos JUSTIFICATIVA HIPOTESE METODOLOGIA REFERENCIAL TEORICO CONCEITO DE DESINDUSTRIALIZAÇÃO Causas da desindustrialização HEGEMONIA DO CAPITAL FINANCEIRO Globalização produtiva e financeira Causas e consequências DEBATE SOBRE DESINDUSTRIALIZAÇÃO NA ECONOMIA BRASILEIRA Abordagem novo-desenvolvimentista Abordagem ortodoxa Abordagem intrassetorial Abordagem da restrição externa DESINDUSTRIALIZAÇÃO E O CAPITAL ESPECULATIVO: O CASO DA ECONOMIA BRASILEIRA PARTICIPAÇÃO SETORIAL EM TERMOS DE VALOR ADICIONADO E EMPREGO O GRAU DE ABERTURA COMERCIAL E TAXA DE COBERTURA GLOBAL INVESTIMENTO E FLUXO DE CAPITAIS PARA O BRASIL CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS... 73

13 11 1 INTRODUÇÃO 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA Com a liberalização financeira iniciada a partir da década de 1980 nos Estados Unidos, que se impôs ao resto do mundo, e a desregulamentação dos mercados trouxe como consequência a consolidação da financeirização da riqueza, ou seja, os investimentos adquire o caráter especulativo. O processo de desregulamentação foi acompanhado pela liberalização do movimento internacional de capitais, dessa forma, os fluxos de capitais que circulam nos sistemas financeiros são altamente integrados apresentando quase que uma perfeita mobilidade de capitais, ou seja, os investidores podem comprar ativos em qualquer país, sendo esse movimento de capitais determinados pelos diferenciais da taxa de juros entre os países. Com a atual politica monetária brasileira, ou seja, controlando a inflação através de altas taxas de juros, na busca de atrair capitais para apreciar o câmbio e, com isso, controlando os preços, tem favorecido a entrada de capital especulativo no país. Com o baixo crescimento da economia brasileira, os investimentos produtivos se tornaram uma opção menos atraente para os detentores de capitais, já que o mercado financeiro se apresenta mais rentável que o produtivo. Portanto, a indústria parece ser duplamente prejudicada, de um lado pelo câmbio, de outro, pelo deslocamento do investimento produtivo para o especulativo. A abertura comercial também outro fator pode ter contribuído para o processo de desindustrialização na economia brasileira. O presente trabalho pretende analisar essas duas questões, para isso, parte-se da seguinte pergunta: o processo de desindustrialização da economia brasileira tem sido provocado por uma mudança de orientação do investimento, do produtivo para o especulativo e/ou da maior abertura comercial? Diante dessa problemática, o objetivo deste trabalho é verificar se está ocorrendo um processo de transferência dos investimentos produtivo para o especulativo no Brasil. Sobre o capital especulativo Carcanholo e Nakatani (1999) afirmam que a globalização, com todas as características, distingue-se de outras épocas da

14 12 história do capitalismo pelo domínio do capital especulativo parasitário em escala mundial sobre o capital produtivo. Nessa fase o capital industrial converte-se em capital especulativo e sua lógica fica totalmente subordinada à especulação e dominada pelo parasitismo. Dessa maneira, é a lógica especulativa do capital sobre sua circulação e produção no espaço internacional que define esta nova etapa. Ao analisar a trajetória da indústria verificou-se a queda da participação, principalmente da indústria de transformação, no valor agregado. Esta queda intensificou nos anos 90, reflexo da abertura comercial e financeira nos anos 80. Nesta perspectiva, utilizou-se a pesquisa exploratória e como procedimentos técnicos a pesquisa bibliográfica e a documental. E para analisar a ocorrência da perda da participação da indústria e a transferência do capital produtivo para o especulativo utilizou-se analise de dados e gráficos cujos principais fontes de coletas de dados são: o Banco Central, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Este trabalho está organizado em quatro capítulos, além desta introdução e das considerações finais. O capitulo dois refere-se ao referencial teórico. Primeiramente aborda-se o conceito de desindustrialização na visão de vários autores. Em seguida, analisa-se a hegemonia do capital financeiro mostrando uma inter-relação entre as atividades produtivas e as atividades financeiras e por fim, descrevem-se as diversas teses sobre o processo de desindustrialização na economia brasileira. O terceiro capitulo aborda a evolução da participação da indústria no PIB, das taxas de crescimento dos ativos financeiros e da formação bruta do capital fixo. 1.2 OBJETIVOS Objetivo Geral Verificar se está ocorrendo um processo de transferência dos investimentos produtivo para o especulativo no Brasil.

15 Objetivos Específicos Demonstrar através de instrumentos macroeconômicos como: fluxo de investimentos, taxa de juros, câmbio e participação da indústria no PIB a ocorrência dessa transferência. 1.3 JUSTIFICATIVA Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) referente à participação do valor adicionado dos três setores no PIB, entre o período de 2000 até 2013, o Brasil apresentou uma queda na participação da industrial no PIB de 9,9%. Já a participação do setor agropecuário e de serviços apresentou uma elevação de 1,96% e 3,97% respectivamente. Com a falta de estímulos para os investimentos produtivos ocorre uma perda do peso da participação da indústria de transformação no Produto Interno Bruto (PIB), resultando no baixo crescimento econômico. Segundo Squeff (2011) uma das características do setor manufatureiro é o seu dinamismo inter-setorial, expresso pela geração de externalidades positivas facilmente transmitidas ao restante da economia. Porém um dos fatos estilizados do processo de desenvolvimento econômico dos países é a mudança na composição do PIB ao longo prazo. Kaldor (1966) afirma que inicialmente a agricultura apresenta uma participação elevada no produto, depois de alguns anos, esse setor começa a perda espaço para indústria e por fim o setor de serviços passa a crescer e prevalecer sobre o PIB. Diante disso, houve um acirramento no debate acerca da desindustrialização no Brasil, principalmente pela perda de dinamismo industrial. Logo é necessário avaliar se o capital especulativo tem contribuído para esse processo e sua implicação para o desenvolvimento econômico. 1.4 HIPÓTESE Diante do exposto, enumera-se a seguinte hipótese: a) Ocorrência da desindustrialização brasileira sob a ótica do capital especulativo.

16 METODOLOGIA O presente estudo caracteriza-se por ser uma pesquisa exploratória, pois visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito (GIL, 2007), devido ao pouco conhecimento do tema adota-se esta metodologia. Para a construção do referencial teórico utiliza-se a pesquisa bibliográfica e a documental. Gil (2007) afirma que a pesquisa bibliográfica consiste em observar materiais já publicados e a documental baseia-se em analisar materiais que ainda não receberam tratamento analítico. Os métodos de pesquisa utilizados foram pesquisa quantitativa e qualitativa, pois o estudo é baseado em intepretações de variáveis macroeconômicas a partir dados coletados no Banco Central, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Após a coleta de dados foram feitas analise para explicar a transferência de recursos da esfera produtiva para a esfera financeira.

17 15 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 CONCEITO DE DESINDUSTRIALIZAÇÃO Antes de analisar a existência de casualidade entre capital especulativo e a perda da participação da indústria no Produto Interno Bruto é importante entender o conceito de desindustrialização sob a visão de vários autores. Conforme Rowthorn e Wells (1987), o processo de desindustrialização é intrínseco ao processo de desenvolvimento. Inicialmente, o setor agropecuário é que concentrar maior participação do emprego no emprego total, porém à medida que este setor vai se modernizando, parte do emprego é liberada para o setor industrial, que se encontra em sua fase inicial e, portanto, aumentando sua participação no emprego total em detrimento do setor primário. Contudo, quando este setor encontrar-se moderno, começa também a dispensar trabalhadores que tendem a ser absorvidos pelo setor em ascensão, ou seja, o setor de serviços. Assim, de acordo com Rowthorn e Ramaswany (1999), a desindustrialização é resultante de uma redução persistente da participação do emprego industrial no emprego total de um país ou região. Entretanto, nem sempre a desindustrialização é um sintoma de sucesso econômico, isto é, esse processo pode ocorrer de forma positiva ou negativa. Rowthorn e Wells (1987) chamam de desindustrialização positiva quando essa transferência de mão de obra do setor industrial para o de serviços ocorre de uma maneira em que os trabalhadores dispensados pela indústria, por causa do crescimento da produtividade, são absorvidos pelo setor de serviços. Esse processo seria um resultado normal do dinamismo industrial em uma economia já altamente desenvolvida. Assim, a desindustrialização considerada positiva ou natural ocorre quando a perda de participação do emprego da indústria para os demais setores da economia, ou seja, o ponto de virada (turning point) inicia no momento em que a renda per capita da economia é considerada de país desenvolvido 1. 1 Palma (2014) estima que o valor de renda per capita quando os países desenvolvidos alcançaram o turning point era de cerca de US$ 6,5 mil dólares e de cerca de US$ 15 mil dólares nos países desenvolvidos.

18 16 Desse modo, a grande parte dos países hoje considerados desenvolvidos passou em algum momento por um processo de desindustrialização natural. Por outro lado, as economias que ainda não alcançaram o status de país desenvolvido, podem se encontram nessa situação devido a outro tipo de desindustrialização: a negativa ou precoce. Segundo Rowthorn e Wells (1987, pág. 6), a desindustrialização negativa : É um produto do fracasso econômico e ocorre quando a indústria está em sérias dificuldades e o desempenho geral da economia é fraco. Nestas circunstâncias, o emprego dispensado do setor industrial - por causa da queda na produção ou aumento da produtividade - não será reabsorvido no setor de serviços. Portanto, o desemprego vai aumenta. Assim, a desindustrialização negativa está associada à estagnação da renda real e aumento do desemprego (tradução livre). Desse modo, a desindustrialização considerada negativa ou precoce ocorre quando a perda de participação do emprego da indústria para os demais setores da economia, ou seja, turning point inicia no momento em que a renda per capita da economia está abaixo da renda considerada de país desenvolvido, de modo que o emprego liberado pela a indústria tende a não ser absorvido pelo setor de serviços, gerando redução do nível de emprego e renda da economia. Diante dos conceitos de desindustrialização positiva ou negativa, percebe-se que no primeiro a indústria ainda permanece competitiva, apesar da redução do emprego industrial. A perda de participação industrial para o setor de serviços, não é derivada pelo enfraquecimento da indústria frente a este setor, mas pelo o aumento da produtividade que permite liberar trabalhadores da indústria para o setor de serviços que se encontra em expansão. Desse modo, o nível de emprego é mantido em conjunto com o crescimento da renda real. Já na definição negativa, a desindustrialização está ligada com a redução da importância do setor industrial como fonte geradora de emprego fazendo com que a renda real se reduza ou fique estagnada. Isto significa que a participação do emprego industrial no emprego total está ocorrendo devido a dificuldades deste setor. Uma vez que grande parte desse emprego dispensado pela indústria não será absorvido pelo setor de serviços, dado que a expansão deste ainda não é suficiente para isso, o desemprego na economia tende a aumentar e a renda real a cair.

19 17 Porém, tratar a desindustrialização apenas pelo lado do emprego, não mostra as possíveis mudanças estruturais que ocorrem na economia, sendo que a participação no PIB de cada setor permanece a mesma, o que altera é apenas a participação do emprego 2. Além disso, deixa de considerar a importância da indústria para economia, já que a preocupação é com a realocação do emprego dispensado pela indústria. Assim, se a indústria deixasse de existir e todo o seu emprego fosse incorporado no setor de serviços, o nível de emprego da economia estaria assegurado sem graves consequências sobre o nível de renda real. Porém, ao analisar uma amostra de 28 países, Tregenna (2009) observou que em 17 países a redução do emprego também foi acompanhada da redução da produção industrial, gerando modificações (estruturais) nas participações setoriais em termos de produto no PIB. Diante disso, Tregenna (2009) faz uma reformulação do conceito de Rowthorn e Wells (1987) e afirma que a desindustrialização seria a ocorrência da redução tanto do emprego industrial como a redução da participação da produção industrial na produção total, destacando a importância da indústria como motor do crescimento. Nesta perspectiva, a indústria de transformação é o elemento dinâmico da economia, considerado por Kaldor (1966), o motor do crescimento econômico. Uma vez que seu fraco desempenho pode trazer consequências como o aumento do desemprego, desequilíbrio em contas externas e interrupção precoce do ciclo de crescimento econômico. Diante disso, Silva e Lourenço (2014) afirmam que: O crescimento da produção industrial proporciona estímulos maiores na economia em relação aos estímulos gerados pelo crescimento do emprego industrial. Mesmo que o emprego esteja diminuindo, se o setor industrial como um todo estiver crescendo, a economia será beneficiada tanto por uma demanda maior por insumos de setores com encadeamentos para trás, como pela redução de custos para setores com encadeamentos para a frente (pág. 541). Kaldor (1966) mostra que a indústria de transformação possui algumas características especiais em relação aos demais setores. Primeiro, alta produtividade e maiores economias estáticas e dinâmicas de escala. Segundo, 2 Vide Silva & Lourenço (2014).

20 18 maior capacidade de gerar crescimento e difundir o progresso técnico na economia. Terceiro, maiores encadeamentos para frente e para trás através de efeitos spillover que criam externalidades positivas para o resto da economia. Quarto, dada a elevada elasticidade renda da demanda, permite aliviar problemas no saldo do balanço de pagamentos. Porém, como o próprio conceito definido por Tregenna (2009) acima mostra, essa autora não desconsiderou totalmente os efeitos do emprego, de modo que estes também são relevantes. Indústria também pode puxar o crescimento através de efeitos multiplicadores do tipo keynesiano sobre a demanda, através de salários. A este respeito, seria claramente o emprego industrial, em vez da produção, por si só, que é relevante (Tregenna, 2009, pág. 7, tradução livre). Em suma, o processo de desindustrialização foi conceituado inicialmente por Rowthorn e Wells (1987) como a perda de participação do emprego industrial no emprego total. Mais tarde, esse conceito foi ampliado por Tregenna (2009), de modo que o processo de desindustrialização também passou a ser caracterizado pela perda de participação do valor adicionado no valor adicionado total. Entretanto, a desindustrialização possui duas conotações: uma natural e outra precoce. A primeira ocorre quando a perda de participação da indústria, ou seja, o turning point inicia no momento em que a economia apresenta um nível de renda per capita considerado de país desenvolvido. Por outro lado, a desindustrialização precoce ocorre quando o turning point inicia antes que a renda per capita seja considerada de país desenvolvido. Nesta seção, apresentam-se os conceitos de desindustrialização para a melhor compreensão para quando chega ao capítulo sobre a análise do caso brasileiro. Contudo, também é necessário discorrer sobre as suas causas, este é o objetivo da próxima seção.

21 Causas da desindustrialização Rowthorn e Ramaswamy (1999), Rowthorn e Coutts (2004), Rowthorn e Wells (1987), Palma (2014) e Tregenna (2009; 2013) ao analisarem o processo de desindustrialização, citam as seguintes causas: (i) Elasticidade renda da demanda, (ii) Terceirização, (iii) Produtividade, (iv) Nova divisão internacional do trabalho, (v) Doença holandesa e (vi) Investimento. O nível de elasticidade renda da demanda por produtos está relacionado com as mudanças de padrões de consumo, onde países com alta renda per capita tendem a ter uma redução da elasticidade renda por produto. Essa mudança de padrão ocorre primeiramente nos estágios iniciais de desenvolvimento, quando a renda per capita é voltada para o consumo de alimentos. No segundo momento, com a elevação da renda per capita há uma elevação por demanda por produtos industrializados, diminuindo a participação dos bens primários. Por último ocorre com a consolidação da indústria, onde quando alcançado determinado nível de renda, a participação dos bens manufaturados cai devido ao aumento da produtividade, que ocasiona a queda dos preços relativos possibilitando adquirir certa quantidade de produto com uma fração menor da renda. Desse modo, a participação de gastos com serviços aumenta, reduzindo a participação do emprego dos demais setores. A segunda causa seria a terceirização, pois atividades antes relacionadas à indústria passaram a ser desenvolvidas por prestadores de serviços, resultando em um declínio do emprego industrial. O declínio da participação do emprego industrial seria uma ilusão estatística, devido a reclassificação do emprego antes considerado industrial e agora passa a ser contabilizado no setor de serviços (Tregenna, 2009).

22 20 Ainda de acordo com Tregenna (2010, apud Silva & Lourenço, 2014, p. 8) as empresas terceiriza uma parte da cadeia produtiva por três razões: Primeiro, preferem concentrar-se em suas atividades de competências centrais, deixando outras atividades menos importante à mercê dos prestadores de serviços. Segundo, em muitos países as leis trabalhistas são consideradas rígidas. Portanto, ao terceirizar determinadas atividades, as empresas contornam a rigidez da legislação trabalhista e baixam seus custos com mão de obra. Terceiro, o sindicalismo no setor de serviços é menos organizado em relação ao setor industrial. Assim, a terceirização, ao enfraquecer a organização sindical, reduz a probabilidade de reivindicações salariais e greves. Em outras palavras, a terceirização tende a alterar o confronto de forças entre empresas e trabalhadores em favor do capital e não do trabalho organizado. Ou seja, terceirizar além de ser uma alternativa para reduzir os custos proporciona um aumento de competitividade das organizações já que o foco vai estar nas suas competências centrais. A terceira causa está relacionada com a produtividade, onde Kaldor (1966) afirma que o setor de manufatura apresenta maior nível de produtividade quando comparado com os outros setores, sendo assim, elevaria a taxa média da produtividade da economia devido ser na indústria onde ocorre a maior parte das inovações tecnológicas. Além disso, a produtividade diminui os preços relativos dos produtos reduzindo a participação da indústria no PIB e reduz o nível de emprego devido a introdução de técnicas poupadora de mão de obra (Nassif, 2008). O que passou a ser denominado por doença holandesa é outro fator que pode levar a um processo de desindustrialização. Essa denominação refere-se a uma situação que ocorreu nos anos 1960 na Holanda, onde a descoberta de uma grande reserva de gás natural aumentou as receitas de exportação valorizando assim a moeda local (florim). Essas receitas provocaram a valorização cambial, tornando os preços dos bens manufaturados nacionais poucos competitivos no mercado interno e externo, prejudicando a indústria local. Segundo Bresser-Pereira (2009), a desindustrialização seria decorrente da "re-primarização" da pauta de exportações, isto é, a especialização na direção de commodities, produtos primários ou manufaturas com baixo valor adicionado e/ou baixo conteúdo tecnológico resultante da descoberta de recurso naturais que

23 21 gera vantagens comparativas para o pais que as detém, levando a economia se especializar na produção desses bens. Assim o aumento da receita de exportação faz com que ocorra uma apreciação cambial que desestimula a exportação dos demais produtos da economia, prejudicando o setor industrial causando um declínio desse setor. Nesta perspectiva, a desindustrialização é classificada como negativa, já que a existência de uma grande quantidade de recursos naturais de baixo custo dá origem a rendas ricardianas no qual o custo de produção é menor que no mercado internacional. O baixo custo dos produtos exportados permite a valorização do câmbio, desestimulando a produção de produtos que não detêm essas vantagens, como os bens manufaturados e com maior valor agregado. Palma (2005) reelabora o conceito de doença holandesa apontando como fator determinante as politicas econômicas resultante de um processo drástico de liberalização comercial e financeira que ocorreu nos países latinos-americanos na década de A desindustrialização seria causada pelo saldo comercial positivo em bens primários, pois a abundância de recursos naturais implica em uma redução do emprego no setor industrial e da produção devido a valorização do câmbio fazendo com que a indústria perca a competitividade ocasionando um déficit comercial crescente. Assim, segundo Silva & Lourenço (2014), a doença holandesa é causa e não consequência da desindustrialização, quando o país é contaminado por essa doença, a indústria tende a perde participação tanto em termos relativos quanto absoluto, de modo que a indústria tende a ser sucateada. A quarta causa, a nova divisão internacional do trabalho surgiu através das multinacionais que transferiram suas plantas produtivas intensivas em mão de obra para outras nações em desenvolvimento. Essas transferências tendem a ocorrer via Investimento Direto Externo (IDE). Segundo Bluestone e Harrison (1982), um dos motivos seria a busca no exterior, por parte das empresas, em busca de custos trabalhistas menores, deslocando a produção para outros países intensivos em mão de obra e, assim, diminuindo o emprego e a produção industrial no país de origem. Com isso, a participação do emprego industrial se reduz nos países desenvolvidos e aumenta a participação do emprego industrial nos países

24 22 intensivos em mão de obra. Desse modo, como os produtos industriais dos países em desenvolvimento se tornam mais baratos, ou seja, agora os residentes podem adquirir a mesma quantidade de bens industriais com uma fração menor de sua renda, a renda real aumenta e, consequentemente, o gasto dos demais setores, sobretudo, do de serviços. Assim, a participação tanto do emprego quanto do valor adicionado da indústria de transformação tende a perder participação no PIB para o setor de serviços. No entanto, diante do avanço da Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) aliada com a abertura comercial e financeira o que facilita a saída de capitais de um país para outro, os países exportadores de IDE tendem a ser tornar uma nação rentista que, segundo Rowthorn e Wells (1987), gera uma espécie de armadilha da riqueza que, ao apreciar o câmbio real, reduz a competividade da indústria doméstica, assim causando ou acelerando o processo de desindustrialização. Contudo, o IDE ao chegar aos países receptores, não significa necessariamente em investimento novo, afim de expandir a produção, mas pode se tornar na compra de empresas já existentes. Ou seja, tende a agravar o processo de Fusões e Aquisições (F&A). Shafaeddin (2005) afirma que o IDE pode não necessariamente contribuir para a expansão da capacidade produtiva, quando os recursos são direcionados a compra de ativos existentes. Dessa forma, o IDE não representa necessariamente mudança da estrutura produtiva de uma economia. Porém, o IDE pode provocar um processo mais grave sobre a economia, no qual não ocorre a F&A nem aumento da capacidade produtiva. Como os países em desenvolvimento tendem a apresentar uma taxa de juros maior em relação aos países desenvolvidos, quando os primeiros países taxam a entrada de capitais especulativos, o IDE pode ser um meio para os especuladores entrarem no país sem serem taxados. Quando isso ocorre, não há compra de ativos existentes na economia nem a realização de investimento novo. Portanto o IDE, por aumentar a taxa de retorno exigida sobre a formação de capital, irá transferir parte dos recursos para o setor de serviços (financeiros), fazendo que haja um aumento dos investimentos na esfera financeira em

25 23 detrimento da esfera real da economia, contribuindo assim para a desindustrialização. Isto leva a outra causa da desindustrialização, ou seja, a redução da taxa de crescimento do investimento da economia tanto em termos de emprego como de valor adicionado. Como a indústria é o setor que produz bens de capital, um aumento do investimento da economia em geral tende a provocar um efeito maior na indústria do que nos demais setores. Assim, reduções do investimento da economia tendem a provocar um processo de desindustrialização. Porém como os investimentos são sensíveis à taxa de juros, o aumento destas inibe a demanda por bens de capitais, tornando as aplicações financeiras mais rentáveis em relação às aplicações reais e, portanto, reduzindo a taxa de crescimento do investimento que, ceteris paribus, gera um processo de desindustrialização sobre a economia. No próximo capitulo, analisa-se o processo de desindustrialização na economia brasileira sob esse prisma. Por enquanto, a próxima seção aborda a hegemonia do capital financeiro que teve início na abertura comercial e financeira ocorrida na década de HEGEMONIA DO CAPITAL FINANCEIRO Para entender o processo da hegemonia do capital financeiro, é necessário analisar o processo de globalização bem como a influência do neoliberalismo na expansão do capital financeiro Globalização produtiva e financeira A definição da globalização não é consensual entre os autores, sendo assim, Costa (2008) identifica três correntes que abordam o tema. A primeira corrente é os apologistas da globalização, para os quais desde os primórdios da humanidade o homem estabelece sua relação por meio da troca, desse modo, a globalização propicia a generalização das trocas e o exercício livre dos desejos (considerados naturais) dos indivíduos. A segunda corrente trata a globalização como mito, onde seria uma tentativa dissimulada dos capitalistas de ocultar a exploração das multinacionais sobre os países periféricos, as investidas contra o

26 24 Estado (o Estado mínimo) e persistências das desigualdades sociais. Por fim, a última corrente trata a globalização como um fenômeno antigo, iniciada durante as navegações marítimas e aprofundada no século XX. Para Costa (2008) a globalização é associação das transformações que atravessou o capitalismo monopolista imperialista com a internacionalização da produção e das finanças, na segunda metade do século XX. A globalização produtiva é caracterizada por três aspectos: o crescimento da internacionalização da produção, o aumento da concorrência em escala internacional e a intensificação da interligação entre as estruturas de produção nacional (GONÇALVES, 1998). As empresas transnacionais passaram a ser agentes do processo de internacionalização da produção através da criação de filiais pelo mundo. Desse modo, as transnacionais passaram a ser a responsáveis pelo IED, comércio internacional e relações contratuais. Diante disso, o processo de abertura comercial, liberalização e a desregulamentação, passaram a ser aspectos importantes para atuação das transnacionais. Nesta perspectiva, Costa (2002, p.11) A globalização financeira é um processo que está ligado à internacionalização da produção. A globalização financeira teve o seu inicio com a crise do sistema Bretton Woods, na década de 70, cujo objetivo do sistema era estabelecer regras para a politica econômica internacional após a segunda guerra mundial. Com o colapso de Bretton Woods, houve grandes transformações no sistema financeiro internacional, obtendo assim uma maior integração bem como a intensificação nos fluxos de capitais entre países. O que possibilitou estas mudanças foram as reformas estruturais e setoriais utilizadas por meio de politicas liberalizantes adotadas pelos países desenvolvidos no final da década de 70. Os neoliberalista tinham como principais premissas a diminuição da intervenção do Estado na economia, privatização de empresas estatais e serviços públicos, abertura comercial para as multinacionais e reformas fiscais baixando os impostos de rentistas. A partir da década de 80 teve inicio na América Latina a abertura comercial e a liberalização financeira, através das recomendações do Consenso de

27 25 Washington, que pregava politicas neoliberalista como forma de acelerar o crescimento econômico desses países. Assim de acordo com essa visão a entrada de fluxo de capitais, passaria a trazer benefícios para os países em desenvolvimento. Gonçalves (1998) caracteriza a globalização financeira a partir de três processos: o aumento dos fluxos de recursos financeiros entre os países do mundo; o aprofundamento da disputa nos mercados de capitais no mundo e uma maior relação entre os sistemas financeiros dos países. O aumento dos fluxos de recursos financeiros entre países se deu por meio de emissão de títulos e de ações entre nações desenvolvidas e em desenvolvimento. Em relação ao aprofundamento da disputa no mercado entre os países, o autor afirma que ocorreu através da disputa entre os bancos e as organizações não-bancárias nos negócios do mercado financeiro mundial e por fim a integração dos sistemas financeiros nacionais no mercado financeiro global que possibilitou a circulação de uma quantidade grande de capitais ao redor do mundo sem a devida regulação financeira. A incorporação da tecnologia da informação pelo setor financeiro proporcionou ao capital financeiro se materializar em informação eletrônica e desse modo, encurtar o tempo e espaço das atividades financeiras. Diante disso, o crescimento da quantidade de capitais circulando ao redor do mundo sem uma regulação financeira constitui-se em uma financerização da economia. É uma economia de alto risco, instável e com impactos na economia produtiva. (RAMOS, 2010). Costa (2002, p.4) afirma: O novo quadro internacional proporcionou uma mudança radical nos rumos da economia mundial. Movido pela lógica da desregulamentação financeira, da mobilidade irrestrita de capitais e das altas taxas de juro, o capital financeiro se libertou das amarras do espaço e do tempo passou a operar com enorme versatilidade, proporcionando a esta atividade a hegemonia dos negócios do sistema capitalista e instituindo o rentismo como norma geral para os agentes econômicos, processo denominado de financeirização da riqueza.

28 26 Chesnais, (1996) denomina essas transformações ocorrida na economia mundial de mundialização do capital caracterizado por regime de acumulação mundial predominantemente financeira. Essa nova ordem internacional é marcado por uma economia mundial estagnada, onde o aumento da produtividade provocou uma superprodução dos bens, desse modo a esfera produtiva apresentou baixa rentabilidade implicando assim na transferência de investimento da esfera produtiva para a financeira. A partir desse momento, fortalece-se a hegemonia do capital financeiro. Carcanholo e Nakatani (1999) afirmam que a fase atual de globalização no capitalismo constitui a fase de dominação internacional da lógica especulativa sobre a produção e da consequente exacerbação da concorrência entre os grandes capitais produtivos que operam na esfera internacional. De acordo com Chesnais (1996) é na esfera financeira onde o capital adquiriu a maior mobilidade e passou a ser um dos campos de valorização do capital, existindo uma constante busca pelo lucro, porém esse lucro tem sua origem no setor produtivo. Diante disso, percebe-se que existe uma fuga dos capitais da esfera produtiva para a financeira, portanto o setor financeiro se apossa da riqueza gerada no setor produtivo. Carcanholo e Nakatani (1999, p.301) afirmam que esse capital é um capital que não produz mais-valia ou excedente-valor e não favorece nem contribui para a sua produção. Ou seja, o capital fictício é considerado um capital não produtivo, já que os ganhos obtidos por esse capital ocorrem na esfera financeira. O capital especulativo não garante níveis de crescimento econômico aceitáveis, já que não tem compromisso com a geração de emprego e renda. A entrada dos capitais deveria promover o desenvolvimento econômico, porém para garantir a entrada e permanência desses capitais é necessária à prática de políticas macroeconômicas que tornam o desenvolvimento pouco sustentado o que acaba prejudicando o setor da esfera real da economia. A busca por uma rápida valorização do capital pelos agentes pode gera uma instabilidade no sistema podendo ocasionar em grave crise econômica. Costa (2002, p.14):

29 27 A dominância da esfera financeira sobre o conjunto da economia impôs à sociedade um enorme sacrifício e elevou potencialmente o risco estrutural do sistema, tendo em vista que a atividade financeira passou a movimentar uma quantidade recursos muitas vezes maior do que economia real. A nova ordem mundial aprofundou mais a dependência dos países em desenvolvimento devido ao seu regime de acumulação baseada na especulação, provocando mudanças bruscas nas economias e choques financeiros. A próxima seção apresenta as causas e consequências que o capital financeiro gera nas economias Causas e consequências Como foi visto na seção anterior, a abertura comercial e a desregulamentação financeira através das politicas neoliberais possibilitam a entrada de capitais dentro de uma economia capitalista. Os neoclássicos defendem a ideia de promover o crescimento por meio da poupança externa e com abertura da conta capital, desse modo os países ricos em capital transfeririam recursos para os países em desenvolvimento e esses recursos iriam para o setor produtivo. Porém esses fluxos de capitais podem criar problemas no balanço de pagamentos (ALENCAR & STRACHMAN, 2014). O balanço de pagamentos é o registro das transações de residentes de um país com o restante do mundo. As duas principais contas no balanço de pagamento são a conta corrente e a conta capita e financeira. (DORNBUSCH, FICHER & STARTZ, 2009). O resultado desejável a se alcançar é o equilíbrio da balança de pagamento, ou seja, a soma da conta corrente e a conta capital igual à zero. Quando um país apresenta déficit em transações correntes, esse déficit pode ser financiado pela conta de capital e financeira, no entanto, esse financiamento pode gerar efeitos colaterais graves para a economia conforme o interesse do capital no país. Se um país apresenta déficit em conta corrente, este déficit pode ser financiado pela entrada de investimento direto estrangeiro (IDE) e/ou pela entrada

30 28 de capitais de curto prazo. No entanto, o primeiro é mais desejável já que constitui um capital de melhor qualidade por ser de longo prazo. Contudo, caso esse seja insuficiente, o financiamento ocorrerá através da entrada de capital volátil no país. Assim, a principal causa que leva ao país a recorrer ao capital especulativo ou de curto prazo é a necessidade de fechar as suas contas externas. Não obstante, esse capital especulativo só vai entrar no país se a taxa de juros doméstica for maior que a taxa de juros externa. O diferencial de juros é definido como a diferença entre as taxas de juros pagas em diversos países para o mesmo ativo (DORNBUSCH, FICHER & STARTZ, 2009, p.578). Porém, essa espécie de financiamento gera um efeito colateral sobre a economia, dado que parte do investimento produtivo planejado pode não ser efetivado ou pode ser também direcionado para a esfera financeira, gerando diversas consequências negativas para a economia. Segundo Honório & Guerra (2012), esta alta do juro acaba sendo prejudicial para economia, pois a entrada de capital especulativo não gera formação bruta do capital fixo, não entrando no circuito produtivo da economia. A questão é que os investidores atraídos com aplicação corrigida pelos juros torcem por juros altos. E pressionam para evitar a queda dos juros básico da economia. Em suma, o capital especulativo pode afetar a atividade produtiva através de: i) mudanças na disponibilidade do crédito a pessoa física, reduzindo o consumo; ii) mudanças na disponibilidade do crédito a pessoa jurídica afetando a sustentabilidade das posições patrimoniais das empresas (Minsky, 1986), fragilidade das posições de mercado através das variações do câmbio que afetam os custos e margens de lucro; iii) as expectativas de instabilidade financeiracambial também afetam a formação de preços via mark ups (Tavares & Belluzzo, 1992); iv) aquisições/fusões com fins especulativos podem desarticular grupos econômicos, enfraquecendo encadeamentos produtivos/tecnológicos importantes para alavancar a competitividade; v) ativos intangíveis, não passíveis de securitização, podem ter dificuldades para obter financiamento (Aglietta, 1995); vi) a fragilidade financeira dos governos compromete sua capacidade de promover atividades produtivas ou de desenvolvimento tecnológico, bem como de ajudar setores importantes.

31 29 A eficiência marginal do capital é definida por Keynes (1985. p.101) como sendo a taxa de desconto que tornaria o valor presente do fluxo de anuidades das rendas esperadas desse capital, exatamente igual ao seu preço de oferta. Sendo assim, os juros altos aumenta o custo de produção das empresas, uma vez que agora uma parte do lucro deve ser direcionada para o pagamento de juros dos empréstimos e/ou torna novos empréstimos mais caros. Além desse efeito, o aumento de juros também provoca dificuldades pelo lado da política fiscal, uma vez que os investidores passam a exigir o equilíbrio das contas do governo. Diante disso, a utilização de uma política fiscal expansionista em períodos de recessão fica prejudicada, dado que o governo passa a buscar superávits primários cada vez mais elevados. Assim, essa lógica também prejudica o investimento produtivo. Períodos de recessão são momentos que requerem uma ação mais ativa do governo em termos de política fiscal para gerar demanda ao setor privado. Se a política fiscal está subordinada ao capital especulativo, o setor produtivo da economia pode demorar a se recuperar e, portanto, a realizar novos investimentos. Do mesmo modo, o aumento dos juros gera desestímulo ao consumo, dado que os empréstimos se tornam mais onerosos à pessoa física, provocando uma queda do consumo. Portanto, reduzindo ainda mais a demanda da economia e desestimulando novos investimentos. Não obstante, os impactos da especulação na esfera produtiva são distintos, dependendo da situação das empresas. Segundo Canuto & Laplane (1995), essa situação tende a ser ponderada por diversos fatores, como: o perfil patrimonial (flexibilidade, capacidade de autofinanciamento, etc.), setores de atuação (indústria, finanças, comércio, etc.), grau de globalização produtiva e financeira, vantagens competitivas acumuladas sobre os rivais, alianças estratégicas e suporte governamental. Assim, as empresas, setores e países não são igualmente vulneráveis. O fato é que os países em desenvolvimento e, portanto, dependentes de capital externo para fechar suas contas, raramente apresentam essas condições. Dito isto, essas economias em desenvolvimento que tendem a financiar o saldo da conta corrente via capital especulativo, são mais sensíveis a crises. Diante de uma crise interna ou externa, esse tipo de capital tende a buscar segurança, ou

32 30 seja, a se direcionar para economias com baixo risco, como a economia americana por exemplo. Na tentativa de evitar uma fuga mais acentuada, a economia doméstica eleva sua taxa de juros e, desse modo, agravando todos os efeitos mencionados acima 3. Portanto, a elevação dos juros afeta o potencial de crescimento da economia, já que taxas elevadas inibem a expansão das atividades produtivas por parte dos empresários, reduzindo o processo de acumulação de capital e contraindo o crescimento da economia no médio e longo prazos. Todavia, a lógica perversa descrita nesta seção gera uma espécie de circulo vicioso na economia, de difícil saída, que tende a levar a uma especialização da produção nos bens que possui vantagens comparativas 4. No caso do Brasil, gerando um processo de desindustrialização e a especialização da economia em produtos de baixo valor agregado, sobretudo commodities. O próxima seção tem por objetivo mostrar as principais teses sobre esse processo de desindustrialização e especialização da economia brasileira. 2.3 DEBATE SOBRE DESINDUSTRIALIZAÇÃO NA ECONOMIA BRASILEIRA Antes de analisar o processo de desindustrialização na economia brasileira, é importante descrever as principais abordagens dentro da literatura econômica, na perspectiva de orientar o leitor. A discussão sobre o debate da desindustrialização na economia brasileira se intensificou a partir década de 90. Esse debate ocasionou um conjunto de argumentos divergentes em relação à existência, ou não da desindustrialização no Brasil. Nesta perspectiva, quatro abordagens se destacaram: o novo desenvolvimentismo, a ortodoxia econômica, intrassetorial e restrição externa. Silva (2014b) afirmar que este debate ganhou força devido à redução da participação da indústria no PIB bem como a queda o emprego industrial sobre o emprego total, a crescente participação das commodities nas exportações e ao aumento das importações de bens manufaturados. Depois da queda da rentabilidade do café, o Brasil seguiu uma trajetória de industrialização rápida, no período de 1930 a 1980, devido à politica de 3 Vide Canuto & Laplane (1995). 4 Vide Prebisch (1949)

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