JORNADA NACIONAL DE LUTA DO MCP EM DEFESA DA AGRICULTURA CAMPONESA PELA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS SAUDÁVEIS
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- Thiago Schmidt Angelim
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1 JORNADA NACIONAL DE LUTA DO MCP EM DEFESA DA AGRICULTURA CAMPONESA PELA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS SAUDÁVEIS O Movimento Camponês Popular (MCP) a partir da organização coletiva das famílias camponesas, pautado a importância da produção de alimentos saudáveis, que só é possível com a agricultura camponesa fortalecida e com condições estruturais consolidadas, permitindo que essa produção chegue para toda a população brasileira. A cada ano percebe-se, claramente, a opção do governo pelo agronegócio. Exemplo disso é o Plano Safra 2015/2016 que repassou para a agricultura camponesa apenas 20% do valor destinado ao agronegócio. E, mesmo assim, as famílias camponesas não conseguem acessar os recursos, devido à burocracia, falta de assistência técnica e falta de vontade dos bancos em operacionalizar com os pequenos. Diante dessa situação, as camponesas e os camponeses intensificam a luta pela construção da soberania alimentar, produção de comida limpa, preservação da agrobiodiversidade e respeito à identidade dos povos. Por isso reivindicamos: 1. ASSISTÊNCIA TÉCNICA RURAL - ATER 1.1 Garantia de Assistência Técnica para o desenvolvimento de ações para toda a cadeia produtiva da Agricultura Familiar: agroecologia, organização produtiva para mulheres camponesas; produção e comercialização de sementes crioulas; produção de leite. 1.2 Garantia de Assistência Técnica às famílias do Piauí e da Bahia para implantação do Programa Água II, para produção de alimentos, nos seguintes municípios: 2. SEMENTES CRIOULAS 2.1 Recursos para capacitação para o resgate, produção, multiplicação e melhoramento de sementes, mudas e raças crioulas; 2.2 Disponibilização de recursos para a pesquisa popular com as sementes crioulas; JORNADA DE LUTA // MARÇO DE 2014 // PÁGINA 1
2 2.3 Recursos para adquirir equipamentos para melhoria do trabalho com sementes crioulas, como máquinas para o plantio, colheita e debulha, para realizar seleção, classificação e empacotamento das sementes crioulas; 2.4 Recursos para construção e melhoria de bancos de sementes crioulas; 2.5 Apoio para a realização do II Seminário, Feira e Festa Internacional das Sementes, Mudas e Raças Crioulas no estado de Goiás, a ser realizado em setembro de REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA A regularização dos camponeses posseiros deve ser realizada de forma que impeça a acumulação da terra, seja observado o direito dos indígenas e as questões ambientais. Essa regularização possibilitará a inclusão de milhões de camponeses nas políticas públicas, além da regularização de 21,7 milhões de hectares de terra, das quais 9,6 milhões estão na Amazônia legal. Enquanto o governo não priorizar a resolução desta questão, milhões de camponeses continuarão a viver na insegurança, na pobreza e excluídos de políticas públicas como o PNHR, o PAA, o PNAE, o PRONAF, dentre outras. Dessa forma, propomos: 3.1 Regularização das posses com até 100 hectares que estão localizados em terras públicas ou devolutas, que podem ser socialmente adequadas para fim de reforma agrária com prevê a lei; 3.2 Que seja realizado um mutirão que articule ações dos órgãos do governo federal e dos governos estaduais responsáveis pela regularização fundiária entre 2015 a 2018; 3.3 Que seja realizada a regularização fundiárias das famílias camponesas ligadas ao MCP neste ano de 2015 no sul do Piauí, Oeste da Bahia e no Nordeste Goiano. 4. PRONAF 4.1 Criação imediata de um programa de crédito subsidiado que atenda as famílias camponesas pobres, hoje excluídas do Pronaf; 4.2 Que as operações de até R$ 20 mil sejam juro zero e carência de três anos; 4.3 Criação de mecanismos que proíbam os bancos de hipotecar as terras com até quatro módulos fiscais, como garantia no momento de tomarem o financiamento; 5. PROGRAMA DE AGROINDÚSTRIA PARA A AGRICULTURA CAMPONESA 5.1 Que seja lançado um programa com subsídios de até R$800 mil por agroindústria camponesa, de acordo com a situação e com as necessidades de cada comunidade, para JORNADA DE LUTA // MARÇO DE 2014 // PÁGINA 2
3 investimentos no processamento, assistência técnica, industrialização e comercialização de produtos produzidos pela agricultura camponesa; 5.2 Que os projetos pilotos, sejam construídos com os Movimentos e organizações camponesas em diferentes estados do Brasil. 6. PROGRAMA DE MECANIZAÇÃO DA AGRICULTURA CAMPONESA 6.1 Máquinas e equipamentos adaptados às necessidades das famílias camponesas; 6.2 Preços baixos, acessíveis às famílias camponesas; 6.3 Financiamento, a longo prazo, para pagar, em até 20 anos, com juro zero e 50% de subsídios no pagamento das parcelas; 6.4 Prioridade para mecanização voltada a um novo modelo de agricultura, com produção diversificada, máquinas multiuso, uso de adubação orgânica e armazenamento de água com irrigação. 7. PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS E PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE SEMENTES: 7.1 Que os recursos do PAA e do PAA Sementes sejam ampliados; 7.2 Desburocratização na operação do projeto, considerando principalmente os produtos processados que são produzidos pelas mulheres camponesas, tais como doces, quitandas, frangos, etc; 7.3 Que sejam isentados os impostos de compra das sementes crioulas e produtos da agricultura camponesa; 7.4 Que seja respeitado o calendário técnico agrícola, conforme cada região, no processo de execução, pagamento e distribuição das sementes crioulas; 7.5 Que seja adquirida 230 toneladas de sementes crioulas (arroz, feijão e milho) das famílias camponesas ligadas ao MCP dos estados de Goiás (safra 2014/2015) e 170 toneladas de sementes crioulas (arroz, feijão e milho) das famílias camponesas do estado do Sergipe (safra 2015/2016). 8. MORADIA CAMPONESA: 8.1 Que os 1000 (mil) projetos das famílias camponesas sejam incluídos na meta de contratação do Minha Casa Minha Vida 2 para iniciarmos, ainda este ano, mais uma etapa de construção, reforma e ampliação de moradias nos estados da Bahia, Piauí e Goiás; 8.2 Que as propostas pautadas pelos Movimentos Sociais para melhoria do PNHR sejam consideradas para o Minha Casa Minha Vida 3; JORNADA DE LUTA // MARÇO DE 2014 // PÁGINA 3
4 8.3 Garantia de recursos para o pagamento das obras e manutenção do percentual (de 15%) atual para a liberação de cada parcela; 8.4 Garantia da contratação de 5 mil moradia nos estados de Sergipe, Goiás, Piaui e Bahia, no Minha Casa Minha Vida ENERGIA ELÉTRICA NO CAMPO: 9.1 Colocação, imediata de energia elétrica, através do Programa Luz Para Todos, em 2500 unidades familiares de famílias camponesas ligadas ao MCP no estado de Goiás; 9.2 Colocação imediata de energia elétrica, através do Programa Luz Para Todos, em 1200 unidades familiares de famílias camponesas ligadas ao MCP no sul estado do Piauí; 9.3 Apoio para o desenvolvimento de experiências das organizações camponesas para a geração de energia através de fontes alternativas (solar e biogás). 10. PROGRAMA ÁGUA PARA TODOS: 10.1 Implantação do Programa Água para Todos (Água I e II) os municípios do Nordeste e Norte do estado de Goiás para 700 famílias camponesas que sofrem com a falta de água por meio de entidades parceiras do MCP, que já possuem trabalho nessas regiões; 10.2 Implantação do Programa Água II para 1200 (mil e duzentas famílias camponesas) nos estados do Piauí e Bahia, conforme indicação dos municípios: 11. COMBATE À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER CAMPONESA E MELHORIA DAS CONDIÇÕES DE VIDA: 11.1 Garantia de políticas públicas de combate à violência e proteção de mulheres; 11.2 Condições para realização de campanhas, debates (oficinas, cursos, escolas, etc.) contra a violência cometida às mulheres camponesas; 11.3 Recursos a fundo perdido para as mulheres adquirirem equipamentos para o processo de beneficiamento coletivo. 12. EDUCAÇÃO DO E NO CAMPO 12.1 Que o governo federal, através do Ministério da Educação e Eletrobrás crie uma força tarefa para erradicar o analfabetismo no campo até 2015, e que sejam efetivadas ações em conjunto, no segundo semestre deste ano no sul do Piauí, Oeste da Bahia e no Sergipe; 12.2 Para isso, propomos também que o governo realize convênios junto às entidades, organizações e movimentos sociais especificamente dos camponeses/as para que estes possam colaborar na erradicação do analfabetismo; JORNADA DE LUTA // MARÇO DE 2014 // PÁGINA 4
5 12.3 Que sejam criados cursos técnicos de graduação e pós-graduação específicos para a juventude camponesa. 13. PREVIDÊNCIA SOCIAL ÀS CAMPONESAS E AOS CAMPONESES 13.1 Manter o enquadramento das famílias camponesas como seguradas especiais da Previdência Social; 13.2 Ampliar de quatro para seis meses o salário maternidade das mulheres camponesas; 13.3 Ampliar as formas de comprovação do exercício da atividade rural, já que o Brasil possui um grande problema fundiário e a maioria dos camponeses são posseiros e as famílias camponesas são tratadas nas agências do INSS com desconfiança; 13.4 Organizar materiais, como cartilhas, cartazes, folders e uma ampla campanha para informar as famílias camponesas dos seus direitos enquanto seguradas especiais, pois há uma enorme falta de informação; 13.5 Capacitar os atendentes do INSS sobre a seguridade especial e também sobre a realidade da agricultura camponesa no Brasil, pois diversas pessoas, principalmente as mulheres camponesas, são excluídas do seu direito à previdência por falta de informação e por preconceito às camponesas e aos camponeses. Algumas mulheres camponesas já ouviram que não são seguradas especiais, pois estavam trajadas com roupas limpas e não tinham calos nas mãos, dentre outros absurdos; 13.6 Que a Previdência Social crie formas de proteção às camponesas e aos camponeses que, muitas vezes, por falta de informação são jogados para advogados que costumam ficar com boa parte da aposentadoria da pessoa por um longo período e ainda fazem dívidas no nome dos camponeses para serem pagas com o recurso da aposentadoria; 13.7 Realizar, nos municípios onde não há agências do INSS, mutirões voltados às famílias camponesas para resolverem seus problemas junto à Previdência Social; 13.8 Melhorar a Previdência Social das famílias camponesas, incluindo nos acidentes e seguro maternidade jovens acima de 14 anos; 13.9 Que as orientações e cadastros da pessoa sejam realizados diretamente no INSS e que qualquer trâmite seja feito na agência do INSS, sendo a pessoa desobrigada a procurar qualquer outro órgão, como sindicato; Melhorar, de acordo com a idade, as aposentadorias dos camponeses com a seguinte proposta: ao completar 55 anos as mulheres e 60 anos os homens, aposentadoria como é hoje, de um salário mínimo; porém, ao completarem 65 anos passar a receber um salário e meio; aos 70 anos dois salários mínimos; aos 75 anos dois salários e meio. JORNADA DE LUTA // MARÇO DE 2014 // PÁGINA 5
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