INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS RESULTANTE DA QUEBRA NA RELAÇÃO DE CONSUMO

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1 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS CEJURPS CURSO DE DIREITO INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS RESULTANTE DA QUEBRA NA RELAÇÃO DE CONSUMO PRISCILLA KROBEL NUNES BRUÇO ITAJAÍ [SC], JUNHO DE 2008.

2 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS CEJURPS CURSO DE DIREITO INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS RESULTANTE DA QUEBRA NA RELAÇÃO DE CONSUMO PRISCILLA KROBEL NUNES BRUÇO Orientador: Professor Mestre Emerson de Moraes Granado Monografia submetida á Universidade Do Vale do Itajaí UNIVALI, como Requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito.

3 ITAJAÍ [SC], JUNHO DE AGRADECIMENTOS Que momento de alegria... Pensei que jamais este dia chegaria... Finalmente... O dia da minha formatura... Foram anos de uma quase tortura em que fui amparada pela ternura de meus pais, meu irmão e meu marido queridos, cujos esforços jamais serão medidos, sempre me dando amparo e carinho, me conduzindo por este árduo caminho... De muitos eles se privaram, mas sempre me apoiaram... Quantas vezes eu teria desistido, se não tivessem eles insistido, jamais permitindo que o desânimo me dominasse, para que este dia finalmente, chegasse... Em seu sorriso de felicidade e alegria, está claro ser para eles também um grande dia... Este é um marco para meu futuro. Eu gostaria de agradecer por este esforço ora recompensado. Aos meus pais ao meu irmão e ao meu marido, aceitem esse beijo que estou a dar, pelo amor que sempre me dedicaram, e pelo apoio que sempre me proporcionaram... Meu amor e reconhecimento eterno... Ao orientador, Professor Emerson de Moraes Granado... Agradeço pela dedicação, paciência e empenho pela orientação da presente monografia. Muito Obrigada!

4 TERMO DE ISENÇÃO E RESPONSABILIDADE Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de todo e qualquer responsabilidade acerca do mesmo. Itajaí [SC], junho de Priscilla Krobel Nunes Bruço Graduada

5 PÁGINA DE APROVAÇÃO A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, elaborada pela graduada Priscilla Krobel Nunes Bruço, sob o título Indenização por Danos Morais Resultante da Quebra na Relação de Consumo, foi submetida em [Data] à banca examinadora composta pelos seguintes professores: MSc. Emerson de Moraes Granado (Orientador e Presidente da Banca), e Eduardo Erivelton Campos (banca exminadora) Itajaí [SC], junho de Prof. MSc. Emerson de Moraes Granado Orientador e Presidente da Banca Prof. MSc. Antônio Augusto Lapa Coordenação da Monografia

6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO...V II CAPÍTULO O ESTADO TEORIAS QUE JUSTIFICAM A ORIGEM DO ESTADO EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO ESTADO ELEMENTOS FORMADORES DO ESTADO ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO E SUAS FUNÇÕES CAPÍTULO RELAÇÃO DE CONSUMO CONSUMO CONSUMIDOR FORNECEDOR RELAÇÃO JURÍDICA E DE CONSUMO OBJETOS DA RELAÇÃO DE CONSUMO DIREITOS BÁSICOS DOS CONSUMIDORES DAS PRÁTICAS ABUSIVAS DO CONTRATO REPARAÇÃO DE DANOS CAUSADOS AO CONSUMIDOR PRESENÇA DO ESTADO BRASILEIRO NAS RELAÇÕES DE CONSUMO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES CAPÍTULO INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS RESULTANTE DA QUEBRA NA RELAÇÃO DE CONSUMO DANO PATRIMONIAL DANO MORAL REPARAÇÃO DO DANO MORAL NEXO DE CAUSALIDADE E ÔNUS DA PROVA DANO MORAL E ÔNUS DA PROVA FIXAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO CONSIDERAÇÕES FINAIS...59

7 REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS...

8 RESUMO Esta monografia foi realizada com base em pesquisa científica, apresenta e analisa a indenização por danos morais resultante da quebra na relação de consumo, a fim de apurar a sua eficácia prática no suprimento de omissões legislativa e administrativa, como instrumento de defesa da aplicação integral da Constituição Federal. O presente trabalho é composto de três capítulos, que se destacam pelos seguintes conteúdos e objetivos específicos: no primeiro capítulo consta o resultado da pesquisa sobre a origem, conceito, evolução histórica e algumas teorias que justificam o surgimento do Estado; bem como, a origem, conceito, evolução histórica, sentido e características da Constituição; no segundo capítulo eu começo conceituando o consumo, consumidor e fornecedor, relação jurídica e de consumo; falo dos objetos das relações de consumo que são produto e serviço; tratei dos direitos básicos do consumidor, bem como das práticas abusivas e a presença do Estado brasileiro nas relações de consumo se dá através dos procons, entidades civis e o ministério público; e finalizei o segundo capítulo com os direitos das obrigações; o terceiro capítulo começo falando do dano patrimonial e o dano moral; reparação de dano moral; valor da causa na ação de reparação de dano moral; nexo da causalidade e ônus da prova bem como dano moral e ônus da prova e finalmente a fixação do quantum indenizatório.

9 INTRODUÇÃO Este trabalho tem como objeto de estudo os dispositivos legais de defesa do Código de defesa do Consumidor e o Código Civil, tratando do-se a respeito da dor física e do constrangimento moral que comprende-se e vem ganhando forças a dignidade da pessoa humana. O estudo do tema é importante para aperfeiçoar o conhecimento profissional do pesquisador e se justifica, entre outros motivos, pela sua atualidade e relevância, devido aos constantes debates e questionamentos doutrinários, principalmente, em relação à Ação de Dano Moral e Dano Material, que visa à discussão a respeito dos danos e sua reparação. Como objetivo institucional tem-se a produção desta monografia para fins de obtenção do título de Bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI. O presente trabalho tem os seguintes objetivos específicos: No primeiro capítulo, pesquisar, sintetizar e descrever sobre a origem, conceito, evolução histórica e algumas teorias que justificam o surgimento do Estado; a origem, conceito, evolução histórica, sentido e características da Constituição; No segundo capítulo, temos como objetivo investigar, relacionar e comentar sobre os aspectos gerais que mostram à configuração de relação de consumo sob o ponto de vista do Código de Defesa do Consumidor, pois somente preenchendo tais requisitos é que a utilização do código é possível. E finalmente, no terceiro capítulo, pesquisar, resumir e descrever sobre os danos morais e patrimoniais, a sua reparação dos danos causados aos direitos da personalidade, ou seja, da pessoa humana e os critérios para a fixação do quantum reparatório pelo Judiciário, que não oferecem satisfatória resposta, e da necessidade

10 de se estabelecer um balizamento capaz de proporcionar ao Magistrado o caminho a ser trilhado na árdua tarefa que, hoje, a legislação nacional lhe impõe de quantificar a dor e o sofrimento humanos.

11 CAPÍTULO 1 O ESTADO Antes de se adentrar ao tema principal da pesquisa, faz-se necessário, a abordagem sobre a forma como se encontram organizado o Estado, fazendo uma abordagem sobre as teorias que justificam a sua origem, a sua evolução e organização para estabelecer convivência harmoniosa em sociedade. 1.1 TEORIAS QUE JUSTIFICAM A ORIGEM DO ESTADO Duas são as indagações teóricas apresentadas dentro do estudo da origem e formação do Estado, sendo elas, uma relacionada à época do aparecimento do Estado e a outra, relativa aos motivos que determinaram o seu surgimento 1. No intuito de apresentar uma seqüência lógica para melhor compreensão do tema, necessário se faz uma abordagem prévia sobre o Estado, envolvendo sua origem e sua formalização organizacional através de sua constitucionalização ORIGEM DO ESTADO Tratando das teorias que justificam a época do aparecimento do Estado, Dalmo de Abreu Dallari 2 relata a existência de três posições: a) Para muitos autores, o Estado, assim como a própria sociedade, existiu sempre, pois desde que o homem vive sobre a Terra acha-se integrado numa organização social, dotada de poder e com autoridade para determinar o comportamento de todo o grupo. Entre os que adotam essa posição destacam-se Eduardo Meyer, historiador 1 DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. 25.ed. São Paulo:Saraiva, 2005, p DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. p. 51.

12 das sociedades antigas, e Wilhelm Koppers, etnólogo, ambos afirmando que o Estado é um elemento universal na organização social humana. Meyer define mesmo o Estado como o princípio organizador e unificador em toda organização social da Humanidade, considerando-o, por isso, onipresente na sociedade humana. b) Uma segunda ordem de autores admite que a sociedade humana existiu sem o Estado durante um certo período. Depois, por motivos diversos, [...], este foi constituído para atender às necessidades ou às conveniências dos grupos sociais. Segundo esses autores, que, no seu conjunto, representam ampla maioria, não houve concomitância na formação do Estado em diferentes lugares, uma vez que este foi aparecendo de acordo com as condições concretas de cada lugar. c) A terceira posição é a que já foi referida: a dos autores que só admitem como Estado a sociedade política dotada de certas características muito bem definidas. Justificando seu ponto de vista, um dos adeptos dessa tese, Karl Schmidt, diz que o conceito de Estado não é um conceito geral válido para todos os tempos, mas é um conceito histórico concreto, que surge quando nasce à idéia e a prática da soberania, o que só ocorreu no século XVII. Outro defensor desse ponto de vista, Balladore Pallieri, indica mesmo, com absoluta precisão, o ano do nascimento do Estado, escrevendo que a data oficial em que o mundo ocidental se apresenta organizado em Estados é a de 1648, ano em que foi assinada a paz de Westifália. Entre os autores brasileiros adeptos dessa teoria salienta-se Ataliba Nogueira, que, mencionando a pluralidade de autonomias existentes no mundo medieval, sobretudo o feudalismo, as autonomias existentes no mundo medieval, sobretudo o feudalismo, as autonomias comunais e as corporações, ressaltada que a luta entre elas foi um dos principais fatores determinantes da constituição do Estado, o qual, com todas as suas características, já se apresenta por ocasião da paz de Westifália. Ainda, tratando-se da teoria do Estado, Anderson de Menezes 3 cita as três atitudes mais complexas em relação ao caso, podendo ser concretizadas e apresentadas assim: (a) O Estado é obra de Deus e, assim, de origem divina (doutrinas teológicas); b) O Estado é a criação do homem e, portanto, de origem humana 3 MENEZES, Anderson. Teoria geral do Estado. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1996, p. 77.

13 (doutrinas do contrato e da violência); c) O Estado é produto social e, conseguintemente, de origem histórica ou evolutiva (doutrinas familiar ou natural). Celso Ribeiro Bastos 4, diz que para se estudar a origem do Estado, devem ser considerados três aspectos fundamentais que buscam as causas de seu surgimento. São eles: Dalmo de Abreu Dallari 5 a) O aspecto sociológico que diz respeito à verificação dos elementos constitutivos das primitivas sociedades políticas criadas pelo homem; b) O aspecto histórico que encara o Estado como um fato social em permanente evolução é dizer, como um produto social decorrente da própria evolução da sociedade; c) O aspecto doutrinário que analisa o Estado do ponto de vista filosófico. procura explicar a formação originária do Estado examinando as principais teorias, chegando à primeira classificação com dois grandes grupos, a saber: a) Teorias que afirmam a formação natural ou espontânea do Estado, não havendo entre elas uma coincidência quanto à causa, mas tendo todas em comum a afirmação de que o Estado se formou naturalmente, não por um ato puramente voluntário. b) Teorias que sustentam a formação contratual dos Estados, apresentando em comum, apesar de também divergirem entre si quanto às causas, a crença em que foi a vontade de alguns homens, ou então de todos os homens, que levou à criação do Estado. De maneira geral, os adeptos a formação contratual da sociedade é que defendem a tese da criação contratualista do Estado. Concluiu-se que o Estado surgiu para dar proteção e prestar serviços às pessoas que viviam em agrupamento. 4 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de teoria do Estado e ciência política. 5.ed. São Paulo: Celso Bastos, 2002, p DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. p. 54.

14 Acerca da teoria do direito natural, Celso Ribeiro Bastos 6, afirmou: (...) Segundo a teoria do direito natural, o Estado teve sua origem na própria sociedade e na ordem regular das coisas, que com o seu desenvolvimento natural legitimou o poder como decorrência desse desenvolvimento. No direito natural os princípios que imperavam eram os de que ninguém deve prejudicar ninguém e que deve se dar a cada um o que é seu. Pode se dizer que o direito natural era o conjunto daquelas regras morais que se encontravam implícitas na alma humana, como por exemplo, a caridade, a solidariedade e amizade. Todavia essas regras por si só, não bastavam para manter a convivência pacífica dos membros de uma sociedade. Era necessário, e diríamos até imprescindível, a implementação de normas criadas pelo próprio homem para que a ordem e segurança pudessem imperar dentro da sociedade. Portanto, as normas surgem para controlar os ímpetos humanos, e para servirem de veículos para a realização do bem comum que é o fim precípuo do Estado aliado também a proteção dos direitos individuais de cada um. O Estado nasce a partir do momento em que a sociedade se dá conta em que é possível se auto-administrar, e que deve existir uma instituição superior capaz de realizar o bem comum. Desse modo, o Estado é uma entidade de origem natural, pois a sociedade humana busca encontrar sua formação jurídica perfeita, ou seja, o Estado perfeito. Ainda, tratando-se das teorias do Estado, Kildare Gonçalves Carvalho 7 relata que as teorias religiosas defendem que o Estado foi fundado por Deus, sendo que esta teoria se refere mais à origem e à legalidade do governo do que propriamente sua justificação. Kildare Gonçalves Carvalho 8 diz, ainda que: Pela teoria do divino providencial, exposta por De Maistre ( ) e De Bonald ( ), e que serviu para justificar a 6 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de teoria do Estado e ciência política. p CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional: teoria do Estado e da constituição direito constitucional positivo. 13. ed. ver. atual. e ampl., Belo Horizonte: Del Rey, p CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional p. 49.

15 restauração da monarquia em França, do poder de Deus e do Papa contra o liberalismo da revolução de 1789, assevera-se que o Estado, obra de Deus existe pela graça da providência divina. Todo o poder e toda a autoridade emanam de Deus, não por uma manifestação sobrenatural de sua vontade, mas pela direção providencial dos acontecimentos e da vontade dos homens aos quais cabe a organização dos governos e o estabelecimento das leis. Já as teorias contratuais defendem que o Estado tornou-se uma organização resultante do pacto inicial realizado, de forma livre e espontânea, pelas pessoas que abandonaram o chamado estado de natureza, formando uma sociedade política e não uma comunidade 9. A teoria da violência e da força, Segundo Kildare Gonçalves Carvalho 10, fundamentadas em Gumplowicz ( ) e Oppenheimer ( ), além de Leon Duguit, sustenta ser o Estado resultado de um agrupamento humano estabelecido num território, onde os mais fortes dominam os mais fracos, aplicandose a força material, dentro de um dualismo de governantes, encontrando o grupo mais forte, limite apenas na solidariedade social. Já a teoria familiar defende a família foi o primeiro agrupamento de pessoas que fez às vezes do Estado, primeiramente administrada sobre o comando matriarcal e posteriormente sobre o domínio patriarcal. Segundo Kildare Gonçalves Carvalho 11, esta teoria procurou justificar o direito divino dos reis e o absolutismo monárquico. Mencionando sobre a teoria natural, ainda, Kildare Gonçalves Carvalho 12, assim comenta: A teoria natural justifica o Estado pela sua própria existência. Esta teoria baseia-se na simples constatação empírica da existência do Estado. Sempre que haja uma associação de homens que não tenha 9 CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional. p CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional. p CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional. p CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional. p. 55.

16 nenhuma outra superior a ela, ou seja, associação que se basta a si mesma, que não derive de outra e que vise a fins gerais, aí existe o Estado que se legitima pela sua continuidade histórica e permanência do fenômeno em si mesmo Segundo Dalmo de Abreu Dallari 13, das teorias não - contratualista mais expressivas no aparecimento do Estado podemos destacar as seguintes maneiras: Origem familiar ou patriarcal. Estas teorias situam o núcleo social fundamental na família. Segundo essa explicação, defendida principalmente por Robert Filmer, cada família primitiva se ampliou e deu origem a um Estado. Origem em atos de força de violência ou de conquista. Com pequenas variantes, essas teorias sustentam, em síntese, que a superioridade de força de um grupo social permitiu-lhe submeter um grupo mais fraco, nascendo o Estado dessa conjunção de dominantes e dominados. Entre os adeptos dessa teoria situa-se Oppenheimer, que, afirmando ter sido criado o Estado para regular as relações entre vencedores e vencidos, acrescenta que essa denominação teve por finalidade a exploração econômica do grupo vencido pelo vencedor 14. Origens em causa econômicas ou patrimoniais. Há quem pretenda que essa tenha sido a origem indicada por Platão, quando nos Diálogos, no Livro II de A República, assim se expressa: Um Estado nasce das necessidades dos homens; ninguém basta a si mesmo, mas todos nós precisamos de muitas coisas. E logo depois;... como temos muitas necessidades e fazem-se mister numerosas pessoas para supri-las, cada um vai recorrendo à ajuda deste para tal fim e daquele para tal outro; e, quando esses associados e auxiliares se reúnem todos uma só habitação, o conjunto dos habitantes recebe o nome de cidades ou Estado. Dessa forma, o Estado teria sido formado para se aproveitarem os benefícios da divisão do trabalho, integrando-se as diferentes atividades profissionais, caracterizandose, assim, o motivo econômico. Nessa mesma ordem de idéias, coloca-se Heller, dizendo que a posse da terra gerou o poder e a 13 DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. p.54/ DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. p.54/55.

17 propriedade gerou o Estado, e Preuss, sustentando que a característica fundamental do Estado é a soberania territorial 15. Origem no desenvolvimento interno da sociedade. De acordo com essas teorias, cujo principal representante é Robert Lowie, o Estado é um germe, uma potencialidade, em todas as sociedades humanas, as quais, toda via, prescindem dele enquanto se mantêm simples e pouco desenvolvidas. Mas aquelas sociedades que atingem maior grau de desenvolvimento e alcançam uma forma complexa têm absoluta necessidade do Estado, e então ele se constitui. Não há, portanto a influência de fatores externos á sociedade, inclusive de interesses de indivíduos ou de grupos, mas é o próprio desenvolvimento espontâneo da sociedade que dá origem ao Estado EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO ESTADO A histórica evolução do Estado significou formas fundamentais para descobertas de movimentos constantes à formação da evolução futura do Estado. Em sua obra, Dalmo de Abreu Dallari 17 menciona que: Habitualmente, para efeitos didáticos, faz-se a diferenciação entre diversas épocas da história da Humanidade em sucessão cronológica, evidenciando as características do Estado em cada época. Isso, entretanto, deve ser feito para melhor compreensão do Estado contemporâneo, servindo ainda como um processo auxiliar para uma futura fixação de tipos de Estados. Anderson Menezes 18 menciona que os tipos estatais não têm um mesmo curso de uniforme, muitas vezes exercendo influência em períodos descontínuos. Não se 15 DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. p DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. p DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. p MENEZES, Anderson. Teoria geral do Estado. p.105/106.

18 pode, assim, dispor cronologicamente, em ordem sucessiva apoiada na História, os exemplares de Estado que tenham realmente existido um após o outro FASES DO ESTADO Várias são as teorias que buscam demonstrar as fases evolutivas do Estado. Anderson Menezes 19 diz que: (...) o chamado Estado oriental ainda é um embrião como tal, mal delineado em sua fisionomia política, em que prevalece absoluta diferenciação de castas, da qual emerge, pelo predomínio da classe sacerdotal, uma verdadeira teocracia, que se traduz com a presença da autoridade divina no governo dos homens. Alguns autores relatam que adotaram uma seqüência cronológica, com pequenas variações compreendendo as seguintes fases: Estado antigo, Oriental ou Teocrático, (...) a família, a religião, o Estado, a organização econômica formavam um conjunto confuso sem diferenciação aparente. Em conseqüência, não se distingue o pensamento político da religião, da moral, da filosofia ou das doutrinas econômicas 20. Duas são as formas fundamentais que Dalmo de Abreu Dallari 21 menciona nas características do Estado nesse período: a natureza unitária e a religiosa. Quanto à primeira, verifica-se que o Estado Antigo sempre aparece como uma unidade geral, não admitindo qualquer divisão anterior, nem territorial, nem de funções. A idéia da natureza unitária é permanente, persistindo durante toda evolução política da Antiguidade. Quanto a presença do fator religioso, é tão marcante que muitos autores entendem que o Estado desse período pode ser qualificado como Estado Teocrático. A influência predominante foi religiosa, afirmando-se autoridade dos governantes e as normas de 19 MENEZES, Anderson. Teoria geral do Estado. p DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. p DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. p.62/63.

19 comportamento individual e coletivo como expressões da vontade de um poder divino. Essa teocracia significa, de maneira geral, que há uma estreita relação entre o Estado e a divindade, podendo-se, entretanto, apontar a existência de duas formas diferentes, conforme a distinção muito bem lembrada por Jellinek: a) em certos casos, o governo é unipessoal e o governante é considerado um representante do poder divino, confundindo-se, às vezes, com a própria divindade. A vontade do governante é sempre semelhante à da divindade, dandose ao Estado um caráter de objeto, submetido a um poder estranho e superior a ele; b) em outros casos, o poder do governante é limitado pela vontade da divindade, cujo veículo, porém, é um órgão especial: a classe sacerdotal. Há uma convivência de dois poderes, um humano e um divino, variando a influência deste, segundo circunstâncias de tempo e lugar. Já no Estado Grego, Dalmo de Abreu Dallari 22 relata que: Embora seja comum, não se tem notícia da existência de um Estado único, englobando toda a civilização helênica. [...] embora houvesse diferenças profundas entre os costumes adotados em Atenas e Esparta, dois dos principais Estados gregos, a concepção de ambos como sociedade política era bem semelhante, o que permite a generalização. A característica fundamental é a cidade - Estado, ou seja, a polis, como a sociedade política de maior expressão. O ideal visado era a auto-suficiência, a autarquia, dizendo Aristóteles que a sociedade constituída por diversos pequenos burgos forma uma cidade completa, com todos os meios de se abastecer por si, tendo atingido, por assim dizer, o fim a que se propôs. Essa noção de autosuficiência teve muita importância na preservação do caráter de cidade-estado, fazendo com que o mesmo quando esses Estados efetuaram conquistas e dominaram outros povos, não se efetivasse expansão territorial e não se preocupasse a integração de vencedores e vencidos numa ordem comum. No Estado Grego o indivíduo tem uma posição peculiar. Há uma elite, que compõe a classe política, com intensa participação nas decisões do Estado, a respeito dos assuntos de caráter público. Entretanto, nas relações de caráter privado a autonomia da vontade individual é bastante restrita. Assim, pois, mesmo quando o governo era tido 22 DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. p.63 e 64.

20 como democrático isto significava que uma faixa restrita da população os cidadãos é que participava das decisões políticas, o que também influiu para a manutenção das características de cidade- Estado, pois a ampliação excessiva tornaria inviável manutenção do controle por um pequeno número. Anderson Menezes 23, em sua obra, menciona que: O Estado grego não tinha limites em sua atividade porque somente através da sociedade política pode o homem cumprir a sua destinação, atingir aos seus fins superiores. Então o Estado compreende tudo, intervém em tudo quanto, fomentando os interesses humanos, pode ser entendido, como função pública e acaba por absorver quase integralmente o indivíduo que fora dele não encontra nem liberdade nem segurança. E no Estado Romano, Dalmo de Abreu Dallari 24 diz que: Teve início com um pequeno agrupamento humano, experimentou várias formas de governo, expandiu seu domínio por uma grande extensão do mundo, atingindo seus povos de costumes e organização absolutamente díspares, chegando a aspiração de constituir um império mundial. Uma das peculiaridades mais importantes do Estado Romano é a base familiar da organização, havendo mesmo quem sustente o primitivo Estado, a civitas, resultou da união de grupos familiares (as gens), razão pela qual sempre se concederam privilégios especiais aos membros das famílias patrícias, compostas pelos descendentes dos fundadores do Estado. Gradativamente, em longa e lenta evolução, outras camadas sociais foram adquirindo e ampliando direitos, sem que, até o final, desaparecessem a base familiar e a ascendência de uma nobreza tradicional. Anderson de Menezes 25 relata que: 23 MENEZES, Anderson. Teoria geral do Estado. p DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. p. 64/ MENEZES, Anderson. Teoria geral do Estado. p. 112.

21 O Estado Romano começou pela cidade, a civitas, formada por famílias e tribos que constituíam as gentes. Ampliou-se a cidade no seu aspecto estatal, conservando a família, no entanto, a sua importância primitiva, desde quando o governo residia numa assembléia de paters-familias, ao ponto mesmo de manter-se sempre aos senadores romanos o tratamento usual de paters. Existia também o Estado Medieval, que Dalmo de Abreu Dallari 26 menciona: (...) classificada por alguns como a noite grega da história da Humanidade e glorificada por outros por um extraordinário período de criação que preparou os instrumentos e abriu os caminhos para que o mundo atingisse a verdadeira noção do universal. No plano do Estado, não há dúvidas de que se trata de um dos períodos mais difíceis, tremendamente instável e heterogêneo, não sendo tarefa de mais simples a busca das características de um Estado medieval. Segundo Dalmo de Abreu Dallari 27, ainda no Estado Romano, pode-se indicar os principais elementos que fizeram presente na sociedade política medieval, conjugando-se para a caracterização do Estado medieval que foram: o cristianismo, as invasões dos bárbaros e o feudalismo. O cristianismo vai ser a base de inspiração à universalidades. Superando a idéia de que os homens valiam diferentemente, de acordo com a origem de cada um, faz-se uma afirmação de igualdade, considerando-se como temporariamente desgarrados os que ainda não fosse cristão. As invasões dos bárbaros [...] Oriundos de várias partes da Europa, sobretudo do norte, os povos que os romanos dominavam bárbaros e que incluíam germanos, eslavos, godos, etc., introduziram novos costumes e estimularam as próprias regiões invadidas a se afirmarem como unidades políticas independentes, daí resultando aparecimento de numerosos Estados. 26 DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. p DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. p.65/70.

22 E o feudalismo, que é a caracterização do Estado medieval. Para que se compreenda a organização feudal é preciso ter em conta que as invasões e as guerras internas tornaram difícil o desenvolvimento do comércio. Em conseqüência, valoriza-se enormemente, a posse da terra, de onde todos, ricos ou pobres, poderosos ou não, deverão tirar os meios de subsistência. Assim, pois, toda a vida social passa depender da propriedade ou da posse da terra, desenvolvendo-se um sistema administrativo e uma organização militar estreitamente ligado à situação patrimonial. Conclui-se que o cristianismo, a invasão dos bárbaros e o feudalismo, resultam a caracterização do Estado Medieval. E por fim, Dalmo de Abreu Dallari 28 comenta sobre o Estado Moderno, dizendo que (...) Os tratados de paz de Westfália tiveram o caráter de documentação da existência de um novo tipo de Estado, com a característica básica de unidade territorial dotada de um poder soberano. Era já o Estado Moderno (...). 1.3 ELEMENTOS FORMADORES DO ESTADO Para ser considerado Estado necessita a sociedade política reunir três elementos básicos: povo, território e um governo soberano Povo O primeiro elemento constitutivo de um Estado é o povo, pois ele é quem dará o suporte para sua existência. Neste norte esclarece Dalmo de Abreu Dallari 29 que, É unânime a aceitação de necessidade de elemento pessoal para a constituição e a existência do Estado, uma vez que sem ele não é possível haver Estado e é para ele que o Estado se forma. [...]. 28 DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. p DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos da teoria geral do Estado. p. 85.

23 Kildare Gonçalves Carvalho 30 elucida que O elemento humano constitutivo do Estado, que consiste numa comunidade de pessoas, é o povo. O grupo humano ou a coletividade de pessoas obtém unidade, coesão e identidade com a formação do Estado, mediante vínculos étnicos, geográficos, religiosos, lingüísticos ou simplesmente políticos, que os unem. O povo é, assim, o sujeito e o destinatário do poder político que se institucionaliza. Ele só existe dentro da organização política. Uma vez eliminado o Estado, desaparece o povo como tal. Nesse contexto pode-se dizer que o povo é o componente humano do Estado. Para Reis Friede 31 o conceito de povo está relacionado como o somatório de todos os cidadãos do Estado presentes no território pátrio e no exterior (soma de todos os nacionais, independente de sua exata localização espacial-temporal). Ainda, conceituando povo, Dalmo de Abreu Dallari 32 explica que se deve entender o povo como: (...) o conjunto dos indivíduos que, através de um momento jurídico, se unem para constituir o Estado, estabelecendo com este um vínculo jurídico de caráter permanente, participando da formação da vontade do Estado e do exercício do poder soberano. Essa participação e este exercício podem ser subordinados, por motivos de ordem prática, ao entendimento de certas condições objetivas, que assegurem a plena aptidão do indivíduo. Todos os que se integram no Estado, através da vinculação jurídica permanente, fixada no momento jurídico da unificação e da constituição do Estado, adquirem a condição de cidadãos, podendo-se, assim, conceituar o povo como o conjunto dos cidadãos do Estado. Dessa forma, o indivíduo, que no momento mesmo de se nascimento atende aos requisitos fixados pelo Estado para considerar-se integrado nele, é, desde logo, cidadão. Mas, como já foi assinalado, o Estado pode estabelecer determinadas condições 30 CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional. p FRIEDE, Reis. Curso analítico de direito constitucional e de teoria geral do Estado. p DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos da teoria geral do Estado. p. 99/100.

24 objetivas, cujo atendimento é pressuposto para que o cidadão adquira o direito de participar da formação da vontade do Estado e do exercício da soberania. Só os que atendem àqueles requisitos e, conseqüentemente, adquirem estes direitos, é que obtêm a condição de cidadãos ativos. Nesse sentido, entende Reis Friede 33 que: O elemento povo pode ser considerado, conforme já assinalamos, como o simples somatório de nacionais no Brasil e no exterior. Entre os nacionais, podemos fazer referência aos cidadãos, isto é, àqueles que estão no gozo dos direitos políticos, e a outras categorias, incluindo aqui aqueles que tenham perdido temporariamente os direitos políticos, como os condenados criminalmente, e os que não os exercem (ainda que de maneira transitória) por algum motivo (menores, interditados etc). Sérgio Sérvulo Cunha 34 diverge dos demais doutrinadores em seu conceito de povo, afirmando ser este o conjunto de todas as pessoas que compõe a sociedade, adultos e crianças, capazes e incapazes, nacionais e estrangeiros, cidadãos e não-cidadãos, cidadãos ativos e não-ativos, pessoas no gozo de seus direitos políticos e pessoas deles privadas Território O território, segundo elemento constitutivo do Estado, pode ser entendido como o elemento material que lhe define as fronteiras dentre as quais exerce o seu poder de competência. Ele constitui a base física do Estado. 33 FRIEDE, Reis. Curso analítico de direito constitucional e de teoria geral do Estado. p CUNHA, Sérgio Sérvulo da. Fundamentos de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, p. 42.

25 A propósito, ensina José Afonso da Silva 35 que o (...) território é o limite espacial dentro do qual o Estado exerce de modo efetivo e exclusivo o poder de império sobre pessoas e bens. No entendimento de Reis Friede 36 : O território abrange, de forma simplória, algumas partes componentes, tais como: o solo, o subsolo, o espaço aéreo, o mar territorial, a plataforma submarina, navios e aeronaves de guerra (em qualquer lugar do planeta, incluindo o território estatal estrangeiro), navios mercantes e aviões comerciais (no espaço livre, ou seja, nas áreas internacionais não pertencentes a nenhum Estado soberano) e, para alguns autores apesar da existência de inúmeras controvérsias, as sedes das representações diplomáticas no exterior (embaixadas). Alexandre Groppali 37 assevera que o território é elemento constitutivo do Estado, assim como o corpo o é para a vida do homem. Conceituando território, Ranelletti 38 propõe uma terceira posição, cuja base é a afirmação de que o território é o espaço dentro do qual o Estado exerce seu poder de império sobre tudo que se encontre nele, tanto pessoas como coisas. Dalmo de Abreu Dallari 39 comenta que: Com raríssimas exceções, os autores concordam em reconhecer o território como indispensável para a existência do Estado, embora o considerem de maneiras diferentes. Enquanto para muitos ele é elemento constitutivo essencial do Estado, sendo um dos elementos materiais indispensáveis, outros o aceitam como condição necessária exterior ao Estado, chegando, como Burdeau, à conclusão de que ele, conquanto necessário, é apenas o quadro natural, dentro do quais os 35 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 23. ed. ver. e atual. São Paulo: Malheiros, p FRIEDE, Reis. Curso analítico de direito constitucional e de teoria geral do Estado. p GROPPALI, Alexandre. Doutrina do Estado. p DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos da teoria geral do Estado. p DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos da teoria geral do Estado. p. 86/87.

26 governantes exercem suas funções. Bem diversa é a concepção de Kelsen, que, também considerando a delimitação territorial uma necessidade, diz que assim é porque tal delimitação é que torna possível a vigência simultânea de muitas ordens estatais. O território não chega a ser, portanto, um componente do Estado, mas é o espaço ao qual se circunscreve a validade da ordem jurídica estatal, pois, embora a eficácia de suas normas possa ir além dos limites territoriais, sua validade como ordem jurídica estatal depende de um espaço certo, ocupado com exclusividade. Ainda, sintetizando os aspectos fundamentais que têm sido objeto de considerações teóricas, Dalmo de Abreu Dallari 40 estabelece algumas condições de caráter geral, sobre as quais se pode dizer que praticamente não há divergência, quais sejam: a) Não existe Estado sem território. No momento mesmo de sua constituição o Estado integra num conjunto indissociável, entre outros elementos, um território, de que não pode ser privado sob pena de não ser mais Estado. A perda temporária do território, entretanto, não desnatura o Estado, que continua a existir enquanto não se tornar definitiva a impossibilidade de se reintegrar o território com os demais elementos. O mesmo se dá com as perdas parciais de território, não havendo qualquer regra quanto ao mínimo de extensão territorial. b) O território estabelece a delimitação da ação soberana do Estado. Dentro dos limites territoriais a ordem jurídica do Estado é a mais eficaz, por ser a única dotada de soberania, dependendo dela admitir a aplicação, dentro do âmbito territorial, de normas jurídicas provindas do exterior. Por outro lado, há casos em que certas normas jurídicas do Estado, visando diretamente à situação pessoal dos indivíduos, atuam além dos limites territoriais, embora sem a possibilidade de concretizar qualquer providência externa sem a permissão de outra soberania. c) Além de ser elemento constitutivo necessário, o território, sendo o âmbito da ação soberana do Estado, é o objeto de direitos deste, considerando no seu conjunto. Assim é que, caso haja interesse do povo, o Estado pode até alienar uma parte do território, como pode também, em circunstâncias especiais, usar o território sem qualquer 40 DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos da teoria geral do Estado.. p. 89/90.

27 limitação, até mesmo em prejuízo dos direitos de particulares sobre porções determinadas. Por sua vez, Doanati apud Kildare Gonçalves Carvalho 41, afirma que o território não deve ser entendido como elemento constitutivo do Estado, pois, segundo ele, assim como não se concebe considerar parte integrante de um indivíduo uma porção de solo porque esta lhe é necessária para seu apoio, da mesma forma é absurdo dizer que o território representa para o Estado elemento constitutivo, ao invés de condição exterior Governo Soberano O governo soberano ou simplesmente soberania como também conhecido, destacase como o terceiro elemento constitutivo do Estado, diferenciando de Nação, que se caracteriza pelo agrupamento de um povo num território, com um governo, mas que sofre influências de outros povos. Conforme Dalmo de Abreu Dallari 42 : No combate a burguesia contra a monarquia absoluta, que teve seu ponto alto na Revolução Francesa, a idéia da soberania popular iria exercer grande influência, caminhando no sentido de soberania nacional, concebendo-se a nação como o próprio povo numa ordem. No começo do século XIX ganha corpo a noção de soberania como expressão de poder político, sobretudo porque interessava às grandes potências, empenhadas em conquistar territoriais, sustentar sua imunidade a qualquer limitação jurídica. Entretanto, a partir da metade do século, vai surgir na Alemanha a teoria da personalidade jurídica do Estado, que acabará sendo apontado como o verdadeiro titular da soberania. E já no século XX, aperfeiçoada a doutrina jurídica do Estado, a soberania passa a ser indicada como uma de suas notas características, colocando-se entre os temas fundamentais do direito político, desenvolvendo-se uma completa teoria jurídica da soberania. Essa construção teórica teve um desenvolvimento 41 CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional. p DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos da teoria geral do Estado. p. 78/79.

28 gradativo, sendo necessário a fixação de várias posições, correspondentes a diversas épocas ou a diferentes pontos de vista, para se apreender o seu conjunto. Para Reis Friede 43, o conceito de soberania pode ser traduzido por intermédio de duas classes gramaticais, quais sejam: Soberania em termos objetivos se traduz através de um conceito extremamente complexo. Trata-se de uma expressão que pode ser traduzida simultaneamente por intermédio de duas diferentes classes gramaticais, ou seja, a classe substantiva e a adjetiva. No sentido material (substantivo) é o poder que tem o Estado de se organizar jurídica e politicamente e de fazer valer no seu território a universalidade de suas decisões. No aspecto adjetivo, por sua vez, a soberania se exterioriza conceitualmente como a qualidade suprema do poder, inerente ao Estado, como Nação política e juridicamente organizada. Dalmo de Abreu Dallari 44, numa concepção puramente jurídica, conceitua soberania como: [...] o poder de decidir em última instância sobre a atributividade das normas, vale dizer, sobre a eficácia do direito. Como fica evidente, embora continuando a ser uma expressão de poder, a soberania é o poder jurídico utilizado para fins jurídicos. Partindo do pressuposto de que todos os atos dos Estados são passíveis de enquadramento jurídico, tem-se como soberano o poder que decide qual a regra jurídica aplicável em cada caso, podendo, inclusive, negar a juridicidade da norma. Segundo essa concepção não há Estados mais fortes ou mais fracos, uma vez que para todos a noção de direito é a mesma. A grande vantagem dessa conceituação jurídica é que mesmo os atos praticados pelo Estados mais fortes podem ser qualificados como antijurídicos, permitindo e favorecendo a reação de todos os demais Estados. Sahid Maluf 45 conceitua soberania como (...) uma autoridade superior, que não pode ser limitada por nenhum outro poder. 43 FRIEDE, Reis. Curso analítico de direito constitucional e de teoria geral do Estado. p DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos da teoria geral do Estado. p. 80.

29 A soberania é o pressuposto fundamental do Estado. É o poder de império, de dominação, que gera um colorário de direitos e obrigações, sendo o poder máximo do Estado, efetuando-se em sua organização política, social e jurídica. 46 Miguel Reale 47 descreve o conceito de soberania como: [...] o poder de organizar-se juridicamente e de fazer valer dentro de seu território a universalidade de suas decisões nos limites dos fins éticos de convivência. Assim, pois, a soberania jamais é a simples expressão de um poder de fato, embora não seja integralmente submetida ao direito, encontrando seus limites na exigência de jamais contrariar os fins éticos de convivência, compreendidos dentro na noção de bem comum. Dentro desses limites o poder soberano tem a faculdade de utilizar a coação para impor suas decisões. Na concepção de Hely Lopes Meirelles 48 : Governo soberano é o elemento condutor do Estado, que detém e exerce o poder absoluto de autodeterminação emanado do Povo. Não há nem pode haver Estado independente sem Soberania, isto é, sem esse poder absoluto, indivisível e incontratável de organizar-se e de conduzir-se a vontade livre de seu Povo e de fazer cumprir as suas decisões inclusive pela força, se necessário. Dalmo de Abreu Dallari 49 analisando os vários conceitos de soberania menciona que: [...]. Entre os autores há quem se refira a ela como um poder do Estado, enquanto outros preferem concebê-la como qualidade do poder do Estado, sendo diferente a posição de Kelsen, que, segundo sua concepção normativa, entende a soberania como expressão da unidade de uma ordem. Para Heller e Reale ela é uma qualidade essencial do Estado, enquanto Jellinek prefere qualificá-la como nota 45 MALUF, Sahid. Teoria geral do Estado. 19. ed. São Paulo: Sugestões Literárias, p FRIEDE, Reis. Curso analítico de direito constitucional e de teoria geral do Estado. p DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos da teoria geral do Estado. p. 80/ MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. p DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos da teoria geral do Estado. p. 79.

30 essencial do poder de Estado. Ranelletti faz uma distinção entre soberania, como o significado de poder de império, hipótese em que é elemento essencial do Estado, e soberania com o sentido de qualidade do Estado, admitindo que esta última possa faltar sem que se desnature o Estado, o que, aliás, coincide com a observação de Jellinek de que o Estado Medieval não apresentava essa qualidade. É o conceito de soberania uma das bases da idéia de Estado Moderno, destacandose na importância para que este fosse definido, exercendo grande influência prática nos últimos séculos, sendo ainda uma característica fundamental do Estado 50. Reis Friede 51 ensina que o conceito de soberania está intrinsecamente relacionado ao conceito de Estado perfeito, sendo o poder absoluto em um território, o que leva a criar, no Direito Internacional, o conceito de não-intervenção entre Estados soberanos. É o direito de criar o seu próprio governo, instituições e a própria Constituição. Segundo Bodin 52, "(...) a soberania é o poder absoluto e perpétuo de uma República, expressão esta que se usa tanto em relação aos particulares quanto em relação aos que manipulam todos os negócios de estado de uma República. Dalmo de Abreu Dallari 53 acentua que: De fato, porém, apesar do progresso verificado, a soberania continua a ser concebida de duas maneiras distintas: como sinônimo de independência, e assim tem sido invocada pelos dirigentes dos Estados que desejam afirmar, sobretudo ao seu próprio povo, não serem mais submissos a qualquer potência estrangeira; ou como expressão de poder jurídico mais alto, significando que, dentro dos limites da jurisdição do Estado, este é que tem o poder de decisão em última instância, sobre a eficácia de qualquer norma jurídica. É obvio que a afirmação de soberania, no sentido de independência, se apóia no poder de fato que tenha o Estado, de fazer prevalecer sua vontade 50 DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos da teoria geral do Estado. p. 74/ FRIEDE, Reis. Curso analítico de direito constitucional e de teoria geral do Estado. p DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos da teoria geral do Estado. p DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos da teoria geral do Estado. p. 84.

31 dentro de seus limites jurisdicionais. A conceituação jurídica de soberania, no entanto, considera irrelevante, em princípio, o potencial de força material, uma vez que se baseia na igualdade jurídica dos Estados e pressupõe o respeito recíproco, como regra de convivência. Neste caso, a prevalência da vontade de um Estado mais forte, nos limites da jurisdição de um mais fraco, é sempre um ato irregular, antijurídico, configurando uma violação de soberania, passível de sanções jurídicas. E mesmo que tais sanções não possam ser aplicadas imediatamente, por deficiência dos meios materiais, o caráter antijurídico de violação permanece, podendo servir de base a futuras reivindicações bem como à obtenção de solidariedade de outros Estados. Kildare Gonçalves Carvalho 54 assinala que a soberania é una, indivisível, inalienável e imprescritível, considerando ser uma porque não existe no mesmo Estado, mais de uma autoridade soberana. Indivisível porque o poder soberano não se divide, não impedindo, entretanto, uma repartição de competências, segundo a clássica divisão do poder em Legislativo, Executivo e Judiciário, sendo que poder soberano é uno e indivisível, onde o que se divide são suas tarefas. É inalienável porque não se transfere a outrem, haja vista que o corpo social que a detém desapareceria no caso de sua alienação. Imprescritível porque o poder soberano é vocacionado para existir permanentemente, inexiste prazo certo para sua duração. 1.4 ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO E SUAS FUNÇÕES Hely Lopes Meirelles 55 explica que a organização do Estado é matéria constitucional no que se refere à divisão política do território nacional, à estruturação dos Poderes, à forma de Governo, ao modo de investidura dos governantes, aos direitos e garantias dos governados. A organização do Estado brasileiro está assim delineada na Constituição da República de 1988: 54 CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional. p MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. p. 61.

32 Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constituise em Estado Democrático de Direito e tem como fundamento: I a soberania; II a cidadania; III a dignidade da pessoa humana; IV os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. De transcendência importância é, também, o artigo 2º da Constituição Brasileira, que dispõe: Para Araujo 56 Art. 2º. São poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. a vontade estatal é única, e manifesta-se por suas funções, a executiva, a legislativa e a judiciária. Marcelo Rebelo de Souza 57 define a função do Estado como a atividade desenvolvida por um ou vários órgãos do poder político de modo duradouro, e em particular na sua forma, visando a persecução dos fins do Estado. Araújo 58 acentua que a função legislativa pode ser definida como a de criação e inovação do ordenamento jurídico, tendo por finalidade a formulação de regras genéricas e abstratas, as quais devem ser compulsoriamente observadas pelos indivíduos e pelos órgãos estatais. A lei é o ato tipicamente produzido pela função legislativa. 56 ARAUJO, L. A. D; NUNES JÚNIOR, V. S.. Curso de direito constitucional. p SOUSA, Marcelo Rebelo de. Direito constitucional. p ARAUJO, L. A. D; NUNES JÚNIOR, V. S.. Curso de direito constitucional. p. 300.

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