DIREITO ADMINISTRATIVO

Transcrição

1 ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Quando se fala em Estado, Governo e Administração Pública, por vezes entende-se que os termos se equivalem ou remetem à mesma coisa, porém de maneira conceitual são coisas distintas. Estado: Segundo Hely Lopes Meirelles, o conceito de Estado varia segundo o ângulo em que é considerado. Do ponto de vista sociológico é corporação territorial dotada de um poder de mando originário; sob o aspecto político, é comunidade de homens, fixada sobre um território, com potestade superior de ação, de mando e de coerção; sob o prisma constitucional, é pessoa jurídica territorial soberana; na conceituação do nosso Código Civil, é a pessoa jurídica de Direito Público Interno (art. 41, I). Como ente personalizado, o Estado tanto pode atuar no campo do Direito Público como no Direito Privado, mantendo sempre sua única personalidade de Direito Público, pois a teoria da dupla personalidade do Estado acha-se definitivamente superada. Elementos do Estado: segundo Meirelles, o Estado é constituído de três elementos originários e indissociáveis: Povo, Território e Governo Soberano. (Pode haver doutrinas que acrescentem o reconhecimento internacional aos três anteriores, mas a sua ausência não retira a condição conceitual de Estado). Território: certo espaço determinado dentro do globo terrestre. Povo: conjunto de pessoas organizadas em sociedade politicamente constituída com capacidade de decisão (voto). Soberania: De acordo com Jean Bodin, soberania refere-se à entidade que não conhece superior na ordem externa nem igual na ordem interna. A soberania é o poder absoluto e perpétuo de uma República". Segundo Jean- Jacques Rousseau A soberania é inalienável e indivisível e deve ser exercida pela vontade geral, denominada por soberania popular. Na nossa Constituição Federal esta descrição está prevista no artigo 14, caput. Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:

2 Formas de Estado X Formas de Governo Antes de adentrar no conceito de Governo, é necessário demonstrar quais são as formas de Estado e distingui-las das formas de Governo, pois, nas questões de concurso, pode acontecer de uma questão versar sobre o Governo e apresentar algo relacionado ao Estado, bem como pode versar sobre Estado e apresentar fatos sobre formas de Governo. Saber sobre a diferença pode ajudar a identificar alternativas erradas e auxiliar na marcação de mais respostas corretas. Formas de Estado: Segundo a doutrina clássica o Estado pode ser classificado em Estado Unitário ou Estado Federado. Estado Unitário: Poder centralizado, normas (leis) originárias de um único poder estatal. Estado Federado: Poder descentralizado, normas (leis) originam-se de todos os entes federativos (União, Estados e municípios). Formas de Governo: Existem muitas variações doutrinárias em relação as formas de Governos, mas em uma doutrina clássica podemos classificar em Monarquia e República (Aristocrata ou Democrata). Monarquia: Governo de um só. Aristocracia: Governo de poucos (mais aptos); Democracia: Governo de todos. Governo: Em sentido formal, é conjunto de Poderes e órgãos constitucionais; em sentido material, é complexo de funções estatais básicas; em sentido operacional, é a condução política dos negócios públicos. Na verdade, o Governo ora se identifica com os Poderes e órgãos supremos do Estado, ora se apresenta nas funções originárias desses Poderes e órgãos como manifestação da Soberania. (MEIRELLES, 2009) Governo é: Expressão Politica de Comando, de iniciativa, de fixação de objetivos do Estado e de manutenção da ordem jurídica vigente. Administração Pública: Em sentido formal, é conjunto de órgãos instituídos para a consecução dos objetivos do Governo; em sentido material, é o conjunto das

3 funções necessárias aos serviços públicos em geral; em acepção operacional, é o desempenho perene e sistemático, legal e técnico, dos serviços próprios do Estado ou por ele assumidos em benefício da coletividade. Numa visão global, a Administração é, pois, todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização de serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas. (MEIRELLES, 2009). GOVERNO Atos de Governo (Politicas Públicas) Atividade Política Discricionária Conduta Independente Responsabilidade Constitucional Sem responsabilidade profissional pela execução ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Atos de Execução (Serviços e etc) Atividade Neutra Vinculada Conduta Hierarquizada Sem Responsabilidade Constitucional Responsabilidade Técnica e Legal pela execução A Administração Pública é o instrumento de que dispõe o Estado para pôr em prática as opções políticas do Governo. (MEIRELLES, 2009) Qual a importância de conhecer a diferença em relação aos conceitos? Se você conhece a proveniência dos termos e entende para onde remete a forma de pensamento, poderá formar a linha de raciocínio para determinar a resposta correta de uma questão. Ex: alternativa de questão que afirma que a Federalista e Unitário são formas de governo está errada, pois são formas de Estado. Forma de governo é Monarquia ou República nos termos clássicos. Esta parte da matéria poderá cair tanto em direito administrativo quanto em direito constitucional. Este conhecimento é importante tanto como meio para chegar à resposta final, quanto como fim de uma pergunta específica sobre o tema.

4 PODERES DA UNIÃO: LEGISLATIVO, EXECUTIVO E JUDICIÁRIO Nos moldes da clássica tripartição realizada por Montesquieu, a qual é usada até hoje nos Estados de Direito, os Poderes de Estado são divididos em Legislativo, Executivo e Judiciário. A Constituição Federal da República Federativa do Brasil prevê os três poderes da União no seu artigo 2º: Art. 2º da CF/88. São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Separação dos Poderes: Primeiramente cabe afirmar que o Poder do Estado é uno e indivisível, portanto o que se divide são as formas como o Estado manifesta o seu Poder, e não o Poder propriamente dito. Contudo, apesar dos conceitos doutrinários, a teoria clássica de Montesquieu do Checks and Balences (Freios e Contrapesos) estabelece como se procede a chamada Separação dos Poderes. A independência e a separação dos Poderes são indispensáveis para a manutenção do Estado de Direito. Funções Típicas e Atípicas: LEGISLATIVO: (Titulo IV Capítulo I CF/88) Função Típica: Legislar, fiscalizar contábil, financeira, orçamentária e patrimonial do executivo. Função Atípica: Natureza Executiva dispor sobre sua organização, provendo cargos, concedendo férias, licenças a servidores etc.; Natureza Jurisdicional (art. 52, I CF/88) o Senado julga o Presidente da República nos crimes de responsabilidade. EXECUTIVO: (Titulo IV Capítulo II CF/88) Função Típica: Praticar de atos de chefia de Estado, chefia de Governo e atos de Administração.

5 Função Atípica (art. 62 CF/88): Natureza Legislativa editar medida provisória, com força de lei; Natureza Jurisdicional julgar, apreciando defesas e recursos administrativos. JUDICIÁRIO: (Titulo IV Capítulo III CF/88) Função Típica: Tem a função (Jurisdicional), dizendo o direito no caso concreto e dirimindo os conflitos que lhe são levados, quando da aplicação da lei. Função Atípica (art. 96, I, a e f CF/88): Natureza Legislativa editar o regimento interno de seus tribunais; Natureza Executiva onde administra, ao conceder licenças e férias aos magistrados e serventuários..