4. TEORIA DO PODER CONSTITUINTE. histórico. Originário. revolucionário. reforma. decorrente
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- Paulo Pinhal Borja
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1 4. TEORIA DO PODER CONSTITUINTE I) Esquema geral Originário histórico Poder Constituinte revolucionário II) Conceito Derivado reforma decorrente Emenda (EC) Revisão (ECR) Poder constituinte é o poder de elaborar ou de atualizar uma constituição política, por meio da supressão, da modificação ou do acréscimo de normas constitucionais. III) Titular do poder constituinte Povo (doutrina da soberania popular) Ver artigo 1º, parágrafo único da CRFB/88. IV) Agente do poder constituinte Assembléia de representantes do povo (desde que a constituição seja promulgada) V) Poder constituinte originário Poder que instaura uma nova ordem jurídica, rompendo com a ordem jurídica precedente. VI) Poder constituinte originário Histórico: aquele que estrutura pela primeira vez o Estado (Constituição de 1824) Revolucionário: todos os posteriores ao histórico, rompendo com a antiga ordem jurídica e instaurando uma nova (Constituições de 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988) VII) Características do poder constituinte originário
2 Inicial dá origem a uma nova ordem jurídica (a legislação ordinária é que deve se adaptar à nova constituição). Ilimitado não tem de respeitar os limites postos pelo direito positivo anterior (cláusulas pétreas). Incondicionado não está sujeito a nenhuma condição prefixada para manifestar a sua vontade (forma de convocação). VIII) Poder constituinte derivado Reforma Poder constituinte derivado Decorrente Reforma poder de modificar a constituição, mediante procedimento específico, estabelecido pelo poder constituinte originário. As alterações podem se realizar por meio de emendas ou de revisão constitucional. Emendas: art. 60 CRFB/88 Revisão: art. 3º ADCT da CRFB/88 Decorrente tem como objetivo estruturar a constituição dos Estados-membros, em razão da capacidade de auto-organização dos entes federados, estabelecida pelo poder constituinte originário. Ver art. 25, caput da CRFB/88 IX) Características do poder constituinte derivado Secundário porque deriva do poder constituinte originário Limitado porque deve respeitar limites impostos pelo direito anterior (Ver art. 60, 1º e 4º da CRFB/88) Condicionado porque deve observar normas preestabelecidas para a sua manifestação (Ver art. 60, 2º, 3º e 5º da CRFB/88) X) Limites à manifestação do poder constituinte derivado de reforma Materiais: art. 60, 4º da CRFB/88 (cláusulas pétreas): forma federativa voto direto, secreto, periódico, universal separação de poderes direitos e garantias individuais
3 Circunstanciais: art. 60, 1º da CRFB/88 estado de defesa - art. 136 da CRFB/88 estado de sítio - art. 137 a 139 da CRFB/88 intervenção federal - art. 34 da CRFB/88 Temporais: a CRFB/88 não os estabeleceu para o caso de Emenda constitucional. XI) Doutrina do poder constituinte Elaborada pela primeira vez no século XVIII, em 1788, no auge dos acontecimentos que antecederam a Revolução Francesa (1789). Autor: Emmanuel Joseph Sieyès ( ) Obra: Que é o Terceiro Estado?. No Brasil publicado sob o título A constituinte burguesa: que é o Terceiro Estado? (Ed. Lúmen Júris). Trata-se de um pequeno panfleto, em que o autor defendia que o Terceiro Estado representava a nação francesa, sendo esta (a nação) a titular do direito de estabelecer uma constituição escrita para a França, ou seja, a nação seria a titular do poder constituinte. A França, às vésperas da Revolução Francesa, era uma monarquia absolutista e centralizada O Rei Luís XVI e a Corte (Alta Nobreza) viviam em Versalhes, que abrigava aproximadamente pessoas, sustentadas por pensões e doações do rei. As províncias (divisões administrativas do território francês) eram governadas por intendentes do Rei, que só obedeciam à vontade do monarca. A sociedade francesa estava divida em 3 ordens ou estamentos (3 estados): O Clero (1 o. Estado), a Nobreza (2 o. Estado) e os outros (3 o. Estado). O 3 o. Estado compreendia a burguesia (banqueiros, comerciantes, profissionais liberais) e o povo (artesãos, camponeses e trabalhadores em geral). O 1 o. e o 2 o. Estados constituíam as classes privilegiadas. Tinham alguma participação política (compunham o Conselho dos Notáveis) e não pagavam impostos. O 3 o. Estado pagava todos os impostos e não tinha nenhuma participação política. intendentes Rei --- ministros Clero o. Estado possuem privilégios e Nobreza o. Estado não pagam impostos Burguesia e não possui privilégios Povo o. Estado e paga impostos (artesãos, camponeses e servos)
4 A França, no período que antecede a Revolução, encontra-se em dificuldades financeiras. O Rei, então, decide convocar a Assembléia dos Notáveis para propor o pagamento de impostos pelas ordens privilegiadas. A proposta é recusada. O Rei decide convocar os Estados Gerais (conselho de representantes dos 3 Estados). O 3 o. Estado faz reivindicações políticas. Deseja participar politicamente e suprimir os privilégios do 1 o. e do 2 o. Estados. O Rei aceita receber propostas para a reformulação do Estado francês. Emmanuel Joseph Sieyès (Abade Sieyès), representante do 3 o. Estado, apresenta um manifesto denominado Que é o Terceiro Estado?, em que expõe as reivindicações burguesas de reordenação política da França. Em junho de 1789, os Estados Gerais reúnem-se em Assembléia Constituinte. Luís XVI, aparentemente, conforma-se, mas demite o Ministro das Finanças, favorável às reformas. Em 14 de julho de 1789, o povo toma a Bastilha (prisão política, símbolo do poder real). É o fim o Antigo Regime. Tem início a Revolução Francesa. Plano da obra de Sieyès: 1 o. cap. Que é o 3 o. Estado? Tudo. Todos os trabalhos particulares e todas as funções públicas são realizados pelo 3 o. Estado. Agricultura indústria comércio prof. Liberais Toga Administração. igreja espada (exército) 2 o. cap. Que tem sido ele até agora na ordem política? Nada. Como o 3 o. Estado não tem verdadeiros representantes nos Estados Gerais, portanto, seus direitos políticos são nulos. 3 o. cap. Que é que ele pede? Ser alguma coisa. Três petições: 1. Que os representantes do 3 o. Estado sejam escolhidos apenas entre os cidadãos que realmente pertençam ao 3 o. Estado. 2. Que seus deputados sejam em número igual ao da Nobreza e do Clero. 3. Que os Estados Gerais votem, não por ordens, mas por cabeça. 4 o. cap. O que tentaram fazer pelo 3 o. Estado As propostas do Rei e dos privilegiados 5 o. cap. O que deveria ter sido feito O príncipe, como primeiro cidadão, deveria convocar a nação para que ela enviasse à metrópole representantes extraordinários com procuração especial para definir a Constituição do Estado. Três épocas distintas na formação da sociedade: 1 a. Na primeira época: Associação dos indivíduos que querem reunir-se. É a origem da sociedade. 2 a. Na segunda época: Constituição do governo, que será exercido por procuração.
5 Aqui a comunidade só delega o exercício de sua vontade. Não pode se despojar dela, porque é sua propriedade inalienável. Os delegados não têm sequer a plenitude desse exercício, porque a comunidade só lhe confia poder suficiente para se manter a boa ordem social. Os delegados não podem alterar os limites do poder que lhes foi confiado. 3 a Na terceira época: Não é mais a vontade comum real que age, mas a vontade comum representativa. 6 o. cap. O que falta fazer. O 3 o. Estado deve se reunir à parte e se constituir em Assembléia Nacional, pois ele é o verdadeiro depositário da vontade nacional. 7 o. cap. A Assembléia Nacional A legislação de um povo deverá ser encarregada do interesse geral. Contemporaneamente, entende-se que o povo seja o titular do poder constituinte originário. Fundamento do poder constituinte originário: a Constituição é sempre superior aos poderes constituídos (Legislativo / Executivo). A manifestação dos poderes constituídos (legislativo / executivo / judiciário) só é válida desde que esteja de acordo com a Constituição. Isso porque a Constituição não é obra do poder constituído, mas do poder constituinte, cujo titular é o povo. O poder constituinte, todavia, não é exercido diretamente pelo povo, mas por agentes do povo (representantes do povo, eleitos especialmente para o fim de estabelecer uma constituição para o Estado). Bibliografia: FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Teoria do poder constituinte. São Paulo: Saraiva SIEYÈS, Emmanuel Joseph. A constituinte burguesa: que é o Terceiro Estado? Editora Lúmen Júris SILVA, José Afonso. Curso de direito constitucional positivo. São Paulo: Malheiros
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