EQUIPARAÇÃO SALARIAL: TERCEIRIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Transcrição

1 1 MAC MORAMAN EQUIPARAÇÃO SALARIAL: TERCEIRIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Projeto de monografia apresentado no Curso de Especialização em Direito Individual da FDV. VITÓRIA ES 2013

2 2 1. TEMA DELIMITADO Este trabalho tem por objeto central o estudo da equiparação salarial na terceirização da administração publica.

3 3 2. PROBLEMA Problema jurídico é qualquer investigação não resolvida e que passa, então, a ser objeto de debate jurídico. Em outras palavras, é uma situação de conflito que encontra solução na esfera do Direito. O problema do presente trabalho é: Como o princípio da primazia da realidade poderá servir como parâmetro para a equiparação salarial na terceirização na administração pública?

4 4 3. JUSTIFICATIVA A terceirização é um fenômeno atual, crescente e preocupante, uma vez que tem sido dado tratamento desigual aos trabalhadores, principalmente no que diz respeito à equiparação salarial entre aqueles terceirizados e os efetivos na administração pública. Tema que suscita grandes controvérsias entre os doutrinadores pátrios, julgados nos tribunais e na jurisprudência. Os debates acerca do assunto divergem a respeito do tema (aplicação da equiparação salarial aos terceirizados). Como exemplo menciona-se: o premiado autor Sérgio Pinto Martins, em sua obra Direito do Trabalho (MARTINS, 2010, p. 136), demonstra ser contrário à equiparação salarial aos terceirizados... já a festejada autora Alice Monteiro de Barros, é defensora da tese, que deve ser aplicada mesmo aos contratados ilicitamente (BARROS apud FILADELFO, 2010, p. 3). Contudo, tal fenômeno tem desrespeitado alguns direitos dos trabalhadores terceirizados, ferindo principalmente os princípios da igualdade, isonomia salarial e segurança jurídica. A análise do tema é extremamente relevante, posto que o trabalhador terceirizado enfrenta uma realidade de precarização de sua mão de obra. Em abril de 2010, o Tribunal Superior do Trabalho publicou a orientação jurisprudencial OJ-383- SDI-1, assegurando-lhes as mesmas verbas salariais que a dos efetivos; desde que presente a igualdade de funções. Portanto, ainda se vislumbra na administração pública desrespeito a tal entendimento, uma vez que a OJ citada não tem força de lei. Entretanto, a doutrina e jurisprudência não são unânimes quanto à aplicação da isonomia salarial na terceirização da administração pública, provocando discussões acirradas relativas ao tema. Daí a justificativa do presente estudo, cujo objetivo não é o de estabelecer um ponto final sobre o assunto, mas

5 5 demonstrar as principais contribuições técnico-jurídicas existentes acerca do tema, e os problemas ocasionados por sua dúbia interpretação, com ênfase na legislação, doutrina e jurisprudência pátrias. Assim, é de suma relevância demonstrar como o princípio da primazia da realidade pode servir como base/parâmetro para a equiparação salarial entre os trabalhadores terceirizados e efetivos. Por óbvio, é essencial que exista uma legislação especifica sobre o assunto, posto que essa carência de lei certamente gera desrespeito aos princípios consagrados em nossa Carta Magna, sendo certo afirmar que o assunto requer uma profundidade de informações, face as inúmeras reclamações trabalhistas que pululam no Poder Judiciário.

6 6 4. OBJETIVOS Objetiva o presente estudo analisar a ausência de isonomia salarial entre os trabalhadores efetivos e terceirizados na tomadora de serviço (administração pública), e estudar a possibilidade de igualar os ganhos desses trabalhadores quando exercerem a mesma função, servindo como parâmetro o princípio da primazia da realidade. Procura-se também demonstrar que essa ausência de isonomia salarial afronta aos principais princípios do direito do trabalho, e assim, evidenciar como o caso é tratado no âmbito da administração pública, tomando por exemplo a situação dos motoristas terceirizados e efetivos do Ministério Público do Estado do Espírito Santo; tema esse que será objeto de discussão adiante. Nosso ordenamento jurídico é um tanto quanto omisso em relação à equiparação salarial dos trabalhadores terceirizados; e almeja-se também com o presente estudo, analisar como a ciência jurídica tem contribuído para garantir o direito à isonomia salarial entre os trabalhadores terceirizados na administração pública, e demonstrar como os Tribunais têm se posicionado a respeito do tema por meio de julgados. Esses objetivos pretendem ser alcançados por meio da execução do presente projeto de pesquisa, uma vez que são desdobramentos que dão suporte ao objetivo central.

7 7 4. METODOLOGIA Primeiramente, cabe citar os caminhos a serem percorridos para que o objetivo do presente estudo seja alcançado; por meio de pesquisas documentais e de campo. A metodologia usada para o presente trabalho será qualitativa. a- Documentação indireta dividindo-se em: a.1) pesquisa documental: documentos (leis, sentenças, acórdãos) que podem ser encontradas em arquivos particulares, bibliotecas, sites da internet, e outros meios. a.2) pesquisa bibliográfica: livros, artigos, revistas e outros meios de informação em periódicos ( biblioteca). No que concerne ao estudo do presente tema, é essencial a leitura de obras de direito constitucional e do trabalho, destacando autores como Mauricio Godinho Delgado, José Cairo, Alice Barros, Pedro Lenza e outros. Além das fontes supracitadas, será realizada uma pesquisa de campo por meio de entrevista estruturada qualitativa com trabalhadores efetivos e com trabalhadores terceirizados, que laboram no Ministério Público do Estado do Espírito Santo e exercem a função de motorista. A entrevista será pelo processo de convite, com base no seguinte critério: os entrevistados devem exercer a mesma função, qual seja, de motorista, com carga horária de labor similar. Cabe mencionar que uma análise da atual diferença salarial recebida pelos trabalhadores de ambas as categorias será primordial, observando o princípio da primazia da realidade.

8 8 Diante do que já foi descrito, pretende-se entrevistar no mínimo um total 04 (quatro) motoristas, sendo dois trabalhadores efetivos e dois terceirizados, uma vez que o número de entrevistados é suficiente para atingir os objetivos almejados no presente estudo. As entrevistas só terão início após a divulgação do professor orientador que ditará as diretrizes a serem seguidas na elaboração dos quesitos. O tipo de raciocínio para abordagem do tema ora em exame é o fenomenológico, no qual há um contato direto com o fenômeno (diferenciação salarial entre os terceirizados e efetivos que exercem a mesma função) do presente objeto de estudo, e também uma ampla abordagem deste método para a pesquisa de campo qualitativa que leva à compreensão da realidade, ou seja, é com este raciocínio que se pretende chegar à conclusão de como superar o problema já mencionado.

9 9 6. BASES TEÓRICO-LEGAIS As bases teórico-legais que sustentarão o presente tema são as Súmulas n. 331 e n.6, ambas do Tribunal Superior do Trabalho, OJ 383-SDI-1, Artigo 5 da Constituição Federal, Lei n. 7012/1983, Lei n. 5645/70, Lei 6019/1977 e artigo 461 da Consolidação das Leis Trabalhistas.

10 10 7. CRONOGRAMA DA PESQUISA É o detalhamento das atividades de pesquisa e os respectivos períodos. Meses Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Projeto x Levantamento bibliográfico X X X Leitura e fichamento de obras x X X Coleta e seleção de dados X Revisão bibliográfica X Análise crítica do material Elaboração preliminar do texto X Redação provisória x Entrega ao orientador X Revisão e redação final X

11 11 8. REFERÊNCIAS: DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. Ed. São Paulo- SP.Ltr BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. Ed. São Paulo-SP. Ltr. CORREIA de melo, Bruno. Em CAIRO, José. Curso de Direito do Trabalho. 7 edição. Ed. JusPODIUM BRASIL, TST. RR /10/2010. Rel. Min. Maria Doralice de Moraes. LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 13.ed.São Paulo: Saraiva, GANDRA, Ives da Silva Martins Filho. Manuel de direito e Processo do Trabalho. 19.ed.São Paulo: Saraiva SANTOS, Dália Maria. Análise da Equiparação Salarial na terceirização. Em LIEVORE, Natália Arpini e Nayara Oliveira de Moura A terceirização no âmbito da administração pública conforme nova redação da súmula 331 do TST. Em