COMPONENTE ARBÓREO-ARBUSTIVO DE LEGUMINOSAE EM UMA ÁREA DE CERRADÃO, CAMPO GRANDE, MS.
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1 COMPONENTE ARBÓREO-ARBUSTIVO DE LEGUMINOSAE EM UMA ÁREA DE CERRADÃO, CAMPO GRANDE, MS. Lara Carneiro de Romero 1, Ângela Lúcia Bagnatori Sartori 1, Ana Lídia Minari 1, ( 1 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 549, CEP: Campo Grande, MS. larinha_romero@yahoo.com.br) Termos para indexação: Florística, Leguminosae, cerradão, fragmento. Introdução Leguminosae tem sido a família mais representativa na maioria dos levantamentos realizados em áreas de cerrado (Oliveira Filho e Martins, 1989; Silva et al., 2002 e Mantovani e Martins, 1993). Em Mato Grosso do Sul o cerrado é o tipo vegetacional predominante, e ocupa cerca de km², equivalente a 60% do território (SEMA, 2007), entretanto, são reduzidos os estudos florísticos, principalmente considerando Leguminosae. As espécies que compõem a flora e a fauna do cerrado não são igualmente estudadas, e alguns grupos são mais bem conhecidos que outros, como por exemplo a flora arbórea é bem melhor conhecida que a flora arbustiva e herbácea (Felfili et al., 1993). Avaliações realizadas em áreas de cerrado demonstram que no Mato Grosso do Sul a preservação apresenta-se particularmente vulnerável por atividades antrópicas que promovem a devastação de extensas áreas (Castro et al., 1999). Estudos florísticos e fitossociológicos, sobretudo do componente arbóreo e arbustivo realizados nas áreas centrais e nas áreas marginais do cerrado mostram que a vegetação apresenta fisionomias típicas, elevada diversidade florística e espécies com ampla distribuição geográfica (Felfili et al. 1993; Mantovani & Martins 1993; Ribeiro & Walter, 1998; Ratter et al & Walter, 2006). Este estudo visa realizar o levantamento florístico do estrato arbóreo-arbustivo de representantes de Leguminosae Adans. em um remanescente de cerradão da Reserva Particular do Patrimônio Natural da UFMS, Campo Grande, MS.
2 Materiais e Métodos A Reserva Particular do Patrimônio Natural com área de 50 ha localiza-se no município de Campo Grande, MS, (20 27 S e 54º37 W), fazendo divisa com avenidas e edificações da UFMS. O clima é do tipo temperado úmido quente (Cwa) de Köppen, com temperatura média de 23 C e precipitação entre 1200 e 1500mm anuais, com as chuvas concentradas de outubro a março, e seca nos meses restantes (Embrapa-CNPGC,1985). O remanescente de Cerradão apresenta dossel predominantemente contínuo e cobertura arbórea variando de 50 a 90%. Árvores da área do estrato podem alcançar de 8 a 15 metros de altura, o que proporciona diferentes condições de luminosidade favorecendo à formação de estratos arbustivo e herbáceo diferenciados. Esse ambiente se enquadra melhor na fitofisionomia de cerradão, segundo a classificação de Ribeiro & Walter (1998). As coletas foram feitas mensalmente no período de maio de 2007 à maio de 2008 em 13 parcelas contínuas de 2400 m 2 distantes entre si por 29m, no sentido leste-oeste da área. Para facilitar a amostragem pontos georreferenciados foram marcados a cada 25 metros. Nas parcelas amostradas foram coletadas todas as espécies vegetais arbóreas e arbustivas de Leguminoseae em floração e/ou frutificação, sendo anotadas informações sobre o hábito classificados segundo Guedes-Bruni et al. (2002) e a altura dos indivíduos, a coloração das estruturas reprodutivas e eventualmente das vegetativas, presença de látex e de odores. A classificação das Leguminosas foi baseada em Lewis et al Resultados e Discussões Foram identificadas 18 espécies (Tab. 1), pertencentes às três sub-famílias, sendo a mais representativa Caesalpinioideae (9), seguida por Mimosoideae (5) e Papilionoideae (4). Bauhinia com 4 espécies foi o gênero mais representativo, os demais com apenas um representante. (Tab.1)
3 Tabela 1 Espécies encontradas na RPPN da UFMS, Campo Grande, MS, seus respectivos hábitos e potenciais usos. Caesalpinoideae Hábito Nome(s) popular(es) Bauhinia curvula Benth. Arbóreo Pata-de-vaca Bauhinia holophylla (Bong.) Steud. Arbóreo Pata-de-vaca Bauhinia marginata D.Dietr. Arbóreo Pata-de-vaca Bauhinia ungulata L. Arbóreo Pata-de-vaca Copaifera langsdorffii Desf. Arbóreo copaíba Diptychandra aurantiaca (Mart.) Tul. Arbóreo carvão-vermelho, balsaminho Hymenaea stigonocarpa (Mart.) Hayne Arbóreo Jatobá Sclerolobium aureum (Tul.) Bth. Arbóreo Pau-bosta, carvoeiro Senna velutina (Vogel) H. S. Irwin & Barneby Arbustivo Mimosoideae Anadenanthera falcata (Benth.) Speg. Arbóreo Angico-preto, angico-do-cerrado Dimorphandra mollis Benth. Arbóreo Fava-de-anta Mimosa hebecarpa Benth. Arbóreo Plathymenia reticulata Benth. Arbóreo vinhático Stryphnodendron obovatum Benth. Arbóreo barbatimão Papilionoideae Acosmium dasycarpum (Vogel) Yakovlev Arbóreo sucupira Dipteryx alata Vogel Arbóreo cumbaru Machaerium acutifolium Vogel Arbóreo Jacarandá-bico-de-papagaio Riedeliella graciliflora Harms Arbusto
4 Algumas espécies possuem baixo número de registro, estando presentes em menos de 5% das áreas analisadas por Ratter (2003), tais como: Bauhinia holophylla, B. ungulata, B. marginata e Senna velutina, esta última presente em apenas duas localidades. Diptychandra aurantiaca ocorreu em 10% dessas áreas. A comparação dos resultados obtidos neste levantamento com outros disponíveis na literatura indicou a ocorrência algumas espécies em comum. Hymenaea stigonocarpa, Stryphnodendron obovatum, Dimorphandra mollis, Dipteryx alata, Machaerium acutifolium, Plathymenia reticulata, Sclerolobium aureum e Diptychandra aurantiaca foram constatadas por Camilotti (2006). Estas últimas seis espécies, bem como Copaifera langsdorffii e Anadenanthera falcata foram também observadas por Salis (2006). Algumas destas espécies merecem destaque também pelos seus usos potenciais, a madeira de várias delas é utilizada na construção civil, marcenaria e ferramentas. Copaifera langsdorffii, Sclerolobium aureum, Stryphnodendron obovatum, Dipteryx alata, Machaerium acutifolium e Hymenaea stigonocarpa possuem propriedades medicinais. Dipteryx alata e Hymenaea stigonocarpa possuem o fruto comestível. Por serem de rápido crescimento, Bauhinia, Plathymenia reticulata, Machaerium acutifolium, Copaifera langsdorffii, Anadenanthera falcata e Acosmium dasycarpum podem ser usadas na recuperação de áreas degradadas e reflorestamentos, e algumas possuem potencial ornamental. Riedeliella graciliflora é considerada tóxica para bovinos. ( Lorenzi, 1992; Pott e Pott, 1994; Lorenzi, 1998). Conclusão O fragmento, situado em área urbana, apresenta uma riqueza relativamente elevada com espécies com poucos registros, como por exemplo: Bauhinia holophylla, B. ungulata, B. marginata e Senna velutina. A conservação da RPPN e um plano de manejo e recuperação mostram-se importantes para manter a riqueza florística característica dos cerrados, o que também contribui diretamente para a preservação da fauna ali existente. Referências Bibliográficas CAMILOTTI, D.C. Análise da vegetação arbórea em um remanescente de cerradão em Bandeirantes, MS. Tese (Mestrado) Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Campo grande, 2006.
5 CASTRO, A. A. J. F.; MARTINS, F. R.; TAMASHIRO, J. Y. & SHEPHERD, G. J. How rich is the flora of brazilian cerrados? Annais Missouri Botanical Garden, v.86: p EMBRAPA CNPGC. Boletim Agrometeorológico Campo Grande, MS. FELFILI, J. M.; SILVA-JÚNIOR, M. C.; RESENDE, A. V.; MACHADO, J. W. B.; WALTER, B. M. T.; SILVA, P. E. N. & HAY, J. D. Análise comparativa da florística e fitossociologia da vegetação arbórea do cerrado sensu stricto na Chapada Pratinha, DF, Brasil. Acta Botanica Brasilica 6 6: GUEDES-BRUNI, R.R.; MORIM, M.P.; LIMA, H.C.; SYLVESTRE, L. DA S. Inventário Florístico. In: Manual Metodológico para Estudos Botânicos na Mata Atlântica. (Sylvestre, L. da S. & Rosa, M.M.T da, orgs.) Rio de Janeiro: Seropédica p LEWIS, G., SCHRIRE, B., MACKINDER, B. & LOCK, M. Legumes of The World. Kew Publishing, UK LORENZI, H. Árvores Brasileiras Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Vol.1. Editora Plantarum LTDA. Nova Odessa SP LORENZI, H. Árvores Brasileiras Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Vol.2. Instituto Plantarum de Estudos da Flora LTDA. Nova Odessa SP MANTOVANI, W. & MARTINS, F.R. Florística do cerrado na reserva Biológica de Mogi Guaçú, SP. Acta bot. bras. 7(1) p OLIVEIRA-FILHO, A.T.; SHEPERD, G.J.; MARTINS, F.R. & STUBBELINE, W.H. Environmental factors affecting physiognomic and floristic variation in an area of Cerrado in Central Brazil. Journal of Tropical Ecology 54: , POTT, A. & POTT, V.J. Plantas do Pantanal - Embrapa, Brasília DF RATTER, J.A., BRIDGEWATER, S. & RIBEIRO, J.F. Analysis of the floristic composition of the Brazilian cerrado vegetation III: Comparison of the woody vegetation of 376 areas. Edinb. J. Bot. 60: RIBEIRO, J.F. & WALTER, B.M.T. Fitofisionomias do Bioma Cerrado. In: SANO, S.M. & ALMEIDA, S.P Cerrado ambiente e flora. EMBRAPA-CPAP, Planaltina, GO. p
6 SALIS, S.M.; ASSIS, M.A.; CRISPIM, S.M.A. e CASAGRANDE, J.C. Distribuição e abundância de espécies arbóreas em cerradões no Pantanal, Estado do Mato Grosso do Sul, Brasil. Revista Brasil. Bot., V.29, n.3, p , jul.-set SEMA, Resolução SEMA/MS nº 023/2003 de 28 de agosto de Disponível em: Acessado em 19 de junho de SILVA, L DE O; Costa, D.A.; Filho, K. do E.S.; Ferreira, H.D & Brandão, D. 2000; Levantamento florístico e fotossociológico em duas áreas do cerrado Sensu Stricto no parque estadual da Serra de Caldas Novas, Goiás. Acta bot.bras. 16(1): p , WALTER, B.M.T. Fitofisionomias do Bioma Cerrado: Síntese terminológica e relação florística Tese (Doutorado). Universidade de Brasília, Brasília.
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