Experiências em Recuperação Ambiental. Código Florestal. Plantio de Enriquecimento em Linhas em Área de Cerradão, Assis, SP
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- Eduardo Gama Padilha
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1 Experiências em Recuperação Ambiental Código Florestal Plantio de Enriquecimento em Linhas em Área de Cerradão, Assis, SP
2 Plantio de Enriquecimento em Linhas em Área de Cerradão, Assis, SP 1. Bioma: Cerrado 2. Fitofisionomia (IBGE, 2012): Cerradão 3. Município-UF: Assis, SP 4. Categoria da área onde o modelo foi testado: Área de Uso Alternativo (AUA) 5. Objetivo de implantação do modelo: Avaliar a técnica de plantio de enriquecimento em linhas (por mudas) visando acelerar o processo de recuperação da cobertura vegetal, e, ao mesmo tempo, verificar o desempenho das espécies de valor comercial a ser cultivadas na região por meio dessa técnica silvicultural. 6. Aplicabilidade: independente do tamanho da propriedade. 7. Histórico de ocupação da área: Área de 17,78ha ocupada anteriormente durante 22 anos por plantio de Eucalyptus citriodora, durante os quais não foi efetuada a limpeza do sub-bosque, resultando em um estrato denso e contínuo de vegetação de cerradão. Foram encontradas 1515 árvores por hectare, com 5 cm ou mais de diâmetro à altura do peito, e área basal de 6 m2/ha. Foram amostradas 56 espécies arbóreas em regeneração sob a floresta de Eucalipto, sendo as mais abundantes: Ocotea corymbosa, (Meisn.) Mez, Machaerium acutifolium Vogel., Xylopia aroamatica (Lam.) Mart, Tapirira guianensis Aubl. e Copaifera langsdorffii Desf.
3 8. Condições gerais da área com relação a solo e relevo: O solo do local é classificado como Latossolo Vermelho Distrófico típico álico, a moderado textura média. O município de Assis situa-se em zona de transição climática, entre os tipos Cwa e Cfa, segundo a classificação de Köppen. A diferença entre os dois tipos climáticos baseia-se essencialmente na duração do período seco, que varia muito entre os anos nessa região, podendo não ocorrer estiagens em alguns anos, é uma região sujeita a geadas, pouco frequentes, a concentração de chuva tende a ocorrer nos meses de verão e precipitação anual ao redor de 1400mm. 9. Descrição passo a passo para a implantação: Para retirada das árvores de eucalipto que foram cortadas, foram abertas trilhas de 4m de largura, no sentido leste-oeste, distantes 30m entre si, o que possibilitou a entrada de caminhões. O plantio de enriquecimento ocorreu no centro dessas linhas, com uma distância fixa de 2m entre mudas. Foram abertas covas de 30cm de profundidade e 20cm de diâmetro para o plantio de mudas com altura média de 30cm. Aplicou-se herbicida (glifosato 6%) sobre as touças, visando impedir que a rebrota do eucalipto prejudicasse o desenvolvimento das árvores plantadas. Além disso, foram feitas 5 operações de capina e roçada nos 3 primeiros anos após o plantio, para controle da rebrota das plantas nativas do cerradão dentro das linhas de plantio. Delineamento Experimental Foram testados 9 tratamentos, com 4 repetições em blocos ao acaso. Cada parcela tinha 50 plantas, ao total 1800 mudas plantadas em toda área experimental. Os tratamentos, listados a seguir, correspondem a espécies nativas do cerradão, geralmente observadas em florestas e espécies de valor comercial originárias de outra região. 1. Cedrela fissilis Vell. (cedro)- espécie secundária tardia, ocorre na região em floresta estacional semidecidual e em áreas de transição entre cerradão e floresta. 2. Tabebuia heptaphylla (Vell.) Toledo (Ipê-roxo)- espécie secundária inicial, ocorre em áreas de floresta estacional semidecidual, em áreas de transição entre floresta e cerradão e às vezes em áreas de cerradão. 3. Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez (canelinha)- espécie climácica, ocorre apenas em floresta estacional semidecidual. 4. Euterpe edulis Mart. (palmito) - espécie climácica, praticamente extinta da
4 região, ocorria em grotões úmidos em áreas de floresta estacional semidecidual, sendo encontradas às vezes em áreas de cerradão. 5. Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze (jequitibá branco)- espécie secundária inicial, ocorre em região de floresta estacional semidecidual, mas é também encontrada em cerradão. 6. Dalbergia nigra (Vell.) Fr. Allem. ex Benth. (jacarandá-da-bahia)- espécie secundária tardia, ocorre em floresta ombrófila densa, não sendo observada no Estado de São Paulo. 7. Anadenanthera falcata (Benth.) Speg. (angico-do-cerrado)- espécie secundária inicial, muito comum em cerradão, com menor frequência em áreas de transição cerrado/floresta e, ocasionalmente em floresta estacional semidecidual. 8. Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. (canafístula)- espécie secundária inicial, comum na floresta estacional semidecidual, sendo observada também nas áreas de transição cerrado/floresta. 9. Plantio misto- neste tratamento, utilizou-se duas espécies já mencionadas e acrescentou-se duas novas espécies. - Aspidosperma polyneuron Muell. Arg. (peroba-rosa) espécie secundária tardia, nativa da região, encontrada na floresta estacional semidecidual. - Zeyheria tuberculosa (Vell.) Bur. (ipê felpudo) espécie secundária inicial, nativa da região, observada no cerradão e na transição para floresta estacional semidecidual. Medições Visando avaliar comparativamente o desempenho das espécies baseando-se na abordagem crescimento/sobrevivência, adotaram-se os seguintes parâmetros. - Altura total- medida com régua telescópica graduada; -Diâmetro da copa- medido com trena, adotando-se o valor médio entre o maior e o menor diâmetro. -Sobrevivência- porcentagem dos indivíduos plantados que apresentavam ramos vivos na ocasião da medição. 10. Avaliação: As árvores plantadas foram acompanhadas por 3 anos. Após esse período, devido à baixa sobrevivência e crescimento lento das mudas plantadas e do vigoroso crescimento de regeneração natural do cerradão, foram suspensas as roçadas e capinas e tornou-se inviável localização e medição das árvores plantadas. Na tabela 1 estão apresentados os valores médios de sobrevivência, altura e diâmetro da copa para cada tratamento, três anos após o plantio (Tabela 1).
5 Tabela 1- Sobrevivência, diâmetro da copa e altura das mudas em plantio de enriquecimento aos três anos, Assis, SP. Espécie Sobrevivência (%) Diâmetro médio das copas (cm) Altura média (cm) Cedrela fissilis 2,0 a 11,2 ab 24,4 abc Tabebuia heptaphylla 14,0 abc 14,5 abc 44,0 bcd Nectandra megapotamica 34,5 26,7 bcd 62,0 d Euterpe edulis 0,0 ab 0,0 a 0,0 a Cariniana estrellensis 11,5 abc 12,7 abc 21,2 ab Dalbergia nigra 25,5 bc 28,6 cd 47,7 bcd Anadenanthera falcata 90,0 e 50,3 e 95,1 e Peltophorum dubium 55,0 d 18,3 bcd 55,2 cd Plantio misto 33,0 cd 34,6 de 66,0 de Aspidosperma polyneuron* 0,0 0,0 0,0 Zeyheria tuberculosa* 45,0 15,0 40,0 *Espécies plantadas no tratamento misto, com apenas 20 mudas, não foram submetidas a análises estatísticas. Valores seguidos da mesma letra dentro de uma coluna não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo Teste de Tukey. Houve ampla variação no desempenho das espécies, porém, de modo geral o resultado foi ruim para todas. Até para Anadenanthera falcata, que foi superior às outras espécies em sobrevivência e crescimento, mas ao comparar seu desempenho na condição de enriquecimento a plantios convencionais, as diferenças são altas. No enriquecimento em linhas, o incremento médio anual em altura para a espécie foi de 32cm, Garrido (1981) obteve incremento em altura de 99cm/ano em plantio convencional feito em área próxima à deste experimento. Constatou-se que o crescimento em altura foi lento para todas as espécies. Muitos indivíduos foram atacados por formigas cortadeiras e as mudas de Dalbergia nigra foram uma boa parte cortada por lebre europeia, rebrotando na base, sofrendo assim redução de altura. Além dos problemas já mencionados, as mudas sofreram também competição por luz e água com a vegetação natural remanescente às margens da faixa de plantio e, posteriormente, também com a rebrota do cerradão dentro das linhas. O mau desempenho das espécies, neste estudo, parece, portanto, estar ligado a outras coisas, além da
6 tolerância à sombra. A espécie mais bem-sucedida, Anadenanthera falcata, é uma das espécies mais abundantes nos cerrados da região, o que justifica seu bom desempenho. Entretanto, outras espécies testadas, que ocorrem no cerradão embora sejam mais comuns em floresta tiveram sobrevivência muito baixa e crescimento mínimo. De forma geral, as espécies florestais apresentaram os piores resultados, contrariando assim a hipótese de alguns autores que dizia que a floresta tende a substituir o cerrado. Se fosse verdadeira, era de se esperar que as espécies florestais apresentassem melhor desempenho do que as espécies do cerradão que foram plantadas e também que sobrevivessem à competição com as plantas do cerradão em regeneração natural, o que não ocorreu. Portanto, para as condições em que foi feito o plantio experimental, em área de cerradão com alto potencial de regeneração natural, o plantio de enriquecimento em linhas não é recomendado. 11. Referências bibliográficas: DURIGAN, G.; CONTIERI, W. A.; MELO, A. C. G.; KAWABATA, M. Plantio de Enriquecimento em Linhas em Área de Cerradão, Assis, SP. 410-Pesquisas em Conservação e Recuperação Ambiental no Oeste Paulista. GARRIDO, M.A.O Caracteres silviculturais e conteúdo de nutrientes no folhedo de alguns povoamentos puros e misto de espécies nativas. Universidade de São Paulo. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Piracicaba. 105pp. (Dissertação de Mestrado) 12. Responsável pelo fornecimento das informações/ud ou Instituição: José Felipe Ribeiro/ Embrapa Cerrados.
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