PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 20ª REGIÃO 2ª VARA DO TRABALHO DE ARACAJU/SE PROCESSO Nº

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Adriano Camelo de Sá
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1 Vistos etc. Trata-se de Mandado de Segurança com pedido de liminar impetrado pela FEDERAÇÃO DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO DO ESTADO DE SERGIPE FECOMÉRCIO/SE E OUTROS (05) contra ato abusivo praticado pelo SUPERINTENDENTE REGIONAL DO TRABALHO EM SERGIPE. Insurgem-se os impetrantes contra os efeitos concretos, em caráter preventivo, dos atos de fiscalização e de punição que a autoridade coatora praticará, com respaldo na Portaria 1.510/09 do Ministério do Trabalho e Emprego, que se encontra vigente e com a obrigatoriedade a partir de 01/03/2011. Os impetrantes alegam que, com a edição da Lei 7.855/89, foi permitido às empresas o uso de meios eletrônicos para registro do horário dos seus empregados, definindo o 2º do artigo 74 da CLT, a necessidade de que a matéria fosse regulamentada. Aduzem que após vinte anos da publicação da referida lei, o MTE editou a Portaria 1510/09, no intuito de promover a mencionada regulamentação e de evitar que maus empregadores adulterassem registros eletrônicos, tornando-a obrigatória para todas as empresas que optaram por esta forma de controle de jornada. Informam que a portaria traz em seu bojo uma série de regras que devem ser atendidas, sob pena de ser declarado nulo o referido sistema de controle, e especifica quais os equipamentos que podem ser utilizados, devendo estes ser fabricados por 1

2 empresas que se cadastrarem junto ao MTE. A portaria determina, ainda, que os mecanismos atualmente utilizados pelas empresas filiadas aos impetrantes, alguns adquiridos a mais de sete anos e a elevado custo, sejam adequados às novas regras até o dia 01/03/2011. Aduzem, também, que o artigo 11 da referida portaria traz exigência que entendem absurda, que consiste na impressão do Comprovante de Registro de Ponto do Trabalhador a cada anotação, eis que o artigo 74 da CLT e seus parágrafos não prevê tal comprovante e o recibo do tempo despendido pelo empregado, usurpando o poder executivo competência legislativa, que não lhe foi delegada, já que as instruções a serem expedidas não significa introduzir novos direitos e deveres, devendo limitar-se a estabelecer os critérios de execução da lei. Entendem que o Ministro do Trabalho deve expedir instruções quanto ao registro de ponto eletrônico, dando a forma prática de como deverá ser efetivada a anotação, porém, não pode introduzir a obrigação de fornecimento de comprovante impresso para cada registro de entrada e saída, porque não há previsão legal para tanto, havendo, assim, usurpação do executivo em relação à competência legislativa, o que não lhe foi delegada. Consideram, também, que tal fato complicará sem dúvida ainda mais a vida dos trabalhadores, gerando dúvidas quanto ao controle e às comprovações, inclusive entre os empregados. Por fim, uma vez que o ato da lavra do Ministério do Trabalho e Emprego 2

3 usurpou a competência legislativa do Congresso Nacional e afronta os princípios constitucionais do livre exercício da atividade econômica e da defesa do meio ambiente, requerem a concessão de liminar no sentido de barrar tais efeitos deste ato executivo, determinando que esta autoridade e seus agentes fiscais que lhe são subordinados, se abstenham de autuar, multar e impor penalidades às empresas representadas pelas entidades representantes. É o relatório, pelo que passo a decidir e fundamentar. FUNDAMENTOS: Hely Lopes Meirelles (in Mandado de Segurança, Ação Popular, Ação Civil Pública, Mandado de Injução, Habeas Data, Ação Direta de Inconstitucionalidade, Ação Declaratória de Inconstitucionalidade e Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) leciona que medida liminar é provimento cautelar admitido pela própria lei de mandado de segurança, quando sejam relevantes os fundamentos da impetração e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da ordem judicial, se concedida ao final (art 7º, II). Para a concessão da liminar devem concorrer os dois requisitos legais, ou seja, a relevância dos motivos em que se assenta o pedido da inicial e a possibilidade da ocorrência de lesão irreparável ao direito do impetrante, se vier a se reconhecido na decisão de mérito fumus boni iuris e periculum in mora.. Do mesmo modo, Manoel Antônio de Teixeira Filho, em obra de fôlego 3

4 (Mandado de Segurança na Justiça do Trabalho Individual e Coletivo, 1993, Editora LTr), preleciona que a relevância do fundamento do pedido, porém, segundo entendemos, decorre não da eventual excelência do direito que se procura proteger e sim das conseqüências oriundas da lesão causada ao direito pelo ato da autoridade, ou das conseqüências que advirão na hipótese de a ameaça de violação consumar-se. Atendendo a esses elementos objetivos, estará o juiz autorizado a exercitar o seu poder discricionário, deferindo, ou não, a liminar. A Lei nº /09, em seu art.7º, inc.iii dá permissão ao Magistrado de determinar a suspensão de ato de deu motivo ao pedido, se entender relevante o fundamento e se do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida. No caso em tela, verifica-se que as empresas que fizerem a opção pelo Sistema de Registro Eletrônico de Ponto ou que já o utilizavam, de acordo com o art.3º e parágrafo único da Portaria 1510/09, terão que utilizar o Registrador Eletrônico de Ponto REP nos seguintes termos: Art.3º Registrador Eletrônico de Ponto REP é o equipamento de automação utilizado exclusivamente para o registro de jornada de trabalho e com capacidade para emitir documentos fiscais e realizar controles de natureza fiscal, referentes à entrada e à saída de empregados nos locais de trabalho. Parágrafo único. Para a utilização de Sistema de Registro de Ponto é obrigatório o uso do REP no local da prestação do serviço, vedados outros meios de registro. Além disso, também nos termos da Portaria, tais empresas terão que adquirir 4

5 o referido equipamento com módulo de impressão de recibos, adaptar o sistema informatizado, fazer uso de papel próprio para a impressão, treinar seu pessoal para utilização de todo esse material, sob pena de serem autuadas e multadas, caso o auditor fiscal do trabalho entenda que nos REP s utilizados pelas mesmas não se encontre a função de emissão e disponibilização do comprovante do registro do ponto para o empregado. Insta salientar que o fato de se discutir acerca de emissão de papel(recibos), crime ambiental ou custos a serem gerados às empresas que adquirirem os registradores eletrônicos de ponto não enseja inconstitucionalidade ou ilegalidade da Portaria 1510/09 do Ministério do Trabalho e Emprego, já que o Ministro de Estado do Trabalho, neste caso, nos termos dos art.87, da CF, art.913 e 2º do art.74 da CLT está exercendo o poder normativo que lhe cabe. Porém, em que pese ser da alçada do Ministério do Trabalho expedir instruções quanto ao registro de ponto eletrônico, não pode ele inserir obrigação no tocante ao fornecimento de comprovante impresso para registros de entrada e saída de empregados, uma vez que não há previsão legal para tanto, devendo ser observado o quanto dispõe o art.74, 2ªº da CLT:...Para os estabelecimentos de mais de dez trabalhadores será obrigatória a anotação da hora de entrada e de saída, em registro manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho, devendo haver pré-assinalação do período de repouso.... Da análise de tal dispositivo legal, não se infere que há a 5

6 obrigatoriedade do empregador fornecer comprovante de registro diário de entradas e saídas dos empregados. Portanto, cabe ao órgão do Poder Executivo, somente, fixar parâmetros que concernem à forma de como vai se efetuar o registro de ponto eletrônico, seus padrões de segurança, sua inviolabilidade de dados, sua obrigatoriedade de registro junto ao MTE, assim como acontece no tocante ao registro manual de ponto. Aliás, ressalte-se que, quando há necessidade de fornecimento de comprovante, recibo ou comunicação por escrito, a CLT assim dispõe de forma expressa, a exemplo dos artigos 29,135, 464. Diante do exposto e tendo em vista que as empresas optantes do sistema de registro eletrônico de ponto, a fim de se resguardar de prejuízos decorrentes do descumprimento da Portaria 1510/09 deverão se adequar às mudanças em softwares, proceder a treinamento de pessoal, providenciar papel de emissão de recibos, pelo justo receio que se traduz na ameaça de serem multadas por descumprimento de tais exigências, entendo haver fundamento razoável para a concessão do pedido liminar. Assim, determino que o Superintendente Regional do Trabalho e seus agentes fiscais abstenham-se de autuar, multar e impor penalidades às empresas compreendidas nas categorias econômicas representadas pelas entidades sindicais impetrantes que deixaram de cumprir as exigências contidas na Portaria MTE 1510/09, a partir de 01/03/2011, relativas à emissão de comprovante de registro de horários. Intimem-se os impetrantes para tomar conhecimento da presente decisão. 6

7 Cientifique-se a autoridade coatora para, no prazo de 10 dias, prestar as informações que entender devidas. Aracaju, 01 de março de HIDER TORRES DO AMARAL Juiz Federal do Trabalho 7

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Fl. 1 Processo: 0000561-70.2010.5.04.0023 Natureza: Mandado de Segurança Coletivo Origem: Impetrante: Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre/RS - SINDILOJAS Impetrado: Superintendente Regional